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Cor Triatriatum Sinistrum

Cor Triatriatum Sinistrum

Autores:

Hitesh Raheja,
Vinod Namana,
Norbert Moskovits,
Gerald Hollander,
Jacob Shani

ARTIGO ORIGINAL

Arquivos Brasileiros de Cardiologia

versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170

Arq. Bras. Cardiol. vol.110 no.1 São Paulo jan. 2018

https://doi.org/10.5935/abc.20170138

Um homem de 25 anos apresentou-se à clínica com queixas de palpitações. O ecocardiograma transtorácico (ETE) mostrou presença de membrana no átrio esquerdo sugestiva de cor triatriatum (coração triatrial) [Figura 1A]. Esse achado foi confirmado com ecocardiograma transesofágico (ETE), que revelou uma membrana no átrio esquerdo que se fixa na crista de Coumadin e no septo atrial, apenas caudal à fossa ovalis [Figura 1B].

Figura 1 A) Ecocardiograma transtorácico mostrando cor triatriatum: átrio esquerdo proximal e distal separado por uma membrana (Seta branca apontando), AE: átrio esquerdo; VE: ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito; AD: átrio direito. B) Ecocardiograma transesofágico mostrando cor triatriatum: átrio esquerdo proximal e distal separado por uma membrana (seta branca apontando), AE: átrio esquerdo; VE: ventrículo esquerdo. 

Cor triatriatum sinistrum (CTS) é uma malformação congênita rara na qual o átrio esquerdo é dividido em duas câmaras por um septo fibromuscular fenestrado. A câmara do átrio esquerdo proximal posterior recebe as veias pulmonares e a câmara distal do átrio esquerdo anterior contém a válvula mitral e o apêndice atrial esquerdo. Cor triatriatum responde por 0,1% a 0,4% das cardiopatias congênitas. Esse defeito geralmente se manifesta durante a infância e na primeira infância. No entanto, alguns casos apresentam-se bem na idade adulta como em nosso paciente. Os sintomas mais comuns são dispneia, ortopneia, hemoptise, palpitações e dor torácica. Embora cor triatriatum possa ser uma lesão isolada como em nosso paciente, é frequentemente associado com outras anomalias cardiovasculares congênitas, a maioria CIA. A ecocardiografía é o pilar do diagnóstico. O CTS é suspeitado pela presença de uma estrutura linear no átrio esquerdo no ETE. O ETE é usado para melhor visualização da membrana, medição de gradientes através da membrana e para reconhecer CIA. Em pacientes sintomáticos, o tratamento consiste na ressecção do diafragma e na correção das cardiopatias congênitas associadas. A abordagem conservadora é muitas vezes implementada em adultos assintomáticos.