Compartilhar

Alimentação em um bairro pobre de Manaus, Amazonas

Alimentação em um bairro pobre de Manaus, Amazonas

Autores:

M. Christina de Mello Amorozo

ARTIGO ORIGINAL

Acta Amazonica

Print version ISSN 0044-5967On-line version ISSN 1809-4392

Acta Amaz. vol.11 no.3 supl.1 Manaus Sept. 1981

https://doi.org/10.1590/1809-4392198113s003

RESUMO

Este estudo trata dos padrões alimentares de uma amostra da população de um bairro pobre da periferia de Manaus, Amazonas, constituído principalmente de migrantes rurais, e procura estabelecer o efeito da renda e tempo de permanência na capital sobre a dieta e sua adequação, A dieta básica constava de mandioca, pão. arroz, pescado, carnes, açúcar e café, sendo baixo o consumo de verduras, legumes e frutos. A alimentação, em geral, mostrou-se deficiente em vitamina A, tiamina e riboflavina, um pouco insatisfatória para energia e boa para proteína e ferro. O tempo de permanência teve efeito significativo sobre a renda familiar, e afetou significativamente apenas a freqüência de consumo de carne, peixe e leite, não mostrando efeito significativo sobre a suficiência dos diversos nutrientes. Na faixa da população estudada, a renda provou ser o principal determinante da sua suficiência alimentar, dado, provavelmente, um efeito quantitativo, já que ela melhorou a qualidade da dieta apenas no caso da vitamina A. Fontes baratas desta vitamina são disponíveis na região e seu melhor aproveitamento talvez requeira uma educação nutricional neste sentido, além do incentivo à produção destes alimentos. O gasto com alimentação correlacionou positivamente com a renda per-capita. Estima-se que a renda é o principal fator limitante da adequação da dieta para 30 a 60% da população de Manaus.

SUMMARY

The influence of income and length of urban residence over the dietary patterns of inhabitants of a slum suburb were investigated in Manaus, the State of Amazonas, Brazil. The staple diet consisted of cassava flour, bread, rice, fish, meat, sugar and coffee: the consumption of vegetables, pulses and fruits was low. The diet did not meet recommended levels of intake at the family level for vitamin A, thiamin, riboflavin and energy, but was satisfactory for protein and iron. Length of residence was significantly related to family income, and significantly affected the frequency of consumption of meat, fish and milk. There was no significant effect over sufficiency of the diet for the various nutrients. Income was shown to be the major determinant of nutritional sufficiency, probably due to a quantitative effect since income only improved the quality of the diet for vitamin A. Cheap sources of vitamin A are available and indicate scope for nutrition education. Food expenditure correlated positively with per caput income. It is estimated that income is the predominant factor limiting dietary adequacy for 30 to 60% of the Manaus population.