versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385
Einstein (São Paulo) vol.14 no.3 São Paulo jul./set. 2016 Epub 08-Mar-2016
http://dx.doi.org/10.1590/S1679-45082016MD3444
A manometria de alta resolução (Figura 1) tem vantagens claras em relação à convencional, apesar de seu alto custo.(1) A análise detalhada da peristalse esofágica pela manometria de alta resolução alterou diversos paradigmas da motilidade esofágica, incluindo novos parâmetros manométricos e uma classificação diferente para os chamados “distúrbios de motilidade com base na topografia de pressão”, a classificação de Chicago,(2) que foi recentemente revisada.(3)
Apresentamos a seguir um atlas de imagens dos distúrbios da motilidade de acordo com a versão 3.0 da Classificação de Chicago, imagens de alta resolução.
A classificação de Chicago dividiu a acalásia em três subtipos, de acordo com pressurização esofágica(4) (Figura 2). O tipo I é caracterizado por 100% de falha nas contrações e não pressurização esofágica; o tipo II tem pressurização panesofágica em pelo menos 20% das deglutições; e o tipo III é definido pela presença de fragmentos preservados de peristalse distal ou contrações prematuras por pelo menos 20% das deglutições.(3) Essa classificação também pode ser aplicada a esofagopatia chagásica, apesar do tipo III ser raro.(5)
A obstrução de junção esofagogástrica (Figura 3) é caracterizada por pressão residual elevada do esfíncter esofágico inferior (EEI) medido por nova e sofisticada ferramenta, a pressão integrada de relaxamento(6) na ausência de critérios para acalásia (ausência de peristalse).(3) Esse parâmetro mede a pressão média de 4 segundos de relaxamento deglutitivo máximo numa janela de 10 segundos desencadeada na deglutição inicial (relaxamento do esfíncter superior). Trata-se de achado raro, comumente presente em pacientes com disfagia após cirurgias na junção esofagogástrica.(7)
A ausência de contratilidade é caracterizada por peristalse na vigência de relaxamento normal de EEI e ausência de pressurização esofágica(3) (Figura 4). Esse achado pode ser observado em pacientes com doenças do tecido conectivo, doença do refluxo gastroesofágico em estágio final etc.
O espasmo esofágico distal é definido por mais de 20% de contrações prematura medidas pelo novo parâmetro, a latência distal (LD) <4,5 segundos(3) (Figura 5). A LD é o intervalo entre o início do relaxamento de esfíncter superior e ponto de desaceleração contrátil a representação manométrica de transição do corpo esofagiano para ampola epifrênica considerada como inflexão do eixo peristáltico dentro de 3cm da margem proximal do EEI.(8)
O esôfago hipercontrátil (esôfago “em britadeira”) é caracterizado por pelo menos duas deglutições com hipercontratilidade, conforme medição da contratilidade distal integral (CDI)(3) (Figura 6). A CDI mede o vigor contrátil combinando amplitude versus duração versus comprimento da contração do esôfago superior a 20mmHg a partir da zona de transição, até a margem proximal do EEI.(9) A hipercontratilidade é definida por CDI >8.000mmHg.s.cm.(3) Esse distúrbio pode ocorrer em obstrução de junção esofagogástrica, doença do refluxo gastresofágico e esofagite eosinofílica.(10)
A definição dos padrões de motilidade têm sido motivo de controvérsia desde a era da manometria convencional. Existem definições diferentes, contudo a classificação por Richter é a mais utilizada pelos especialistas.(12) A manometria de alta resolução parece permitir uma interpretação mais intuitiva e reproduzível em comparação com a manometria convencional,(13) e ferramentas mais sofisticadas para definir novos e antigos parâmetros manométricos. Apesar das melhoras e similaridades com a manometria convencional, alguns casos ainda estão sem classificação, e a real significância de certos distúrbios da classificação de Chicago ainda está sendo investigada.