versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.111 no.6 São Paulo dez. 2018
https://doi.org/10.5935/abc.20180230
Doenças cardiovasculares são a principal causa de morbidade e mortalidade no mundo ocidental e em nosso país.1 Nos últimos anos, esse cenário mostrou uma diminuição na incidência do acidente vascular cerebral (AVC), anteriormente a principal causa de morte.2 Atualmente, esse lugar foi tomado pela doença coronariana.2 Essa mudança deveu-se ao melhor diagnóstico e tratamento da hipertensão, principal causa de AVCs, e ao aumento da prevalência de fatores de risco para doença coronariana, tais como obesidade, diabetes, maus hábitos alimentares, estresse emocional e privação social, entre outros.3 Recentemente, um aumento na mortalidade por infarto do miocárdio, atribuído a várias causas, tem sido observado especificamente entre mulheres jovens brasileiras4 e norte-americanas.5 O artigo de dos Santos et al.,6 enfocou uma dessas possíveis causas. Eles estudaram a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL) em usuárias de contraceptivos orais combinados, mostrando que esta alteração nas lipoproteínas está aumentada neste grupo. A oxidação do LDL-colesterol é considerada um dos principais participantes no desenvolvimento do processo de aterosclerose, bem como em suas principais manifestações clínicas.7 Eles discutiram adequadamente as muitas causas possíveis de seus achados e tentaram estabelecer correlações entre a oxidação do LDL-colesterol com muitas outras variáveis. Eles se referiram a outros estudos que mostraram níveis elevados de Proteína C Reativa8 e pressão arterial9 em usuárias de contraceptivos orais combinados, os quais, junto com a conhecida trombogenicidade desses agentes (principalmente em combinação com o tabagismo),10 podem demonstrar o potencial aumento do risco cardiovascular nesse grupo. Os autores não especificaram os tipos de contraceptivos orais estudados, o que poderia ser considerado uma limitação do estudo. Uma consequência prática dos dados apresentados é o fato de serem relevantes para as mulheres jovens, que precisarão encontrar outros métodos contraceptivos, como o DIU, outros contraceptivos orais e outras possibilidades para prevenir os efeitos potencialmente deletérios dos contraceptivos orais combinados.