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As experimentações corporais nos processos formativos da graduação em terapia ocupacional: uma revisão na literatura brasileira

As experimentações corporais nos processos formativos da graduação em terapia ocupacional: uma revisão na literatura brasileira

Autores:

Natália Francielle de Assis Rodrigues,
Rosangela Gomes da Mota de Souza

ARTIGO ORIGINAL

Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional

versão On-line ISSN 2526-8910

Cad. Bras. Ter. Ocup. vol.28 no.1 São Carlos jan./mar. 2020 Epub 02-Mar-2020

http://dx.doi.org/10.4322/2526-8910.ctoar1864

1 Introdução

A noção de corpo se constituiu socialmente, ao longo da história, alterando profundamente a relação dos indivíduos com o seu próprio corpo (Florentino & Florentino, 2007). No caso da saúde, a concepção de corpo que embasa a formação das profissões neste campo ainda está hegemonicamente referenciada à racionalidade médica, que por sua vez está ancorada nos conhecimentos da biomedicina, que pode ser compreendida:

A Biomedicina vincula-se a um ‘imaginário científico’ correspondente à racionalidade da mecânica clássica, caminhando no sentido de isolar componentes discretos, reintegrados a posteriori em seus ‘mecanismos’ originais. O todo desses mecanismos é necessariamente dado pela soma das partes – eventuais inconsistências devem ser debitadas ao desconhecimento de uma ou mais ‘peças’ (Camargo Junior, 2005, p. 178).

Se, por um lado, o conhecimento biomédico tem sido fundamental para ancorar as técnicas de intervenções sobre o corpo biológico, por outro, não tem sido suficiente para embasar a construção de outras habilidades necessárias ao processo de cuidar. As capacidades de empatia e comunicação com o outro nem sempre são desenvolvidas ao longo do processo de formação. Assim, a abordagem do corpo como máquina tem sido severamente criticada por sua insuficiência no processo de formação integral dos futuros profissionais (Camargo Junior, 2005).

Na terapia ocupacional, tem-se produzido formação e práticas de intervenções pautadas em concepções de corpo para além do corpo biológico. Nestas perspectivas, têm-se adotado noções de corpo com base em conhecimento de campos transdisciplinares, como Filosofia, Psicologia, Comunicação, Educação, Antropologia, dentre outros (Castro, 2000; Liberman et al., 2011). A seguir, serão apresentadas algumas destas perspectivas que têm sido adotadas por terapeutas ocupacionais no que diz respeito à noção de corpo, propostas de intervenções, pesquisas e/ou formação de terapeutas ocupacionais.

Para Castro (2000), o corpo constitui-se como um indicador fundamental para o conhecimento da história do sujeito, seus sentimentos, sua vida cotidiana. Muitas vezes, aquilo que é inexplicável por meio da linguagem verbal, o corpo demonstra com gestos de aproximação, afastamento, inibição ou acolhimento. Liberman (2010) afirma que a construção de um corpo e sua forma de funcionamento depende de vários fatores, entre eles a cultura, a genética e a hereditariedade, as vivências do indivíduo, os vínculos adquiridos ao longo da vida e da subjetividade que molda o funcionamento desse corpo no tempo e no espaço.

No estudo realizado por Silva & Gregorutti (2014), com o intuito de discutir o processo de ensino-aprendizagem de abordagens corporais no campo da terapia ocupacional, observou-se a importância de propiciar aos estudantes a possibilidade de descobrir, dentro de si, por meio de sua própria expressão corporal, a consciência das sensações e a imersão em um processo de autoconhecimento, oferecendo suporte para que cuidem melhor de si e do outro. As autoras pontuam ainda que a experimentação de práticas corporais proporciona conhecimentos que complementam os ensinamentos teóricos, a fim de formar profissionais reflexivos e críticos quanto às reais necessidades do cliente, tornando-se um recurso transformador da formação.

Silva et al. (2014) também se propuseram a discutir a temática, relatando a importância de oficinas de música e corpo no processo formativo de profissionais de saúde. As oficinas relatadas no estudo, intituladas como “Clínica no coração da música: você escuta o que ouve?” e “O corpo e a clínica no coração da música” eram destinadas a estudantes dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Paulo. Os autores apontam que

Ao propiciar o contato do estudante com o seu próprio corpo, suas sensações e, por meio da observação, do toque e da fala, com o corpo do outro, as oficinas põem em evidência a questão do corpo vivo e potente. Neste, exercita-se uma sensibilidade que é a escuta, pouco desenvolvida na formação dos profissionais de saúde, aqui compreendida não como restrita aos órgãos dos sentidos, mas como possibilidade do corpo afetar e ser afetado pelos acontecimentos (Silva et al., 2014, p. 192).

Os autores apresentam a relevância dos espaços de experimentação e dos sentidos que emergem da criação de movimentos corporais, nos quais os participantes se deixam afetar pela vivência, e, com base nisso, criam reflexões sobre seu próprio corpo, formas de se relacionar com o mundo, a potencialidade da escuta e o exercício permanente de sensibilidade, algo pouco exercitado no cotidiano universitário (Silva et al., 2014).

Sendo assim, é possível que o uso de experimentações corporais durante a formação seja um recurso relevante para os terapeutas ocupacionais, possibilitando o desenvolvimento de habilidades pessoais para a prática profissional. Gibertoni (1991 apud Piergrossi & Gibertoni, 1997) pontua que o terapeuta ocupacional é muito mais que um promotor de atividades, e que a experiência vivida pelo terapeuta e o paciente assumirá significação somente se o terapeuta for capaz de conectar-se ao paciente usando suas próprias funções transformadoras.

Nesta perspectiva,

[...] se não houver a função de transformação da própria terapeuta, a experiência com atividades será superficial, isolada das emoções internas e incapaz de ser transformada em pensamentos que podem vir a ser usados (Piergrossi & Gibertoni, 1997, p. 39).

Portanto, a sensibilização de terapeutas ocupacionais durante a formação por meio de experimentações corporais pode ser uma ferramenta para que os futuros profissionais possam enxergar além do que é comum, abrindo-se para o vínculo e a vivência com o paciente (Lima, 2004), propiciando articular corpo, clínica e subjetividade (Liberman et al., 2011).

A relação com o corpo pode ser um dos meios para permitir o aprendizado sobre o outro, suas vivências, seus medos e angústias. Neste sentido, as atividades expressivas e artísticas (como, por exemplo, a dança, o teatro e outras práticas corporais) possibilitam a subjetivação dos sujeitos, em que o corpo e as artes são potencializadores da “[...] experiência de transformação: dos materiais, da natureza, de si mesmo, do cotidiano e das relações interpessoais” (Castro et al., 2001, p. 52), colaborando para compreender o sujeito baseado em uma perspectiva que inclua o corpo e suas potencialidades (Liberman, 2002).

As experimentações corporais são utilizadas frequentemente como recurso nas intervenções de terapeutas ocupacionais, e apresentam-se como instrumento de transformação do cotidiano da população atendida, à medida que permitem a apropriação de si e se torna experiência do próprio sujeito (Castro, 1992; Saito & Castro, 2011). Essas experiências configuram-se, na vida do sujeito, como vivências que estabelecem conexões entre os momentos da vida de cada um e sua interação com o mundo, possibilitando fluência entre mundo interno e externo, e construindo possibilidade de conhecimento para o sujeito (Castro, 2000).

Entretanto, o terapeuta ocupacional precisa estar atento ao seu próprio processo criativo, e aos próprios processos corporais, a fim de ser capaz de acompanhar a complexidade dos casos atendidos. Também cabe aos profissionais lançarem-se nas vivências e experiências das atividades corporais, pois isso dará suporte à sua ação como terapeuta (Castro, 2000). Lima (2004) estabelece que é papel do terapeuta ocupacional apresentar um olhar diferenciado para as situações do cotidiano. Se o terapeuta não é capaz de usufruir desse olhar na relação com o cliente, tampouco será capaz de entrar em um espaço de troca com o usuário. Sendo assim, é necessário buscar uma percepção que esteja sempre ligada ao movimento e às sensações que habitam nosso corpo (Lima, 2004).

A autora aponta que:

Neste sentido, assim como o artista, o terapeuta ocupacional também precisa se ‘ocupar’ da percepção e buscar nas imagens mais cotidianas e mais comuns aquilo que nelas há de inusitado, de novo, de diferente, de interessante, de singular. Para isto talvez seja preciso pensar, agir e olhar no cotidiano como o faria um estrangeiro: estranhar e se encantar com cada nova revelação (Lima, 2004, p. 46).

Contudo, é preciso ativar no terapeuta ocupacional a possibilidade de estar atento àquilo que é mais sutil, abrir-se para a experiência de um olhar que encontra outro olhar, deixar-se afetar por ele e conectar-se (Lima, 2004). Nesse sentido, a vivência de experiências artísticas e corporais durante a formação pode contribuir para a abertura do olhar terapêutico e formação de vínculo, que está relacionado à capacidade conectiva do indivíduo, “[...] capacidade que se estende em várias direções, caminhos e modos, produzindo corpos que são expressões vivas de um contínuo desses processos” (Liberman, 2010, p. 451).

Segundo Castro (2000), as abordagens corporais configuram-se como atividades que podem promover estratégias para o cuidar, sendo uma oportunidade de conscientização da importância do toque e aprendizagem de uma relação de cuidado com o próprio corpo, na busca de sentidos e novas possibilidades. Ao serem vivenciadas e experienciadas por discentes na graduação, as experimentações corporais podem tornar-se recursos para elaboração de sentimentos, e “[...] auxiliar na capacitação e aprimoramento para o atendimento clínico” (Silva & Gregorutti, 2014, p. 136). Além disso, baseado nas disciplinas vivenciais, o discente de terapia ocupacional poderá resgatar sua história e refletir sobre seus significados (Liberman, 2002).

Nos processos formativos em terapia ocupacional, os discentes estudam disciplinas com foco em técnicas de manipulação corporal, como a cinesiologia e a cinesioterapia, dentre outras. Entretanto, o intuito deste estudo foi abordar as práticas por meio das quais se pretende desenvolver a consciência corporal por meio de experimentações durante a graduação em terapia ocupacional. Serão inclusas neste estudo as práticas de experimentação corporal que são descritas como meio para disparar nos estudantes a percepção de si e das necessidades do outro, como a dança, o teatro, as atividades expressivas, a música e as brincadeiras. Assim, o objetivo deste estudo foi identificar e sintetizar o conhecimento disponível sobre a relação entre o uso de experimentações corporais no processo de formação graduada de terapeutas ocupacionais.

2 Método

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, um método de pesquisa que tem por objetivo realizar uma análise sobre o conhecimento disponível em pesquisas publicadas sobre determinado tema, permitindo a elaboração de novos conhecimentos (Botelho et al., 2011). Esta metodologia de revisão possibilita a integração de estudos que adotam diversas metodologias – experimental e não experimental (Mendes et al., 2008) –, sendo adequada para a revisão de literatura sobre a temática desta monografia, pois, no levantamento bibliográfico, foi identificado que não havia homogeneidade das metodologias dos estudos encontrados inicialmente.

Para a realização deste estudo, foram seguidas as etapas da revisão integrativa, como estabelecidas por Botelho et al. (2011): identificação do tema e seleção da questão de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados, categorização dos estudos selecionados, análise e interpretação dos resultados e apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

No processo de delimitação do tema e construção da questão de pesquisa, identificou-se o desafio em adotar uma definição de “abordagem corporal” que pudesse contemplar a diversidade de perspectivas inicialmente encontradas, que acabou por refletir na dificuldade em eleger os descritores ou palavras-chave desta revisão.

Assim, em princípio, para a definição dos descritores ou palavras-chave, foi realizado um teste de sensibilidade nos periódicos nacionais de terapia ocupacional – Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo – USP, os Cadernos de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, a Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional – REVISBRATO e a Revista Baiana de Terapia Ocupacional. Neste teste, foram utilizados os descritores “Terapia Ocupacional”, “arte”, “dança” e “música”, presentes no dicionário virtual de Descritores de Ciências da Saúde (DeCS), e os termos livres (não encontrados no DeCs, mas relevantes para a pesquisa) “corpo”, “corporal”, “abordagem corporal”, “abordagens corporais”, “consciência corporal”, “graduação”, “formação”, “expressão corporal”, “experimentação corporal”. Os descritores e palavras-chave foram combinados utilizando o operador booleano “and”, e cada termo foi utilizado sem aspas e com aspas (para recuperar o termo exato1). As palavras acentuadas e escritas com “ç” foram utilizadas na busca também sem acentuação, e utilizando a letra “c”, pois a escrita poderia influenciar na recuperação dos artigos. Esses termos foram escolhidos porque estavam em conformidade com o tema proposto, e também porque foram localizados nas referências bibliográficas utilizadas para delimitar este tema de pesquisa. A princípio, não foi delimitado período/ano de publicação.

O teste de sensibilidade nas bases de dados retornou 1142 resultados e foi registrado em tabela do programa Excel®. Este resultado inicial foi analisado por meio da leitura dos títulos, e constatou-se que as combinações “Terapia Ocupacional AND corpo”; “Terapia Ocupacional AND formação”, “Terapia Ocupacional AND arte” e “Terapia Ocupacional AND graduação” retornaram a maior parte dos estudos que poderiam compor a amostra deste trabalho. Mesmo assim, optou-se por manter os descritores e termos livres utilizados no teste de sensibilidade, para que se encontrasse o maior número possível de publicações relativas ao tema desta pesquisa.

Assim, para a busca dos estudos que comporiam a amostra, foram realizadas as seguintes combinações: “Terapia Ocupacional AND corpo”; “Terapia Ocupacional AND formação”; “Terapia Ocupacional AND arte”; “Terapia Ocupacional AND dança”; “Terapia Ocupacional AND música”, “Terapia Ocupacional AND expressão corporal”; “Terapia Ocupacional AND experimentação”; “experimentações corporais AND formação”; “Terapia Ocupacional AND graduação”, “Terapia Ocupacional AND abordagem corporal”, “Terapia Ocupacional AND abordagens corporais”, “Terapia Ocupacional AND consciência corporal”.

Em relação às bases de dados, outra estratégia se mostrou necessária: após a identificação de publicações acerca da temática desta pesquisa em periódicos não específicos de terapia ocupacional, ampliou-se a busca para as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), mantendo-se os periódicos específicos de terapia ocupacional.

A pesquisa retornou 1741 resultados, sendo 107 estudos da SciELO, 224 estudos dos Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 880 estudos da Revista de Terapia Ocupacional da USP, 492 estudos da LILACS2, 32 estudos da Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional e 6 estudos da Revista Baiana de Terapia Ocupacional.

Com base nesse total de registros foram realizadas as seguintes etapas:

1ª etapa: Por meio da leitura do título, realizada diretamente nos resultados obtidos nas bases de dados, foram selecionadas as publicações que faziam referência ao uso de experimentação corporal na formação graduada de terapeutas ocupacionais, fosse por meio do relato de atividades corporais, como a dança, música, expressões artísticas ou outros, ou descrevendo a existência de disciplinas ou laboratórios sobre expressão corporal nos cursos de graduação. Nesta mesma etapa, e pelo mesmo processo de leitura do título diretamente nas bases de dados, foram excluídos estudos que tratavam das abordagens corporais em intervenções de terapeutas ocupacionais (sem citar a vivência durante a formação). Nesta etapa, também foi possível excluir os registros repetidos. Ao fim desta etapa, restaram 37 publicações.

2ª etapa: Por meio da leitura do título e dos resumos, foram selecionadas as publicações que tratavam da temática desta pesquisa. Nesta etapa, foram excluídas publicações que não fossem artigos, como capítulos de livros, teses e anais de congressos. Este processo resultou em 24 publicações.

3ª etapa: Os 24 artigos pré-selecionados foram organizados em uma tabela, no programa Excel®, construída com o intuito de listar os estudos que seriam lidos na íntegra. Mediante a leitura integral das publicações, ainda se fez necessário aplicar os seguintes critérios de exclusão: 1 – foram excluídos os estudos que tinham foco em experimentação corporal como intervenção clínica; 2 – foram excluídos os estudos que discutiam o uso de outros recursos na formação – como atividades de pintura, por exemplo – que não envolviam práticas corporais; 3 – foram excluídos estudos que relatavam experimentações corporais em outros espaços formativos que não fosse a graduação. Ao final, 8 estudos foram selecionados (Tabela 1).

Tabela 1 Prisma Model (Moher et al., 2009). 

Teste de sensibilidade Buscas pelos descritores “Terapia Ocupacional”, “arte”, “dança” e “música”; e pelas palavras-chave: “corpo”, “corporal”, “abordagem corporal”, “abordagens corporais”, “consciência corporal”, “graduação”, “formação”, “expressão corporal”, “experimentação corporal”, nos sites dos periódicos Rev. Baiana de Ter.Ocup., REVISBRATO, Cad. Bras. de Ter.Ocup. e Rev. de Ter.Ocup. da USP
N= 1142 (registros)
Identificados Busca pela combinação dos descritores/palavras-chave: “Terapia Ocupacional AND corpo/formação/arte/dança/música/expressão corporal/experimentação/graduação; abordagem(s) corporal(s)/consciência corporal”; “experimentações corporais AND formação”; nos periódicos Rev. Baiana de Ter.Ocup., REVISBRATO, Cad. Bras. de Ter.Ocup. e Rev. de Ter.Ocup. da USP, e nas bases de dados Scielo e Lilacs
N= 1741 (registros)
Screening 1ª etapa
Por meio da leitura do título, foram excluídos: 1– estudos que não mencionassem no título “corpo/experimentações corporais, práticas artísticas ou formação”; 2 – estudos que se repetiram durante a busca.
Restaram N= 37 (publicações)
2ª etapa
Por meio da leitura do título e dos resumos, foram excluídos: 1 – estudos que não explicitavam no resumo a temática “corpo/experimentações corporais, práticas artísticas ou formação”; 2 – estudos que não fossem artigos.
Restaram N= 24 (publicações)
Elegíveis 3ª etapa
Por meio da leitura integral e da sistematização em Planilha Excel, foram excluídos:
1 – Estudos que tinham foco em experimentação corporal como intervenção clínica;
2 – Estudos que discutiam o uso de outros recursos na formação, que não envolviam práticas corporais, 3 – Estudos que relatavam experimentações corporais em outros espaços (fora da graduação).
Restaram N= 8 (artigos)
Inclusos Amostra final N= 8 (artigos)

Para o tratamento dos dados, fez-se necessária a utilização de um instrumento capaz de assegurar a organização dos dados relevantes dos artigos selecionados, servindo como registro. Para o presente estudo, o tratamento dos dados se deu por meio da composição da matriz de análise, organizada em planilha do programa Excel®, na qual se registrou todos os dados considerados relevantes dos artigos selecionados para atender ao objetivo da revisão. A matriz de análise consiste em uma ferramenta em que são organizados os dados extraídos dos artigos. A matriz deve conter informações que permita uma visão geral dos dados (Botelho et al., 2011).

A matriz de síntese objetiva proteger o pesquisador de erros durante a análise. Ela se constitui como marco inicial para auxiliar os investigadores no foco de suas pesquisas. A matriz pode conter informações verbais, conotações, resumos de texto, extratos de notas, memorandos, respostas padronizadas, e, em geral, dispor de dados integrados em torno de um ponto ou temas de pesquisa. Em suma, a matriz deve conter informações sobre aspectos da investigação e permitir que o pesquisador tenha uma visão geral de dados relacionados a um desempenho de certos pontos (Klopper et al., 2007 apud Botelho et al., 2011, p. 131).

A matriz contribui para a interpretação e construção da redação da revisão integrativa. Para isso, é necessária a criação de categorias analíticas que facilitem a organização de cada estudo, podendo ser realizada de forma descritiva, na qual os dados mais relevantes são indicados (Botelho et al., 2011). Outro objetivo da matriz é facilitar a análise desses dados, proporcionando elementos para a discussão e apontamento de possíveis lacunas em relação ao tema e à pergunta norteadora (Botelho et al., 2011).

Para o presente estudo, na matriz de análise foram utilizadas as seguintes categorias para extração de dados: autor(es); título; nome do periódico ou revista científica; ano de publicação; autores; filiação institucional à época da publicação; objetivo do estudo expresso no artigo; metodologia/ procedimentos metodológicos; e modalidades de experimentação corporal na formação.

3 Resultados

3.1 Perfil da amostra

Dos 8 artigos selecionados, 4 foram publicados na Revista de Terapia Ocupacional da USP (Castro, 2000; Castro et al., 2009; Silva & Gregorutti, 2014; Silva & Von Poellnitz, 2015); 2 são dos Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar (Liberman et al., 2011; Borba et al., 2018), e 2 foram publicados no periódico Fractal: Revista de Psicologia (Inforsato et al., 2017; Liberman et al., 2017). Os três periódicos são publicados por instituições localizadas na região sudeste do Brasil.

Os artigos foram publicados entre os anos 2000 e 2018, sendo escritos por 21 autores. Duas destas autoras publicaram três artigos cada (Lima e Castro), duas outras autoras publicaram dois artigos (Inforsato e Liberman); e os outros autores publicaram um artigo cada um deles (Tabela 2).

Tabela 2 Perfil Geral da Amostra. 

AUTOR (ES) Filiação institucional TÍTULO PERIÓDICO
Castro (2000) USP Arte, Corpo e Terapia Ocupacional: aproximações, intersecções e desdobramentos Rev. Ter. Ocup. USP
Castro et al. (2009) USP Formação em Terapia Ocupacional na Interface das Artes e da Saúde: a experiência do PACTO Rev. Ter. Ocup. USP
Liberman et al. (2011) UNIFESP; Centro Universitário São Camilo; UNISO Laboratório de atividades expressivas na formação do terapeuta ocupacional Cad. Bras. Terapia Ocupacional (UFSCar)
Silva & Gregorutti (2014) UNESP Abordagens corporais: recurso transformador na formação do terapeuta ocupacional Rev. Ter. Ocup. USP
Silva & Von Poellnitz (2015) UFSCAR Atividades na formação do terapeuta ocupacional Rev. Ter. Ocup. USP
Inforsato et al. (2017) USP Arte, corpo, saúde e cultura num território de fazer junto Fractal: Revista de Psicologia
Liberman et al. (2017) UNIFESP; USP Práticas corporais e artísticas, aprendizagem inventiva e cuidado de si Fractal: Revista de Psicologia
Borba et al. (2018) UNIFESP; Instituto
“A casa”
Espaços de experimentação: potência do encontro, do fazer e a ampliação do repertório de atividades Cad. Bras. Terapia Ocupacional (UFSCar)

Considerando a filiação institucional dos autores à época das publicações, oito estavam filiados à Universidade de São Paulo – USP; seis à Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; dois à Universidade Estadual Paulista – UNESP; dois à Universidade Federal de São Carlos – UFSCar; um à Universidade de Sorocaba – UNISO; outro ao Centro Universitário São Camilo; e outro ao Instituto “A casa”. USP, UNIFESP, UNESP e UFSCar são instituições públicas de ensino superior; a UNISO e Centro Universitário São Camilo são instituições privadas de ensino superior; e a última instituição é um serviço privado de assistência em saúde mental, que também realiza pesquisa e atua na formação de profissionais. Todas essas instituições estão localizadas na região sudeste.

Os objetivos de cada publicação foram analisados segundo o objetivo do estudo expresso pelos autores dos artigos. Somente um deles declarou como objetivo principal a reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem de abordagens corporais pelos discentes de terapia ocupacional. Nas outras publicações, os objetivos dos estudos envolviam essa discussão, mas nem sempre como tema central. Como exemplo, no artigo de Inforsato et al. (2017), o objetivo do estudo foi apresentar as reflexões acerca da formação de estudantes de terapia ocupacional por meio do desenvolvimento de atividades que envolviam o corpo e a arte. Reflexão semelhante encontra-se no artigo de Castro et al. (2009), que aborda o mesmo projeto. No estudo de Silva & Von Poellnitz (2015), o objetivo foi mapear as atividades e recursos utilizados nos cursos de terapia ocupacional do Estado de São Paulo, que acabaram por incluir as abordagens corporais. Assim, nestes, e nos outros artigos inclusos da amostra, as abordagens corporais apareceram no contexto da discussão do uso de atividades expressivas e/ou artísticas durante o processo de formação.

Em relação à metodologia ou procedimentos metodológicos, dois dos artigos inclusos na amostra são resultantes de pesquisa, envolvendo pessoas como sujeitos de pesquisa, e foram submetidos a comitê de ética; e outros cinco são relatos de experiência.

Dos artigos resultantes de pesquisa, em um deles os sujeitos de pesquisa foram os discentes (Silva & Gregorutti, 2014), e no outro a pesquisa foi realizada com os coordenadores e docentes de cursos de graduação em terapia ocupacional (Silva & Von Poellnitz, 2015). Os procedimentos metodológicos utilizados em ambas as pesquisas podem ser visualizados na Tabela 3.

Tabela 3 Objetivos, metodologia e modalidades de experimentações corporais. 

AUTOR(ES) OBJETIVO METODOLOGIA/PROCEDIMENTO METODOLÓGICO MODALIDADES DE EXPERIMENTAÇÕES CORPORAIS
Castro (2000) Discutir a importância de novas práticas envolvendo a arte e o corpo e a preparação do terapeuta ocupacional Artigo apresentado em congresso brasileiro de terapia ocupacional. Não descreve a metodologia. Laboratório de arte, corpo e terapia ocupacional, onde são vivenciadas abordagens corporais, prática das atividades artísticas, dança, atuação (teatro)
Castro et al. (2009) Relatar um projeto de formação para graduandos em terapia ocupacional Foi descrita a metodologia de trabalho do projeto: práticas supervisionadas dos estudantes de terapia ocupacional; reuniões de equipe; grupos de estudos; diários de campo e seminários temáticos. Oficinas de dança, teatro
Silva & Gregorutti (2014) Discutir o processo de ensino-aprendizagem de abordagens corporais na graduação em Terapia Ocupacional Procedimentos metodológicos: filmagens das aulas; grupo focal. Análise de conteúdo de categorias temáticas (Bardin) Disciplina de expressão corporal, na qual são vivenciadas abordagens corporais (atividades expressivas, técnicas corporais, música, dança).
Liberman et al. (2011) Relatar a prática das docentes da disciplina Atividades Expressivas e Recursos Terapêuticos – AERT – ministrada na graduação em terapia ocupacional Relato de experiência. Não descreve a metodologia. Vivências com música, dança, teatro, abordagens corporais, jogos e brincadeiras infantis e jogos cooperativos
Silva & Von Poellnitz (2015) Mapear e analisar as propostas de ensino de atividades e recursos nos cursos de terapia ocupacional Procedimentos metodológicos: levantamento e análise dos projetos políticos pedagógicos e das disciplinas específicas para o ensino de atividades e recursos; entrevistas com coordenadores dos cursos; aplicação de questionário aos docentes Disciplinas: Atividades e recursos terapêuticos e processos criativos; Terapia ocupacional e as práticas corporais; Atividades e recursos terapêuticos de comunicação e expressão; Recursos terapêuticos e abordagens corporais em TO; Laboratório de expressão corporal; Laboratório de abordagens corporais.
Inforsato et al. (2017) Apresentar projetos que compõem os cenários de formação prática dos estudantes de terapia ocupacional Relato de experiência apresentado em uma perspectiva ético-estético-política Experimentações em práticas corporais e artísticas, oficinas com linguagens artísticas e artes do corpo
Liberman et al. (2017) Apresentar experimentações corporais e estéticas em contextos de formação e produção artística Relato de experiência balizado por meio do método da cartografia Disciplinas: Saúde e corpo e Atividades e recursos terapêuticos: processos criativos. Nas disciplinas, são realizadas experimentações corporais (dança, música)
Borba et al. (2018) Relatar o processo do projeto de monitoria do curso de terapia ocupacional em disciplinas de atividades e recursos Relato de experiência elaborado com base nos relatórios das oficinas e das supervisões com os bolsistas. Massagem, dança, expressão corporal

Dentre os seis artigos que apresentam relatos de experiência, Castro (2000) apresentou um artigo resultante de trabalho apresentado em um congresso; Castro et al. (2009) norteou o relato da experiência na metodologia de trabalho do projeto descrito no artigo; Liberman et al. (2011) apresentaram o relato de experiência sem descrever uma metodologia específica; Inforsato et al. (2017) utilizaram uma perspectiva “ético-estético-política” para apresentar o projeto de formação dos alunos; Liberman et al. (2017) procederam ao relato de experiência por meio do método da cartografia; Borba et al. (2018) mencionaram os procedimentos que foram conduzidos juntos aos monitores, que foram a elaboração de relatórios das oficinas e as supervisões.

Quanto às modalidades de experimentações corporais presentes nos artigos, foram citadas/relatadas: abordagens corporais (4 artigos); artes do corpo (1 artigo); práticas corporais (2 artigos); técnicas corporais (1 artigo); atividades de expressão corporal (4 artigos); atividades expressivas (2 artigos); teatro (3 artigos); dança (6 artigos); vivências com música (3 artigos); jogos e brincadeiras infantis (1 artigo); jogos cooperativos (1 artigo); massagem (1 artigo) e atividades artísticas (2 artigos) (Tabela3).

Em relação ao público-alvo das experimentações corporais presentes nos artigos: 4 artigos relatam experimentações corporais voltadas aos discentes de terapia ocupacional na graduação; 1 relata sobre o uso das experimentações tanto para discentes quanto para profissionais de terapia ocupacional; 2 relatam experimentações corporais voltadas para os discentes e para a população atendida nos projetos que apresentam atividades corporais como método de intervenção e 1 artigo relata experimentações corporais voltadas a discentes de diversos cursos da área da saúde, entre eles a terapia ocupacional.

Em relação à oferta das experimentações corporais na graduação: 4 artigos citam disciplinas que apresentam as experimentações como recurso metodológico (Terapia ocupacional e as práticas corporais I, II e III; Recursos terapêuticos e abordagens corporais em terapia ocupacional; Atividades expressivas e Recursos Terapêuticos (AERT); Disciplina de Expressão corporal; Saúde e corpo; Atividades e recursos terapêuticos: processos criativos; 3 citam projetos em laboratórios (Laboratório de expressão corporal; Laboratório de abordagens corporais; Laboratório de Atividades de expressão corporal; Laboratório de Estudos e pesquisa Arte, corpo e terapia ocupacional) e 1 cita um programa de monitoria voltado para disciplinas que discutem uso de recursos terapêuticos (Projeto de monitoria Atividade em foco).

Para complementar a exposição dos resultados, será apresentado um breve resumo de cada artigo que compõe a amostra deste estudo.

Castro (2000), no artigo “Arte, corpo e terapia ocupacional: aproximação, intersecções e desdobramentos”, argumenta sobre a importância da arte e do corpo para a criação de novas práticas assistenciais no contexto da antipsiquiatria, desinstitucionalização psiquiátrica e luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Aponta para a importância da percepção do corpo na detecção das necessidades reais dos sujeitos, considerando a unidade psicofísica do indivíduo, e rompendo com a concepção na qual o discurso racional seria preponderante. A discussão sobre corpo se insere no contexto da discussão da arte, e ambos seriam considerados linguagens confluentes, e que poderiam proporcionar conexões entre os sujeitos e suas necessidades concretas cotidianas. O referencial teórico apresentado no artigo se relaciona principalmente ao campo da arte e da criatividade, como Carl Jung e Nise da Silveira. A autora relata as experiências do laboratório de Arte, Corpo e Terapia Ocupacional, no qual se propõe a trabalhar, por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão, fazendo uso de atividades corporais e artísticas, proporcionando percursos formativos para os terapeutas ocupacionais, inclusive graduandos. Segundo a autora, o terapeuta deve estar atento a seus processos corporais e vivenciar as atividades de forma a significar sua ação profissional, sendo estes elementos essenciais à formação do profissional.

Castro et al. (2009) relatou a experiência do Laboratório de estudos e pesquisa Arte, Corpo e Terapia Ocupacional por meio das ações do Programa Permanente Composições Artísticas e Terapia Ocupacional (PACTO). O programa tem o objetivo de possibilitar ao estudante o contato com diversas linguagens artísticas, inserção no território cultural e dos serviços de saúde, visando a compreender as demandas da população atendida. Segundo os autores, o laboratório oferece abordagens corporais, como dança e teatro, e os estudantes que vivenciam essas práticas são habilitados para compreender as abordagens da terapia ocupacional em cenários de saúde e cultura. O corpo foi referenciado no contexto das artes, ou especificamente como “artes do corpo”. Além das experimentações vivenciadas pelos alunos, o processo de formação incluiu atividades de um grupo de estudos, por meio do qual foi apresentado o arcabouço teórico de sustentação das práticas assistenciais desenvolvidas no projeto. Esse referencial teórico se relacionou principalmente à contextualização histórico-conceitual do uso das atividades artísticas no campo da saúde, situando a discussão sobre corpo no contexto da arte e saúde, como dispositivo clínico-artístico-cultural. A dança, o coral e o teatro, por exemplo, são apontados como linguagens artísticas e como caminhos possíveis de expressão junto às populações atendidas no projeto.

Inforsato et al. (2017) relata experimentações em práticas corporais e artísticas no laboratório de Estudos e Pesquisa Arte, Corpo e Terapia Ocupacional. O projeto tem a “[...] proposta de formação de artistas e terapeutas ocupacionais em um território de interface entre as artes, o corpo, a saúde e a cultura” (Inforsato et al., 2017, p. 110). No cotidiano dessa experiência, são oferecidas atividades artísticas e experimentações corporais com ações interdisciplinares articuladas ao território. Os autores apontam que esta modalidade de formação prepara terapeutas ocupacionais para atuar de forma interdisciplinar, ao investir em conteúdos transversais à formação. Nesta publicação, assim como no estudo de Castro et al. (2009), o corpo, a corporeidade e as artes do corpo são relacionadas às artes, às expressões artísticas e são fundamentadas como experimento estético-clínico com base em relações com a filosofia, a psicologia e a sociologia.

Liberman et al. (2011) relatam a experiência da disciplina Atividades expressivas e Recursos Terapêuticos (AERT), que tem o objetivo de criar um campo de experimentação e reflexão, e articular a experiência do aluno no laboratório com atuações da terapia ocupacional. Na disciplina, o foco são vivências com música, dança, teatro, abordagens corporais, jogos e brincadeiras infantis e os jogos cooperativos. O artigo discute que aprender a observar e lidar com o outro e conseguir compreender os efeitos que emergem de cada contato são requisitos para tornar-se terapeuta. O tema corpo na formação favorece a construção do conhecimento, uma vez que o corpo se apresenta como indicador das necessidades do outro (Liberman et al., 2011). As abordagens corporais são apresentadas como referenciadas em campos conceituais “[...] do corpo, das artes, da psicologia, da filosofia e também do conhecimento e prática de algumas técnicas de abordagens corporais, de dinâmicas de grupo [...]” (Liberman et al., 2011, p. 90), sem necessariamente apresentar quais são os autores de referência.

O estudo de Liberman et al. (2017) discute a oferta da disciplina Saúde e corpo, que tem o objetivo de propor aos estudantes diferentes experimentações com as práticas corporais e estéticas, e da disciplina Atividades e Recursos Terapêuticos: Processos Criativos, que objetiva criar um campo de experimentação visando à produção de conhecimento e espaço para encontros e trocas. As autoras afirmam que a imersão em processos de criação estimula os estudantes a refletirem sobre si mesmos e sobre o trabalho, com o objetivo de inserir na formação o exercício de preparação para a compreensão e o cuidado com o outro. No processo de formação, relaciona-se a atuação em comunidades, em serviços de saúde e espaços de produção artística, e envolvem a dança, a música, as artes e a escrita, sendo que os processos de intervenção são balizados no método cartográfico.

O estudo de Borba et al. (2018) apresenta o projeto de monitoria nas disciplinas Atividades de Vida Diária: cotidiano; Atividades expressivas e não expressivas; Atividades lúdicas e lazer; Tecnologia assistiva e Abordagem grupal, com o objetivo de ampliar o contato do aluno com a experimentação prática de técnicas e recursos (como massagem, dança e expressão corporal), além de facilitar a integração de conteúdo disponibilizado ao aluno durante sua formação. O artigo aponta que, durante o programa de monitoria, os discentes monitores coordenaram as oficinas com vistas a compartilhar seus saberes específicos em determinados recursos e/ou técnicas. Isso propiciou uma troca interessante entre os alunos, monitores, oficineiros e docentes. Os autores apontam que a possibilidade de coordenar oficinas é muito pertinente à formação, uma vez que terapeutas ocupacionais frequentemente ocupam o papel de coordenadores de grupos em sua prática.

A disciplina de Expressão Corporal, descrita por Silva & Gregorutti (2014, p. 137), teve o objetivo de

[...] promover a apreensão de fundamentos sobre corporalidade, experimentação da consciência corporal, a expressão, elaboração e compreensão de conteúdos internos e da reflexão sobre si e o corpo do outro.

As autoras entendem que é relevante que o estudante se conecte consigo mesmo e reflita sobre o outro, que é sujeito dos cuidados, por meio de técnicas e vivências corporais (atividades expressivas, técnicas corporais, música, dança). O artigo ressalta que o processo de ensino-aprendizagem das abordagens corporais durante a formação do terapeuta ocupacional se apresenta com o objetivo de formar profissionais comprometidos, capacitados para identificar as reais demandas do cliente.

Silva & Von Poellnitz (2015), ao analisarem as propostas de ensino de atividades e recursos nos cursos de terapia ocupacional de Instituições de Ensino Superior públicas do Estado de São Paulo, identificaram na grade curricular as seguintes disciplinas: Atividades e Recursos Terapêuticos: processos criativos; Terapia ocupacional e as práticas corporais I, II e III; Atividades e Recursos Terapêuticos de comunicação e expressão; Recursos terapêuticos e abordagens corporais em terapia ocupacional; Laboratório de expressão corporal; Laboratório de abordagens corporais; Laboratório de Atividades de expressão corporal. Neste estudo, foi possível identificar diferenças nos currículos ofertados, mas há um consenso entre os coordenadores entrevistados quanto à importância da vivência de atividades na formação.

4 Discussão

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de graduação em terapia ocupacional foram publicadas em 2002 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), tornando-se o elemento norteador da formação profissional no Brasil (Drummond & Magalhães, 2001). O artigo 5º das diretrizes dispõe que a formação do terapeuta ocupacional tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos necessários para o exercício de algumas competências e habilidades específicas, dentre elas

XXIV - consciência das próprias potencialidades e limitações, adaptabilidade e flexibilidade, equilíbrio emocional, empatia, criticidade, autonomia intelectual e exercício da comunicação verbal e não verbal;

XXVI - conhecer, experimentar, analisar, utilizar e avaliar a estrutura e dinâmica das atividades e trabalho humano, tais como: atividades artesanais, artísticas, corporais, lúdicas, lazer, cotidianas, sociais e culturais (Brasil, 2002).

Ainda no documento das DCNs há menção às atividades lúdicas, artísticas e corporais, que deveriam ser contempladas na formação como recurso para desenvolver habilidades e capacidades no futuro profissional, o que vai ao encontro com as discussões constantes nos estudos encontrados nesta revisão. Nos períodos anterior e posterior às DCNs, evidenciam-se os esforços da terapia ocupacional em aprofundar e direcionar o debate sobre a formação e atuação profissional com foco nas atividades, ocupações e cotidiano, procurando deixar de ter o modelo biomédico como central na formação graduada e para as intervenções (Cardinalli & Silva, 2018). Nesta direção, ressalta-se que as publicações inclusas neste estudo datam dos anos 2000 até o período atual, coincidentes com a publicação das DCNs, e mostram os múltiplos caminhos que foram construídos em relação ao uso de abordagens corporais, tanto artísticas quanto aquelas que objetivam promover a consciência corporal e subjetiva. Nos estudos inclusos nesta pesquisa, destaca-se a diversidade das modalidades das abordagens corporais, bem como das perspectivas teóricas.

Por um lado, podemos levantar a hipótese de que a terapia ocupacional tenha se influenciado pela entrada das terapias corporais no Brasil. Russo (1994, 2002), ao analisar a difusão das terapias corporais no Brasil, aponta a década de 1980 como o período de intensa difusão destas abordagens. Destaca que este movimento se constituiu em contraposição à psicanálise, procurando superar as cisões entre mente e corpo. As abordagens propostas por Wilhelm Reich, a bioenergética de Alexandre Lowen, a biodinâmica de Gerda Boyesen, ou a biossíntese de David Boadella passaram por ampla divulgação por meio de cursos, seminários e workshops, que resultaram também na criação de grupos de estudos e institutos específicos para formação em terapias corporais. Nestas perspectivas de abordagem do sujeito e do corpo, objetivava-se integrar os conhecimentos do campo psi aos conhecimentos das ciências biológicas e, ou biomédicas. Principalmente no trabalho de Liberman, no artigo “O corpo como pulso”, a autora faz referência a Keleman (1992 apud Liberman, 2010) que propunha uma abordagem do corpo com base na anatomia emocional.

De outro lado, no movimento da reforma psiquiátrica brasileira ocorreu intenso movimento de criação e fomento das abordagens que não fossem exclusivamente biomédicas, permitindo a experimentação de recursos artísticos e de expressão corporal como meio de intervenção terapêutica, promoção de inserção social e construção de cidadania (Pitta, 1996). Castro et al. (2009), em um dos artigos selecionados nesta pesquisa, abordou a necessidade de se ampliar as estratégias de intervenção frente ao movimento da reforma psiquiátrica. Essa interlocução entre as artes do corpo e a terapia ocupacional se mostra dentre alguns dos estudos inclusos nesta pesquisa.

Mesmo assim, concordamos com Bianchi & Malfitano (2018) que apontam que a formação em terapia ocupacional apresenta forte influência do campo biológico e da saúde, denotando lacunas na área social e humana. Nesta perspectiva, Liberman (1997) discute que a forma como o corpo é visto e vivenciado o limita a algumas ações, não priorizando a criatividade e as possibilidades inventivas. Ao incorporar as experimentações corporais à formação – como música, teatro e dança em terapia ocupacional –, os docentes apresentam uma possibilidade para a mudança de percepção do corpo por parte dos estudantes (Liberman, 2002).

A maior parte dos estudos (n=6) foi publicada nos principais periódicos nacionais de terapia ocupacional, enquanto dois dos artigos foram publicados em periódico de outra área do conhecimento. Folha et al. (2017) apontam que a formação pós-graduada de terapeutas ocupacionais no Brasil se deu em aproximação com outras áreas, como psicologia, educação e sociologia, o que é ressaltado na formação dos autores dos estudos. Além disso, os artigos que não foram publicados em revistas de terapia ocupacional apresentam duas co-autoras que não são terapeutas ocupacionais, devido ao caráter interdisciplinar do projeto descrito nos estudos, o que pode ter influenciado na escolha do periódico para publicação.

É importante destacar que os estudos foram realizados, em sua maioria, por terapeutas ocupacionais doutores filiados a universidades do estado de São Paulo (principalmente USP e UNIFESP). Esse resultado é congruente com o estudo de Vasconcelos et al. (2014), que aponta que 81,4% dos terapeutas ocupacionais doutores distribuem-se na região Sudeste do Brasil. Do mesmo modo, Lopes et al. (2010) mostram que há expressiva concentração dos grupos de pesquisa em terapia ocupacional nesta região, onde se concentra, igualmente, os cursos de graduação, mestrado e doutorado de todas as áreas do conhecimento no país (Vasconcelos et al., 2014). Esses dados mostram “[...] a necessidade de se ampliar o número de pesquisadores nas demais regiões para que se possa vislumbrar o crescimento científico da terapia ocupacional em todo o país” (Lopes et al., 2010, p. 211).

Entretanto, mesmo identificando que a maioria dos autores está alocada em Universidades, os artigos incluídos neste estudo são, em sua maioria, relatos de experiência. Além disso, o contexto em que as experimentações corporais estão inseridas – ou seja, na graduação – está concentrado principalmente em disciplinas optativas, laboratórios e programas voltados à população atendida. Isto demonstra que o envolvimento na temática depende do percurso acadêmico e interesse do discente, bem como do percurso do docente, ao considerar as experimentações corporais como recurso que deve ser incorporado à formação.

Cyrino & Toralles-Pereira (2004) apontam que mudanças na educação de profissionais da saúde se fazem necessárias, visando a romper com os modelos tradicionais de ensino. Neste sentido, a formação em terapia ocupacional tem sido direcionada para um processo reflexivo, no qual o estudante questiona sua prática e constrói seu próprio conhecimento (Barba et al., 2012). Os resultados deste estudo mostram a tentativa de mudanças nessa perspectiva, ao considerar as experimentações corporais como recursos que permitem o compartilhamento de experiências. As disciplinas, projetos ou laboratórios que oportunizam vivências corporais durante a formação são importantes para permitir a construção profissional, considerando que cada aluno traz consigo um conteúdo único, que influenciará diretamente em sua formação e no terapeuta que ele se tornará.

Desta forma, Cruz & Campos (2004) buscaram analisar e relatar as concepções de um grupo de discentes em terapia ocupacional sobre o processo de formação. As experiências práticas e as oportunidades de reflexão sobre tornar-se terapeuta ocupacional são relatadas no estudo como fundamentais para os estudantes, que vivem conflitos e anseios na graduação, tanto em relação ao percurso acadêmico quanto aos desafios impostos ao lidar com as angústias do outro. Portanto, é possível analisar que os estudos apresentam uma forma de olhar a formação por uma nova perspectiva, na qual o estudante vivencia formas de aprendizagem que o instrumentaliza para pensar na prática clínica e direcionar sua construção profissional.

Em relação às modalidades de experimentações corporais presentes nos estudos da amostra, a dança foi citada na maioria dos artigos (n=7). Para Castro (1992), a dança é uma arte que contempla a gestualidade, a criatividade, a expressão e a movimentação, proporcionando o conhecimento de si por meio do corpo, o que justifica sua menção quando se trata de atividades que despertam a consciência corporal. Além disso, as experimentações corporais apareceram na literatura expressas por vários termos, o que demonstra que não há um termo único que defina essas técnicas.

Contudo, foi possível analisar nos estudos as diversas modalidades de experimentação e formatos com que a aprendizagem nesta perspectiva tem sido construída. O uso de experimentações corporais se apresenta nos estudos com propostas semelhantes, mas a forma como os cursos de terapia ocupacional tem incorporado essa prática na graduação está relacionada à avaliação, por parte dos docentes, da necessidade de reformulação do processo de aprendizagem.

5 Considerações Finais

As abordagens corporais, danças e artes são importantes ferramentas na prática profissional de terapeutas ocupacionais, em diferentes contextos (Liberman et al., 2018). Do mesmo modo, as experimentações corporais na formação graduada parecem contribuir de forma significativa para a compreensão em torno da profissão e do corpo como indicador da história do sujeito, produzindo discussões acerca de metodologias diferenciadas de ensino-aprendizagem, que beneficiem tanto os estudantes quanto o público atendido na terapia ocupacional.

Por meio deste estudo, foi possível identificar um movimento de incorporação das práticas de experimentação corporal nos cursos de graduação em terapia ocupacional nos últimos anos, uma vez que a temática do corpo como elemento de expressão tem sido contemplada na formação. A vivência de atividades que estimulem a consciência e a expressão do corpo durante a formação se apresenta como recurso para despertar nos discentes formas de se conectar com o outro, enquanto proporciona o conhecimento de seus próprios limites.

Os autores dos estudos citados, diante da necessidade de mudanças no formato em que a aprendizagem tem sido construída, propõem as experimentações corporais como recurso para formar profissionais mais atentos e abertos às necessidades do outro. Entretanto, ainda são necessários estudos que identifiquem de que forma os profissionais que vivenciaram as experimentações corporais na formação conduzem sua prática e sua relação com o cliente.

Contudo, é preciso destacar as limitações deste estudo, a fim de impulsionar futuros trabalhos acerca desta temática. O uso de artigos que apresentam informações apenas do cenário nacional e a diversidade de termos e conceitos utilizados para definir as experimentações corporais se apresentaram como fatores limitantes. Outra limitação se refere ao tamanho da amostra, a qual, ao se apresentar de forma reduzida, demonstra algumas restrições quanto à exploração e análise do tema, bem como a não inclusão de outros tipos de documento, como dissertações, anais de congresso e livros.

REFERÊNCIAS

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