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A Ponta do Iceberg: Placa Coronária Não-Calcificada e o Tecido Adiposo Epicárdico

A Ponta do Iceberg: Placa Coronária Não-Calcificada e o Tecido Adiposo Epicárdico

Autores:

Levent Cerit,
Fabio Paiva Rossini Siqueira,
Claudio Tinoco Mesquita,
Alair Augusto Sarmet M. Damas dos Santos,
Marcelo Souto Nacif

ARTIGO ORIGINAL

Arquivos Brasileiros de Cardiologia

versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170

Arq. Bras. Cardiol. vol.108 no.4 São Paulo abr. 2017

https://doi.org/10.5935/abc.20170046

Ao Editor,

Foi com grande interesse que li o artigo "Relação entre o Escore de Cálcio e a Cintilografia Miocárdica no Diagnóstico da Doença Coronariana" de Siqueira et al.,1 recentemente publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia 2016; 107:367-74. Os investigadores relataram a possibilidade da remoção de doença arterial coronariana (DAC) extensiva quando o escore se mostra gravemente aumentado, o que justifica o uso deste método na avaliação inicial ou conjunta em pacientes assintomáticos com suspeita de DAC e na estratificação de risco coronário. A avaliação de pacientes sintomáticos com baixo risco, apesar da evidência sugestiva, deveria ser reavaliada em futuras diretrizes.1

O tecido adiposo epicárdico (TAE) é anatomicamente contíguo com o miocárdio e diversos estudos já o apontaram como fator que potencialmente contribui com aterosclerose coronária.2 O TAE é um tipo de tecido adiposo visceral com efeitos paracrinos e endócrinos.3 O TAE funciona como fonte de energia para o miocárdio e secreta citocinas proaterogênicas.3 O aumento do TAE não está apenas associados a uma prevalência mais alta de DAC, mas é também um parâmetro do prognóstico para futuros eventos cardiovasculares, e, por fim, mortalidade cardiovascular.4 Hwang et al.5 relataram que um alto índice de volume de gordura epicárdica determinado por tomografia computadorizada apareceu como um fator de risco independente para o futuro desenvolvimento de placa coronária não-calcificada, mesmo após ajuste para fatores de risco cardiovascular tradicionais.

Com base nesses achados, a avaliação de TAE por tomografia computadorizada pode ser benéfica como parte de avaliações adicionais para futuros eventos cardiovasculares.

REFERÊNCIAS

1 Siqueira FP, Mesquita CT, Santos AA, Nacif MS. Relationship between calcium score and myocardial scintigraphy in the diagnosis of coronary disease. Arq Bras Cardiol. 2016;107(4):365-74.
2 Lee HY, Després JP, Koh KK. Perivascular adipose tissue in the pathogenesis of cardiovascular disease. Atherosclerosis. 2013;230(2):177-84.
3 Mazurek T, Zhang L, Zalewski A, Mannion JD, Diehl JT, Arafat H, et al. Human epicardial adipose tissue is a source of inflammatory mediators. Circulation. 2003;108(20):2460-6.
4 Mahabadi AA, Berg MH, Lehmann N, Kälsch H, Bauer M, Kara K, et al. Association of epicardial fat with cardiovascular risk factors and incident myocardial infarction in the general population: the Heinz Nixdorf Recall Study. J Am Coll Cardiol. 2013;61(13):1388-95.
5 Hwang IC, Park HE, Choi SY. Epicardial adipose tissue contributes to the development of non-calcified coronary plaque: a 5-year computed tomography follow-up study. J Atheroscler Thromb. 2016 Aug 9. [Epub ahead of print].