versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561
Ciênc. saúde coletiva vol.23 no.12 Rio de Janeiro dez. 2018
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182312.30152018
A agenda de alimentação e nutrição vem sendo defendida na sua integralidade associada às demais ações do sistema de saúde. E de forma mais ampliada, com o campo Intersetorial da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Essa bandeira necessita de espaços democráticos para se desenvolver, incorporar demandas e prioridades da sociedade brasileira, e se fortalecer como política de Estado. O sistema nacional de segurança alimentar e nutricional (SISAN) é responsável por articular diferentes setores, níveis de governo, programas e ações, garantindo o direito de todas as pessoas ao acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade. Neste momento histórico, é um enorme desafio manter e fazer avançar a rede de proteção social que sustentou essa agenda1.
A presente edição da Revista de Ciência e Saúde Coletiva traça um panorama das várias áreas que se articulam ou conformam a agenda: vigilância alimentar e nutricional, promoção da alimentação adequada e saudável e prevenção e controle dos agravos nutricionais e suas interfaces2.
A análise sobre insegurança alimentar e nutricional (IAN) em domicílios com adolescentes na Amazônia Legal Brasileira, aponta o efeito da disponibilidade e do consumo dos alimentos, influenciado pelo tamanho e composição das famílias. Os autores citam o baixo consumo de hortaliças, frutas e leguminosas; discutem o paradoxo da oferta e publicidade abundante de alimentos ultraprocessados (ricos em açúcar, sal e gordura) contra a escolha da comida habitual dos brasileiros (arroz, feijão, batata-doce, mandioca, frutas, carnes, peixes).
O balanço das ações de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) no controle da obesidade infantil e seus diferentes condicionantes, com base nas políticas dos últimos 15 anos, aponta distintas concepções sobre o problema. A PAAS se choca com os interesses e disputas das corporações comerciais de alimentos processados e do agronegócio. Sabe-se que as estratégias de prevenção e enfrentamento da obesidade, por exemplo, passam necessariamente por dimensões que contemplem qualidade nutricional dos alimentos industrializados, publicidade, rotulagem e sustentabilidade. É preciso estar em sintonia com as diretrizes do Guia Alimentar para a população Brasileira que constitui um instrumento de educação em saúde3. Na avaliação da qualidade global da dieta infantil persiste a inadequação, principalmente quanto ao baixo consumo de legumes e verduras, frutas e carnes, a ingestão elevada de gordura saturada, pouca variedade e presença de elevado teor de sódio e aditivos.
O controle de agravos nutricionais se faz presente no debate sobre a ingestão inadequada de nutrientes importantes pelos idosos; na automatização de inquéritos alimentares por meio de aplicativo móvel para coleta das informações sobre práticas alimentares de pacientes diabéticos; e na utilização de instrumento para avaliar o conhecimento de mulheres adultas sobre combinação de alimentos.
A presença e a atuação do nutricionista como líder aparece positivamente associado à segurança dos alimentos em restaurantes; ao esclarecimento de dúvidas sobre a nova classificação dos alimentos para estudantes, profissionais e população em geral; e na denúncia sobre a baixa disponibilidade de informações sobre a quantidade de lactose nos rótulos de alimentos industrializados.
O Programa de Alimentação Escolar brasileiro foi contemplado quanto ao desafio de garantir que a criança receba os nutrientes em quantidades adequadas; ao investimento dos municípios na compra de alimentos destinados ao programa e sua aproximação com a produção agrícola familiar; nas condições higiênico-sanitárias das Unidades de Alimentação e Nutrição Escolar (UANE); e na necessidade de medidas corretivas para se conseguirem Boas Práticas.