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Clinical indicators for knowledge assessment of venous ulcer patients

Clinical indicators for knowledge assessment of venous ulcer patients

Autores:

Viviane Maria Osmarin,
Taline Bavaresco,
Amália de Fátima Lucena,
Isabel Cristina Echer

ARTIGO ORIGINAL

Acta Paulista de Enfermagem

Print version ISSN 0103-2100On-line version ISSN 1982-0194

Acta paul. enferm. vol.31 no.4 São Paulo July/Aug. 2018

http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201800055

Resumen

Objetivo

Seleccionar, desarrollar y validar las definiciones de los indicadores clínicos del resultado “Conocimiento: Control de la Enfermedad Crónica” de Nursing Outcomes Classification (NOC) para pacientes con úlcera venosa (UVe).

Métodos

Estudio de validación por consenso de expertos, realizado en un hospital universitario en el año 2017. Participaron del estudio 10 especialistas con experiencia en el uso de NOC y en el cuidado de los pacientes con UVe. La recolección de datos ocurrió por medio de un encuentro presencial con los especialistas, los cuales validaron los indicadores previamente seleccionados por los investigadores. Posteriormente, se desarrollaron las definiciones conceptuales y operacionales de nueve indicadores seleccionados, en consonancia con la literatura y la experiencia clínica de los especialistas. Además, los expertos respondieron a un instrumento en Google formulario, para contribuir al refinamiento de las definiciones conceptuales y operacionales de los indicadores y, por último, hubo una nueva reunión presencial, donde los expertos validaron los indicadores y sus definiciones, considerándose la concordancia del 100%.

Resultados

Los nueve indicadores seleccionados y validados con sus definiciones conceptuales y operacionales fueron: causas y factores contribuyentes; beneficios del control de la enfermedad; signos y síntomas de la enfermedad crónica; estrategias de prevención UVe de complicaciones; estrategias para equilibrar actividad y reposo; estrategias de control del dolor; procedimientos implicados en el régimen de tratamiento; responsabilidades personales con el régimen de tratamientos y recursos financieros para asistencia.

Conclusión

Los indicadores clínicos seleccionados y validados por consenso de expertos, podrán ayudar a enfermeros en las intervenciones de planificación y evaluación de los resultados sobre el conocimiento del paciente referente al cuidado en el tratamiento y prevención de la UVe.

Palabras-clave: Úlcera varicosa; Atención de enfermería; Terminología normalizada de enfermería; Evaluación de resultado; Proceso de enfermería

Introdução

A insuficiência venosa crônica (IVC) está associada ao comprometimento do sistema venoso dos membros inferiores por uma obstrução, incompetência valvar e/ou falência do músculo da panturrilha.(1) O último estágio da IVC caracteriza-se pelo surgimento da úlcera venosa (UVe), que atinge cerca de 70% a 90% desta população, com um processo de cicatrização prolongado, chegando a uma taxa de 40% de recorrências após a cicatrização.(2,3)

A conduta terapêutica envolve cuidados tópicos na lesão, terapia compressiva associada ou não a tratamentos invasivos para o controle da hipertensão venosa, adoção de hábitos de vida saudáveis e controle de doenças crônicas com diabetes e hipertensão. A combinação de cuidados tem como propósito controlar a doença de base que desencadeia a lesão, bem como minimizar os fatores que dificultam o processo de reparação tecidual. Entretanto, a dificuldade na cicatrização da lesão e as altas taxas de recidivas estão relacionadas à falta de conhecimento do paciente sobre sua doença e processo terapêutico.(4,5)

Portanto, acredita-se que o conhecimento do paciente a respeito da etiologia, tratamento, prevenção de recidiva da UVe, o coloca como participante ativo no cuidado.(5) Nesse sentido, a atuação do enfermeiro como educador do paciente é fundamental, pois o esclarecimento sobre a sua doença e cuidados diários, que são essenciais, proporcionam condições favoráveis a cicatrização e prevenção da UVe.(6)

Para isso, como ponto de partida, é necessário avaliar o conhecimento dos pacientes sobre sua doença crônica, para assim, planejar as orientações sobre os cuidados necessários. Essa avaliação torna-se acurada quando o enfermeiro utiliza um sistema de classificação padronizado, o qual mensura os resultados ou a efetividade das ações implementadas, de forma a solidificar condutas baseadas em evidências.(7)

Um dos sistemas de classificação de enfermagem que avalia a resposta das intervenções de enfermagem e auxilia a determinar alterações no cuidado é a Nursing Outcomes Classification (NOC), que apresenta indicadores e escalas capazes de avaliar o estado do paciente em intervalos definidos de acordo com o julgamento clínico do enfermeiro.(7) Estudos têm demonstrado que o uso dessa classificação favorece a avaliação de diferentes grupos de pacientes, porém, não se encontrou nenhum que avalie o conhecimento de pacientes com UVe sobre sua doença.(8-11)

O resultado “Conhecimento: Controle da Doença Crônica (1847)” da NOC está inserido no domínio IV (Conhecimento e Comportamento em Saúde) e é definido como a extensão da compreensão sobre uma doença crônica específica, bem como seu tratamento e a prevenção da progressão e das complicações da doença. Nele contemplam-se 30 indicadores, os quais são mensurados pela escala Likert de cinco pontos, sendo que cinco é considerado o melhor escore e um o pior escore.(7) Entretanto, é necessário definir quais destes indicadores são mais aplicáveis a pacientes com UVe. Assim, questionam-se quais são os indicadores do resultado da NOC, Conhecimento: Controle da Doença Crônica mais adequados para avaliar o conhecimento do paciente sobre a sua doença crônica e, quais as suas definições conceituais e operacionais?

A relevância do estudo está na seleção de indicadores aplicáveis no cenário de cuidado real de pacientes com UVe, bem como no desenvolvimento de suas definições conceituais e operacionais, possibilitando menor subjetividade na avaliação dos pacientes.

Portanto, este estudo tem por objetivos selecionar, desenvolver e validar as definições dos indicadores clínicos do resultado “Conhecimento: Controle da Doença Crônica” da Nursing Outcomes Classification (NOC) para pacientes com UVe.

Métodos

Trata-se de um estudo de validação por consenso de especialistas, o qual permite o alcance de opinião coletiva ou o acordo entre os envolvidos a respeito de um fenômeno, sendo aplicável no refinamento das linguagens padronizadas de enfermagem.(8,9-12) O estudo foi desenvolvido no ambulatório de um hospital universitário de alta complexidade no Sul do Brasil, no período de março a novembro de 2017.

A amostra por conveniência foi constituída por 10 enfermeiros especialistas. Os critérios de inclusão adotados foram ter experiência clínica no cuidado ao paciente com UVe e no uso da NOC de pelo menos um ano, além de ter participado de cursos ou congressos na área de capacitação para o tratamento de feridas crônicas. O número de especialistas e os critérios de inclusão foram definidos com base em estudos prévios realizados em diferentes cenários.(8,9,11,12)

Para a coleta de dados, primeiramente, os especialistas foram convidados a participar voluntariamente de um encontro presencial, no qual foi apresentada a proposta do estudo e os indicadores do resultado “Conhecimento: Controle da Doença Crônica” da NOC, previamente selecionados pelos pesquisadores, que também possuem experiência clínica no cuidado aos pacientes com UVe e no uso da NOC. Nesta reunião, os especialistas puderam incluir ou excluir indicadores clínicos do resultado “Conhecimento: Controle da Doença Crônica (1847)”.

A pré-seleção dos indicadores levou em consideração que este resultado possui 30 indicadores e, aplicá-los na sua totalidade seria inviável na prática clínica. Assim foram pré-selecionados os indicadores que melhor pudessem avaliar o conhecimento de pacientes com UVe por IVC, com base na literatura, os quais foram posteriormente validados pelos especialistas.

Uma vez selecionados os indicadores, elaborou-se as suas definições conceituais e operacionais, considerando a magnitude na escala Likert de cinco pontos para cada indicador selecionado.(7) Para a elaboração destas definições, consultou-se a literatura nas bases dados SciELO, Excerpta Medica Database (EMBASE) e Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde e do Caribe (LILACS) e MEDLINE utilizando os descritores: Nursing Care; Varicose Ulcer; Prevention & Control; Risk Factors. Consideraram-se artigos na íntegra, publicados no período de 2013 a 2017 nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa.

Na sequência, os especialistas responderam a um instrumento formatado no google form, que contemplava questões relacionadas à sua caracterização profissional, bem como sobre as definições conceituais, operacionais desenvolvidas. Por meio das alternativas (concordo plenamente, concordo parcialmente, nem discordo e nem concordo, discordo, discordo plenamente) avaliaram a relevância, a clareza, além de sugerir correções para o refinamento das definições.

Por fim, houve mais um encontro presencial entre os especialistas e os pesquisadores para a realização do consenso final sobre a seleção dos indicadores e as definições conceituais e operacionais de cada um dos indicadores clínicos validados.

Para o consenso final entre os especialistas se considerou a concordância de 100 %.

O estudo atendeu à Resolução 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética: 53362816.1.0000.5327/ Número do parecer: 1.904.412).

Resultados

Participaram do estudo 10 enfermeiros especialistas, sendo, quatro doutores que atuam na assistência, ensino e pesquisa na área de feridas e utilizam as classificações de enfermagem, três especialistas em feridas que prestam assistência a pacientes com UVe com um, cinco e 18 anos de experiência respectivamente. Um mestre que atua na pesquisa e ensino há cinco anos, e dois enfermeiros graduados, sendo um com cinco e outro com 10 anos de experiência na área do estudo. Todos os especialistas já participaram de cursos, congressos e capacitações na área do tratamento de feridas crônicas.

O resultado Conhecimento: Controle da Doença Crônica (1847) possui 30 indicadores, dos quais nove foram pré-selecionados pelos pesquisadores e, posteriormente, validados por consenso dos especialistas. Para todos eles foram elaboradas definições conceituais e operacionais, que também foram validadas por consenso. Estes resultados estão apresentados no quadro 1.

Quadro 1 Indicadores, definições conceituais, operacionais e magnitude da definição operacional do resultado da Nursing Outcomes Classification “Conhecimento: controle da doença crônica (1847)” 

Indicador, código numérico e definição conceitual Definição operacional do indicador Magnitude na escala Likert para aplicação do indicador
Causas e fatores contribuintes (184701): Paciente conhece as causas e os fatores que contribuem para o desenvolvimento e recidiva da UVe. Questionar ao paciente se tem conhecimento das causas e dos fatores que contribuem para o desenvolvimento e recidiva da UVe. Espera-se que o paciente responda: - Relatar fatores genéticos, sobrepeso, múltiplas gestações, sexo feminino, doenças crônicas descompensadas; - Ser tabagista; - Ser portador de doenças com comprometimento circulatório; - Apresentar falência do músculo da panturrilha devido à idade e ao sedentarismo; Incluir: não utilizar a terapia compressiva após cicatrização / não realizar cuidados com hidratação da pele e evitar traumas / não fazer exercícios de flexão e extensão do tornozelo / não elevar MMII - Não realizar terapia compressiva, hidratação da pele, elevação de membros inferiores, exercícios isométrico de membros inferiores.Incluir: não utilizar a terapia compressiva após cicatrização / não realizar cuidados com hidratação da pele e evitar traumas / não fazer exercícios de flexão e extensão do tornozelo / não elevar MMII Incluir: não utilizar a terapia compressiva após cicatrização / não realizar cuidados com hidratação da pele e evitar traumas / não fazer exercícios de flexão e extensão do tornozelo / não elevar MMII 1. Paciente não sabe relatar as causas e os fatores que contribuem para o desenvolvimento e recidiva da UVe; 2. Paciente relata uma causa e/ou fator que contribui para o desenvolvimento e recidiva da UVe; 3. Paciente relata duas causas e/ou fatores que contribuem para o desenvolvimento e recidiva da UVe; 4. Paciente relata três causas que contribuem para o desenvolvimento e recidiva da UVe; 5. Paciente relata mais que três causas e/ou fatores que contribuem para o desenvolvimento e recidiva da UVe e os descreve com propriedade.
Benefícios do controle da doença crônica (184703) Paciente conhece os benefícios do controle da doença crônica - IVC na sua vida cotidiana e social. Questionar ao paciente se tem conhecimento dos benefícios de controlar a IVC. Espera-se que o paciente responda: - Realizar o autocuidado sem restrições; - Realizar atividades habituais e sociais; - Deambular sem restrições; - Atingir a cicatrização da lesão e prevenir a recidiva; - Reduzir a dor; - Prevenir complicações circulatórias como a trombose. 1. Paciente não sabe relatar os benefícios de controlar a IVC; 2. Paciente relata um benefício de controlar a IVC; 3. Paciente relata dois benefícios de controlar a IVC; 4. Paciente relata três benefícios de controlar a IVC; 5. Paciente relata acima de três benefícios de controlar a IVC e os descreve com propriedade.
Sinais e sintomas da doença crônica (184704): Paciente conhece os sinais e/ou sintomas da IVC. Questionar ao paciente se tem conhecimento dos sinais e/ou sintomas da IVC. Espera-se que o paciente responda: - Apresentar veias varicosas; telangiectasia; edema; hiperpigmentação; eczema; úlcera venosa; - Ter dor em membros inferiores; sensação de cansaço e peso nos membros inferiores; prurido e calor em membros inferiores. 1. Paciente não conhece nenhum sinal e/ou sintoma da doença IVC; 2. Paciente conhece pelo menos um sinal e/ou sintoma da doença IVC; 3. Paciente conhece dois sinais e/ou sintomas da doença IVC; 4. Paciente conhece três sinais e/ou sintomas da doença IVC; 5. Paciente conhece mais que três sinais e sintomas da doença IVC e os descreve com propriedade.
Estratégias de prevenção de complicações (184707): Paciente conhece os cuidados para prevenir as complicações da doença IVC, UVe e recidivas. Questionar ao paciente se tem conhecimento das estratégias para prevenir as complicações da IVC, UVe e recidivas. Espera-se que o paciente responda: - Controlar o peso; - Evitar o tabagismo; - Controlar outras doenças crônicas; - Ingerir volume hídrico adequado; - Hidratar a pele dos membros inferiores; - Proteger os pés e membros para evitar lesões; - Repousar e elevar os membros inferiores; - Usar terapia compressiva indicada com substituições periódicas; - Realizar acompanhamento com profissional da saúde; - Realizar exercícios isométricos em membros inferiores; - Realizar caminhadas periódicas. 1. Paciente não conhece as estratégias de prevenção das complicações da IVC, UVe e recidivas; 2. Paciente refere conhecer uma das estratégias de prevenção das complicações da IVC, UVe e recidivas; 3. Paciente refere conhecer duas estratégias de prevenção das complicações da IVC, UVe e recidivas; 4. Paciente conhece três estratégias de prevenção das complicações da IVC, UVe e recidivas; 5. Paciente descreve com clareza e conhecimento mais que três estratégias para prevenção das complicações da IVC, UVe e recidivas;
Estratégias para equilibrar atividade e repouso (184708): Paciente conhece as estratégias para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC. Questionar ao paciente se tem conhecimento das estratégias para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC. Espera-se que o paciente responda: - Realizar exercícios isométricos em membros inferiores; - Caminhar regularmente com uso de terapia compressiva indicada; - Elevar os membros inferiores acima do nível do coração; - Intercalar atividades físicas com repouso; - Evitar longos períodos na posição sentada ou em pé. 1. Paciente não conhece as estratégias para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC; 2. Paciente conhece uma estratégia para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC; 3. Paciente conhece duas estratégias para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC; 4. Paciente conhece três estratégias para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC; 5. Paciente conhece acima de três estratégias para equilibrar atividade e repouso no controle da IVC e as descreve com propriedade.
Estratégias de controle da dor (184709): Paciente conhece ações farmacológicas e não farmacológicas para o controle da dor. Questionar ao paciente se tem conhecimento das estratégias de controle da dor. Espera-se que o paciente responda: - Seguir plano terapêutico analgésico; - Utilizar musicoterapia e relaxamento; - Realizar técnica de distração efetiva; - Proporcionar um ambiente tranquilo; - Realizar exercícios respiratórios; - Realizar massagem, movimentos e alongamentos no membro; - Elevar membros inferiores; - Posicionar-se de forma confortável; - Manter o curativo ocluído com materiais antiaderentes e úmidos na UVe. 1. Paciente desconhece estratégias de controle da dor; 2. Paciente conhece e descreve uma estratégia para o controle da dor; 3. Paciente conhece e descreve duas estratégias para o controle da dor; 4. Paciente conhece e descreve três estratégias para o controle da dor; 5. Paciente conhece e descreve com propriedade mais de três estratégias para o controle da dor. Continua...
Continuação. Procedimentos envolvidos no regime de tratamento (184717): Paciente conhece os procedimentos sobre o regime de tratamento para a IVC e UVe. Questionar ao paciente se tem conhecimento dos procedimentos envolvidos no seu regime de tratamento para a IVC e UVe. Espera-se que o paciente responda: - Utilizar diariamente e corretamente a terapia compressiva com substituições periódicas das mesmas; - Fazer caminhadas programadas e exercícios para o fortalecimento da musculatura da panturrilha; - Elevar regularmente os membros inferiores; - Evitar tabagismo; - Controlar peso com alimentação e hidratação adequadas; - Controlar doenças crônicas como hipertensão e diabetes; - Realizar cuidados de hidratação e proteção nos membros inferiores; - Realizar os cuidados com o curativo da UVe conforme orientação da equipe de saúde; - Cumprir o regime medicamentoso; - Realizar acompanhamento com profissional da saúde. 1. Paciente não conhece os procedimentos envolvidos no regime de tratamento para a IVC e UVe; 2. Paciente conhece um procedimento envolvido no regime de tratamento para a IVC e UVe; 3. Paciente conhece dois procedimentos envolvidos no regime de tratamento para a IVC e UVe; 4. Paciente conhece três procedimentos envolvidos no regime de tratamento para a IVC e UVe; 5. Paciente conhece mais de três procedimentos envolvidos no regime de tratamento para a IVC e UVe os descreve com conhecimento e propriedade.
Responsabilidades pessoais com o regime de tratamento (184718): Paciente conhece quais são suas responsabilidades na prevenção e tratamento de UVe. Questionar ao paciente se tem conhecimento das suas responsabilidades para prevenir e tratar a UVe. Espera-se que o paciente responda: - Cumprir o regime medicamentoso; - Comparecer às consultas com os profissionais de saúde; - Realizar os cuidados orientados pelos profissionais da saúde para a prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe; - Seguir as mudanças no estilo de vida conforme recomendadas; - Buscar recursos para o seu tratamento. 1. Paciente não sabe o que deve fazer e quais são suas responsabilidades para prevenir e tratar a UVe; 2. Paciente conhece pelo menos uma responsabilidade na prevenção e tratamento a UVe; 3. Paciente conhece duas responsabilidades na prevenção e tratamento a UVe; 4. Paciente conhece três responsabilidades na prevenção e tratamento a UVe; 5. Paciente conhece mais de três responsabilidades na prevenção e tratamento a UVe e as descreve com propriedade.
Recursos financeiros para assistência (184725): Paciente conhece como buscar e quais os recursos para assistência na prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe. Questionar ao paciente se tem conhecimento de como buscar e quais os recursos necessários para a prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe. Espera-se que o paciente responda: - Substituir meias elásticas e/ou atadura compressiva periodicamente; - Adquirir materiais para curativo e hidratante para a pele, - Utilizar calçados adequados e confortáveis; - Buscar recursos para uma alimentação saudável; - Adquirir a medicação conforme prescrição médica; - Conseguir transporte para os serviços de saúde; - Ter acompanhante disponível e com recursos para suas necessidades de alimentação e transporte; - Buscar suporte social de prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe: posto de saúde, defensoria pública; - Buscar suporte pessoal e familiar prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe. 1. Paciente não conhece recursos sociais e pessoais para o cuidado na prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe; 2. Paciente conhece e busca, mas não consegue recursos sociais e pessoais para o cuidado na prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe; 3. Paciente conhece, busca e consegue parcialmente recursos sociais e pessoais para o cuidado na prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe; 4. Paciente conhece, busca e consegue boa parte dos recursos sociais e pessoais para o cuidado na prevenção e tratamento da IVC e/ou UVe; 5. Paciente conhece, busca e consegue recursos sociais e pessoais para o cuidado na prevenção e tratamento da IVC e/ou da UVe.

IVC – insuficiência venosa crônica, UVe – úlcera venosa, HAS - hipertensão arterial sistêmica

Salienta-se que o resultado “Controle da Doença Crônica (1847)”, possui outros 21 indicadores, ou seja, “Uso correto do medicamento prescrito”, “Efeitos terapêuticos do medicamento”, “Efeito colateral do medicamento”, “Efeitos adversos do medicamento”, “Potencial de interação dos medicamentos”, “Progressão normal da doença”, “Sinais e sintomas da progressão da doença”, “Sinais e sintomas das complicações”, “Ações a serem tomadas em uma emergência”, “Estratégias para lidar com os efeitos adversos da doença”, Opções de tratamento disponíveis”, “Fontes de informação respectivas sobre a doença crônica”, “Quando obter ajuda de um profissional de saúde”, “Recursos comunitários disponíveis”, “Influência culturais na aceitação do regime de tratamento”, “Importância da aceitação do regime de tratamento”, “Dieta prescrita”, “Estratégias para cessação do tabagismo”, “Grupo de apoio disponível”, “Imunizações recomendadas” e “Testes laboratoriais necessários”. Estes indicadores não foram selecionados para aplicação na prática clínica, pois, de acordo com a expertise dos especialistas e a consulta da literatura da área, não seriam os mais apropriados para a população em estudo.

Discussão

A limitação do estudo está relacionada à seleção dos especialistas ter ocorrido em apenas uma instituição de saúde, entretanto, ressalta-se a aplicação de critérios para defini-la com rigor e possibilitar atender o objetivo do estudo.

Os resultados obtidos nesse estudo podem contribuir para o uso de uma linguagem de enfermagem padronizada, reduzindo a subjetividade na avaliação do conhecimento de pacientes com UVe sobre a sua doença. Além disso, irão direcionar o enfermeiro no planejamento das intervenções, que estarão fundamentadas nas necessidades do indivíduo.

A identificação das necessidades do indivíduo deve incluir a avaliação do nível de conhecimento do paciente sobre sua doença crônica, para que o processo de ensino e aprendizagem seja realmente efetivo.(13) Assim, os indicadores clínicos validados irão assegurar a identificação do nível de conhecimento basal do paciente e posterior acompanhamento pelo profissional enfermeiro, podendo demonstrar uma evolução conforme a adequação das intervenções de enfermagem implementadas.

O indicador clínico validado “Causas e fatores contribuintes para o desenvolvimento da doença crônica (184701)” está relacionado a fatores internos e externos que favorecem o desenvolvimento da IVC e/ou UVe como a hereditariedade, doenças crônicas descompensadas, idade, número de gestações, permanência de pé ou sentado por longos períodos e traumas em membros inferiores.(1-22)

Outro indicador clínico validado é “Sinais e sintomas da doença crônica (184704)”, o qual avalia se o paciente identifica alterações em membros inferiores. O reconhecimento dos sinais e sintomas é relevante para que o paciente procure auxílio de um profissional de saúde, de modo a prevenir complicações como veias dilatadas, edema, celulite, dor nas pernas, hiperpigmentação cutânea, dermatites, lipodermatosclerose e o último estágio da IVC a UVe.(1)

O controle da hipertensão venosa e cuidados com a UVe são imprescindível para o sucesso terapêutico e necessitam de ações diárias e de qualidade realizada pelo próprio paciente. Fazem parte dessas ações o uso de terapia compressiva e a sua substituição periódica, a realização de curativos conforme orientações específicas, o controle de doenças crônicas como a hipertensão e diabetes para o reestabelecimento circulatório e cicatrização da ferida. Com base nestes dados, o indicador “Procedimentos envolvidos no regime de tratamento (184717)” foi validado. Somado a estas ações, estudos apontam para a necessidade do controle do peso, alimentação e hidratação adequada, estilo de vida saudável, assim como o acompanhamento de profissionais da saúde capacitados. Estes cuidados poderão ser avaliados no indicador validado “Estratégias de prevenção de complicações (184707)”.(16,23)

Pesquisas apontam que cuidados específicos são necessários no tratamento da UVe para potencializar o retorno venoso e reestabelecer uma circulação eficaz, os quais incluem terapia compressiva, caminhadas, exercícios regulares de panturrilha e elevação do membros inferiores.(17,18) O conhecimento do paciente sobre estas ações são necessárias, pois propicia o entendimento e o desenvolvimento destes cuidados. Para dar conta destas questões o indicador “Estratégias para equilibrar atividade e repouso (184708)” foi selecionado e validado.

A UVe e a IVC podem desencadear dor, assim o indicador “Estratégias de controle da dor (184709)” torna-se necessário para avaliar o conhecimento do paciente nas ações praticadas para a redução deste desconforto, na busca de melhor qualidade de vida. Um estudo, realizado no Canadá, monitorou a dor no processo cicatricial de pacientes com úlceras de etiologia venosa ou mista, e evidenciou que 82% dos participantes relataram dor, desde moderada a grave, porém sem uso de medicação. Assim, o acompanhamento médico com esquema analgésico facilitaria o controle da dor.(19) No entanto, cabe reiterar que ações não farmacológicas como: musicoterapia, relaxamento, trabalho respiratório também são coadjuvantes no manejo da dor.

O indicador clínico “Recursos financeiros para assistência: (184725)” colabora para avaliar, o conhecimento da aquisição de recursos no controle da IVC e na cicatrização da UVe. Uma pesquisa brasileira com 51 pacientes com UVe, dos quais 66,7% eram mulheres, 58,8% residiam em casas que não possuíam rede de saneamento básico, 56,9% nunca estudaram ou tinham menos de cinco anos de estudo e 88,2% a renda familiar era de três salários mínimos. Identificou-se, ainda que 78,4% gastaram em média R$ 150,00 reais mensais com materiais para curativos e somente 29,45% recebiam material do serviço público.(20) O uso de medicações, bem como materiais para curativos, transporte, alimentação podem interferir no tratamento quando os recursos financeiros são limitados ou inacessíveis. Nestas situações, conhecer os benefícios que órgãos públicos podem oferecer, auxiliará o seguimento terapêutico sem prejuízos ao paciente.

Por sua vez, o indicador “Responsabilidades pessoais com o regime de tratamentos (184718)” avalia a responsabilidade do paciente com o tratamento. O acompanhamento diário, contínuo e as orientações educativa dos profissionais resultam em pacientes independentes e conhecedores dos cuidados necessários para a cicatrização e prevenção de recidivas.(21)

A qualidade de vida do paciente também é afetada pela UVe, devido ao processo de cicatrização cronificado e as consequentes restrições físicas e sociais advindas do processo da doença.(22) Assim, o indicador “Benefícios do controle da doença (184703)” auxilia o paciente a identificar os ganhos que tem ao seguir o regime terapêutico e assumir o controle sobre o seu tratamento e a prevenção da UVe.

Estudos apontam que o manejo eficaz da doença crônica, o controle dos fatores de risco, a conscientização da prevenção estão associados ao conhecimento e a atitude do paciente para realizar o cuidado em relação a sua doença.(24,25) O enfermeiro, ao identificar as necessidades de conhecimento do paciente sobre sua doença, poderá desenvolver estratégias de intervenções que auxiliem no sucesso do plano terapêutico. Os indicadores clínicos validados permitem inferir que o conhecimento do paciente em relação a sua doença pode contribuir para qualificar o cuidado com a saúde.

Conclusão

Entende-se que a validação por especialistas dos indicadores clínicos do resultado da NOC “Conhecimento: Controle da Doença Crônica (1847)” agregará conhecimento científico à enfermagem e pode proporcionar maior acurácia a prática clínica. A utilização da classificação NOC na avaliação de conhecimento no tratamento e prevenção da UVe, possibilita ao enfermeiro mensurar a evolução do paciente e intervir em seu processo de educação em saúde, favorecendo o cuidado. O uso de indicadores validados poderá auxiliar a determinar o modo como cada um deles será avaliado na prática clínica, visando maior fidedignidade na aplicabilidade da NOC, com menor subjetividade na compreensão de seus significados.

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