versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.111 no.4 São Paulo out. 2018
https://doi.org/10.5935/abc.20180195
Mulher de cor branca, 52 anos, foi internada com dor epigástrica intensa irradiando para as costas. O exame físico e o eletrocardiograma eram normais. Os exames laboratoriais mostraram leucocitose (11100 células/µl) e aumento dos níveis de proteína C-reativa (15,6 mg/dl). Devido à suspeita de síndrome aórtica aguda (SAA), ela foi submetida a tomografia computadorizada, que mostrou espessamento mural circunferencial da aorta com baixa atenuação (43 Unidades Hounsfield (HU)), havendo aumento da atenuação desse espessamento (73 HU) após administração de contraste (Figuras 1 A-C), sugestivo de aortite.1 O ecocardiograma transesofágico também revelou aorta torácica espessada (Figura D). A ressonância magnética cardiovascular confirmou diagnóstico de aortite e excluiu o hematoma intramural (espessamento mural hipointenso em imagens ponderadas em T1 e hiperintenso em imagens ponderadas em T2)1,2 (Figuras E-F). Sorologias infecciosas foram negativas.
A paciente foi diagnosticada com Arterite de Takayasu (AT) na fase inflamatória inicial e iniciou o tratamento com altas doses de esteroides. Houve redução dos marcadores inflamatórios séricos e da inflamação da parede aórtica. A tomografia por emissão de pósitrons após quinze dias de terapia mostrou uma captação discreta do traçador na aorta torácica (Figura G). Após seis semanas de tratamento, a paciente iniciou uma intensa dor dorsal. A angiotomografia mostrou dissecção aórtica tipo A (Figura H). Foi submetida a cirurgia cardíaca de emergência, que incluiu ressecção de aorta ascendente, substituição por enxerto artificial e obliteração da falsa luz distal. O período pós-operatório foi sem problemas.
A AT é uma vasculite rara, de grandes vasos, caracterizada por uma fase inflamatória seguida por uma fase sem pulso.3,4 O uso da imagem multimodal é útil para o diagnóstico, que pode ser um desafio devido às semelhanças com a SAA, e para seguimento.1,2 A dissecção aórtica é uma complicação excepcionalmente rara.5