Compartilhar

Advanced practices and patient safety: an integrative literature review

Advanced practices and patient safety: an integrative literature review

Autores:

Liliana Rodrigues do Amaral,
Claudia Affonso Silva Araújo

ARTIGO ORIGINAL

Acta Paulista de Enfermagem

Print version ISSN 0103-2100On-line version ISSN 1982-0194

Acta paul. enferm. vol.31 no.6 São Paulo Nov./Dec. 2018

http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201800094

Resumen

Objetivo

Identificar, en la literatura nacional e internacional, la práctica avanzada de enfermería como una contribución a la atención segura.

Método

Estudio de revisión integrativa, realizado en las bases indexadas Pubmed, EBSCO, Proquest y Web of Science, de junio a agosto de 2018 para responder a las preguntas orientadoras: (1) “¿Qué estudios existen en la literatura nacional e internacional relacionando las prácticas avanzadas con la seguridad del paciente? y (2) “¿Cómo pueden contribuir las prácticas avanzadas de enfermería a la seguridad del paciente? Los criterios de inclusión fueron: artículos académicos publicados en revistas con resúmenes y textos completos, disponibles en portugués, inglés o español, y que hubieran adoptado método empírico para la investigación del tema analizado. No hubo restricciones respecto del año de publicación.

Resultados

La búsqueda en las bases de datos dio como resultado 91 referencias obtenidas inicialmente. Después del análisis, la muestra final incluyó 12 artículos.

Conclusión

Los resultados de esta revisión integrativa mostraron que las prácticas avanzadas de enfermería ejercen una relación positiva en la seguridad del paciente.

Palabras-clave: Práctica avanzada de enfermería; Seguridad del paciente; Revisión integrativa

Introdução

O conceito de enfermeiros de práticas avançadas (EPA) e enfermeiros especialistas existe há muitos anos e cada vez mais é difundida e discutida a atuação destes profissionais no ganho de melhoria da qualidade e na redução de riscos dos cuidados, contribuindo para a excelência da profissão.(1) Segundo o International Council of Nurses (ICN), o conceito para a prática avançada de enfermagem pressupõe que os enfermeiros incluam na sua formação conhecimento especializado, habilidades e competências para a tomada de decisão em situações complexas em diversos cenários de prática.(2) Isto significa dizer que os enfermeiros precisam aprofundar seus conhecimentos em suas áreas e desenvolver habilidades e competência clínica para a tomada de decisão e a prática avançada, sendo o mestrado recomendado para obter esse nível de formação.(3) Neste mesmo sentido, de acordo com o Consensus Model for Advanced Practice Registered Nurse (APRN) Regulation , o registro de enfermeiros de práticas avançadas (APRN) significa que este profissional está preparado, ou seja, possui conhecimento avançado de enfermagem em nível de pós-graduação, para prestar assistência direta ao paciente em quatro funções: enfermeiro anestesista certificado, enfermeiro obstetra certificado, enfermeiro especialista em clínica e enfermeiro de prática certificada. Estes profissionais devem passar pelo exame de certificação nacional de APRN, tanto para o primeiro registro quanto para recertificações periódicas, bem como adquirir conhecimento clínico avançado e habilidades que os preparem para prover o cuidado diferenciado.(4)

Na América Latina, há recomendações específicas da Organização Pan-americana de Saúde – OPAS para a ampliação de práticas avançadas do enfermeiro, devendo este assumir mais funções com autonomia principalmente na saúde pública, melhorando o acesso aos serviços, contribuindo para a promoção da saúde, prevenção de doenças e redução de mortes.(5)

Para que esta prática seja implementada e ampliada, é necessário “pensar estratégias de adoção dessa prática, agrupando-as em cinco vertentes: investimento na formação profissional, estratégias nacionais de educação permanente, adição da prática baseada em evidências como eixo norteador das ações do profissional enfermeiro na atenção primária, revisão e ampliação da legislação que norteia a prática e do sistema de saúde para a prática ampliada”, no Brasil.(6)

Para dar conta da necessidade de adotar estratégias específicas e regulamentar a prática avançada no Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem – COFEN instituiu a Resolução 581/2018, que define os procedimentos para registro de título de pós-graduação lato e stricto sensu concedido a enfermeiros, assim como a lista de especialidades da área. Segundo a resolução,(7) em seu artigo sexto, as linhas de atuação que agrupam as especialidades do enfermeiro estão distribuídas em três grandes áreas, a saber: Área I: Saúde Coletiva, Saúde da Criança e do Adolescente, Saúde do Adulto (Saúde do homem e Saúde da Mulher), Saúde do Idoso e Urgência e Emergência; Área II: Gestão; e Área III: Ensino e Pesquisa. Em seu anexo estão descritas as especialidades por área de abrangência, somando em torno de 60 especialidades, fora as subespecialidades. Um avanço para atuação do enfermeiro, compreendendo sua formação e sua regulamentação.

Considerando a especialização, a composição de habilidades e competências de EPAs, é possível concluir que a enfermeira de prática avançada está na posição ideal para influenciar o ambiente de assistência ao paciente e contribuir para uma cultura de segurança do paciente.(8)

Pesquisas sugerem que os papéis da prática avançada para enfermeiros melhoram a atratividade da enfermagem como uma carreira, projetando ambientes de políticas favoráveis e removendo barreiras à medida que a demanda por cuidados de alta qualidade centrados no paciente estiver aumentando.(9) Neste sentido, para garantir a segurança do paciente e manter uma organização de saúde fiável/confiável, é necessário ações conjuntas entre profissionais, gestores e decisores políticos da área de saúde para buscar formas de reduzir e/ou eliminar a ocorrência de eventos adversos, mitigar riscos com estratégias determinadas, métodos, ferramentas e soluções abrangentes.(10)

O cuidado seguro requer profissionais treinados, comprometidos, ambiente favorável, e a compreensão, por parte destes, de que o trabalho técnico efetivo é transformador e precisa de formas específicas capazes de ajustar a tarefa real à organização prescrita do trabalho, e isso requer treinamento acurado.(11)

Neste contexto, é importante compreender de que modo as práticas avançadas de enfermagem contribuem para a segurança do paciente, considerando a possibilidade de minimização de riscos por meio de habilidades e conhecimento diferenciados.

Visando proporcionar para os enfermeiros uma visão abrangente e estruturada sobre a relação entre práticas avançadas e segurança do paciente, este estudo apresenta duas questões norteadoras: (1) “Quais os estudos que existem na literatura nacional e internacional que relacionam práticas avançadas e segurança do paciente?” e (2) “Como as práticas avançadas em enfermagem podem contribuir para a segurança do paciente?”

Este estudo objetivou investigar, nas literaturas nacional e internacional, a prática avançada em enfermagem como contribuição ao cuidado seguro.

Métodos

O método escolhido foi a revisão integrativa de literatura, técnica de pesquisa que reúne e sintetiza publicações relevantes sobre um delimitado tema ou questão, de modo sistêmico e ordenado, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado, possibilitando elaborar conclusões a respeito de uma área particular de estudo.(12) Para a realização desta revisão, foram utilizadas as seguintes fases: identificação do tema e definição da questão norteadora; estratégia de busca e seleção da literatura; categorização, avaliação e análise dos estudos; e apresentação da revisão.

O levantamento bibliográfico ocorreu no mês de junho de 2018 e a análise do material coletado entre junho e agosto de 2018. Esta revisão foi realizada nas seguintes bases de dados indexadas: Pubmed, EBSCO, Proquest e Web of Science, pela combinação dos descritores de busca ‘Advanced Practice Nursing’ OR ‘Advanced Practice Nurse’ OR ‘Advanced Practice Nurses’ AND ‘Patient safety’, todos os termos em Inglês. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos acadêmicos, publicados em periódicos com resumo e texto completo, disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol, e que tivessem adotado método empírico de investigação do tema em análise. Não foi realizada restrição quanto o ano de publicação, resultando em artigos publicados entre 2010 e 2017.

Os artigos foram categorizados de acordo com as três grandes áreas da Resolução 581/2018 do COFEN - Área I: Saúde Coletiva, Saúde da Criança e do Adolescente, Saúde do Adulto (Saúde do homem e Saúde da Mulher), Saúde do Idoso e Urgência e Emergência; Área II: Gestão; e Área III: Ensino e Pesquisa - para identificar quais são os campos de práticas avançadas mais discutidos de acordo com o exercício da Enfermagem no Brasil.(7)

Resultados

A busca nas bases de dados resultou em 91 referências obtidas inicialmente, sendo que 34 artigos vieram da base Pubmed, 20 da EBSCO, 12 da Proquest e 25 da Web of Science. Destes 91 artigos, 29 eram duplicados e foram retirados, restando 62. Os resumos das 62 publicações restantes foram lidos, sendo excluídos 39 artigos, sete que não eram acadêmicos, quatro que eram artigos teóricos, um cujo idioma era francês, e outros 27 que não apresentaram relação com a questão norteadora. Os 23 artigos restantes foram lidos na íntegra de forma independente pelas duas autoras e 11 foram retirados da análise por não adequação ao escopo da pesquisa. Assim, a amostra final desta revisão é constituída por 12 artigos. A figura 1 apresenta as etapas da revisão integrativa e a estratégia de seleção dos artigos.

Figura 1 Etapas da revisão integrativa 

As informações dos 12 estudos incluídos nesta revisão foram extraídas em uma planilha do Microsoft Excel , por meio do software EndNote , e agrupadas nas categorias: autor, ano da publicação, país, título, jornal, método, conclusão e foco do estudo.

Na classificação dos artigos, 10 das 12 pesquisas selecionadas apresentaram abordagem quantitativa, podendo indicar que os pesquisadores da área têm mais interesse neste tipo de pesquisa.

Em relação às publicações, observam-se 11 artigos divulgados em periódicos de enfermagem, e um em revista de medicina.

Quanto à categorização, 9 (75%) estudos são relativos à Área I e três (25%) artigos da Área III. Nenhum estudo se encaixou na Área II. No que diz respeito à contribuição das práticas avançadas de enfermagem para o cuidado seguro, três artigos demonstraram ações para redução do risco de quedas, um mostrou a diminuição de riscos na implantação de cateteres venosos centrais por inserção periférica (PICC), um estudo abordou práticas de controle de infecções, um artigo apresentou a melhoria na transição de cuidados, um revelou a implementação da garantia de padrões na prática anestésica, um explicitou a melhoria nos sistemas de informação para assegurar um registro melhor e consequentemente a melhora da coordenação do cuidado, e três artigos apontaram o aprimoramento de habilidades de EPAs para uma assistência mais segura. As informações sobre as categorias de cada artigo e as contribuições das práticas avançadas para a segurança do paciente estão explicitadas no quadro 1 .

Quadro 1 Estudos incluídos na revisão integrativa – classificação e categorização 

Autor/Ano/País Título Journal Objetivo do artigo Método Conclusão Categorização Contribuição para o cuidado seguro
Lee, Cho e Bakken(13) (2010) - EUA Identification of Hypertension Management-related Errors in a Personal Digital Assistant-based Clinical Log for Nurses in Advanced Practice Nurse Training Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci) Desenvolver uma taxonomia para detecção de erros relacionados ao manejo da hipertensão e aplicar a taxonomia para analisar retrospectivamente a documentação de enfermeiros em treinamento de Advanced Practice Nurse (APN). Quantitativo - Observacional Os resultados fornecem uma compreensão inicial da natureza dos erros associados ao diagnóstico de hipertensão e ao gerenciamento de enfermeiros no treinamento de EPAs. Área III Apoio para criar intervenções educacionais que promovam as competências gerais de EPAs para a segurança dos pacientes.
Jones et al.(16) (2011) - Austrália The role of the nurse sedationist Collegian Identificar os benefícios e nível de satisfação com o papel desempenhado por enfermeiros sedacionistas. Quali-quanti - Entrevistas e Questionário com pacientes e enfermeiros Os resultados indicam que a introdução do papel de enfermeira sedacionista foi reconhecida como positiva, aumentando a segurança do paciente, gerando uma abordagem mais colaborativa no atendimento ao paciente, a melhoria do ambiente de trabalho e o fortalecimento das relações multidisciplinares. Os pacientes também indicaram um nível muito alto de satisfação com o serviço. Área I Aumento da capacidade de garantir padrões da prática anestésica, melhorando o relacionamento entre a equipe, e a satisfação e segurança dos pacientes.
Schnall et al.(14) (2012) - EUA Patient safety issues in advanced practice nursing students’ care settings Journal of Nursing Care Quality Identificar e caracterizar os problemas de segurança do paciente em ambientes de cuidados de enfermagem de prática avançada (APN), incluindo visitas de atendimento ambulatorial. Quantitativo - Questionário com 162 enfermeiros que participavam do treinamento em EPA. A adoção da tecnologia da informação pode ser um caminho para melhorar os problemas de segurança do paciente nas configurações da prática de APN. Área I Implantação de melhorias no sistema de informação para melhorar comunicação e coordenação do cuidado com o objetivo de que o atendimento ao paciente seja realizado com segurança.
Walton-Moss et al.(17) (2012) - EUA Advanced practice nursing students: Pilot test of a simulation scenario Collegian Desenvolver um cenário de simulação para alunos da APN em um curso de avaliação de saúde de pós-graduação - Uso de simulação realística para ensino de EPA. Quantitativo - Simulação Simulações clínicas com simuladores de pacientes humanos de alta fidelidade fornecem aos estudantes da APN oportunidades de demonstrar habilidades clínicas e julgamento em um ambiente de suporte seguro. Área III Aprimoramento das habilidades e julgamento clínicos de alunos de PAs para garantir uma assistência segura.
Schnall e al.(15) (2013) - EUA Advanced practice nursing students’ identification of patient safety issues in ambulatory care J Nurs Care Qual Identificar e caracterizar a segurança do paciente e explorar os fatores preditores da segurança do paciente a partir da perspectiva de enfermeiros inscritos matriculados em uma instituição educacional da APN. programa. Quantitativo - Questionário com 172 enfermeiros que participavam do treinamento em EPA. Os enfermeiros em educação em EPA identificaram um grande número de questões de segurança do paciente no ambulatório. Maior complexidade do paciente foi um preditor significativo da identificação de um problema de diagnóstico ou tratamento. Área I Introdução de melhorias no sistema de informação para aumentar a capacidade de comunicação entre as equipes e registro adequado em prontuário para garantir um diagnóstico seguro.
Alexandrou et al.(18) (2014) - Austrália Central Venous Catheter Placement by Advanced Practice Nurses Demonstrates Low Procedural Complication and Infection Rates-A Report From 13 Years of Service Critical Care Medicine Relatar o processo e os resultados de um serviço de colocação de cateter venoso central operado por enfermeiras de prática avançada. Quantitativo - Observacional Os resultados sugerem que um serviço prestado por EPAs pode ser benéfico, melhorando potencialmente a segurança do paciente e promovendo eficiência organizacional. Área I Diminuição de riscos na implantação e manutenção de cateteres venosos centrais por inserção periférica realizada por EPAs.
Powell-Cope et al.(19) (2014) - EUA A qualitative understanding of patient falls in inpatient mental health units J Am Psychiatr Nurses Assoc Determinar as recomendações específicas para a prevenção de quedas na psiquiatria em regime de internação agudo. Qualitativo - Grupos de foco e Entrevistas com 22 EPA, dois médicos e um fisioterapeuta. O apelo para a segurança do paciente motiva as pessoas em ambientes psiquiátricos a implementar as melhores práticas e personalizá-las para levar em consideração as características únicas das necessidades da população atendida. Área I Implantação de medidas de redução de quedas para pacientes psiquiátricos, melhorando sua segurança.
Kirk et al.(20) (2015) - EUA Restraint Reduction, Restraint Elimination, and Best Practice: Role of the Clinical Nurse Specialist in Patient Safety Clin Nurse Spec Descrever dados efetivos, baseados em evidências, para reduzir lesões e quedas, com uso de contenção mecânica monitorada com avaliações e reavaliações frequentes. Quantitativa - Experimento O gerenciamento pelas EPAs das causas da agitação diminui a necessidade de contenção dos pacientes, protegendo-os pacientes de lesões e aumentando a satisfação do paciente. Área I Implementação de ações protetivas para reduzir quedas e contenção de pacientes, contribuindo para sua segurança.
Chan, Adamson e Chow(21) (2016) - Hong Kong Identifying Core Competencies of Infection Control Nurse Specialists in Hong Kong Clinical Nurse Specialist Confirmar uma escala de competências centrais para enfermeiros de controle de infecção no nível avançado de prática de enfermagem. Quantitativo - Questionário com 112 enfermeiros de controle de infecção. Itens de competência essenciais da prática avançada para enfermeiros de controle de infecção em Hong Kong foram identificados com base nos critérios de medição do modelo Rasch. Área I Identificação de competências essenciais de EPAs em controle de infecções para redução dos riscos de infecção e garantia de um cuidado seguro.
Gore e Thomson(22) (2016) - EUA Use of Simulation in Undergraduate and Graduate Education AACN Advanced Critical Care Fornece uma visão geral do uso da simulação no ensino de graduação e pós-graduação em enfermagem. Quantitativo - Simulação Simulações de alta qualidade podem aumentar as oportunidades de imersão e a aprendizagem dos alunos. Área III Aprendizagem diferenciada dos alunos de PAs para desenvolvimento de habilidades para uma assistência mais segura.
Hsueh e Dorcy(23) (2016) - EUA Improving Transitions of Care With an Advanced Practice Nurse: A Pilot Study Clinical Journal of Oncology Nursing Verificar o papel das EPAs para reduzir o tempo de permanência, taxas de readmissão atrasos e lacunas no tratamento durante as transições de internação para atendimento ambulatorial de pacientes oncológicos. Quantitativo - Experimento A coordenação de cuidados de EPAs pode minimizar as lacunas de transição, melhorar a segurança do paciente e aumentar a qualidade da prestação de cuidados através da eficácia e eficiência. O programa piloto reduziu o tempo de permanência do paciente e as taxas de infecção. Área I Diminuição das lacunas na transição de cuidados melhorando a segurança do paciente.
Gray-Miceli , Mazzia e Crane(24) (2017) - EUA Advanced Practice Nurse-Led Statewide Collaborative to Reduce Falls in Hospitals Journal of Nursing Care Quality Desenvolver iniciativas de práticas avançadas para reduzir quedas. Quantitativo - Experimento Houve redução significativa das taxas de queda dos pacientes. Área I Implantação de medidas efetivas para a redução de quedas com melhoria significativa da segurança no cuidado.

Nesta revisão foi possível perceber que, quanto aos locais onde foram realizados os estudos, houve predominância de pesquisas realizadas nos Estados Unidos (n=9), contra dois estudos na Austrália e um em Hong Kong, demonstrando que a liderança e discussão do tema ainda pode estar regionalizada. Não foram encontrados estudos realizados no Brasil.

O objetivo de três artigos(13-15) foi o de caracterizar os erros e eventos adversos para compreender melhor como atuar na minimização destes problemas. O objetivo de outro estudo foi de analisar a satisfação com o papel desempenhado pelos enfermeiros sedacionistas,(16) três estudos objetivaram estudar o treinamento de enfermeiros de prática avançada, inclusive avaliando o uso de simulação realística.(17,22) Outro artigo teve o fim de relatar os resultados da colocação de cateter venoso central por enfermeiros avançados,(18) sendo que o propósito de outros três estudos foi de analisar a redução de quedas em ambientes de cuidado.(19,20,24) Um estudo objetivou a redução de níveis de infecção,(21) e, por fim, outro artigo teve o objetivo de verificar o papel do enfermeiro de práticas avançadas na redução do tempo de permanência e taxas de readmissão.(23)

O quadro 1 apresenta a classificação e a categorização dos artigos selecionados na presente revisão.

Discussão

Segundo os resultados da categorização dos artigos analisados segundo a Resolução 581/2018 do COFEN,(7) 75% dos estudos discutem a prática avançada em áreas de cuidado, propósito da grande Área I desta legislação. Isto pode demonstrar que a preocupação ainda é relativa ao cuidado direto ao paciente. Apresentamos a seguir o que cada um destes artigos abordou, e qual sua contribuição para a segurança do paciente.

Os estudos revisados mostraram que as práticas avançadas em enfermagem podem contribuir para a segurança do paciente de várias formas, como na redução do risco de quedas,(24) minimização do risco de infeções,(21) melhoria da comunicação na transição de cuidados,(23) diminuição de complicações e infecções na inserção de Cateter Venoso Central de Inserção Periférica – PICC(18) e sedação segura,(16) assegurando um cuidado com qualidade e promovendo a melhoria contínua. Os resultados sugerem ainda que um serviço prestado por enfermeiros especializados e treinados especificamente geram baixas taxas de complicações no serviço hospitalar, aumentando a eficiência organizacional.(18) Neste sentido, os EPAs podem melhorar a comunicação entre equipes nas transições de cuidado, iniciando a preparação para a alta na admissão do paciente, verificando as necessidades deste durante sua internação para uma transição segura,(23) garantindo que todas as informações sejam entendidas e transferidas, e o planejamento do cuidado atenda aos requisitos do paciente.

Três estudos indicaram que enfermeiros de prática avançada - EPAs são importantes para identificar e tratar eventos adversos e suas causas, questões estas ligadas à segurança do paciente, incluindo problemas da sua prática, diagnóstico e tratamento, ou problemas mais comuns ocasionados por má comunicação, pressa dos profissionais e interrupções frequentes do processo de trabalho. (13-15) Um deles, inclusive, apresenta a elaboração de taxonomia para detecção de erros relacionados ao manejo da hipertensão e aplicar esta taxonomia para analisar retrospectivamente a documentação de EPAs em treinamento.(13) Este procedimento permite uma padronização para a correta investigação de incidentes, uma análise acurada da prática clínica, e da avaliação do paciente seus registros.

Os níveis de infecção e complicações, que representam outro aspecto importante da segurança do paciente, podem ser reduzidos quando EPAs são responsáveis por cuidados específicos. Em estudo realizado em Hong Kong,(21) as competências dos EPAs para o controle de infecções foram medidas utilizando a escala Rasch, sendo indicados modelos de treinamento para aumentar a habilidade de EPAs no controle de infecções. A queda do nível de infecções, nestes casos, pode demonstrar que os enfermeiros têm maior adesão aos protocolos e podem assegurar melhores níveis de controle das infecções, servindo de indicadores para outros profissionais.

Os resultados indicam ainda que a preocupação com as lesões causadas por quedas levou EPAs a implementar ações para reduzir seus riscos. Um estudo utilizou os resultados obtidos por 38 hospitais que participaram do treinamento da equipe de prevenção de quedas, seguido por treinamento e orientação durante três meses para desenvolver iniciativas centradas na avaliação do risco de queda, monitoramento e avaliação pós-queda, para demonstrar a redução dos riscos.(24) Ainda em relação a risco de queda, um artigo sobre o uso de contenção em pacientes demonstrou que ao enfermeiro gerenciar as causas da agitação, a necessidade de contenção é diminuída, protegendo os pacientes de lesões e aumentando a satisfação do paciente.(20) Por fim, outro estudo demonstrou que a implementação de ações de prevenção de lesões por queda em ambientes psiquiátricos é semelhante à implementação de prevenção de lesões por queda em outros ambientes de cuidados de saúde, e que é necessário apelar para a construção mais ampla da segurança do paciente, motivando os profissionais em ambientes psiquiátricos a implementar as melhores práticas e personalizá-las para levar em consideração as características únicas das necessidades desta população de pacientes.(19)

Artigo desenvolvido na Austrália(16) apresentou a discussão do papel do enfermeiro sedacionista, especialidade ainda não vigente no Brasil, e indicou que a introdução do papel de enfermeiro sedacionista foi reconhecido como agregando valor através de aumento na segurança do paciente, em resultados de alta qualidade para os pacientes e em uma abordagem multidisciplinar aprimorada para a saúde.

Dando continuidade à discussão, quanto à categorização, foram enquadrados 25% dos estudos na área III – Ensino e Pesquisa, que abordam o treinamento e métodos de ensino de EPAs e são apresentados a seguir, pois o treinamento destes enfermeiros também é uma preocupação revelada nos estudos analisados, e o método utilizado considerado mais eficaz e robusto utiliza simulação realística, cujo foco é melhorar a segurança do paciente, a comunicação e a capacidade do aluno de pensar e agir como enfermeiro ou EPA, segundo artigo.(22) Esta modalidade de treinamento permite a realização de simulações clínicas com simuladores de pacientes humanos de alta fidelidade em um ambiente de suporte seguro através de simulações clínicas fornecendo aos estudantes de prática avançada a oportunidade de demonstrar habilidades e julgamento clínicos favorecendo o aprendizado e a qualificação dos profissionais para a segurança do paciente.(17)

Entretanto, nesta revisão integrativa, não foram encontrados artigos categorizados na Área II – Gestão. Este resultado pode revelar uma possível baixa preocupação na formação e avanço de enfermeiros especializados em gestão, ou fraca discussão e publicação de estudos abordando o tema.

Conclusão

Com os resultados obtidos nesta revisão integrativa foi possível observar que as práticas avançadas em enfermagem podem exercer influência positiva sobre a segurança do paciente, contribuindo com a redução de quedas e diminuição do risco de adquirir infecções, melhoria na transição de cuidados, garantia de padrões nas práticas anestésicas e inserção de cateteres, aperfeiçoamento de sistemas para assegurar o registro adequado e a coordenação do cuidado, bem como o aprimoramento das habilidades de EPAs com a utilização de técnicas de simulação realística. Entretanto, observou-se baixo número de publicações a respeito, que pode ser justificado pelo fato de que tanto a segurança do paciente como a prática avançada em enfermagem serem temas discutidos mais recentemente. Avaliando a categorização dos artigos, observa-se lacuna sobre a discussão da prática avançada de enfermagem na Área II – Gestão da Resolução 581/2018 do COFEN, tais como Gestão de Saúde, Gestão de Enfermagem, Administração Hospitalar, Gestão da Qualidade em Saúde, entre outras práticas avançadas citadas nesta legislação. (7) Os fatores ligados à esta lacuna estão fora do âmbito desta revisão, mas entende-se que deve ser preenchida, pois o gerenciamento em enfermagem é atividade importante para que todas as outras áreas se desenvolvam. Ressalta-se, também, que não houve nenhum estudo nacional, e a abordagem se deu em contextos eventualmente diferenciados. Considerando as lacunas identificadas, e os resultados obtidos na análise dos artigos incluídos nesta revisão integrativa, entende-se ser necessário estimular o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema, inclusive no Brasil, e espera-se que o crescimento da prática avançada em enfermagem contribua para a segurança do cuidado e da consolidação da excelência da profissão de enfermagem, e que os resultados desta revisão promovam uma maior discussão desta prática para oferecer aos pacientes um cuidado cada vez mais seguro.

REFERÊNCIAS

1. Maier CB, Aiken LH. Expanding clinical roles for nurses to realign the global health workforce with population needs: a commentary. Isr J Health Policy Res. 2016;5(1):21.
2. International Council of Nursing. Definition and characteristics of the role [Internet]. 2008. [cited 2018 Aug 18]. Available from: www.icn.ch/networks.htm
3. Schmidt T. Changing culture in interventional areas to promote patient safety. AORN J. 2011;93(3):352–7.
4. Advanced Practitioner Registered Nurses. Consensus. Model for APRN regulations: licensure, accreditation, certification and education. APRN Joint Dialogue Group Report [Internet]. 2008. [cited 2018 Aug 20]. Available from:
5. . Pan American Health Organization (PAHO). Expanding the roles of nurses in primary health care. Washington (D.C.): PAHO; 2018.
6. Toso BR. Práticas avançadas de enfermagem em atenção primária: estratégias para implantação no Brasil. Enferm Foco. 2016;7(3/4):36-40.
7. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN n?0581/2018. Atualiza, no âmbito do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, os procedimentos para Registro de Títulos de Pós –Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a Enfermeiros e aprova a lista das especialidades [Internet]. Brasília (DF): COFEN; 2018. [citado 2018 Ago 18]. Disponível em:
8. Phillips J. Neuroscience critical care: the role of the advanced practice nurse in patient safety. AACN Clin Issues. 2005;16(4):581–92.
9. Ford PE, Rolfe S, Kirkpatrck H. A journey to patient-centered care in Ontario, Canada: implementation of a best-practice guideline. Clin Nurse Spec. 2011;25(4):198–206.
10. Fragata J, Sousa P, Santos RS. Organizações de saúde seguras e fiáveis/confiáveis. In: Grilo AM, Uva AS, Caldas BN, Gouvêa CSD, Reis CT, Serranheira F, et al., editores. Segurança do paciente: criando organizações de saúde seguras. Rio de Janeiro: EAD/ENSP; 2014. p. 17–36.
11. Bonfim NN. O erro e as violações no cuidado em saúde. In: Bridi AC, Grilo AM, Uva AS, Alves A, Teles A, Tavares A, et al., editores. Segurança do paciente: conhecendo os riscos nas organizações de saúde. Rio de Janeiro: EAD/ENSP; 2014. p. 73–92.
12. Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs. 2005;52(5):546–53.
13. Lee NJ, Cho E, Bakken S. Identification of hypertension management-related errors in a personal digital assistant-based clinical log for nurses in advanced practice nurse training [Korean Soc Nurs Sci]. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2010;4(1):19–31.
14. Schnall R, Cook S, John RM, Larson E, Stone PW, Sullivan C, et al. Patient safety issues in advanced practice nursing students’ care settings. J Nurs Care Qual. 2012;27(2):132–8.
15. Schnall R, Larson E, Stone PW, John RM, Bakken S. Advanced practice nursing students’ identification of patient safety issues in ambulatory care. J Nurs Care Qual. 2013;28(2):169–75.
16. Jones N, Long L, Zeitz K. The role of the nurse sedationist. Collegian. 2011;18(3):115–23.
17. Walton-Moss B, O’Neill S, Holland W, Hull R, Marineau L. Advanced practice nursing students: pilot test of a simulation scenario. Collegian. 2012;19(3):171–6.
18. Alexandrou E, Spencer TR, Frost SA, Mifflin N, Davidson PM, Hillman KM. Central venous catheter placement by advanced practice nurses demonstrates low procedural complication and infection rates—a report from 13 years of service. Crit Care Med. 2014;42(3):536–43.
19. Powell-Cope G, Quigley P, Besterman-Dahan K, Smith M, Stewart J, Melillo C, et al. A qualitative understanding of patient falls in inpatient mental health units. J Am Psychiatr Nurses Assoc. 2014;20(5):328–39.
20. Kirk AP, McGlinsey A, Beckett A, Rudd P, Arbour R. Restraint reduction, restraint elimination, and best practice: role of the clinical nurse specialist in patient safety. Clin Nurse Spec. 2015;29(6):321–8.
21. Chan WF, Bond TG, Adamson B, Chow M. Identifying core competencies of infection control nurse specialists in Hong Kong. Clin Nurse Spec. 2016;30(1):E1–9.
22. Gore T, Thomson W. Use of simulation in undergraduate and graduate education. AACN Adv Crit Care. 2016;27(1):86–95.
23. Hsueh M, Dorcy K. Improving Transitions of care with an advanced practice nurse: a pilot study. Clin J Oncol Nurs. 2016;20(3):240–3.
24. Gray-Miceli D, Mazzia L, Crane G. Advanced practice nurse-led statewide collaborative to reduce falls in hospitals. J Nurs Care Qual. 2017;32(2):120–5.