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A atenção básica (AB) ou atenção primária em saúde é o eixo principal das ações de saúde coletiva e individual no país, constituindo uma porta de entrada ao sistema que busca tanto a alta resolutividade das demandas quanto a garantia da continuidade do cuidado.
Essa formulação ganhou seus contornos na Declaração de Alma-Ata, de 1978, mas só foi implantada de fato a partir da década de 1990, atendendo aos princípios constitucionais de descentralização, integralidade e controle social 1.
Quais são as ações da Atenção Básica em Saúde?
As ações da AB abarcam a proteção e promoção de saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde, objetivando-se uma atenção integral.
Ela é desenvolvida com alta descentralização e capilaridade, tendo como fundamentos e diretrizes: a territorialização, o acesso universal, o desenvolvimento do vínculo, o ambiente cooperativo e a participação social.
Princípios da atenção básica
São os seus princípios: a universalidade, o vínculo, a acessibilidade, a continuidade do cuidado, a integralidade da atenção, a humanização, a equidade e a participação social 1.
Como garantir um atendimento efetivo na AB?
Para que o cuidado se realize de forma efetiva e atenda às bases da AB, é preciso a construção de uma sólida e saudável relação médico-paciente.
O paciente necessita sentir que o médico da AB seja seu médico e que o compreenda de forma integral, além da sua doença. Nesse sentido, já apontava o médico Ian McWhinney:
“Para um doente, há uma clara distinção entre – o meu médico – aquele que me conhece, e outro médico qualquer”.2
A relação médico-paciente depende da empatia, isto é a sensibilidade aos sofrimentos de outrem e a disposição contínua a aliviar e consolar, da confiança e do respeito aos aspectos fisiológicos, sociais e bioéticos 3,4. Essa relação depende da impressão “de características humanas, subjetivas, de uma forma natural” 4.
Relação médico paciente na AB
No contexto da AB, a família unidade essencial do trabalho, por isso, é preciso entender o contexto socioeconômico e familiar do paciente, determinando quais as relações, conflitos, dificuldades e como essa família pode ser núcleo de apoio no cuidado continuado.
O paciente precisa ter sua autonomia respeitada, devendo ser não somente o objeto do cuidado, mas também um sujeito ativo nas escolhas que devem ser compartilhadas. É também preciso enxergar o paciente além da sua queixa pontual, como um ser complexo.
Na prática, contudo, diversos empecilhos surgem na garantia de uma relação saudável e funcional, como o curto prazo para atendimento, a medicina voltada para queixas e dificuldades em incluir a família no cuidado 5.
Em nossa concepção, a relação médico-paciente necessita de tempo, dedicação e verdadeiro envolvimento com o paciente que se coloca diante de um médico. Deveras a relação na AB apresenta maiores dificuldades e limitadores, visto que o médico se encontra vinculado a um território e todos os pacientes desse (incluindo diferentes realidades, comportamentos e personalidades) são responsabilidade da equipe multiprofissional. Todavia, vencidos os desafios, o relacionamento de qualidade, baseado na confiança e no respeito, resulta em maior adesão ao tratamento e participação nos programas promovidos pela AB.