Índice
- 1 Recomendações do Ministério da Saúde e da OMS são:
- 2 Vantagens do aleitamento materno:
- 3 Envolvimento de toda a família
- 4 Quando amamentar:
- 5 Características das mamas
- 6 COMO REALIZAR A PEGA CORRETA?
- 7 ORDENHA DE ALÍVIO
- 8 FASES DO LEITE MATERNO
- 9 CARACTERÍSTICAS DO LEITE MATERNO
- 10 DEZ PASSOS PARA SUCESSO DO AM:
A amamentação constitui uma das questões mais importantes para a saúde humana, principalmente nos primeiros anos de vida, pois atende às necessidades nutricionais e metabólicas, além de conferir proteção imunológica ao lactente.
Recomendações do Ministério da Saúde e da OMS são:
– Aleitamento materno (AM) exclusivo nos primeiros 6 meses de vida.
– Introdução de alimentação complementar a partir dos 6 meses, não sendo recomendados outros leites como: industrializado, de vaca, soja, cabra, etc.
– O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os dois anos de vida
Vantagens do aleitamento materno:
a) Para o bebê:
– É um alimento completo do lactente até os 6 meses, apropriado para o organismo do bebê (nutrientes e digestão)
– Sempre pronto e na temperatura certa
– Contribui para a diminuição de maus tratos. Maior vinculo afetivo.
– Promove o perfeito desenvolvimento infantil.
– Menor incidência de doenças diarreicas e infecções do trato respiratório inferior, de otite média, de meningite bacteriana, etc
– Promove boa dentição, diminui incidência de cáries e problemas na fala
b) Para a Mãe
– Favorece a involução uterina, a perda de peso e diminui a hemorragia pós-parto
– Diminui risco de câncer de mama, ovário e endométrio
– Contraceptivo natural (o estímulo à amamentação exclusiva induz a um aumento do intervalo intergestacional; A lactação e amenorréia como método contraceptivo tem como princípios, além do estado de amenorréia das mulheres, a amamentação exclusiva dos seus filhos e a idade máxima de seis meses para o bebê. Nessas condições, a probabilidade acumulada de ocorrer uma nova gravidez nesse período é menor do que 2%)
Envolvimento de toda a família
– É de muita importância a participação do pai e dos avós desde as consultas de pré-natal, até o parto e pós-parto;
– É dever do médico e da família encorajar e incentivar a mãe a amamentar;
– É dever do pai ajudar no cuidado com a casa e os filhos;
– Importante não fumar na presença do bebê;
– Orientar a mãe a procurar o serviço de saúde em casos de dúvidas sobre a amamentação.
Não usar mamadeiras, chucas, chupetas
– Maior risco de contaminar o leite e provocar doenças
– Atrapalha o aleitamento materno, induzindo a PEGA INCORRETA
– Pode modificar a posição dos dentes, prejudicar a fala e respiração fazendo o bebê respirar pela boca.
– É mais caro e sua preparação dá mais trabalho.
– Diminui o contato entre mãe e filho.
Quando amamentar:
– Imediatamente após o parto ou até a primeira hora (considerando as condições clínicas)
– Livre demanda do bebê
– Quando bebê chorar – TABU – Nem sempre choro é fome ou sede Pode ser sono, tédio, calor, frio, fralda suja, desejo de colinho, carinho… É importante avaliar a situação
Características das mamas
Em primeiro lugar, é importante entender a anatomia da mama, conforme imagem abaixo:

Existem, então, alguns tipos de mamilos:
- Normais ou Protusos – Entre os tipos de mamilo, esse é o mais comum entre as mulheres. Os mamilos normais ou protusos se sobressai das aréolas e ficam rígidos facilmente quando são estimulados, ponto positivo na amamentação.
- Mamilos Planos – Os mamilos planos ficam praticamente na mesma linha da aréola. Quando estimulados, também apresentam a mesma projeção dos mamilos normais ou protusos. Mulheres com mamilos planos podem apresentar algumas dificuldades no começo da amamentação. Isso porque o bebê costuma usar a língua para pressionar o mamilo contra o palato para o leite sair e nesse tipo de mamilo pode ser mais difícil.
- Mamilos Invertidos: Os mamilos invertidos estão virados para dentro dos seios. A mesma dificuldade pode aparecer para mulheres com esse tipo do que a anterior. Como o mamilo invertido é menor, o bebê tem dificuldade de sugar e pode acabar machucando.
- Mamilos Compridos: Entre os tipos de mamilos, esse se destaca porque as mamães precisam tomar mais cuidado com a pega do bebê. Por ser muito saliente, o pequeno pode abocanhar somente o bico e causar dor, sangramento e rachaduras.
IMPORTANTE LEMBRAR QUE NENHUM TIPO DE MAMILO IMPEDE A AMAMENTAÇÃO, O BEBÊ DEVE ABOCANHAR A ARÉOLA E NÃO APENAS O BICO!
COMO REALIZAR A PEGA CORRETA?

A melhor posição é aquela em que mãe e bebê estão confortáveis. O importante é que o corpo e a cabeça do bebê estejam alinhados, de modo que a criança não necessite virar a cabeça para pegar a mama;
Antes de iniciar a pega, a mãe deve palpar a aréola. Se esta estiver dura (túrgida), ela deve ordenhar um pouco de leite para facilitar a pega. Se a mulher tiver mamas muito volumosas, pode pressionar a mama contra o tronco, segurando-a e erguendo-a com a mão oposta (mama direita/mão esquerda), colocando os quatro dedos juntos por baixo da mama e o polegar acima da aréola pega da mama em ”C”.
ORDENHA DE ALÍVIO
Ordenha realizada quando a mama estiver muito cheia. O ideal é oferecê-la apenas para o próprio filho com copinho ou colher
FASES DO LEITE MATERNO
- COLOSTRO:
– leite dos primeiros dias após o parto
– alimento ideal nos primeiros dias de vida
– protege o bebê contra muitas doenças
– maior conteúdo de eletrólitos, proteínas, vitaminas lipossolúveis (vit A dá coloração
amarelada), minerais e imunoglobulinas (IgA, lactoferrina); menos gordura, lactose e vitaminas
hidrossolúveis
– Facilita a eliminação do mecônio nos primeiros dias de vida e permite a proliferação de
Lactobacillus bifidus na luz intestinal.
- LEITE MATERNO DE TRANSIÇÃO
– Aproximadamente do 6o dia até a segunda semana pós-parto.
– Intermediário entre o colostro e o maduro.
- LEITE MATERNO MADURO
– a partir da 15 dias pós parto
– maior teor lipídico e de lactose; menor quantidade de proteínas
– Valor energético: 67-70Kcal/100ml (=leite maduro)
– início da mamada: leite anterior é ralo e doce, ocorrendo predomínio de proteína do soro e
lactose: defende o bebê contra infecções e mata a sede
– meio da mamada: maior quantidade de caseína
– final da mamada: grande concentração de gordura, necessária para saciar o lactente:
engorda o bebê
CARACTERÍSTICAS DO LEITE MATERNO
– IgA específica: atua contra patógenos os quais a mãe é exposta e que será transferida para
o RN (reveste a mucosa intestinal impedindo a agressão por bactérias, toxinas ou antígenos estranhos.)
– IgA secretória: não é digerida pelas secreções gástrica e intestinal não sendo absorvida.
– Fator bífido: carboidrato nitrogenado, substrato para o crescimento do Lactobacillus bifidus. (bacilos anaeróbios que compõem a flora intestinal predominantemente em crianças amamentadas exclusivamente ao peito. São flora saprófita e impedem proliferação de microorganismos patogênicos.)
– Lisozima: produzida por macrófagos e neutrófilos. Age através da lise da parede celular de bactérias Gram – e +.
– Lactoferrina: uma proteína carreadora de ferro que, por quelação diminuía biodisponibilidade de ferro para os patógenos principalmente Staphylococcus sp., E. coli e Candida sp. E aumenta a biodisponibilidade para o lactente. A terapia com ferro oral pode inibir esse processo.
– A concentração proteica é adequada para o crescimento normal do lactente e não provoca sobrecarga renal
– A relação caseína/proteínas do soro no leite de vaca é cerca de 80/20, ocorrendo a formação de um coalho mais duro, dificultando a digestão e aumentando o tempo de esvaziamento gástrico.
– A proteína do soro com maior concentração no leite humano é a alfalactoalbumina humana, que tem potencial alergênico praticamente nulo.
– O LM tem maior digestibilidade, pois tem lipase, que é ativada logo que entra em contato com os sais biliares no duodeno.
– Contém ácidos graxos de cadeia longa que têm ação primordial no desenvolvimento neuropsicomotor e na formação da retina
– A lactose é o principal carboidrato do LM que por hidrólise fornece glicose e galactose, sendo esta importante para formação dos cerebrosideos
– A menor concentração de sódio no LM impede a sobrecarga renal e diminui o risco de desidratação hipertônica frente a qualquer tipo de agravo
– O ferro está em baixa concentração em ambos os leites, porém a biodisponibilidade do ferro do leite humano alcança 50%, sendo apenas 10% do ferro do leite de vaca absorvido.
– constituição não uniforme: cada mãe produz um leite especial para seu filho.
– Fácil digestão
– à tarde e à noite o teor de gordura é maior do que pela manhã.
– conteúdo de gordura é maior no final da mamada
DEZ PASSOS PARA SUCESSO DO AM:
1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço
2. Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar essa norma
3. Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação
4. Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos.
6. Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica.
7. Praticar o alojamento conjunto: permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.
8. Encorajar a amamentação sob livre demanda.
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
REFERÊNCIAS:
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica . Saúde da Criança: nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação complementar. CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2009. 112p.
- CECATTI, José Guilherme et al. Introdução da lactação e amenorréia como método contraceptivo (LAM) em um programa de planejamento familiar pós-parto: repercussões sobre a saúde das crianças. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 4, p. 159-169, 2004.