versão impressa ISSN 1806-3713versão On-line ISSN 1806-3756
J. bras. pneumol. vol.46 no.2 São Paulo 2020 Epub 02-Mar-2020
http://dx.doi.org/10.36416/1806-3756/e20190279
Homem, 68 anos de idade, em pós-operatório de esofagectomia por videotoracoscopia devido a adenocarcinoma de esôfago, apresentou escape aéreo pelo sistema de drenagem torácica Thopaz+ (Medela, Baar, Suíça) com fluxo aproximado de 3,0-3,5 L/min como complicação do procedimento cirúrgico. O exame físico mostrou sons respiratórios normais bilateralmente, além de drenagem habitual de fluido pelo dreno (150-200 mL/dia) e TC de tórax em corte sagital sem alterações evidentes em anatomia brônquica (Figura 1). Foi solicitada broncoscopia para exame da árvore brônquica, suspeitando-se de fístula aérea em árvore superior.1 Realizou-se uma biópsia incisional de lesão vilosa enegrecida e vegetativa (Figura 2) do brônquio fonte direito. O exame microbiológico direto e culturas revelaram Aspergillus niger (Figura 2), sem comprometimento vascular. O diagnóstico de aspergilose endobrônquica (AE) foi realizado.
Figura 1 Corte sagital de TC de tórax. Não há evidente identificação da lesão vegetante em brônquio primário direito e secundários (incluindo brônquio do lobo superior direito) por esse método de imagem.
Figura 2 Em A, imagem demonstrando lesão macroscópica em brônquio do lobo superior direito por Aspergillus niger. Em B, fotomicrografia por método microbiológico direto (H&E; aumento, 150×).
A AE é uma doença rara caracterizada pelo crescimento de Aspergillus sp. dentro do lúmen bronquial. A AE é uma forma não invasiva da aspergilose, e muitos casos têm o diagnóstico incidental em pacientes submetidos à broncoscopia por outras razões que não a suspeita diagnóstica inicial.2 O paciente foi tratado com voriconazol e micafungina por duas semanas.3 Após um mês, não havia sinais clínicos de aspergilose invasiva ou complicações do tratamento.