versão impressa ISSN 1806-3713versão On-line ISSN 1806-3756
J. bras. pneumol. vol.43 no.1 São Paulo jan./fev. 2017
http://dx.doi.org/10.1590/s1806-37562016000000244
Descrevemos o caso de um paciente de 72 anos de idade com angiossarcoma epitelioide primário da parede torácica (AEPPT). O paciente queixava-se de um nódulo dolorido no peito. A história médica era compatível com fibrotórax calcificado secundário a infecção tuberculosa durante a infância. Suspeitou-se inicialmente de empiema necessitatis (EN). A radiografia de tórax (Figura 1A) evidenciou características semelhantes às vistas em radiografias anteriores. A TC demonstrou uma massa heterogênea que destruiu focalmente uma costela e invadiu músculos da parede torácica (Figura 1B). A biópsia da massa guiada por TC (Figura 1C) revelou um AEPPT de alto grau. Infelizmente, o paciente morreu de metástases cerebrais e pulmonares três semanas depois.
Figura 1 Em A, radiografia de tórax em incidência posteroanterior evidenciando fibrotórax calcificado (asteriscos). Em B, corte axial de TC de tórax com contraste evidenciando massa heterogênea e hipervascular (asterisco) infiltrando os músculos serrátil anterior direito e peitoral direito, bem como a quarta costela (seta longa). Nota-se extenso fibrotórax calcificado à direita. Em C, corte axial de TC de tórax, com projeção de intensidade máxima, evidenciando uma agulha grossa (14 gauge ) de biópsia atravessando a parede torácica para análise histológica da massa (asterisco).
O desenvolvimento de um nódulo na parede torácica em um paciente com fibrotórax de origem tuberculosa deve alertar para a possibilidade de EN. Contudo, apenas alguns casos de desenvolvimento de AEPPT em pacientes com fibrotórax calcificado crônico foram publicados na literatura. 1-3 Até onde sabemos, não existem casos relatados em que AEPPT complicando um fibrotórax calcificado tenha sido diagnosticado de forma precisa com base em biópsia percutânea. Apesar de sua raridade, deve-se suspeitar de AEPPT em pacientes com fibrotórax calcificado crônico que se desenvolve como uma massa na parede torácica.