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A Revista Brasileira de Epidemiologia: 18 anos de contribuição à difusão de conhecimentos

A Revista Brasileira de Epidemiologia: 18 anos de contribuição à difusão de conhecimentos

Autores:

Márcia Furquim de Almeida,
Moisés Goldbaum,
José da Rocha Carvalheiro

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.20 no.7 Rio de Janeiro jul. 2015

http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015207.06012015

Introdução

A proposta de lançamento da Revista Brasileira de Epidemiologia (RBE) nos anos 90 do século passado encontrou suas raízes no próprio desenvolvimento, crescimento e consolidação do campo disciplinar no Brasil. Ou seja, é fruto da notável história vivenciada pela Epidemiologia brasileira, especialmente a partir dos anos 70, quando encontra-se solidariamente incorporada ao movimento de constituição da Saúde Coletiva no país.

O estabelecimento, em 1984, pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva - Abrasco, à época Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, de sua Comissão de Epidemiologia representou um dos primeiros passos para sistematizar os amplos debates que mobilizavam a comunidade de pesquisadores, docentes e profissionais de serviços de saúde na produção e aplicação de conhecimentos gerados. Igualmente, a Comissão fundou-se como importante instância para a elaboração e proposição de políticas visando ao sustentado desenvolvimento da disciplina, tendo como diretriz central sua indissociável articulação com os demais campos disciplinares componentes da moderna Saúde Coletiva. Composta, como sempre foi, por membros da comunidade de sanitaristas, cujo interesse preponderante estava centrado em estudos epidemiológicos, organizou-se de tal forma a garantir a abrangência de tendências e visões próprias da área.

Como comissão assessora das sucessivas diretorias da Abrasco, das quais sempre recebeu o apoio para suas iniciativas, pôde, nestes 30 anos de atividades, organizar eventos, realizar reuniões técnico-científicas e promover intercâmbios entre grupos nacionais e estrangeiros. Todas essas atividades propiciaram o desenvolvimento da disciplina em plena articulação com o conjunto da Saúde Coletiva, em processo coordenado pela Abrasco. Como reflexo aponta-se a manutenção de constante e profundo debate sobre o papel da epidemiologia na produção de conhecimentos comprometidos com a realidade sanitária brasileira e de revisão contínua de seu papel nas práticas exercidas nos serviços de saúde.

Do ponto de vista de sua influência nos serviços de saúde, pode se assinalar o destacado papel que a Comissão teve, ao mobilizar a massa crítica de epidemiologistas, na criação e estabelecimento do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI). Antiga reivindicação da comunidade, e que hoje se transformou na bem sucedida Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS), se materializou, abrindo amplas perspectivas para o trabalho conjunto e articulado do meio acadêmico e dos serviços de saúde.

Favorecida pela estreita relação com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), a epidemiologia brasileira pôde acompanhar e se beneficiar dos movimentos por ela desencadeados para o fortalecimento da epidemiologia no continente americano, evidenciado pela divulgação e ampla distribuição do compêndio “The Challenge of Epidemiology – issues and selected readings”1. Este compêndio, especialmente sua versão em espanhol, foi uma das representações dos esforços que os técnicos da OPAS empregaram para difundir o conhecimento epidemiológico no continente e expressava a necessidade de divulgar e difundir a produção desse campo disciplinar. Ao lado disso, salienta-se que a OPAS, em conjunto com a Comissão de Epidemiologia e articulado com o Ministério da Saúde, foi elemento chave para apoiar e financiar, em 1990, o Primeiro Congresso Brasileiro de Epidemiologia, realizado no campus da Unicamp, em Campinas.

Este era, em uma visão sintética e objetiva, o cenário que então se encontrava no terreno da epidemiologia. Neste terreno fértil, os epidemiologistas brasileiros, como dito anteriormente, buscavam extrair da e pela metodologia epidemiológica a construção de conhecimentos que contribuíssem para melhor compreender a realidade sanitária brasileira. Conhecimentos estes que, e em consonância com os produtos das demais áreas da Saúde Coletiva, pudessem prover elementos para o encaminhamento consequente dos problemas de saúde da população. A partir das várias iniciativas, o movimento confluiu para a definição de estratégias e ações para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento harmônico da disciplina. Assim, em 1989, como expressão maior desse esforço, em reunião sobre “Estratégias para o desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil” realizada em Itaparica (Bahia), pôdese desenhar o “Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil”2. É neste plano e nos quinquenais que se seguiram que se encontram registradas as bases conceituais para determinar a criação de um instrumento próprio para a divulgação da produção técnico-científica em epidemiologia, que se concretizou na Revista Brasileira de Epidemiologia, objeto de análise desta seção do capítulo.

A leitura dos planos diretores mostra a preocupação em garantir a existência de instância de divulgação de conhecimento produzido pelos epidemiólogos, seja no âmbito acadêmico, seja no dos serviços de saúde. Constituídos em três grandes áreas de atuação, quais sejam “recursos humanos”, “pesquisa” e “prática em serviços de saúde”, no plano se observa que cada uma delas registra a necessidade da comunidade dispor de instrumentos adicionais, aos já existentes, de divulgação e difusão dos produtos elaborados pelos seus atores. Assim, neles se registra na área de formação de recursos humanos a seguinte ação proposta: “constituir veículos permanentes a nível nacional […] de divulgação de informações a nível de serviços de saúde”. Da mesma forma, na área de pesquisa epidemiológica, encontrase: “revisão do programa editorial da Abrasco”, como por exemplo, “criação de uma revista de Saúde Coletiva”. E, na área de prática nos serviços de saúde: “criar instrumentos de divulgação, informes, boletins, periódicos”. Essas definições são reiteradas nos planos seguintes e a resposta a essas determinações encontram-se, portanto, na RBE que vem a se juntar, de modo cooperativo e complementar, às revistas coirmãs da área de Saúde Coletiva.

Evolução da RBE

A RBE teve, neste período todo, e mantém, como política editorial, a missão de disseminar artigos de livre demanda da comunidade: 99,5% dos artigos publicados tem esta origem. A RBE ao longo de sua trajetória contemplou a edição de suplementos que se destinaram à disseminação de temáticas teóricas, como o papel da epidemiologia na construção do SUS ou metodológicas divulgando as apresentações realizadas em seminário promovido pela Comissão de Epidemiologia da Abrasco sobre inquéritos populacionais. Outros suplementos se destinaram a apresentar resultados de grandes estudos nacionais, como Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) e agora em 2015 será lançado mais um suplemento dentro deste escopo com análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Além disso, pelo menos dois Congressos Brasileiros de Epidemiologia tiveram seus Anais publicados em meio magnético como suplemento da RBE.

Nos últimos anos cresceu a participação da ciência brasileira no cenário internacional, o Brasil ocupa hoje a 15ª posição no cenário mundial3. A RBE acompanhou o crescimento da ciência brasileira e, em particular, o da área de Saúde Pública, que se situa em 8° lugar4, onde a epidemiologia brasileira se insere.

O maior desafio para uma revista cientifica nacional é manter sua regularidade e continuidade. Ao longo do tempo, a RBE conseguiu enfrentar este desafio e, após um início conturbado com dificuldades superadas com grande sacrifício, foi sendo indexada em diversas bases como Lilacs, em 2000; a etapa seguinte foi sua indexação na base SciELO, em 2005. Posteriormente, na base Scopus, em 2007, e, em seguida, na base Medline/ Pubmed em 2010.

Sua indexação na base SciELO (Scientific Eletronic Library Online), entre outras bases, permite o acesso livre a todos interessados e seus artigos contemplam versões em português, espanhol e inglês, com vistas a atender as comunidades de pesquisadores, profissionais de serviços de saúde, população em geral da América Latina, Caribe e África, em especial.

A indexação e a disponibilidade eletrônica gratuita dos artigos da RBE no portal SciELO é parte de sua política editorial de devolver à sociedade e, em especial, à comunidade cientifica e aos profissionais de saúde o acesso gratuito de sua produção. A indexação da RBE nas diferentes bases resultou em maior visibilidade dos seus artigos como pode ser observado pelo crescimento de 92% do número de artigos acessados no portal SciELO, totalizando 482.724 em 20145. A maior visibilidade da RBE também resultou no crescimento dos manuscritos a ela enviados com vistas à publicação: de 338% entre 2006 e 2014.

Tendo em vista a importância de ampliar a visibilidade internacional da produção científica disseminada pela RBE, foram sendo adotadas diversas medidas, No início, todos os artigos publicados em português (ou em espanhol) deveriam ser acompanhados por um “extended summary” em inglês. Esta solução foi reconhecida como inviável e rapidamente abandonada.

A entrada da revista no portal PubMed também contribuiu para sua maior visibilidade internacional, como pode ser visto pelo crescimento do número de acessos aos artigos na língua inglesa (Tabela 1)610.

Tabela 1 RBE - Acessos aos artigos por idioma, 2010-2014. 

Idioma 2010 2011 2012 2013 2014 Variação 2014/2010
Inglês 27.062 17.669 35.707 38.200 60.688 124,3
Espanhol 10.657 7.228 9.724 11.691 15.263 43,2
Português 396.625 392.525 294.973 422.799 405.867 2,3

Fonte: SciELO610.

A avaliação do fator de impacto dos periódicos científicos é um assunto controverso enquanto medida do conhecimento cientifico produzido e disseminado na sociedade. Porém, ainda que este indicador tenha limitações, a RBE apresentou ao longo do tempo um crescimento do seu fator impacto, medido pelo portal SciELO, quer na coleção SciELO Brasil quer na SciELO Saúde Publica (Tabela 2)11,12.

Tabela 2 Fator de impacto de 3 anos da RBE na coleção SciELO Brasil e coleção SciELO Saúde Pública, 2005-2013. 

Ano SciELO Brasil SciELO Saúde Pública
2005 0.2308 0.1346
2006 0.3894 0.2035
2007 0.6198 0.3388
2008 0.7518 0.4043
2009 0.7849 0.3837
2010 0.8281 0.3854
2011 0.9694 0.5459
2012 0.7783 0.3842
2013 0.7738 0.4208

Fonte: SciELO11,12.

O comportamento do fator de impacto dos indicadores SciELO acompanha aquele das demais revistas da área de saúde coletiva (Cadernos de Saúde Pública, Revista de Saúde Pública e Ciência e Saúde Coletiva). É preciso lembrar que a área de epidemiologia e Saúde Coletiva brasileira apresentam comportamento distinto das ciências básicas, no qual o fator de impacto da produção cientifica disseminada por periódicos como Nature e Science é quase que imediato, enquanto a produção em epidemiologia tem uma vida média bem maior e os artigos publicados levam maior tempo para serem citados.

Com relação à coleção SciELO Saúde Pública, as revistas nacionais da área se destacam dos periódicos dos demais países indexados nesta base. Nela, a RBE se posiciona em terceiro lugar considerando o fator de impacto (Tabela 3)1328.

Tabela 3 Fator de impacto de 3 anos dos periódicos da coleção SciELO Saúde Pública, 2013. 

Periódico Fator de impacto
Revista de Saúde Pública 0.5405
Cadernos de Saúde Pública 0.4547
Revista Brasileira de Epidemiologia 0.4208
Gaceta Sanitária 0.3992
Salud Colectiva 0.3333
Salud Pública de Mexico 0.2955
Revista Cubana de Salud Pública 0.2571
Revista Peruana de Medicina Experimental y S. Pública 0.2374
Bulletin of the World Health Organization 0.2131
Revista Española de Salud Pública 0.1939
Revista Panamericana de Salud Pública 0.1794
Interface - Comunicação, Saúde, Educação 0.1454
Ciência & Saúde Coletiva 0.1365
Annali dell'Istituto Superiore di Sanità 0.0727
Revista de Salud Pública 0.0683
Medicc review -

Fonte: SciELO Saúde Pública1328.

As citações recebidas pelos artigos publicados na RBE no portal SciELO Brasil são em sua maioria de revistas da área de saúde coletiva (35%), mostrando que há um forte intercâmbio entre os periódicos da área (Tabela 4). A RBE difere dos principais periódicos da área de Saúde Coletiva; enquanto as demais abrangem temática mais diversificada incluindo a epidemiologia, a RBE publica igualmente temática ampla, porém com foco em estudos epidemiológicos. As demais áreas que fornecem citações para a RBE são aquelas em que existe uma forte incorporação de técnicas epidemiológicas em suas pesquisas, como área de nutrição, estudo de moléstias infecciosas e pediatria29.

Tabela 4 Principais periódicos que citam artigos da RBE segundo portal SciELO, 2013. 

Periódicos Citações recebidas
N %
Cadernos de Saúde Pública 104 15,7
Ciência & Saúde Coletiva 67 10,1
Revista de Saúde Pública 61 9,2
Revista Brasileira de Epidemiologia 51 7,7
Cadernos de Saúde Coletiva 18 2,7
Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano 16 2,4
Revista de Nutrição 16 2,4
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 15 2,3
Revista da Associação Medica Brasileira 12 1,8
Revista Latino-Americana de Enfermagem 11 1,7
Revista Panamericana de Salud Pública 11 1,7
Revista Paulista de Pediatria 11 1,7
Revista Brasileira de Enfermagem 10 1,5
Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 10 1,5
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia 10 1,5
Outros 240 36,2
Total 663 100

Fonte: SciELO29.

Ainda com relação à visibilidade da produção disseminada pela RBE, segundo o Scientific Journal Ranking – Scimago (SJR), a RBE vem apresentando uma tendência crescente (Gráfico 1) com boa citação por artigo publicado, estando atualmente entre os 20 periódicos nacionais mais citados30.

Gráfico 1 Citações recebidas pela RBE segundo portal Scopus. 

Outra fonte que pode ser importante para avaliar o impacto de um periódico é o portal Google Acadêmico, que leva em conta as citações recebidas pelas revistas em periódicos científicos e outras fontes como teses e dissertações. Neste, as revistas da área de saúde coletiva se situam nos primeiros lugares entre os periódicos nacionais, o que mostra a importância dos periódicos da área na produção cientifica nacional. A RBE está também entre os 20 periódicos com melhor avaliação, com um índice H5 de 2031.

Recentemente, a busca da internacionalização da ciência brasileira tem se constituído em um dos objetivos centrais das políticas de ciência, tecnologia e inovação do país. Nesse sentido, a RBE buscou ampliar sua visibilidade internacional. Passou a publicar artigos completos em português e inglês, inicialmente com o custo da tradução sustentado pelos próprios autores e, a partir de 2014, pela própria RBE. Esta iniciativa teve como objetivo homogeneizar a qualidade da tradução e ampliar sua visibilidade com edição de todos os artigos sendo bilíngues.

A decisão editorial de manter os artigos publicados em português e inglês visa de um lado a aumentar sua visibilidade internacional e, de outro, dar continuidade a sua missão editorial de manter uma troca com os serviços de saúde nacionais. Esta política editorial é recente, o que torna difícil avaliar seu impacto no momento.

Ainda com relação à internacionalização verificou-se que os periódicos internacionais que cedem citações à RBE são provenientes, principalmente, de países latino-americanos, destacando-se Chile, Colômbia, Argentina e Cuba neste cenário32. De acordo com os dados da base Scopus, a RBE, em 2006, que se situava no quarto quartil das revistas internacionais da área de epidemiologia, progrediu para o terceiro em 200930.

A definição temática dos artigos não é uma tarefa trivial porque não obstante com frequência um artigo aborda um tema específico, porém seu foco principal é o método adotado. Isso implica que a classificação adotada pode conter imprecisões. A seguir procura-se mostrar os temas abordados na RBE e, com isso, evidenciar o perfil dos artigos publicados.

Os compromissos que estavam presentes na criação da RBE com a realidade sanitária nacional são mantidos até os dias de hoje, e as características da epidemiologia brasileira, onde há uma sólida e intensa articulação entre o ambiente acadêmico e os serviços de saúde, se reflete nos artigos científicos disseminados pela RBE e na sua ampla temática abordada.

A temática abordada pelos artigos disseminados pela RBE foi modificando-se ao longo do tempo. No período inicial da RBE (1998-2004), os estudos epidemiológicos sobre nutrição e moléstias infecciosas e parasitárias representavam cerca de 44% dos artigos. Nos anos seguintes, com o passar do tempo, a temática dos artigos foi se ampliando. Observa-se que estas duas temáticas continuam a responder por parte significativa dos trabalhos (30%) e a elas se incorporam de modo crescente os temas referentes às doenças crônicas. Houve também um crescimento de artigos que exprimem estilos de vida (atividade física, hábitos como consumo de álcool, tabaco, sedentarismo, etc.) que estão presentes na epidemiologia das doenças crônicas. Como era de se esperar em uma revista de epidemiologia, os artigos metodológicos sempre responderam por praticamente 10% dos artigos publicados (Tabela 5).

Tabela 5 Temática dos artigos publicados na RBE 1998-2014. 

1998-2004 2005-2009 2010-2014 Total
Áreas N % N % N % N %
Nutrição 35 22,9 21 15,3 85 10 141 16,6
Moléstias Infecciosas e parisitárias 33 21,6 30 21,9 66 7,8 129 15,2
Doenças crônicas 12 7,8 8 5,8 72 8,5 92 10,9
Saúde bucal 6 3,9 7 5,1 23 2,7 36 4,3
Saúde Mental 1 0,7 1 0,7 14 1,7 16 1,9
Violências 6 3,9 5 3,6 37 4,4 48 5,7
Saúde do trabalhador 3 2 10 7,3 24 2,8 37 4,4
Métodos 15 9,8 12 8,8 63 7,4 90 10,6
Saúde da Mulher e Infância 11 7,2 8 5,8 31 3,7 50 5,9
Saúde ambiental 8 5,2 4 2,9 8 0,9 20 2,4
Saúde do idoso 3 2 10 7,3 18 2,1 31 3,7
Serviços de saúde 4 2,6 4 2,9 29 3,4 37 4,4
Medicamentos 0 0 6 4,4 14 1,7 20 2,4
Comportamento 2 1,3 4 2,9 46 5,4 52 6,1
Saúde indígena 0 0 2 1,5 6 0,7 8 0,9
Desigualdades 1 0,7 2 1,5 11 1,3 14 1,7
Outros 13 8,5 3 2,2 10 1,2 26 3,1
Total 153 100 137 100 557 100 847 100

Fonte: RBE.

Para melhor compreender este cenário, a grande contribuição da área de nutrição nos artigos da RBE se deve à competência desta área no país e à importância crescente dos estudos epidemiológicos, ao lado também da ausência de uma revista nacional da área com expressão editorial e indexada. Vale ainda registrar que o perfil dos artigos publicados reflete a transição nutricional do país, predominando textos sobre obesidade, qualidade da dieta e artigos metodológicos.

Com relação aos artigos que versam sobre doenças infecciosas e parasitárias, verifica-se que, em sua maioria, abordam doenças emergentes como AIDS ou hepatite B. Doenças reemergentes, que tem tido grande importância no perfil epidemiológico da população como a dengue, também fazem parte deste grupo, assim como artigos sobre doenças infecciosas que ainda persistem em nosso país, como a tuberculose e a hanseníase. Ainda sobre a temática abordada pela revista, há participação de artigos que avaliam aspectos epidemiológicos dos serviços de saúde, que caracterizam a epidemiologia brasileira.

Por fim, para melhor traçar um quadro da RBE é preciso conhecer a procedência dos autores, para tanto foi considerada a dos intitulados como correspondentes dos artigos publicados (Gráfico 2).

Fonte: RBE.

Gráfico 2 Distribuição dos autores correspondentes dos artigos publicados pela RBE segundo origem, 2010-2014. 

A distribuição regional dos autores praticamente segue a distribuição regional dos investimentos em bolsas e auxílios do CNPq, em que a região Sudeste responde por 54%, a Sul por 17%, a Nordeste com 16%, Centro Oeste com 10% e a Norte por 3%33. Os dados mostram ainda que a RBE contou com a colaboração de cerca de 4% de autores correspondentes estrangeiros em suas publicações, os quais são predominantemente da América Latina, mas também da Austrália, Espanha, Portugal, Inglaterra e EUA. Utilizando os dados do portal Scopus, que considera o conjunto de todos os autores, a colaboração internacional da RBE era da ordem de 10% em 201330.

Com objetivo de aprimorar o trabalho editorial, a RBE deverá ainda este ano reformular seu comitê editorial valorizando os seus principais colaboradores e adotando editorias segundo as principais temáticas publicadas.

Vale comentar que uma das principais dificuldades da RBE, que é comum a todos os periódicos da área de Saúde Coletiva, é a questão do financiamento de suas atividades editoriais. Os recursos advindos do programa de editoração do CNPq são reduzidos e não chegam a cobrir os custos da edição de um fascículo. Ao longo dos últimos anos a RBE tem contado com o apoio da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o que viabilizou suas atividades e auxiliou a adotar políticas de publicação dos artigos bilíngues. Por isso, a editoria da Revista enfatiza a necessidade de implementação de uma política de CT&I que estimule o avanço dos periódicos nacionais.

As perspectivas futuras da RBE centram-se na sua sustentabilidade financeira, desafio que acompanha o setor de ciência e tecnologia em saúde. Assim, pretende-se acompanhar os movimentos do recém-criado Fórum de Periódicos de Saúde Coletiva na busca de soluções permanentes para a sustentação de políticas editoriais das publicações brasileiras. De outro lado, e não menos importante, dar sequência ao acolhimento das produções de boa qualidade técnica e científica (avaliadas, como é da rotina pelos pares consultores) de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Espera-se que, mantida a linha editorial e todo processo de seleção isento e de valorização dos trabalhos contemplados, se possa alcançar maior visibilidade/repercussão da revista nos meios acadêmicos, bem como junto aos profissionais dos serviços de saúde e, não menos importante, alcançar altos impactos junto à sociedade em geral.

REFERÊNCIAS

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Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). [Documento]. Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil. Rio de Janeiro, 1989.
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