Adenocarcinoma: entenda as principais classificações | Colunistas

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Introdução

O adenocarcinoma é um tumor maligno, também conhecido comumente como câncer. O adenocarcinoma possui sua origem no tecido epitelial, no qual o crescimento e desenvolvimento da neoplasia acontece por meio de um padrão glandular.

Por seu caráter maligno, o adenocarcinoma é um tipo de neoplasia capaz de desenvolver-se em variadas partes do corpo, como o pulmão, esôfago, útero, mama, próstata, estômago, intestino e pâncreas. Os tumores malignos também possuem a capacidade de invadir estruturas adjacentes ao seu local de desenvolvimento, além de elevadas chances de realizar metástase, ou seja, disseminar-se para áreas distantes, e em casos graves, causar a morte do paciente. Contudo, não são todos os tumores malignos que irão desenvolver essas complicações.

A classificações dos tumores possuem como objetivo caracterizar os estágios de desenvolvimento da neoplasia, oferecendo maiores possibilidades de compreensão da doença para a equipe médica. Dessa forma, percebe-se a importância de estudar e de compreender essas classificações, uma vez que, por meio delas, é possível um entendimento mais significativo da patologia, no qual será possível pensar e aplicar o melhor tratamento para o paciente, que resulte no prognóstico mais positivo possível. Para que isso seja possível, existem dois métodos principais que quantificam a agressividade, extensão, disseminação e o parâmetro de atividade das neoplasias.

Classificação do adenocarcinoma

            A classificação do adenocarcinoma possui como base o grau de diferenciação das células tumorais, quantidade de mitoses e características da arquitetura das células neoplásicas.

            O primeiro estágio de classificação é o adenocarcinoma in situ. Esse estágio corresponde à fase inicial de desenvolvimento da neoplasia. É quando as células do tumor se encontram localizadas apenas na camada epitelial a qual se desenvolveram, não invadindo as camadas mais profundas, outros órgãos ou estruturas adjacentes. Se realizado o diagnóstico correto e tratado, a maioria dos cânceres nesta fase são curáveis, não desenvolvendo grandes complicações para o paciente.

            O adenocarcinoma bem diferenciado é um estágio um pouco mais avançado. É chamado de bem diferenciado porque, nesse ponto, as células de caráter neoplásico ainda são semelhantes aos grupos celulares do tecido de origem desse câncer. Por exemplo, um adenocarcinoma gástrico bem diferenciado significa que as células do tumor possuem características histológicas semelhantes às células do tecido gástrico. Nessa fase, as células tumorais possuem estrutura de desenvolvimento próprio, mas com pouca capacidade de invadir outras estruturas.

            Em um momento mais avançado da doença, as células tumorais se tornam moderadamente diferenciadas. Ou seja, as células tumorais começam a desenvolver características histológicas diferentes das células do tecido de origem.

            O estágio de classificação mais avançado e crítico para o paciente é o adenocarcinoma pouco diferenciado. Nessa etapa, as características das células do tumor são bastantes diferentes do tecido original, possuem grandes alterações morfológicas, no qual o grau mais avançado de falta de diferenciação é chamado de anaplasia. Algumas das características do adenocarcinoma pouco diferenciado são:

  • Pleomorfismo – São alterações no tamanho e forma das células. Assim, as células de um tumor não são iguais, algumas são pequenas e outras muito maiores. Existem variações no número e no tamanho de núcleos da célula. Algumas células podem apresentar um único núcleo grande, e outras 2 ou mais núcleos pequenos. A cromatina do núcleo geralmente se encontra organizada de maneira anormal, está distribuída na membrana nuclear podendo apresentar uma coloração mais intensa que o normal (hipercromática).
  • Mitoses – Diferente dos tumores benignos ou das neoplasias malignas nos primeiros estágios de desenvolvimento e de classificação, no adenocarcinoma pouco diferenciado, as células apresentam elevada atividade mitótica. No entanto, o elevado número de mitoses não significa necessariamente que o tecido é neoplásico, pode significar apenas que as células estão em grande atividade de replicação, como acontece nos tecidos normais que apresentam rápida renovação, como acontece no tecido de revestimento epitelial. A principal evidência de mitose maligna são as chamadas “mitoses bizarras ou atípicas” que manifestam fusos tripolares, quadripolares ou multipolares.
  • Metaplasia e displasia – A metaplasia consiste na diferenciação de um tecido celular maduro em outro tipo de tecido celular. Por exemplo, no adenocarcinoma de esôfago, podem ser encontradas células portadoras de características histológicas do estômago ou do intestino. Por sua vez, a displasia é o crescimento desordenado das células, conforme explicado anteriormente. As células perdem suas características naturais e se replicam sem organização.
  • Invasão local e metástase – Essa é a maior característica de um adenocarcinoma pouco diferenciado maligno. Esse câncer cresce e se desenvolve de maneira progressiva, invadindo o tecido e estruturas adjacentes ao local de origem. Por sua vez, a metástase é definida como a capacidade de a neoplasia realizar propagação para áreas fisicamente descontínuas com o tumor primário, ou seja, o tumor de origem. Os locais em que ocorrem metástase vão depender das características do adenocarcinoma e do local de origem. Mas, apesar disso, essa etapa é bastante grave, podendo dificultar bastante o prognóstico do paciente.

Dessa maneira, percebe-se a importância de compreender os estágios de classificação do adenocarcinoma, pois é uma neoplasia que geralmente é bastante agressiva e se o diagnóstico for demorado, pode dificultar o tratamento. O tratamento do adenocarcinoma pode variar de acordo com a sua localização, o tipo e a classificação. Mas, de uma maneira geral, os tratamentos irão incluir procedimentos cirúrgicos, realização de radioterapia, quimioterapia e utilização de estratégicas farmacológicas, nas quais, todas essas ações vão depender das condições do paciente.

Autor: Allison Diêgo

Instagram: @allison_diego


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

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Referências

KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins. Bases patológicas das doenças; 2016;9ª edição, Elsevier: Rio de Janeiro.

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