versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385
Einstein (São Paulo) vol.17 no.4 São Paulo 2019 Epub 02-Dez-2019
http://dx.doi.org/10.31744/einstein_journal/2019ce5318
Caro Editor,
O artigo “Efeitos do jejum noturno sobre a força muscular em pacientes internados”1 é relevante e de aplicação prática no ambiente hospitalar. Porém, algumas questões metodológicas merecem ser esclarecidas:
(1) Não há referência da mensuração do tempo de jejum, considerando que o jejum noturno é algo fisiológico, comum a todos os pacientes. O que os autores na verdade investigaram foi o percentual de ingestão da alimentação ofertada no dia anterior e sua associação com a força de preensão palmar (FPP). Não há como investigar a relação causal entre jejum e FPP, dado que não há informação do tempo de permanência em jejum pelos participantes do estudo. Além disso, sabe-se que, na rotina hospitalar, existe a oferta da ceia após o jantar, refeição essa que sequer foi citada pelos autores.2
(2) Os valores descritos de FPP em jejum, após a ingestão do desjejum, do almoço e acumulado são tão similares entre si, que fica a dúvida se a diferença entre eles é, de fato, relevante, mesmo apresentando valores de p significativos. Além disso, os autores não apresentaram valores de referência para FPP em indivíduos na faixa etária compreendida pelo estudo, impossibilitando algum tipo de comparação com a população.3
Quanto à apresentação dos resultados, há uso exagerado de gráficos e tabelas, que contêm informações já contempladas no texto, sem acrescentar dados relevantes. Seria necessário maior rigor na seleção, por exemplo, das figuras 1, 2 e 3, que não requerem apresentação gráfica, pois os dados são facilmente descritos no texto. Ainda, a figura 4 torna confusa a compreensão, pois não descreve com clareza como os grupos foram definidos. Existe também a redundância em apresentar o valor de p e as odds ratio para a mesma análise.
Os autores encontraram dados relevantes, mas isso não foi valorizado. O cerne do trabalho deveria ser a influência da ingestão calórica do dia anterior na FPP, caracterizando piora do estado nutricional. Este ponto deveria ser mais explorado, discutindo a importância de melhorar a quantidade ingerida da dieta prescrita aos pacientes internados, minimizando a redução da FPP e as consequentes alterações nutricionais.
Considerando os pontos aqui mencionados, conclui-se que os autores analisaram de forma equivocada os resultados, gerando interpretações imprecisas.