Compartilhar

Associacao Nao e o Mesmo que Acuracia

Associacao Nao e o Mesmo que Acuracia

Autores:

Luis Cláudio Lemos Correia,
Carolina Esteves Barbosa,
Elizabete Silva dos Santos,
Luciano de Figueiredo Aguiar Filho,
Luiz Minuzzo,
Roberta de Souza,
Ari Timerman,
Elizabete Silva dos Santos,
Luciano de Figueiredo Aguiar Filho,
Luiz Minuzzo,
Roberta de Souza,
Ari Timerman

ARTIGO ORIGINAL

Arquivos Brasileiros de Cardiologia

versão impressa ISSN 0066-782X

Arq. Bras. Cardiol. vol.102 no.1 São Paulo jan. 2014

https://doi.org/10.5935/abc.20130251

Prezado Editor,

Em artigo recente, dos Santos e cols. concluíram que em pacientes com síndromes coronarianas agudas "os escores de risco se correlacionam com gravidade da doença coronária"1. Essa aparente conclusão positiva esconde o baixo desempenho desses escores em predizer doença coronariana obstrutiva, por duas razões. Primeiro, diante de uma situação diagnóstica (presença de doença coronariana ≥ 50%), o enfoque clínico deve ser em acurácia; segundo, associação (descrito no artigo como correlação) não garante acurácia.

O enfoque principal desse trabalho deveria ser as medidas de acurácia, como área abaixo da curva ROC, que variaram de 0,56 a 0,70. Embora estatisticamente significantes, esses valores indicam baixa acurácia do ponto de vista diagnóstico. Corroborando esses achados, em recente artigo publicado neste mesmo periódico, nosso grupo concluiu que "o grau de associação [entre escores e anatomia coronária] não é suficiente para que os escores de risco sejam preditores acurados dos resultados da angiografia"2.

As diferentes conclusões em dois trabalhos de achados semelhantes se deve à percepção de que significância estatística (associação verdadeira) e relevância clínica (acurácia) não representam exatamente o mesmo fenômeno.

REFERÊNCIAS

1. dos Santos ES, Aguiar Filho Lde F, Fonseca DM, Londero HJ, Xavier RM, Pereira MP, et al. Correlation of risk scores with coronary anatomy in non-STelevation acute coronary syndrome. Arq Bras Cardiol. 2013;100(6):511-7.
2. Barbosa CE, Viana M, Brito M, Sabino M, Garcia G, Maraux M, et al. Accuracy of the GRACE and TIMI scores in predicting the angiographic severity of acute coronary syndrome. Arq Bras Cardiol. 2012;99(3):818-24.
1. dos Santos ES, Aguiar Filho Lde F, Fonseca DM Fonseca, Londero HJ, Xavier RM, et al. Correlação dos escores de risco com a anatomia coronária na síndrome coronária aguda sem supra de ST. Arq Bras Cardiol. 2013;100(6):511-7.
2. Siegel S, Castellan NJ. Nonparametric statistics. 2nd ed. New York: McGraw-Hill; 1988.
3. Fletcher RH, Fletcher SW, Wagner EH. Epidemiologia clínica - bases científicas da conduta médica. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 2009.
4. Antman EM, Cohen M, Bernink PJ, McCabe CH, Horacek T, Papuchis G, et al. The TIMI risk score for unstable angina/non-ST elevation MI: a method for prognostication and therapeutic decision making. JAMA. 2000;284(7):835-42.
5. Granger CB, Goldberg RJ, Dabbous O, Pieper KS, Eagle KA, Cannon CP, et al; Global Registry of Acute Coronary Events Investigators. Predictors of hospital mortality in the global registry of acute coronary events. Arch Intern Med. 2003;163(19):2345-53.
6. Eagle KA, Lim MJ, Dabbous OH, Pieper KS, Goldberg RJ, Van de Werf F, et al; GRACE Investigators. A validated prediction model for all forms of acute coronary syndrome: estimating the risk of 6-month postdischarge death in an international registry. JAMA. 2004;291(22):2727-33.
7. Ohman EM, Granger CB, Harrington RA, Lee KL. Risk stratification and therapeutic decision making in acute coronary syndromes. JAMA. 2000;284(7):876-8.