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Aferição da Pressão Arterial: História e Técnica | Colunistas

Aferição da Pressão Arterial: História e Técnica | Colunistas

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Em 1896, o clínico italiano Scipione Riva-Rocci criou o primeiro aparelho utilizado para aferir a pressão arterial. Já em 1905, o cirurgião militar russo Nikolai Korotkov descreveu o método auscultatório, que necessita do esfigmomanômetro e estetoscópio para ser colocado em prática.

Esses dois eventos foram marcos importantes da medicina clínica, pois permitiram que se identificasse a variação de pressão arterial em pacientes assintomáticos ou minimamente assintomáticos.

Mais de 110 anos depois, ainda utilizamos as bases da mesma técnica para aferir a pressão arterial de nossos pacientes. Mas como realizar essa técnica corretamente?

Métodos:

Existem dois métodos de aferição da pressão arterial: o direto e o indireto. O direto fornece a pressão direta ou intra-arterial e por ser mais invasivo, é reservado a situações específicas. Já o indireto pode ser realizado através da técnica auscultatória com estetoscópio.

Técnica de aferição:

Para dar início a aferição da pressão arterial, o paciente deve estar em repouso por no mínimo três minutos e em um local tranquilo e preferencialmente sem ruídos. A pressão arterial pode ser aferida nas posições sentada, em pé e deitada. Nas três posições é necessário que a artéria braquial esteja na altura do coração, para isso, é importante manter o paciente posicionado de forma confortável, com o braço ligeiramente flexionado e apoiado em superfície firme, com a palma da mão voltada para cima. Numa primeira consulta, o ideal é que a pressão seja aferida nas três posições. Caso não seja possível realizar todas as posições, devemos priorizar a posição sentada, com a pressão sendo aferida no membro superior direito.

Depois de cumpridas as orientações iniciais, o examinador deve localizar a pulsação da artéria braquial e posicionar o manguito 2 cm acima da fossa cubital. Em seguida, deve se palpar o pulso radial e inflar o manguito até que essas pulsações desapareçam. Após isso, devemos desinsuflar o manguito lentamente, até que o pulso radial seja palpável novamente, neste momento, temos a pressão sistólica indicada no esfigmomanômetro.

Após reconhecer a pressão sistólica através do método palpatório damos seguimento a aferição realizando o método auscultatório. O estetoscópio deve ser colocado sobre a artéria braquial e o manguito insuflado até 30mmHg acima do valor encontrado para a pressão sistólica no método palpatório. Em seguida iniciamos o esvaziamento da câmara, soltando o ar de 2 a 3 mmHg por segundo. À medida que o manguito é desinsuflado, o sangue volta a fluir na artéria que antes estava colabada. Com isso, surgem ruídos que são chamados de Sons de Korotkoff, classificados em 5 fases.

A pressão arterial sistólica é determinada pelo aparecimento do primeiro ruído (primeiro som) e a pressão arterial diastólica é determinada pelo desaparecimento dos sons (fase 5).

Problemas na aferição:

Os principais problemas que podem atrapalhar a aferição da pressão arterial estão relacionados com o examinador, o paciente e o material. Em relação ao examinador pode ocorrer a colocação errada do manguito, arredondamento dos valores, omissão do método palpatório. Já em relação ao paciente, este pode estar em posição desconfortável, ter feito uso de cigarro ou café pelo menos uma hora antes da aferição, entre outros. Os problemas com o equipamento podem ser relacionados a este não estar calibrado ou não estar adequado a circunferência do braço.

A pressão arterial é um importante parâmetro fisiológico na investigação diagnóstica e o registro de seus níveis é parte obrigatória do exame físico. Por isso, é importante estar atento a todos os fatores que podem interferir na técnica de aferição para que os valores obtidos sejam os mais fidedignos possíveis.

E você, já domina toda a técnica de aferição da pressão arterial? Deixa sua experiência para a gente nos comentários!

Quer saber mais sobre as bases do ensino médico? Confira nosso Manual de Semiologia Médica!

Autora: Barbara Andrade

Instagram: @barbaranamed



O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


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