Introdução à anatomia
É importante você saber que, para fins didáticos, o abdome é dividido em regiões: o mais simples é dividi-lo em 4 quadrantes, outra maneira é dividi-lo em 9 segmentos. Mas por quê isso? Bom, além de auxiliar estudantes e médicos formados na localização dos órgãos da cavidade abdominal, também nos ajuda a caracterizar melhor os sintomas apresentados pelos pacientes.
Explicação: Uma linha vertical através da linha alba (plano mediano) cruza uma linha horizontal que atravessa o umbigo (plano transumbilical), formando os quatro quadrantes: quadrante superior direito (QSD), quadrante inferior direito (QID), quadrante superior esquerdo (QSE) e quadrante inferior esquerdo (QIE).
- É importante que você saiba correlacionar os devidos quadrantes com a localização dos órgãos da cavidade abdominal!
- Na primeira imagem, podemos ver as 9 regiões delimitadas pelas linhas hemiclaviculares direita e esquerda (verticais) e pelas linhas subcostal e intertubercular (horizontais), que se cruzam. São essas regiões: hipocôndrios direito e esquerdo, epigástrica, lombares direita e esquerda, umbilical, inguinais direita e esquerda e hipogástrica.
- Na segunda imagem, os respectivos órgãos delimitados pelas linhas consideradas.
- O fígado está localizado no quadrante superior direito do abdome, protegido pelo diafragma e pela caixa torácica.
- É a maior glândula do corpo, e depois da pele, o maior órgão.
- Atua como órgão hematopoiético por um espaço de tempo no feto maduro.
- Com exceção da gordura, todos os nutrientes absorvidos pelo sistema digestório são levados primeiro ao fígado pelo sistema venoso porta.
- Possui atividades metabólicas, armazena glicogênio e secreta bile.
Quando falamos sobre a anatomia do fígado, podemos dividi-lo em faces:
→ A face diafragmática: lisa, com formato de cúpula, toda coberta por peritônio visceral, exceto posteriormente na área nua do fígado, onde está em contato direto com o diafragma.
OBS: A área nua é demarcada pela reflexão do peritônio do diafragma para o fígado (podemos encontrar o ligamento coronário e o ligamento triangular direito envolvendo-os). Essa área é MUITO importante, porque sua inervação é diferente de todo o restante do fígado – sendo a dor referida pelo paciente em diferente localização.
→ A face visceral: também é coberta por peritônio, exceto onde entram e saem os vasos (veia porta, artéria hepática e vasos linfáticos).
Também podemos dividi-lo em lobos:
→ 2 lobos anatômicos: o direito e o esquerdo, separados pelo ligamento falciforme do fígado e pela fissura sagital esquerda;
→ 2 lobos acessórios: o lobo quadrado e o lobo caudado, separados pelas fissuras sagitais direita e esquerda.
Vascularização
O fígado é um órgão de irrigação dupla (vasos aferentes): uma venosa dominante e uma arterial menor.
- A veia Porta (formada pela união das veias mesentérica superior e esplênica) é responsável por trazer 75 a 80% do sangue para o fígado, pobre em oxigênio, que irá retornar ao coração pelo circuito sistêmico, mas rica em nutrientes – conduz praticamente todos os nutrientes absorvidos pelo sistema digestório, com exceção dos lipídeos.
- O sangue da artéria hepática própria representa 20 a 25% do total recebido, rico em oxigênio. No final, os sangues se misturam e saem do fígado pela veia hepática, em direção à Veia Cava Inferior.
Então, resumindo em um esquema simples:
Anastomoses portossistêmicas
A veia Porta do fígado é o principal canal do sistema venoso porta.
As anastomoses portossistêmicas ou porto cavas comunicam o sistema venoso porta com o sistema venoso sistêmico, formando-se na parte inferior do esôfago, no canal anal, na região periumbilical e na área nua do fígado.
- Quando a circulação porta através do fígado é reduzida ou obstruída por uma doença hepática ou compressão causada por um tumor, o sangue do sistema digestório ainda pode chegar ao lado direito do coração pela Veia Cava Inferior, graças a essas vias colaterais.
- Essas vias alternativas estão disponíveis porque a veia Porta e suas tributárias não têm válulas, ou seja, o sangue pode refluir/voltar à Veia Cava Inferior.
- No entanto, o volume de sangue forçado pelas vias colaterais pode ser excessivo, resultando em varizes (dilatação anormal das veias), potencialmente fatais.
Referências:
Livro de Anatomia Orientada do Moore, 8ª edição – página 480 a 487, e página 492
O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto
Gostou do artigo? Quer ter o seu artigo no Sanarmed também? Clique no botão abaixo e participe: