versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385
Einstein (São Paulo) vol.12 no.3 São Paulo jul./set. 2014 Epub 29-Ago-2014
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082014ai2681
Historicamente, Laennec (1834) descreveu o enfisema pulmonar a partir de observações em cortes necroscópicos superficiais de pulmões humanos, atribuindo a lesão à atrofia do tecido pulmonar resultante da hiperinsuflação pulmonar.(1) O enfisema foi, então, redefinido como uma “dilatação anormal e permanente dos espaços aéreos distais do bronquíolo terminal”.(2) Além do mais, a evidência da destruição da parede alveolar e de fibrose não deve ser ignorada na patogenia da doença.(3)
Essas alterações anatomopatológicas resultam na perda da superfície respiratória e de irrigação sanguínea, na diminuição do recolhimento elástico e na hiperexpansão pulmonar, podendo atingir parte do ácino ou toda sua estrutura.(4)
O enfisema pulmonar é obviamente uma doença causada pelo desequilíbrio enzimático existente entre proteases e antiproteases, resultando na destruição da parede alveolar ocasionada pela ação de enzimas proteolíticas, que degradam a matriz extracelular (MEC)(5) e afetam a integridade de seus componentes, particularmente as fibras elástica.(6)
Modelos experimentais de enfisema pulmonar baseiam-se na nebulização ou instilação de enzimas proteolíticas, como papaína (Carica papaya),(7) elastase pancreática de porco,(4) e elastase neutrofílica humana.(8) Esse processo proteolítico, associado à destruição uniforme da MEC do ácino pulmonar, resulta em alterações morfo-histológicas e fisiológicas dos pulmões equivalentes às alterações encontradas no enfisema em seres humanos.(9,10)
A dilatação dos espaços aéreos distais do bronquíolo terminal (Figura 1) e a redução da área ocupada pelas fibras elásticas (Figura 2) evidenciam histologicamente o enfisema pulmonar em modelos experimentais instilados por elastase pancreática de porco.
Figura 1 Fotomicrografias do parênquima pulmonar (hematoxilina-eosina), aumento x100. (A) Pulmão naive e (B) pulmão enfisematoso, demonstrando hiperdistensão dos ductos alveolares com ruptura dos septos alveolares
Figura 2 Fotomicrografias do parênquima pulmonar (Verhoeff), aumento de 400x. (A) Pulmão naive demonstrando integridade dos componentes elásticos da parede alveolar, contrastando com áreas desnudas ao longo dos septos associadas ao adensamento de fibras elásticas na parede alveolar e diminuição da concentração de fibras elásticas no pulmão enfisematoso (B)