2020 nem bem chegou à metade e já entrou para a história. Uma história triste, decerto. Em dezembro de 2019, a cidade de Wuhan, na China, conheceu o vírus Sars-Cov-2 (novo coronavírus). Sem mais delongas, fato é que em é questão de 2 meses, o mundo também passou a conhecer de perto os efeitos do novo coronavírus e ser assombrado por eles.
Até agora, já são milhares de mortos, outros tantos hospitalizados em estado grave, necessitando de respiradores, ventiladores, além daqueles que estão infectados, mas não sabem devido a ausência de sintomas.
O surgimento da COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) trouxe consigo uma disrupção nunca antes vista. Populações praticamente inteiras, submetidas à orientação expressa: “Se puder, fique em casa”, no intuito de promover um isolamento/distanciamento social maciço, visando a diminuição do número de indivíduos contaminados e evitar o colapso dos sistemas de saúde.
No contexto dessa nova ordem, surgem os Dês da pandemia: Desemprego, Dívidas, Desestabilização, Desconstrução, Desigualdade social acentuada, Distanciamento social, Diminuição da poluição, Diversificação de atendimentos e serviços, Desapego, Doação… E assim dá-se uma reestruturação global que muito além de acometer a economia e a saúde, modifica também o modo dos indivíduos verem a si mesmos e aos outros.
É também em meio à crise que surgem novas oportunidades. Não tem sido incomum vermos profissionais que se reinventaram neste momento para atender novas demandas de serviços, como forma de vencer o desemprego e conseguir pagar as dívidas no final do mês.
Entre os pontos positivos da pandemia também estão a diminuição da poluição e a redução nos valores dos combustíveis, além das demonstrações de solidariedade e doação, por parte daqueles que estão na linha de frente do combate à COVID-19 (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e tantos outros profissionais da área da saúde), e daqueles que não podem ficar em isolamento devido às atividades que desempenham (atendentes de supermercados, correios, agências bancárias, farmácias). Estes profissionais merecem nosso respeito e admiração pois doam suas vidas para que outros possam cumprir o isolamento e permanecer em segurança em suas casas.
E por falar em isolamento social, torna-se muito importante trazer à tona a temática da saúde mental. Em março de 2018, estimava-se que em todo o mundo mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofriam com depressão. Em tempos de pandemia, esse e outros transtornos psiquiátricos como ansiedade, podem ter seus sintomas exacerbados pelo confinamento, sendo necessária uma maior atenção a estes indivíduos, bem como o oferecimento de suporte adequado em casos de surtos.
É notória a desestruturação que a pandemia da COVID-19 gerou no contexto mundial, contudo nota-se que em tempos difíceis a humanidade, a solidariedade e o olhar ao próximo ganham espaço, e talvez o saldo mais positivo que teremos quando essa fase terminar, é que não seremos mais os mesmos. Certamente estaremos mais fortalecidos, com valores morais reestabelecidos e valorizaremos ainda mais o convívio social, algo tão simples, mas que no dia-a-dia não damos o devido valor.
Autora: Camilla Mesquita, Estudante de Medicina
Instagram: @camilla_mess