Como tudo na vida evolui, assim também evoluíram os conceitos que definem e caracterizam a saúde do indivíduo, tendo já passeado pela área da objetividade de ter saúde aquele desprovido de doença ou mal estar, e chegando aos dias de hoje num aspecto multissetorial que compreende a saúde como interação dos elementos biopsicossociais que se relacionam com cada indivíduo, representando, de forma particular em cada um deles, um significado do que é saúde e doença, com desdobramentos na experiência de vida deste e dos demais indivíduos que com ele se relacionam, e portanto, interagindo e influenciando uns aos outros quando relacionam-se entre si.
Principalmente com a implementação do SUS, à partir de 1990 com a promulgação das leis 8.080 e 8.142, que passam a definir saúde como conceito amplo e integrado às quais buscam garantir a saúde de forma universal, integral e igualitária – três pilares e diretrizes do SUS – a toda sociedade brasileira, é que tem-se um mudança significativa na adoção de medidas focadas na promoção à saúde, que atendam não somente aos enfermos, mas sim que previna doenças e que atue na vigilância em saúde afim de minimizar os prejuízos a saúde dos indivíduos.
Sendo assim, vemos nos dias de hoje a preocupação em garantir melhorias à saúde que buscam compreender os processos de adoecimento nos dias atuais, conceito este subjetivo pois tem representação única a cada um no resultado da combinação de tudo o que tange suas experiências e vivências, bem como sua representação psíquica e corporal de manifestação ou percepção de estar ou não doente.
Neste cenário, cabe a nós profissionais da saúde, uma fina busca e divagação acerca de nossos pacientes, pois não existirá matemática ou ciência capaz de prever as particularidades e manifestações psicossomáticas que podemos encontrar pela frente.
O tratamento aos pacientes vai, então, além da oferta de fármacos que tratem sintomas, para fundamentar-se na busca pelas razões que fazem aquela pessoa queixar-se de tais sintomas. É necessário estar atento a subjetividade, a aquilo que não foi dito; investigar os sinais encontrados, olhar para além da busca já antiquada de curar dores. O que promove saúde é entender os processos de adoecimento subjetivos para que seja sanada a fonte do problema verdadeiramente, ou que esta seja o principal foco de promoção de melhorias e concentração dos esforços.
E como ser capaz de ajudar seu paciente a encontrar os porquês das experiências negativas de doença e auxiliá-lo a encontrar o caminho para expressar saúde?
A psicologia é aliada do médico neste momento, pois visa compreender o sujeito e suas representações afim de ensiná-lo a organizar seu individual e inserir-se socialmente de forma que lhe garanta mais saúde, mudando suas configurações subjetivas, entendendo-se a si mesmo e principalmente assumindo controle e atuando como protagonista de seu tratamento no processo de melhoria da saúde.
Inserindo-o como agente ativo responsável por sua saúde, têm-se ainda a melhoria da adesão no tratamento, visto que o paciente se torna ciente de seu papel.
Mais do que sermos profissionais capazes de consertar um problema de saúde, ou medicar uma doença, é nosso papel ensinar que a saúde é a combinação de tudo o que acontece na vida de cada indivíduo e que, portanto, tem manifestações em seu bem-estar.[IM1]
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.