versão impressa ISSN 0066-782X
Arq. Bras. Cardiol. vol.102 no.6 São Paulo jun. 2014
https://doi.org/10.5935/abc.20140078
Ao editor,
Lemos com muito interesse o artigo de El Aouar e cols.1, intitulado "Relação entre volume do átrio esquerdo e disfunção diastólica em 500 pacientes brasileiros", que foi publicado na edição anterior dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Os autores1 tiveram como objetivo avaliar a relação entre o índice de volume do átrio esquerdo e diferentes graus de disfunção diastólica em pacientes brasileiros submetidos ao ecocardiograma. Embora elogiemos os autores pelas informações detalhadas e valiosas que eles fornecem, alguns comentários podem ser benéficos.
A disfunção diastólica está associada a resultados adversos e sua prevalência entre adultos hipertensos, hiperlipidêmicos e diabéticos é muito alta2. Tem sido demonstrado que a redução da pressão arterial e da frequência cardíaca, a gestão do perfil lipídico comprometido e da glicemia poderia melhorar a disfunção diastólica2. Além disso, a disfunção da tireoide tem sido associada ao desenvolvimento da disfunção diastólica, mesmo em pacientes sem doença cardíaca subjacente3.
Diuréticos, inibidores ACE e antagonistas do receptor da angiotensina - II, nitratos e os seus derivados, bloqueadores dos canais de cálcio, bloqueadores alfa, nicardipina e inibidores da fosfodiesterase reduzem as pressões de enchimento do ventrículo esquerdo2,3.
As estatinas poderiam melhorar a disfunção diastólica atenuando a fibrose intersticial miocárdica e a angiogênese, independentemente de seus efeitos hipolipemiantes4.
Hormonoterapias tireóideas aumentam o débito cardíaco, afetando o volume sistólico e da frequência cardíaca, e reduzem a resistência vascular sistêmica, ativando o sistema renina-angiotensina-aldosterona, resultando em uma melhoria na disfunção diastólica3.
Tem sido demonstrado na cardiomiopatia diabética que a eplerenona, o bloqueador do receptor de mineralocorticoides, tem efeitos anti-fibróticos, que poderiam atenuar a esteatose cardíaca, a remodelação e a apoptose, bem como a disfunção diastólica5.
Em conclusão, se tivessem sido fornecidos os detalhes da medicação que poderia estar associada à disfunção diastólica, o estudo poderia ter sido mais valioso.