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Nos últimos anos, devido à ascensão da COVID19 e suas variantes, o debate acerca da vacinação, seu mecanismo de ação e eficácia tornou-se frequente, principalmente entre a parcela da população leiga, que possui visão simplificada sobre o assunto. Dessa forma, no atual cenário, a discussão rege-se em torno das doses de reforço e sua real necessidade, fazendo com que tenhamos que obter melhor compreensão sobre o assunto, para assim, prevenirmos, como sociedade, maiores ondas de contágio.
Anticorpos não são sinônimo de imunidade
Quando o corpo é invadido por um vírus, ocorrem 3 tipos de respostas:
– Resposta Inata: consiste em uma defesa ampla, rápida e não específica, em que células mais genéricas tentarão eliminar o corpo estranho de qualquer modo.
– Resposta Adaptativa: mais específica e pode ser dividida em humoral, em que anticorpos são liberados para a neutralização do vírus, ou celular, que ocorre quando o vírus já se encontra no interior da célula e esta emite sinalização ao resto do organismo para denunciar o problema.
Em contrapartida, ao contrário do que muitos pensam, nem todos os anticorpos são realmente eficazes, visto que somente os neutralizantes dificultam ou impedem a replicação viral. No caso do Sars-CoV-2, por exemplo, ainda não há um estudo claro sobre a ação desses, se realmente mostram-se eficientes e qual seu tempo de duração. Em suma, ter anticorpos não basta, o sistema imune necessita de anticorpos específicos para o combate ao vírus e esses, porém, possuem tempo de vida temporário.
Respostas imune
Mecanismo de ação das vacinas
As vacinas são substâncias produzidas em laboratório com a função de estimular o sistema imune contra diferentes tipos de infecções, ou seja, fornece o contato inicial com o patógeno, a fim de gerar memória imunológica, assim, quando o corpo entrar em contato com o verdadeiro microorganismo, agir de maneira mais rápida e eficaz.
As vacinas podem ser classificadas em alguns tipos a depender de sua composição:
– Vacinas de microorganismos atenuados: ocorre enfraquecimento do microorganismo para sua administração, de forma que, quando em contato com o corpo humano, estimula resposta imune, sem gerar surgimento da patologia.
-Vacinas de microorganismos mortos ou inativos: contém microorganismos mortos ou fragmentos desses, como é o caso da CoronaVac.
-Vacinas de RNAm: O RNAm, basicamente, possui as instruções para a síntese proteica, dessa forma, ele ensina o corpo a sintetizar uma proteína capaz de estimular o sistema imune, como é o caso da Pfizer
– Vacinas por Vetor Viral: nessa há inserção do gene que codifica a produção de proteína S, responsável pela ligação do Corona Vírus com as nossas células, sendo que, após a vacinação, esse se transforma em RNAm e estimula a síntese proteica para estímulo imune, como é o caso das vacinas Janssen e Astrazeneca.
Tipos de vacina
Além disso, cabe a observação de que, diante de vacinas com diferentes composições, algumas pesquisas já apontam maior eficácia na imunidade a partir do que chamamos de dose-reforço heteróloga, em que consiste em tomar a primeira dose de um tipo e a segunda de outro.
Por que alguns imunizantes protegem para sempre enquanto outros precisam de doses de reforço?
As vacinas, como vimos, vão induzir uma resposta imune, de forma que o que vai definir se serão necessárias mais doses a fim de reforçar essa resposta, é, principalmente, o tipo de vacina. Em outras palavras, algumas despertam uma resposta mais eficiente, geralmente desenvolvidas a partir do vírus atenuado e possuem 1 ou 2 doses, como é o caso do Sarampo. Entretanto, nem todos os imunizantes conseguem ser produzidos da mesma maneira, de forma com que a resposta induzida ao organismo torna-se temporária, fazendo-se necessário seu reforço de tempos em tempos, seja devido à queda do número de anticorpos ou pelo aparecimento de variantes, como, por exemplo, a vacina da gripe que exige reforço anual.
Conclusão
Portanto, diante da atual dose de reforço da COVID, o debate diante da sua necessidade ou não é comum, porém, apesar de incerto, muitos grupos como idosos, portadores de doenças crônicas, transplantados e imunossuprimidos, por exemplo, respondem à imunização de forma mais tênue, sendo de extrema importância assim, a terceira dose, principalmente diante da variante Ômicron, em que a Pfizer, por exemplo, já demonstram eficiência contra a mesma. Além disso, as vacinas apresentam eficácia quanto à diminuição da sintomatologia caso ocorra contaminação, de forma a demonstrar que sim, a terceira dose faz-se necessária.
Em suma, apesar de inúmeros debates, fake News e dúvidas, é necessário respeitar o plano de vacinação estabelecido, já que quanto maior a parcela da população vacinada, melhores será nosso prognóstico para os próximos anos.
Referências:
Médicos defendem vacinação de adolescentes e reforço para idosos e profissionais de saúde
Reforço de vacina contra Covid: entenda o debate https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1709609838249299-entenda-a-discussao-sobre-o-reforco-na-vacinacao-contra-covid
https://www.tuasaude.com/tudo-sobre-vacinas/
https://blogs.oglobo.globo.com/a-hora-da-ciencia/post/anticorpo-nao-e-igual-imunidade.html
https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.06.29.174888v1.full
O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto
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