versão impressa ISSN 1809-2950versão On-line ISSN 2316-9117
Fisioter. Pesqui. vol.22 no.4 São Paulo out./dez. 2015
http://dx.doi.org/10.590/1809-2950/14068822042015
La acumulación de la grasa torácica puede contribuir a la reducción de la movilidad torácica (MT) con disminución del volumen pulmonar. También las alteraciones de la MT pueden ocurrir en el envejecimiento, debido a la progresiva calcificación de las articulaciones implicadas en los movimientos respiratorios y a la reducción de los espacios intervertebrales. Este estudio tuvo el objetivo de verificar la influencia de la edad, de las características antropométricas y de la distribución de grasa corporal en conductas de la MT de mujeres, así como verificar cuál de las variables es la más relevante para la MT. Se trata de un estudio transversal, del cual participaron 100 mujeres con edades entre 25 y 75 años y con índice de masa corporal (IMC) entre 18,5 y 55kg/m2. Se midieron las circunferencias del cuello (CC), de la cintura, de las caderas y la relación entre cintura/cadera. Se evaluó la MT a través de la cirtometría torácica en los niveles axilar y xifoides y, tras realizarse las tres mediciones, se determinó la MT por la diferencia entre el valor más grande obtenido en la inspiración y el menor valor en la espiración. Se emplearon los test de correlación y de regresión lineal múltiple. Mediante las correlaciones significativas, los resultados demostraron que la MT disminuye debido al aumento de edad y a la obesidad. La CC tuvo mayor influencia (16,60%) bajo la MT en el nivel axilar y el IMC en el nivel xifoides (18,16%). Se concluyó que la MT redujo con el envejecimiento y la obesidad, y que la acumulación de grasa en el cuello y el aumento del IMC son los factores que más influyen en el comprometimiento de la MT de mujeres.
Palabras clave: Actividad Motora; Técnicas de Ejercicio con Movimientos/rehabilitación; Terapia por Ejercicio; Electromiografía
O método pilates é atualmente uma modalidade de exercício muito difundida1)-(3, que tem sido utilizada tanto na reabilitação quanto como prática de atividade física. As principais indicações do método pilates são controle dos sintomas da fibromialgia4, ganho de flexibilidade, melhora de alterações posturais5, da força muscular, da coordenação, do equilíbrio, da simetria muscular, da propriocepção, aumento da amplitude de movimento, melhora geral da saúde6, tratamento da dor lombar7)-(10 e estabilização lombopélvica2),(11. O principal foco do método pilates é a centralização, também conhecida como powerhouse ou centro de força, que envolve contrações musculares concêntricas e isométricas dos músculos abdominais, extensores do quadril, flexores do quadril e assoalho pélvico12. Esses músculos fortalecidos promovem uma estabilidade da coluna lombar e pelve, auxiliando na estabilidade dinâmica do corpo durante a execução dos exercícios12.
Considerando a difusão do uso dos exercícios do método pilates, o critério de escolha das variáveis, por exemplo, a posição do praticante e da mola que modula a sobrecarga dos exercícios, ainda vem sendo realizado por meio de avaliações subjetivas13. Embora alguns estudos já tenham investigado a eficácia do método no tratamento de doenças musculoesqueléticas7),(8),(14)-(22, informações detalhadas sobre as avaliações biomecânicas dos exercícios realizados no método pilates são escassas. O conhecimento das avaliações biomecânicas pode ser considerado como ferramenta complementar na escolha dos exercícios do método pilates durante um programa de reabilitação ou condicionamento físico. Com esses dados, o instrutor pode, por exemplo, evitar a colocação das molas e o posicionamento do paciente nos aparelhos de forma inadequada e que ative músculos em período de recuperação de lesão, ou, ainda, eleger condições de exercício que privilegiem a ativação de grupos musculares responsáveis pelo movimento desejado sem compensações. Assim, os objetivos deste estudo foram identificar estudos transversais que utilizaram a análise biomecânica da musculatura do tronco e pelve durante a realização de exercícios do método pilates e verificar a qualidade metodológica dos estudos observacionais selecionados para esta revisão.
Os critérios utilizados para inclusão dos estudos foram: estudos observacionais, incluindo estudo transversal, de coorte, caso-controle e ecológico, com análise biomecânica de tronco e pelve; estudos de avaliação biomecânica durante os exercícios do método pilates; estudos publicados em revistas científicas, em inglês ou português.
A busca foi realizada nas seguintes bases de dados: Embase, CINAHL, Web of Science, SPORTDiscus e PubMed. Foram utilizados dois blocos de termos, um relacionado a análise biomecânica e outro sobre pilates, interligados por e/ou. A estratégia de busca está apresentada como material suplementar (Anexo 1). Dois revisores independentes realizaram uma análise preliminar dos artigos selecionados com base no título, resumo e palavras-chave, buscando a relação dos artigos com os objetivos da revisão sistemática. Após essa análise, os artigos selecionados foram examinados pelo texto completo. O último dia da pesquisa foi 20 de março de 2014. A lista de referências dos estudos selecionados foi procurada para identificar possíveis estudos elegíveis.
Dois revisores realizaram a extração de características e resultados dos estudos elegíveis e classificaram a qualidade metodológica, segundo as diretrizes do STROBE (Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology)23 e a utilização dos Standards for Reporting EMG Data do ISEK24 para a descrição dos procedimentos da aquisição de dados eletromiográficos. Quando ocorriam desentendimentos entre os revisores, um terceiro revisor fazia o consenso.
O Anexo 2 apresenta a escala de avaliação da qualidade metodológica formulada a partir das diretrizes do STROBE23 e por itens incluídos pelos autores. O Anexo 3 apresenta a escala formulada a partir dos Standards for Reporting EMG Data do ISEK24. O último item dessa escala, referente ao processamento do sinal eletromiográfico para estimativa da velocidade de condução da fibra muscular, não foi avaliado porque essa análise é específica para avaliação de fadiga muscular e não é pertinente aos estudos selecionados nesta revisão sistemática.
A Figura 1 apresenta o fluxograma com cada etapa do estudo. Foram encontrados 1.725 artigos, sendo 14 elegíveis. Nenhum artigo foi encontrado na busca manual pela lista de referências dos artigos elegíveis. O Anexo 4 mostra as características dos 14 estudos de forma descritiva. Foi observado que os 14 artigos são oriundos de três países, mais de 85% são do Brasil. Um artigo25 incluiu pacientes com dor lombar. Os demais incluíram bailarinas11, instrutores de método pilates11 e participantes sem nenhuma queixa ou condição clínica13),(26)-(36. Foram avaliados: exercícios no solo26),(27),(30),(31),(33)-(36, exercícios nos aparelhos Reformer e Cadillac11),(13),(28),(29),(31),(34 e o exercício de ativação do powerhouse25),(32. A eletromiografia foi utilizada por sete estudos25),(26),(30)-(32),(35),(36, dois estudos associaram eletromiografia com eletrogoniometria11),(13 e quatro com webcam27),(28),(33),(34 para identificar as fases dos exercícios realizados. Apenas um estudo utilizou eletrogoniometria29.
Na avaliação da qualidade metodológica (Tabela 1), os itens referentes à descrição dos objetivos, desfechos, método de avaliação, métodos estatísticos e dados descritivos foram apresentados claramente por todos os estudos11),(13),(25)-(36. Apenas um estudo28 descreveu a confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento usado para avaliação, e outro estudo29 expôs as potenciais fontes de viés. O item referente aos participantes foi descrito por um estudo25.
Tabela 1 Resultado da avaliação da qualidade metodológica dos estudos observacionais
Autor | Itens | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | |
Petrofsky et al., 200526 | + | 0 | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | 0 |
Silva et al., 200913 | + | 0 | - | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | 0 |
Menacho et al., 201027 | + | 0 | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | + |
Queiroz et al., 201011 | + | 0 | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | 0 |
Loss et al., 201028 | + | 0 | - | + | n.a. | + | + | + | 0 | + | - | + | + | + | + |
Melo et al., 201129 | + | 0 | - | 0 | n.a. | + | + | 0 | + | + | - | + | ? | + | ? |
Souza et al., 201231 | + | 0 | - | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | ? | 0 |
Silva et al., 201330 | + | 0 | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | 0 |
Barbosa et al., 201332 | + | 0 | - | ? | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | 0 | ? |
Silva et al., 201333 | + | 0 | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | 0 |
Marques et al., 201325 | + | 0 | + | 0 | + | + | + | 0 | 0 | + | + | + | + | + | + |
Menacho et al., 201334 | + | 0 | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | + |
Kim et al., 201436 | + | - | + | 0 | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | 0 | + |
Rossi et al., 201435 | + | - | + | + | n.a. | + | + | 0 | 0 | + | - | + | + | + | + |
Legenda: + = classificação positiva; ? = delineamento ou método duvidoso; - = classificação negativa; 0 = não há informação disponível; n.a. = não aplicável
Na avaliação do uso dos Standards for Reporting EMG Data (Tabela 2) foram analisados 13 estudos, já que um estudo utilizou somente a eletrogoniometria29. Três11),(34),(35 estudos descreveram todos os itens. Apenas um26) não descreveu o tipo de eletrodo de superfície utilizado na coleta e a descrição da filtragem do sinal EMG bruto. A amostragem do sinal EMG e a normalização dos dados foram os únicos itens descritos por todos os estudos11),(13),(25)-(36.
Tabela 2 Resultado da avaliação da utilização das normas para apresentação de dados EMG
Autor | Itens | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | Total | |
Petrofsky et al., 200526 | - | - | - | - | + | + | + | 3 |
Silva et al., 200913 | + | - | + | - | + | + | + | 5 |
Menacho et al., 201027 | + | + | + | - | + | + | + | 6 |
Queiroz et al., 201011 | + | + | + | + | + | + | + | 7 |
Loss et al., 201028 | + | + | + | - | + | - | + | 5 |
Melo et al., 201129 | n.a. | n.a. | n.a. | n.a. | n.a. | n.a. | n.a. | n.a. |
Souza et al., 201231 | + | + | + | - | + | - | + | 5 |
Silva et al., 201330 | + | + | + | - | + | - | + | 5 |
Barbosa et al., 201332 | + | + | + | - | + | + | + | 6 |
Silva et al., 201333 | + | + | + | - | + | - | + | 5 |
Marques et al., 201325 | + | + | + | - | + | + | + | 6 |
Menacho et al., 201334 | + | + | + | + | + | + | + | 7 |
Kim et al., 201436 | + | - | + | - | + | - | + | 4 |
Rossi et al., 201435 | + | + | + | + | + | + | + | 7 |
Legenda: + = classificação positiva; - = não há informação disponível; n.a. = não aplicável
Esta é a primeira e única revisão sistemática de estudos observacionais sobre a avaliação biomecânica durante exercícios do método pilates. O uso deste método vem crescendo em clínicas de reabilitação e academias, mesmo com poucos registros sobre o assunto. Esta revisão encontrou 14 artigos11),(13),(25)-(36, sendo apenas um25 com delineamento caso e controle.
Com base nos resultados dos artigos avaliados, podemos observar que muitos artigos11),(27),(28),(33),(34),(36 avaliaram a ativação dos músculos multífidos e encontraram que esse músculo é mais ativado nos exercícios hundred, leg pull front support33, swimming27),(36, leg beat36, swan dive e breaststroke realizados no Reformer34. Além disso, no exercício de extensão do quadril realizado no Cadillac, os músculos multífidos são mais ativados quando se usa a mola na posição alta com o paciente distante da extremidade do aparelho28, e no exercício knee stretch quando é realizado com a anteversão da pelve e extensão do tronco11. O músculo reto femoral é mais ativado no exercício hundred, realizado tanto no solo quanto no Reformer31, enquanto no exercício de extensão do quadril realizado no Cadillac, esse músculo é ativado excentricamente quando a mola está em posição baixa. Já com a mola em posição alta, os músculos mais ativados são bíceps femoral e semitendíneo13.
O músculo reto abdominal teve maior ativação durante o exercício teaser no Cadillac31 e cure-up30, e foi potencializado pela ativação do powerhouse32. Por outro lado, a mudança de posicionamento da pelve e tronco não altera sua ativação no exercício knee stretch11. Com relação ao exercício hundred35, foi observada maior coativação dos músculos globais (reto abdominal e iliocostal) e locais (multífidos e oblíquo interno). O músculo oblíquo externo obteve maior ativação no exercício roll-up30 e quando foi usada a mola em posição baixa e com o paciente próximo a extremidade do Cadillac no exercício de extensão do quadril28. Além disso, esse músculo foi mais ativado quando o exercício knee stretch é realizado com retroversão de pelve e flexão de tronco, assim como o glúteo máximo11. O único estudo25 que avaliou pacientes com dor lombar mostrou que eles possuem uma menor ativação e cocontração dos antagonistas estabilizadores do tronco (músculos oblíquo interno e multífidos) durante a ativação do powerhouse. Por fim, foi observado que a adição de um aparelho de resistência aos exercícios de pilates equivale à realização de exercícios com equipamento com peso de média intensidade26.
Os resultados da avaliação da qualidade metodológica foram satisfatórios. Entretanto, alguns itens foram negligenciados, por exemplo, o cálculo amostral. De acordo com o STROBE37, os pesquisadores devem reportar o cálculo do tamanho da amostra formalmente, já que o cálculo amostral adequado aumenta a validade externa do estudo e melhora sua qualidade metodológica. Na avaliação sobre a utilização dos Standards for Reporting EMG Data do ISEK24, apenas dois estudos26),(36 pontuaram abaixo de cinco itens. A ausência das descrições adequadas pode comprometer a qualidade metodológica de um estudo, já que as inferências em relação aos resultados e também as comparações com estudos semelhantes ficam impossibilitadas. Além disso, desconsidera uma das principais recomendações do Surface ElectroMyoGraphy for the Non-Invasive Assessment of Muscles38, para uniformizar os procedimentos de aquisição de dados eletromiográficos. Dessa forma, apesar das diretrizes utilizadas neste estudo não possuírem graduação nas suas pontuações, acreditamos que quando mais critérios metodológicos são atendidos, há um aumento da chance de que os resultados dos estudos sejam considerados fidedignos e aplicáveis para a população-alvo.
Assim, os resultados dos estudos elegíveis podem ajudar na construção de um programa de reabilitação, com a recomendação da prescrição dos exercícios avaliados em algumas desordens musculoesqueléticas, por exemplo, na dor lombar crônica. Entretanto, acreditamos que mais estudos biomecânicos que analisam os exercícios do método pilates devem ser realizados, comparando exercícios realizados no solo e/ou aparelhos, as melhores posições articulares, os tipos de mola e praticantes saudáveis com pacientes com disfunções musculoesqueléticas, levando em consideração que a maioria dos estudos não avaliou pacientes com alguma queixa ou condição clínica. Dessa forma, esses resultados poderão auxiliar na prática clínica dos fisioterapeutas em relação a melhor seleção dos exercícios para o tratamento das principais disfunções musculoesqueléticas.
Nesta revisão, mais de 90% dos estudos encontrados foram transversais seccionais, e somente um estudo25 caso e controle. Embora o método pilates seja praticado por indivíduos saudáveis, seria importante a realização de mais estudos em praticantes com algum tipo de doença ou sintoma musculoesquelético, já que esses exercícios têm sido cada vez mais prescritos no ambiente clínico. Além disso, sugerimos futuros estudos redigidos de acordo com as recomendações do STROBE, incluindo amostras mais representativas da população-alvo, e direcionando a escolha dos exercícios e dos músculos avaliados para uma lesão ou objetivo específico.
Nenhum dos 14 artigos11),(13),(25)-(36 selecionados analisou exercícios e/ou músculos em condições iguais, o que impossibilitou a realização de uma metanálise. Por fim, pode-se observar uma tendência à regionalização do método pilates, pois 12 artigos11),(13),(25),(27)-(34 foram conduzidos por pesquisadores brasileiros, e destes, seis13),(28)-(31),(33 foram publicados em uma revista nacional e oito11),(25)-(27),(32),(34)-(36 em revistas internacionais.
Com base nos resultados dos estudos elegíveis sobre avaliação biomecânica durante exercícios do método pilates, é possível sugerir que a mudança de posicionamento do praticante e na escolha dos exercícios interfere diretamente na ativação muscular. Os estudos possuem qualidade metodológica satisfatória, mas descrição incompleta dos registros eletromiográficos, e em sua maioria, avaliaram participantes saudáveis e exercícios/músculos diferentes. Mediante essas diferenças, há dificuldade para estabelecer conclusões sobre esse tipo de avaliação, em particular, sobre a ativação muscular. Mais estudos com rígida qualidade metodológica, que incluam amostras significantes e participantes com doenças musculoesqueléticas, para auxiliar na prescrição de exercícios para programas de reabilitação ou condicionamento físico, são necessários.