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Attitudes and associated factors related to suicide among nursing undergraduates

Attitudes and associated factors related to suicide among nursing undergraduates

Autores:

Sabrina Marques Moraes,
Daniel Fernando Magrini,
Ana Carolina Guidorizzi Zanetti,
Manoel Antônio dos Santos,
Kelly Graziani Giacchero Vedana

ARTIGO ORIGINAL

Acta Paulista de Enfermagem

On-line version ISSN 1982-0194

Acta paul. enferm. vol.29 no.6 São Paulo Nov./Dec. 2016

http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201600090

Introdução

A Organização Mundial da Saúde recomenda que o suicídio seja priorizado nas agendas de Saúde e na formulação de políticas públicas. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas com 15 a 29 anos de idade e mais de 800 mil pessoas morrem a cada ano por suicídio, mesmo que esse evento seja subnotificado. As tentativas de suicídio podem chegar a 20 vezes o número de suicídios concluídos.1

Considerando a gravidade e possibilidade de prevenção do suicídio, o Ministério da Saúde lançou, em 2006, a Portaria 1.876 que institui Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio e ressalta a importância de pesquisas voltadas para essa temática.2

Estudo desenvolvido na Austrália evidenciou que aproximadamente 90% das pessoas que morreram por suicídio têm ao menos um contato com algum profissional da saúde durante os três meses que antecederam o óbito e aponta a importância desses contatos serem considerados oportunidades de prevenção do comportamento suicida.3

A qualidade do cuidado prestado após uma tentativa de suicídio é particularmente importante, pois essa clientela apresenta maior risco de realizar novas tentativas e concretizar o suicídio.4 Destaca-se que a equipe de enfermagem que atua em emergências mantém contato frequente com clientes após tentativas de suicídio e tem papel central no manejo inicial desses casos.4,5 No entanto, nas intervenções voltadas para o suicídio, os profissionais de saúde apresentam dificuldades que envolvem, entre outras, falta de planejamento, inabilidade para a gestão do risco de suicídio e indisponibilidade de recursos.6

O cuidado ao cliente suicida pode ser influenciado por uma diversidade de fatores, entre os quais se destacam as crenças e atitudes em relação ao suicídio, a formação profissional e a habilidade para avaliação do risco de suicídio e planejamento do cuidado.3-5,7-9

A literatura aponta o despreparo e a pouca exposição educacional no que se refere ao suicídio em cursos de graduação na área da saúde e ressalta a importância de investir em intervenções educativas relacionadas ao suicídio para profissionais da saúde.10

Para tanto, são necessários estudos que incorporem a compreensão das atitudes de profissionais em relação ao suicídio4,11 considerando variações existentes entre os diferentes países, culturas e épocas. Atitude pode ser definida como uma resposta a um estímulo que envolve componentes cognitivos, afetivos e comportamentais, se estendendo a todos os aspectos de inteligência e comportamento.12 Trata-se de uma disposição interior que afeta a escolha da ação ou conduta a ser adotada em relação a pessoas, eventos ou objetivos. Assim, atitude não é especificamente comportamento, mas propensão à ação, modos ou formas de abordar, reagir ou enfrentar uma situação ou problema em uma variedade de circunstâncias.

Na literatura sobre suicídio, a relação entre atitudes e fatores como sexo, idade, tempo de experiência clínica e educação prévia é variável é pouco esclarecida.13 Também é pouco investigada a atitude em relação ao suicídio em futuros profissionais de saúde, como enfermeiros. A compreensão de atitudes atribuídas ao suicídio por estudantes de enfermagem pode facilitar a compreensão de experiências e comportamentos relacionados ao suicídio.

Neste estudo foram estabelecidas hipóteses de que as atitudes relacionadas ao suicídio estariam associadas ao sexo, idade, formação profissional (ano e curso de graduação), exposição a diferentes estratégias educativas (disciplina, aula, laboratório e eventos), leitura prévia sobre suicídio e experiências pessoais (contato com pessoa que tentou suicídio e pensamentos suicidas). Assim, os resultados do presente estudo poderão oferecer subsídios para o planejamento de estratégias de formação acadêmica e de apoio psicossocial para os estudantes, contribuindo para a e melhoria da qualificação para a assistência.

Este estudo teve como objetivo investigar as atitudes relacionadas ao suicídio entre graduandos de enfermagem e fatores associados.

Métodos

Estudo transversal quantitativo, desenvolvido em uma instituição de ensino superior do interior do Estado de São Paulo, Brasil, de fevereiro a março de 2016.

Foram elegíveis para o estudo graduandos de Enfermagem matriculados a partir do 5º semestre de graduação no curso de Bacharelado em Enfermagem (BE) e de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem (BLE). A opção de abordar os alunos dos últimos semestres justifica-se pelo fato de ser nessa etapa do curso que os graduandos têm maior probabilidade de entrar em contato com o suicídio em atividades teóricas e práticas do curso de graduação. No período da coleta de dados, a população elegível para o estudo era comporta por 282 graduandos, sendo 142 do curso de BE e 140 do curso de BLE.

Foram excluídos três graduandos que não devolveram os instrumentos durante a coleta de dados e 33 que estavam ausentes no dia da coleta. Recusaram-se a participar do estudo dois estudantes. Desse modo, participaram do estudo 244 graduandos de Enfermagem.

Os estudantes que atenderam aos critérios de seleção do estudo foram convidados a responder a um questionário contendo dados sociodemográficos e relacionados a informações, formação e exposição a estratégias educativas sobre o suicídio e ao Questionário de Atitudes Frente ao Comportamento Suicida (QUACS).14 Inicialmente, os pesquisadores obtiveram a lista de alunos que atendiam aos critérios de inclusão. Uma aluna de graduação, membro da equipe de pesquisa, obteve autorização de docentes que ministravam aulas para as turmas de alunos e, em um período de aula previamente acordado, a pesquisadora entrou na sala de aula, apresentada pelo docente, que, então, suspendeu a aula e saiu da sala. Após esclarecimento, os graduandos que aceitaram participar do estudo, receberam uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o instrumento de coleta de dados. O tempo médio para o preenchimento dos instrumentos foi de 20 minutos.

O QUACS é um instrumento elaborado no contexto brasileiro, que contém 21 afirmações sobre atitudes relacionadas ao suicídio. Cada afirmação é seguida por uma escala visual analógica de 10 centímetros (10 pontos) que variam desde “discordo totalmente” em uma extremidade a “concordo totalmente” na outra. Os entrevistados foram convidados a indicar um ponto em cada linha que melhor refletisse suas opiniões, sentimentos ou reações.14

O instrumento foi construído devido às limitações teóricas e práticas dos instrumentos disponíveis para mensurar atitudes. No desenvolvimento do QUACS, inicialmente foram realizados uma revisão da literatura e grupos focais com profissionais de enfermagem para a elaboração das afirmativas que comporiam o instrumento. A pertinência e adequação das frases foram avaliadas por especialistas e submetidas a teste-piloto. Assim, foram selecionadas 21 afirmativas. A consistência interna da escala foi avaliada por análise fatorial, utilizando máxima verossimilhança e rotação ortogonal Varimax. Três fatores interpretáveis foram extraídos, responsáveis, em conjunto, por 43% da variância total.14

Desse modo, no estudo original, os itens foram reunidos em três fatores: 1- Sentimentos em relação ao paciente; 2- Percepção de capacidade profissional e 3- Direito ao Suicídio. O coeficiente alfa de Cronbach foi calculado para cada fator e os resultados obtidos foram, respectivamente, 0,7, 0,6 e 0,5. A pontuação de cada um dos três fatores criados pode variar entre 0 e 30 pontos.

O instrumento não apresenta pontos de corte dos escores, que categorizem os resultados. O Fator 1- “Sentimentos negativos diante do paciente” inclui os itens 5, 13 e 15 do questionário. Quanto maior a pontuação nesse fator, maior a presença de tais sentimentos negativos. No Fator 2- “Percepção de capacidade profissional” são somados os valores obtidos nos itens 1, 10 e o item 12 com valor negativo. Maior pontuação no Fator 2 indica profissionais mais confiantes em lidar com indivíduos com comportamento suicida. O fator 3- “Direito ao Suicídio” é obtido pela soma dos itens 3, 6 e 16, sendo estes dois últimos itens considerados com valor invertido. E maior pontuação nesse fator representa uma atitude menos “moralista/condenatória”. Os autores autorizaram a utilização do questionário no presente estudo.14

A pontuação em cada item do QUACS foi considerada a partir do ponto de intersecção entre a linha disponível no instrumento e a linha traçada pelo participante do estudo. A pontuação foi computada em centímetros e os valores foram transferidos para o banco de dados, com uma casa decimal.

Os dados obtidos pela aplicação dos questionários foram duplamente digitados no Programa Microsoft Excel. Posteriormente, foram transportados da planilha para os softwares Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 19.0 e R GUI 3.0.1.

Os dados não tiveram distribuição normal, avaliada pelo teste Shapiro-Wilk. Assim, foram utilizados testes não paramétricos para a análise dos dados. O teste de correlação de Spearman foi utilizado para testar a associação entre variáveis quantitativas numéricas e a pontuação nos fatores do QUACS e o teste U de Mann-Whitney foi utilizado para testar hipóteses entre variáveis categóricas e a pontuação nos fatores do QUACS. O nível de significância adotado foi de p<0,05.

Foram atendidas as recomendações preconizadas para o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos. A pesquisa foi iniciada após aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da EERP/USP (Protocolo CAAE:48028215.1.0000.5393).

Resultados

Os dados relativos às características da população estudada estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1 Características sociodemográficas e educacionais dos graduandos de enfermagem participantes do estudo (n=244) 

Variáveis n(%)
Sexo
Feminino 211(86,5)
Masculino 33(13,5)
Idade
19,0 a 20,9 77(31,6)
21,0 a 22,9 103(42,2)
23,0 a 24,9 31(12,7)
≥25 19(7,8)
Não informado 14(5,7)
Curso
Bacharela e Licenciatura em Enfermagem (BLE) 117(48,0)
Bacharelado em Enfermagem (BE) 123(50,4)
Não informado 4(1,6)
Ano do curso de graduação
3º ano 97(39,8)
4º ano 95(38,9)
5º ano 50(20,5)
Não informado 2(0,8)
Cursaram a disciplina sobre Enfermagem Psiquiátrica
Sim 160(65,6)
Não 78(32,0)
Não informado 6(2,5)
Participação em alguma aula/laboratório sobre suicídio
Sim 60(24,6)
Não 184(75,4)
Participação em eventos, cursos ou palestras sobre o suicídio
Sim 72(29,5)
Não 172(70,5)
Teve contato com alguma pessoa que tentou suicídio
Sim 151(61,9)
Não 93(38,1)
Se já leu algum material específico sobre suicídio
Sim 49(20,1)
Não 195(79,9)

A tabela 2 apresenta a pontuação dos participantes em cada um dos três fatores do QUACS.

Tabela 2 Pontuação obtidas pelos graduandos de enfermagem nos fatores do Questionário de Atitudes Frente ao Comportamento Suicida (QUACS) (n=244) 

Fator Intervalo obtido Mediana Média (DP)
1 0,0 - 24,9 8,8 9,0 (5,1)
2 0,0 - 30,0 11,6 12,2 (5,7)
3 0,1 - 30,0 17,4 17,0 (6,7)

DP - Desvio Padrão

A tabela 3 apresenta as comparações entre as médias obtidas no QUACS segundo as variáveis relacionadas às características sociodemográficas e educacionais.

Tabela 3 Características sociodemográficas e educacionais dos graduandos de enfermagem segundo pontuação obtidas nos fatores do Questionário de Atitudes Frente ao Comportamento Suicida (QUACS) (n=244) 

Variável Fator 1 Fator 2 Fator3
Média(DP) p-value Média(DP) p-value Média(DP) p-value
Sexo 0,01 0,00 0,05
Feminino 9,3(5,1) 11,3(5,5) 17,1(6,7)
Masculino 6,7(4,8) 16,0(6,0) 19,4(6,5)
Curso 0,13 0,89 0,03
BLE 8,3(5,1) 11,4(5,7) 17,9(7,0)
BE 9,6(5,1) 12,2(5,8) 15,9(6,3)
Disciplina Enfermagem Psiquiátrica 0,45 0,01 0,84
Sim 8,8(5,3) 12,8(5,8) 17,2(6,7)
Não 8,9(4,8) 11,2(5,3) 17,5(6,7)
Participação em aula/laboratório 0,95 0,03 0,98
Sim 10,1(4,7) 13,6(4,9) 15,4(6,0)
Não 8,3(5,2) 11,3(5,9) 17,8(6,9)
Participação em eventos, cursos ou palestras 0,74 0,20 0,49
Sim 9,4(5,0) 12,5(5,6) 18,8(6,3)
Não 8,8(5,2) 11,6(5,8) 17,2(6,9)
Contato com pessoas que tentaram suicídio 0,47 0,16 0,51
Sim 8,8(5,1) 12,2(5,7) 17,2(6,7)
Não 8,9(5,2) 11,3(5,9) 17,6(6,8)
Leitura de material específico 0,06 0,11 0,01
Sim 8,4(5,1) 12,8(6,5) 19,5(6,6)
Não 9,2(5,1) 11,6(5,5) 16,9(6,9)

Teste utilizado: Mann-Whitney; DP - Desvio Padrão

Mulheres tiveram maior pontuação no fator 1 (p=0,01), portanto, atitudes mais negativas em relação ao suicídio. No fator 2, que indica maior percepção de capacidade profissional, tiveram maior pontuação estudantes do sexo masculino (p=0,00), que cursaram a disciplina de Enfermagem Psiquiátrica (p=0,01), que participaram de aula/laboratório sobre suicídio (p=0,03). No que se refere ao fator 3, tiveram maior pontuação os graduandos do curso de Bacharelado e Licenciatura (p=0,03) e que leram material específico sobre o suicídio (p=0,01).

O teste de correlação de Spearman foi aplicado para testar correlações entre fatores do QUACS e variáveis idade e pontuação na Questão 21. Não houve correlação significante entre a idade e os fatores do QUACS. O item 21 apresentou correlação fraca (r=0,215) com o fator 3 (p=0,01) indicando que pessoas que já passaram por situações que as fizeram pensar em cometer suicídio têm atitudes menos condenatórias em relação ao paciente suicida.

Discussão

O estudo tem como limitações o delineamento transversal, o uso de testes não paramétricos (justificado pela anormalidade da distribuição dos dados) e o fato de abranger uma população delimitada de um contexto específico.

A despeito dessas limitações, este estudo é o primeiro que investigou a associação entre a exposição a diferentes estratégias educativas e as atitudes relacionadas ao suicídio entre graduandos de enfermagem. De acordo com os resultados, os graduandos de enfermagem apresentaram baixa exposição educacional específica sobre o tema do suicídio e as atitudes relacionadas ao suicídio estavam associadas ao sexo, experiências prévias e características da formação dos graduandos de enfermagem. Tais resultados podem subsidiar o planejamento de intervenções educacionais necessárias para a qualificação da assistência, pois o cuidado ao paciente suicida é influenciado pelas crenças, atitudes e formação profissional relacionadas ao suicídio.3-5,7,8 Atitudes negativas quanto ao comportamento suicida podem favorecer a estigmatização e discriminação, aumentar as barreiras para a busca de tratamento e prejudicar a qualidade do cuidado oferecido.7

A literatura aponta, predominantemente, que profissionais de saúde têm atitudes mais negativas com pessoas com automutilação e comportamento suicida7,15 do que outros pacientes. Mas também há evidências de atitudes positivas da enfermagem no cuidado com essa clientela.16 No presente estudo, se forem comparados os valores obtidos nos três fatores, nota-se que houve menores pontuações no fator 1 e maiores no fator 3, indicativas de menos atitudes negativas e moralistas.

Mulheres tiveram atitudes mais negativas e se sentiram menos preparadas para prover o cuidado à pessoa com comportamento suicida. Na literatura, encontra-se uma variedade de resultados relacionados às atitudes sobre o suicídio entre homens e mulheres.13 Estudo identificou atitude menos moralista15 entre mulheres, enquanto que em outras investigações foi observada ausência de diferença nas atitudes segundo o sexo.13,17

A formação em saúde mental e suicídio parece promover melhorias consistentes na atitude e conhecimento relacionados ao suicídio.7,15 No presente estudo, a participação em eventos, cursos e palestras sobre o suicídio não esteve associada a melhores atitudes. Por outro lado, a participação em disciplina de enfermagem psiquiátrica ou em aula e laboratório sobre suicídio esteve associada a maior percepção da capacidade profissional, mas não esteve associada a atitudes mais positivas ou menos condenatórias. Desse modo, as características das atividades educativas podem ter potencial diferente na transformação de atitudes. Além disso, esse achado aponta a importância de desenvolver saberes atitudinais e não apenas saberes cognitivos e procedimentais para potencializar a incorporação de atitudes mais positivas frente ao comportamento suicida.

O contato prévio com pessoa que tentou suicídio não esteve associado às atitudes relacionadas à conduta suicida. A relação entre experiência clínica e atitudes sobre o suicídio é pouco clara,13 o que sugere que o contato com o paciente suicida não é suficiente para proporcionar maior empatia ou compreensão. A formação, educação e supervisão clínica poderiam favorecer que os profissionais lograssem interações mais produtivas e empáticas e que pudessem compreender as experiências dos pacientes sem emitir juízos de valor.

Uma atitude menos moralista e condenatória foi encontrada entre graduandos do curso de Bacharelado e Licenciatura, que leram material específico sobre o suicídio, e entre pessoas que já pensaram em cometer suicídio. É possível que a leitura e o interesse por materiais sobre o suicídio, a experiência de sofrimento pessoal e a maior carga horária de disciplinas de ciências humanas tenham contribuído para uma atitude mais compreensiva e menos condenatória.

Os enfermeiros desempenham importante papel na prevenção e cuidado relacionados ao suicídio e a formação desses profissionais precisa ser revista e aprimorada. A formação de profissionais da saúde precisa abranger habilidades relacionadas ao autoconhecimento, empatia, a compreensão, comunicação, atitudes e conhecimentos sobre os comportamentos suicidas,13,17 a possibilidade de prevenção do suicídio e o esclarecimento do papel da enfermagem no cuidado a pacientes suicidas.18

Atitudes negativas, moralistas ou condenatórias em relação ao comportamento suicida estão entre os diversos fatores que interferem na qualidade do cuidado destinado a pessoa em risco suicida. Todavia, a ideia de que o suicídio é condenável e censurável pode favorecer abordagens mais prescritivas.5 Não é desejável que o suicídio seja uma opção aceitável, porém, é importante atentar para posturas extremistas, condenatórias ou pouco empáticas, pois a empatia e o vínculo terapêutico são necessários para a implementação de diversas ações de cuidado recomendadas no manejo do suicídio.19,20

Conclusão

Este estudo identificou que graduandos de enfermagem têm baixa exposição educacional específica no tema do suicídio. Mulheres tiveram atitudes mais negativas relacionadas ao suicídio. Os homens e estudantes que participaram de disciplina de enfermagem psiquiátrica, aula ou laboratório sobre suicídio se mostraram mais confiantes para o cuidado ao indivíduo com comportamento suicida. Graduandos do curso de Bacharelado e Licenciatura, pessoas que leram material específico sobre o suicídio ou já pensaram em cometer suicídio tiveram atitude menos moralista e condenatória relacionada ao comportamento suicida.

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