versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.113 no.3 São Paulo set. 2019 Epub 10-Out-2019
https://doi.org/10.5935/abc.20190177
As doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte em todo o mundo,1 com números crescentes de casos em países de baixa e média renda. No Brasil, estima-se que 350 mil pacientes morrem a cada ano por DCVs.2 A relação entre síndrome coronariana aguda (SCA) e doença arterial periférica (DAP) está bem estabelecida.3,4
Estudos transversais realizados em países com populações de características genéticas diferentes das nossas ajudam a avaliar a possibilidade da relação entre as características dos pacientes avaliados e o aumento do risco cardiovascular e, apesar de suas limitações, esses estudos são bons geradores de hipóteses.
O presente estudo5 analisou características de pacientes com SCA e DAP e mostrou que idade avançada, diabetes, perfil lipídico desfavorável e doença arterial eram mais prevalentes em pacientes com SCA e DAP que em pacientes com SCA e sem DAP. Além disso, os resultados sugeriram que pacientes com tal associação apresentam um pior prognóstico.
Limitações do presente estudo foram sua análise retrospectiva e a exclusão de pacientes em alto risco - pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio, IAM causado por deslocamento de trombo, cirurgia intravascular, pacientes com choque cardiogênico, parada cardíaca, e pacientes com sangramento gastrointestinal na admissão. A não exclusão desses pacientes poderia ter demonstrado um risco ainda maior nesses pacientes, considerando que, em geral, os pacientes com DAP associada apresentam mais complicações e pior prognóstico. Vale ressaltar ainda que o estudo foi realizado em um único centro.
No entanto, o estudo tem grande valor ao mostrar, mais uma vez, conforme outros estudos já demonstraram,6 o pior prognóstico dos pacientes com SCA e DAP, e quais fatores de risco são mais prevalentes nessa população, tornando possível detectar quais subgrupos de pacientes com SCA e DAP estariam mais susceptíveis a um pior desfecho e, assim, enfatizar seu controle. Também é necessário oferecer o melhor tratamento evidenciado na literatura para esses pacientes, uma vez que estudos na vida real mostraram que, apesar de pacientes com SCA e DAP apresentarem maior risco, frequentemente recebem menos medicamentos com benefício já estabelecido.7