versão impressa ISSN 1808-8694versão On-line ISSN 1808-8686
Braz. j. otorhinolaryngol. vol.82 no.6 São Paulo out./dez. 2016
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2015.11.007
O zumbido é uma expressão perceptiva de qualquer som que se origina de maneira involuntária, unilateral ou bilateralmente, na ausência de qualquer estímulo externo acústico ou elétrico.1,2 A etiologia do zumbido permanece desconhecida, mas algumas causas clínicas subjacentes, como doenças da orelha média, alergias nasais, doenças autoimunes, doenças cardiovasculares, diabetes, distúrbios neurais degenerativos, fatores sociodemográficos e ambientais, tem sido relatadas.2-5 Muitos estudos clínicos verificaram que distúrbios otológicos podem provocar alterações nas estruturas cocleares ou alterações neuroplásticas das vias auditivas centrais, dando origem ao zumbido.2,4,6,7 Globalmente, acredita-se que cerca de 10% a 15% da população sejam afetados por zumbido com ou sem deficiência auditiva concomitante.4,8 Além disso, a prevalência de zumbido correlaciona-se com as características de gravidade e das frequências afetadas nas perdas auditivas.4,9 O zumbido também está presente em 70%-85% das deficiências auditivas causadas por diferentes doenças do sistema auditivo.2,5,10 Na Índia, estima-se que aproximadamente 4,5 milhões de pessoas sejam afetadas por zumbido e, infelizmente, não há dados exatos disponíveis sobre a prevalência e etiologia deste sintoma.11 Portanto, o presente estudo teve como objetivo identificar a prevalência e os potenciais fatores predisponentes do zumbido associado à perda auditiva na população do Sul da Índia.
Neste estudo transversal, 3.255 pacientes com diferentes doenças otológicas encaminhados aos Hospitais MAA ENT, em Hyderabad, Estado de Telangana, durante um período de 10 anos (2004-2014) constituíram os sujeitos do estudo. Todos os pacientes foram submetidos a um exame médico detalhado e a história clínica foi registrada. O limiar audiométrico da perda auditiva foi avaliado usando a média tonal (tom puro) para as frequências de 0,5, 1, 2, 4 e 8 kHz. O estudo foi realizado com a aprovação do Comitê de Ética da instituição.
Os dados obtidos foram codificados para as análises estatísticas. Análise estatística apropriada foi realizada com o programa Statistical Package for the Social Sciences, PASW Statistics 18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA). Os dados quantitativos contínuos foram representados como médias e desvios-padrão e os dados categóricos como proporções. O teste do χ2 foi usado para comparar as proporções e a análise de regressão logística para a associação das variáveis categóricas.
Dentre os 3.255 indivíduos do estudo com doenças otológicas, 58,6% (n = 1.906) eram afetados apenas por doenças da orelha, 36,5% (n = 1.188) por doença nasal ou nasofaríngea e 4,9% (n = 161) por distúrbios metabólicos. Observamos maior prevalência de doenças da orelha média em 86,2% (n = 2.808), em relação à orelha interna, 11,2% (n = 364) e às doenças da orelha externa, 2,6% (n = 83). Os pacientes tinham entre 7 e 83 anos de idade, com média de idade de 36,0 ± 18,94, com 58,4% (n = 1.902) do sexo masculino e 41,6% (n = 1.353) do sexo feminino. O zumbido foi identificado em 29,4% (n = 956) dos indivíduos do estudo.
A porcentagem de indivíduos com zumbido afetados apenas por doenças da orelha foi de 63,8% (n = 610), doença nasal ou nasofaríngea foi de 30,3% (n = 290) e distúrbios metabólicos foi de 5,9% (n = 56). O aparecimento de zumbido ocorreu na faixa etária de 32,23 ± 20,45 anos e um risco significantemente maior foi observado na faixa etária > 40 anos (OR = 1,45; IC 95% = 1,27-1,73). Entre os indivíduos com zumbido, 55,2% (n = 528) eram do sexo masculino e 44,8% (n = 428) do sexo feminino, com predomínio do sexo masculino de 1,23. Contudo, um risco significantemente maior para o sexo feminino (OR = 1,20; IC 95% = 1,03-1,40) foi observado. A ocorrência de zumbido foi mais unilateral (58,0%) que bilateral (42,0%), mas não observamos associação significante entre zumbido e lateralidade. A tabela 1 apresenta a distribuição dos sexos, idade de início, local da doença, lateralidade, tipo de perda auditiva e fatores predisponentes.
Características | Doenças otológicas (n = 3255) | Porcentagem | Indivíduos com zumbido (n = 956) | Porcentagem | OR (IC 95%)a |
---|---|---|---|---|---|
Sexo | |||||
Feminino | 1353 | 41,6 | 428 | 31,6 | 1,20 (1,03-1,40)b |
Masculino | 1902 | 58,4 | 528 | 27,8 | Referência |
Idade de início | |||||
> 40 | 2071 | 63,6 | 551 | 26,6 | 1,45 (1,27-1,73)c |
0-40 | 1184 | 36,4 | 405 | 34,2 | Referência |
Local da doença | |||||
Orelha externa | 83 | 2,6 | 15 | 18,1 | Referência |
Orelha média | 2808 | 86,3 | 796 | 28,4 | 1,79 (1,02-3,16)b |
Orelha interna | 364 | 11,2 | 145 | 39,8 | 3,00 (1,65-5,45)c |
Lateralidade | |||||
Bilateral | 1338 | 41,1 | 402 | 30,0 | 1,06 (0,91-1,23) |
Unilateral | 1917 | 58,9 | 554 | 28,9 | Referência |
Tipo de perda auditiva | |||||
Audição normal | 144 | 4,4 | 29 | 20,1 | Referência |
Perda auditiva condutiva | 2254 | 69,2 | 599 | 26,6 | 1,44 (0,95-2,18) |
Perda auditiva neurossensorial | 540 | 16,6 | 201 | 37,2 | 2,35 (1,51-3,66)c |
Perda auditiva mista | 317 | 9,7 | 127 | 40,1 | 2,65 (1,67-4,22)c |
Fatores predisponentes | |||||
Somente otológico | 1906 | 58,6 | 610 | 32,0 | Referência |
Otológico+Nasofaríngeo | 1188 | 36,5 | 290 | 24,4 | 0,69 (0,58-0,81)c |
Otológico+Distúrbio metabólico | 161 | 4,9 | 56 | 34,7 | 1,13 (0,81-1,59) |
n, frequência; IC 95%, intervalo de confiança; OR, odds ratio.
aAnálise de regressão logística binária.
Nível de significância de odds ratio:
bp < 0,05,
cp < 0,001.
Verificou-se que o risco de zumbido foi significantemente maior nos indivíduos com afecção da orelha interna, 39,8% (OR = 3,00; IC 95% = 1,65-5,45), seguido por doenças da orelha média, 28,4% (OR = 1,79; IC 95% = 1,02-3,16). Dentre as doenças da orelha interna, a presbiacusia (16,6%), doença de Ménière (3,3%) e a perda auditiva súbita neurossensorial (PASN) (2,8%) foram as mais prevalentes. Otite média crônica supurativa (OMCS) foi observada em 49,6%, otosclerose em 14,2% e otite média com efusão (OME) em 7% dos pacientes com distúrbios na orelha média. Dentre os outros fatores predisponentes de zumbido, 69,4% foram atribuídos aos distúrbios do trato respiratório superior, 10,6% à faringotonsilite, 2,9% à hipertensão e 2,6% ao diabetes (fig. 1).
No presente estudo, a prevalência de perda auditiva associada a zumbido foi de 29,8% (n = 927). As prevalências de várias doenças otológicas predisponentes ao zumbido são apresentadas na figura 1. Fatores predisponentes como OMCS, OME, otomicose e doença de Ménière foram associados ao aumento da frequência de perda auditiva (> 40 dB) em indivíduos com zumbido (tabela 2). No entanto, uma associação significante foi observada apenas para a OMCS (OR = 1,76; IC 95% = 1,32-2,38). Além disso, também observamos que outros fatores predisponentes também foram associados a uma frequência maior de perda auditiva. Entre estes fatores, a tonsilofaringite mostrou significância estatística (OR = 2,86; IC 95% = 1,46-5,59) (tabela 2).
Tipo de doença | Perda auditiva com zumbido | Perda auditiva sem zumbido | OR (IC 95%)a | |||
---|---|---|---|---|---|---|
< 40 dB n (%) | > 40 dB n (%) | < 40 dB n (%) | > 40 dB n (%) | |||
Otológica | ||||||
Otomicose | 3 (37,5) | 5 (62,5) | 14 (63,6) | 8 (36,4) | 3,33 (0,81-13,75) | |
Otosclerose | 20 (24,1) | 63 (75,9) | 13 (15,3) | 72 (84,7) | 0,54 (0,26-1,14) | |
Doença de Ménière | 11 (57,9) | 8 (42,1) | 12 (70,6) | 5 (29,4) | 1,73 (0,44-6,79) | |
Otite media aguda supurativa | 19 (79,2) | 5 (20,8) | 154 (85,1) | 27 (14,9) | 1,50 (0,52-4,36) | |
Otite media crônica supurativa | 184 (61,5) | 115 (38,5) | 436 (73,9) | 154 (26,1) | 1,76 (1,32-2,38)c | |
Otite media com efusão | 22 (52,4) | 20 (47,6) | 94 (67,1) | 46 (32,9) | 1,83 (0,92-3,67) | |
Presbiacusia | 18 (17,8) | 83 (82,2) | 35 (20,0) | 140 (80,0) | 1,15 (0,61-2,16) | |
Perda auditiva neurossensorial súbita | 2 (11,8) | 15 (88,2) | 3 (15,0) | 17 (85,0) | 1,32 (0,19-9,02) | |
Drogas ototóxicas | 1 (50,0) | 1 (50,0) | 10 (83,3) | 2 (16,7) | 5,50 (0,24-128,97) | |
Nasal ou nasofaríngea | ||||||
Distúrbios do trato respiratório superior | 140 (66,4) | 71 (33,6) | 430 (70,1) | 183 (29,9) | 1,21 (0,87-1,68) | |
Hipertrofia de Adenoide | 13 (100,0) | 0 (0,0) | 70 (71,4) | 28 (28,6) | NA | |
Faringotonsilite | 30 (56,6) | 23 (43,4) | 98 (77,2) | 29 (22,8) | 2,86 (1,46-5,59)b | |
Comorbidades | ||||||
Diabetes | 13 (52,0) | 12 (48,0) | 34 (59,6) | 23 (40,4) | 1,41 (0,55-3,61) | |
Hipertensão | 15 (55,6) | 12 (44,4) | 31 (70,5) | 13 (29,5) | 1,79 (0,67-4,81) | |
Hipotireoidismo | 2 (66,7) | 1 (33,3) | 2 (66,7) | 1 (33,3) | 1,00 (0,03-29,81) |
n, frequência; IC 95%, intervalo de confiança; NA, não aplicável,
aAnálise de regressão logística binária.
Nível de significância de odds ratio:
bp < 0,01,
cp < 0,001.
Em relação ao padrão da perda auditiva entre os pacientes portadores de zumbido, o tipo condutivo foi observado em 62,6% (n = 599), neurossensorial em 21,0% (n = 201) e o tipo misto em 13,3% (n = 127) (tabela 3). Observamos que houve uma associação significante entre zumbido e perda auditiva neurossensorial (37,2%) e mista (40,1%), em comparação à perda auditiva condutiva (26,6%) (tabela 1, fig. 1). Em pacientes portadores de otite média, houve uma alta prevalência de perda auditiva neurossensorial e mista associadas a zumbido (tabela 3).
Tipo de doença | Padrão da perda auditiva em pacientes com zumbido | Padrão da perda auditiva em pacientes sem zumbido | pa | |||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Condutiva n (%) | Neurossensorial n (%) | Mista n (%) | Condutiva n (%) | Neurossensorial n (%) | Mista n (%) | |||
Otológica | ||||||||
Otomicose | 4 (50,0) | 1 (12,5) | 3 (37,5) | 19 (86,4) | 2 (9,1) | 1 (4,5) | 0,05 | |
Otosclerose | 55 (66,3) | 13 (15,7) | 15 (18,1) | 61 (71,8) | 8 (9,4) | 16 (18,8) | 0,47 | |
Doença de Ménière | 13 (68,4) | 5 (26,3) | 1 (5,3) | 11 (64,7) | 6 (35,3) | 0 (0,0) | NA | |
Otite media aguda supurativa | 18 (75,0) | 5 (20,8) | 1 (4,2) | 162 (89,5) | 12 (6,6) | 7 (3,9) | 0,06 | |
Otite media crônica supurativa | 234 (78,3) | 20 (6,7) | 45 (15,1) | 511 (86,6) | 32 (5,4) | 47 (8,0) | 0,03b | |
Otite media com efusão | 28 (66,7) | 8 (19,0) | 6 (14,3) | 120 (85,7) | 12 (8,6) | 8 (5,7) | 0,02b | |
Presbiacusia | 0 (0,0) | 101 (100,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 175 (100,0) | 0 (0,0) | NA | |
Perda auditiva neurossensorial súbita | 0 (0,0) | 17 (100,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 20 (100,0) | 0 (0,0) | NA | |
Drogas ototóxicas | 2 (100,0) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | 11 (91,7) | 1 (8,3) | 0 (0,0) | NA | |
Nasal ou nasofaríngea | ||||||||
Distúrbios do trato respiratório superior | 13 (52,0) | 3 (12,0) | 9 (36,0) | 37 (64,9) | 9 (15,8) | 11 (19,3) | 0,27 | |
Hipertrofia de Adenoide | 12 (92,3) | 0 (0,0) | 1 (7,7) | 85 (86,7) | 5 (5,1) | 8 (8,2) | NA | |
Faringotonsilite | 38 (71,7) | 10 (18,9) | 5 (9,4) | 106 (83,5) | 12 (9,4) | 9 (7,1) | 0,16 | |
Distúrbios metabólicos | ||||||||
Diabetes | 13 (52,0) | 3 (12,0) | 9 (36,0) | 37 (64,9) | 9 (15,8) | 11 (19,3) | 0,27 | |
Hipertensão | 13 (48,1) | 7 (25,9) | 7 (25,9) | 32 (72,7) | 4 (9,1) | 8 (18,2) | 0,78 | |
Hipotireoidismo | 2 (66,7) | 0 (0,0) | 1 (33,3) | 3 (100) | 0 (0,0) | 0 (0,0) | NA |
n, frequência; NA, não aplicável.
aTeste χ2.
Nível de significância de odds ratio:
bp < 0,05.
O zumbido é um distúrbio comum que ocorre com frequência em todos os estratos da população e constitui um importante problema de saúde. Estudos clínicos e epidemiológicos sobre zumbido revelaram que 5% a 32% da população mundial é afetada por este sintoma.2,12,13 Muitos fatores de risco associados ao aparecimento de zumbido foram relatados, dos quais os mais proeminentes são idade, gênero, auditivos, distúrbios metabólicos e neurológicos, alterações vasculares, fatores odontológicos, exposição ao ruído, drogas ototóxicas, cafeína, nicotina e álcool.4,9,8,14 Os transtornos otológicos são a causa mais comum.15 Várias doenças otológicas podem levar ao zumbido e diferentes tipos de perda auditiva. Isso pode se se dever a processos infecciosos ou rigidez da cadeia ossicular ou espasmos pequenos músculos ligados aos ossículos da orelha média, afetando o sistema de transmissão do som auricular.9,16,17 Além disso, vários fatores nasofaringeos estão envolvidos na disfunção da trompa de Eustáquio predispondo a infecções da orelha média. No presente estudo, 29,3% dos pacientes portadores de distúrbios otológicos foram afetados por zumbido, dos quais 30,3% apresentavam também fatores nasais ou nasofaríngeos, especialmente faringotonsilite causando disfunção tubária e otite média, levando à perda auditiva e zumbido provavelmente através da disseminação linfática. Contudo, essa questão ainda precisa ser mais detalhadamente estudada.
Muitos estudos sobre o zumbido também relataram uma alta predominância em homens, o que foi atribuído principalmente à maior exposição ambiental e ocupacional.2,18,19 No entanto, a predominância de zumbido no sexo feminino também já foi relatada.20 No presente estudo, observamos que o zumbido afeta tanto os homens quanto as mulheres, mas com preponderância masculina, provavelmente pelo fato de que maior número de homens comparecem ao hospital, em comparação ao número de mulheres. Porém, também observamos que houve um aumento significativo dos casos em mulheres em tratamento da fase crônica de doenças da orelha.
Embora o aparecimento de zumbido esteja fortemente associado ao aumento da idade, também tem sido relatado estar presente em idade mais jovem.5,6,16,21 Segundo alguns autores, as diferenças no surgimento de zumbido podem estar relacionadas à etnia, variação da idade e critérios diagnósticos adotados.5,22,23 No presente estudo, a maior prevalência de zumbido foi observada na faixa etária acima de 40 anos. Mudanças no estilo de vida, anormalidades metabólicas e a alta incidência de fatores predisponentes de doenças metabólicas que acometem os idosos tem sido relatadas como causas de zumbido. Além disso, o aumento do nível de resistência à insulina e alguns fármacos usados para o tratamento de hipertensão podem favorecer o surgimento de zumbido.21,24 Nesta pesquisa, o zumbido foi observado em 30,1% dos indivíduos com diabetes melito, em 38,8% dos indivíduos em tratamento de hipertensão e em 40% daqueles com hipotireoidismo. Medicamentos como salicilatos, antibióticos aminoglicosídeos, quinina ou cisplatina usados para tratar doenças otológicas e nasofaríngeas podem causar danos à cóclea e desencadear ou intensificar o zumbido.1,25,26 Ototoxicidade contribuiu para o zumbido em 13,3% dos casos no presente estudo.
Perda auditiva e zumbido estão intimamente relacionados, pois a prevalência de perda auditiva é maior em pacientes portadores de zumbido.5,24 No presente estudo, 96,9% dos casos de pacientes com zumbido apresentaram associação significante com perda de audição, indicando que a mesma possa atuar como um dos fatores de risco cruciais. Além disso, a ocorrência de perda auditiva em altas frequências em indivíduos com zumbido indica a gravidade do sofrimento causado pelo distúrbio otológico.27,28 Ademais, a doença auditiva decorrente das orelhas média e interna pode levar a diferentes padrões de perda de audição. Curiosamente, observamos no presente estudo que a perda condutiva é a causa mais comum da associação entre disacusia e zumbido, em comparação com perda auditiva do tipo neurossensorial. Também em nosso estudo, ao contrário de outras pesquisas, a orelha média foi mais acometida por doenças que a orelha interna, ao contrário de outros estudos.29,30 Esta diferença pode ser atribuída à distribuição geográfica e à condição socioeconômica dos pacientes. Além disso, entre nossos pacientes, 95% dos portadores de doenças da orelha média apresentaram melhora da perda auditiva e 86% apresentaram melhora do zumbido após tratamento clínico ou com intervenções cirúrgicas. Houve significantemente mais casos de perda auditiva nas freqüências mais altas nos pacientes com perda neurossensorial e mista nos portadores de zumbido e OMCS. Os resultados indicam a OMCS como uma das doenças otológicas mais comuns que afetam a orelha média e interna, potencialmente causadoras de zumbido e perda auditiva.
Em conclusão, o presente estudo demonstrou que otite média, presbiacusia e otosclerose são os fatores contribuintes mais comuns da associação entre zumbido e perda de audição. A prevalência de zumbido aumentou com a progressão dos distúrbios otológicos. Portanto, esforços para controlar esses fatores de risco podem ajudar a prevenir o zumbido e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Estudos adicionais sobre a genética do zumbido associado à perda auditiva irão sem dúvida levar a abordagens terapêuticas e tratamentos clínicos mais eficazes do zumbido.