versão On-line ISSN 2237-9622
Epidemiol. Serv. Saúde vol.24 no.1 Brasília jan./mar. 2015
http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000100001
Neste primeiro número de 2015, a Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil (RESS) inicia a publicação de uma nova série de artigos, denominada "Aplicações da epidemiologia". O artigo "Epidemiologia translacional: algumas considerações"1 inaugura a série. Trata-se de texto elaborado por Moyses Szklo, professor do Departamento de Epidemiologia da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de editor-chefe do periódico American Journal of Epidemiology.
A epidemiologia translacional (EpiTrans) é conceituada como um processo que culmina na aplicação das ferramentas da epidemiologia para a produção de evidências científicas relevantes à Saúde Pública, ou seja, voltadas ao planejamento de políticas, programas e ações na área. A EpiTrans distingue-se parcialmente da epidemiologia puramente acadêmica. Enquanto esta privilegia a utilização de medidas baseadas em diferenças absolutas, como o risco atribuível e a efetividade populacional (em condições reais), aquela emprega comumente medidas baseadas em diferenças relativas (razões) e privilegia a eficácia (em condições ideais). Outra diferença relaciona-se à abordagem do confundimento. Para a EpiTrans, o confundimento pode ser considerado útil na identificação de grupos de risco, embora seja considerado um viés nos estudos etiológicos da epidemiologia acadêmica.1
O artigo em pauta não poderia ser mais propício para a inauguração da série "Aplicações da Epidemiologia" na RESS, uma vez que a EpiTrans possui absoluta afinidade com a missão da revista: difundir o conhecimento epidemiológico aplicável às ações de vigilância, de prevenção e de controle de doenças e agravos de interesse da Saúde Pública, visando ao aprimoramento dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Diversos aspectos do processo da EpiTrans são apresentados, exemplificados e discutidos, como os níveis de evidência, a análise de decisão, e a avaliação da homogeneidade ou heterogeneidade dos estudos e suas implicações no processo de decisão sobre a efetividade de intervenções.1
Ressalte-se, ademais, que os temas supracitados mantêm afinidade com a revisão sistemática, assunto de editorial2 e outra série publicada na RESS desde o primeiro número de 2014.3 - 6 No presente número, é publicado o quinto artigo desta série, que aborda a avaliação da qualidade da evidência de revisões sistemáticas.7
As próximas edições da RESS serão compostas por novos artigos de ambas as séries, aprofundando outras questões relacionadas às revisões sistemáticas, com autoria de Maurício Gomes Pereira e Tais Freire Galvão, e aspectos conceituais e metodológicos da epidemiologia aplicada, com artigos de autores convidados. Os leitores da RESS podem esperar por outros bons estudos, os quais, como os que ora publicamos, nos instiguem ao uso e à interpretação das evidências epidemiológicas que subsidiem o processo decisório implicado no ciclo de vida (formulação, implementação e avaliação) de políticas, programas e intervenções em Saúde Pública.