versão impressa ISSN 0066-782X
Arq. Bras. Cardiol. vol.102 no.1 São Paulo jan. 2014
https://doi.org/10.5935/abc.20130251
Em artigo recente, dos Santos e cols. concluíram que em pacientes com síndromes coronarianas agudas "os escores de risco se correlacionam com gravidade da doença coronária"1. Essa aparente conclusão positiva esconde o baixo desempenho desses escores em predizer doença coronariana obstrutiva, por duas razões. Primeiro, diante de uma situação diagnóstica (presença de doença coronariana ≥ 50%), o enfoque clínico deve ser em acurácia; segundo, associação (descrito no artigo como correlação) não garante acurácia.
O enfoque principal desse trabalho deveria ser as medidas de acurácia, como área abaixo da curva ROC, que variaram de 0,56 a 0,70. Embora estatisticamente significantes, esses valores indicam baixa acurácia do ponto de vista diagnóstico. Corroborando esses achados, em recente artigo publicado neste mesmo periódico, nosso grupo concluiu que "o grau de associação [entre escores e anatomia coronária] não é suficiente para que os escores de risco sejam preditores acurados dos resultados da angiografia"2.
As diferentes conclusões em dois trabalhos de achados semelhantes se deve à percepção de que significância estatística (associação verdadeira) e relevância clínica (acurácia) não representam exatamente o mesmo fenômeno.