versão impressa ISSN 0101-2800versão On-line ISSN 2175-8239
J. Bras. Nefrol., ahead of print Epub 27-Abr-2020
http://dx.doi.org/10.1590/2175-8239-jbn-2019-0158
Um homem de 62 anos foi submetido a transplante renal por doença renal policística em 2017. Durante uma consulta de rotina, o paciente realizou exames laboratoriais, incluindo urinálise. O teste com fita reagente indicou pH de 5,0; gravidade específica da urina de 1,012; 1+ de albumina; e 1+ de hemoglobina. A microscopia urinária mostrou 31-40 células epiteliais escamosas por campo de alta potência (HPF); > 50 leucócitos/HPF; 1-2 hemácias/HPF; e <1 cilindro granular por campo de baixa potência. Vale destacar que algumas células epiteliais escamosas apresentaram um claro halo perinuclear (Figura 1; coilócitos), achado comumente observado durante a análise citológica cervical de rotina em amostras coradas com Papanicolau no contexto de infecção por papilomavírus humano (HPV)1,2. Esses achados não costumam ser observados em sedimento urinário fresco não corado, principalmente em pacientes do sexo masculino. Após tal achado, foi realizada cistoscopia com a identificação de lesões na uretra, que foram cauterizadas. De forma a identificar o patógeno, foi realizado um teste reação em cadeia da polimerase (PCR) desenvolvido internamente, que confirmou a presença de DNA de HPV subtipo 6 na amostra de urina. O HPV6 é um tipo de HPV de baixo risco, que raramente é associado ao desenvolvimento de tumores. Contudo, em contextos de imunossupressão, o HPV6 pode causar infecções potencialmente graves. Como mostrou o presente caso, a análise de sedimentos urinários pode desempenhar um papel relevante no diagnóstico de infecções por HPV.