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De Jane Marcet ao visconde de Vilarinho de São Romão: conversas sobre química no século XIX

De Jane Marcet ao visconde de Vilarinho de São Romão: conversas sobre química no século XIX

Autores:

Isabel Marília Peres,
Sérgio Paulo Jorge Rodrigues

ARTIGO ORIGINAL

História, Ciências, Saúde-Manguinhos

versão impressa ISSN 0104-5970versão On-line ISSN 1678-4758

Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.25 no.2 Rio de Janeiro abr./jun. 2018

http://dx.doi.org/10.1590/s0104-59702018000200010

Abstract

Jane Marcet’s Conversations on chemistry was adapted and published in Portuguese by António Teixeira Girão in 1834, based on a translation of Anselme Payen’s adaptation, released in 1825. Girão added many notes and a new chapter to his version. The article analyzes the scientific content and circumstances surrounding publication of Girão’s book within the context of the diverse approaches used in adapting Conversations at different moments in time and in different countries. The analysis draws from our compilation of editions accessible online at public libraries around the world. It also explores issues related to authorship, translation, adaptation, and gender in scientific publishing in the nineteenth century.

Key words: history of chemistry; women in science; translation and adaptation of scientific works; Casa Pia de Lisboa; teaching of chemistry

O livro A química ensinada em 26 lições (Girão, 1834) publicado por António Teixeira Girão (1785-1863), visconde de Vilarinho de São Romão, escrito enquanto este esteve escondido, por razões políticas, num sótão, é muito mais do que uma curiosidade pouco conhecida, pois envolve problemáticas como a tradução e adaptação de obras de outros autores, questões de gênero, engajamento político dos cientistas e ensino da química, para além dos aspetos científicos e técnicos, relativos à primeira metade do século XIX. Girão é uma personalidade multifacetada e esclarecida (Girão, 1870; Silveira, 1985), num país com produção científica de química, à época, quase nula (Costa, 1998; Rodrigues, 2011). Nessa obra, fez a tradução e adaptação de um livro de Anselme Payen (1825), introduzindo muitas notas e acrescentos da sua autoria, além de incluir contribuições de Jean-Charles Herpin (1824) e de Luís Mouzinho de Albuquerque (1824), entre outros. A obra de Payen é, por seu lado, baseada na adaptação do livro de Jane Marcet (1822)1Conversations on chemistry (Conversas sobre química), que foi durante muitos anos publicado sem dar a conhecer o seu nome, embora não escondendo ser escrito por uma mulher. Jane Marcet, por seu lado, obteve muita inspiração nos trabalhos de Humphry Davy e em colaboração com o seu marido, Alexander Marcet (Dreifuss, Sigrits, 2012, p.22). O objetivo do presente artigo é analisar a teia de relações entre essas obras, revisitando e ampliando o conhecimento que temos sobre as traduções e adaptações da obra de Marcet, fornecendo contexto para as aproximações e afastamentos que a adaptação de Girão tem em relação às obras anteriores, assim como analisar os aspetos científicos, históricos, sociais e políticos que a obra, escrita em português, suscita.

Uma vez encontrado o livro de Teixeira Girão (1834), o qual não fazia parte das listas conhecidas de livros de química escritos em português no século XIX (Amorim da Costa, 1998; Rodrigues, 2011), a metodologia seguida foi o estudo da obra e do seu contexto científico, histórico, social e cultural. Foi também realizada a pesquisa em bibliotecas, arquivos e bases de dados, dos exemplares existentes da obra, assim como a análise das obras com que esta se relaciona direta ou indiretamente, nomeadamente as que são citadas (Herpin, 1824; Albuquerque, 1824) e as que estiveram na sua origem (Marcet, 1822; Payen, 1825).

Motivações e contexto científico do livro de Jane Marcet: ação pública de Humphry Davy

O final do século XVIII e início do XIX ficou marcado por um conjunto de descobertas no campo da química e da astronomia2 que modificou o modo de estar na ciência. Esse movimento foi batizado pelo poeta Samuel Coleridge (1772-1834) como a segunda revolução científica (Holmes, 2015, p.13).

Um dos atores desse movimento foi o químico britânico Humphry Davy (1778-1829) (Imagem 1). Davy tornou-se conhecido devido às suas experiências sobre a ação fisiológica de alguns gases, como o protóxido de nitrogênio (ou óxido nitroso), conhecido como gás hilariante. Em 1801 foi nomeado conferencista e demonstrador na Royal Institution da Grã-Bretanha e tornou-se Fellow da Royal Society, que viria a presidir mais tarde. Grande parte do trabalho que tornou Davy famoso foi desenvolvida na primeira década do século XIX, utilizando uma pilha galvânica inventada em 1800. Em 1806 decompôs a água por meio da eletricidade e, em 1807, isolou o potássio e o sódio usando o mesmo processo (Davy, 1807). Davy também demonstrou que o oxigênio não poderia ser obtido da substância conhecida como ácido muriático oxigenado,3 pois era constituída por um único elemento, ao qual chamou de cloro. Estudando os fenômenos elétricos, concluiu que as transformações químicas e elétricas são fenômenos conceitualmente distintos, porém produzidos pela mesma força: a atração e repulsão de cargas elétricas; trabalhando numa teoria unificadora, foi um precursor do que viria a ser mais tarde conhecida como a Lei da Conservação da Energia.4

Imagem 1 : Sir Humphry Davy, 1830; gravura baseada na pintura por Sir Thomas Lawrence (1769-1830) (Paris, 1831, separata) 

Jane Marcet e o seu livro Conversations on chemistry

As palestras com demonstrações experimentais de Davy na Royal Institution eram muito procuradas por um público mais intelectual, de classe média e especialistas, incluindo também mulheres (Pires, 2006, p.45; Knight, 1992, p.11). O orador possuía muitos predicados, mas seriam essencialmente as suas demonstrações experimentais que atraíram Jane Marcet.

Jane Haldimand Marcet (1769-1858) (Imagem 2), ao contrário da maioria das jovens da época, recebeu uma educação em ciências com os seus irmãos, tendo aprendido matemática, astronomia e filosofia. Com 30 anos casou com o médico e químico suíço Alexander John Gaspard Marcet (1770-1822), um dos cofundadores da Royal Society of Medicine. O casal Marcet organizava soirées científicas, de que participaram nomes como Edward Jenner,5 William Wollaston6 e Humphry Davy. Foi a necessidade de estar a par com as novas descobertas científicas que a levou a assistir às conferências de Davy sobre química geral (Rossotti, 2006, p.I; André, 2012, p.57, 58).

Imagem 2 : Retrato de Jane Marcet (Sceti, s.d.

Jane terá assistido às conferências de Davy sobre química geral desde 1802. Em casa conversava com o seu marido e reproduzia as experiências no laboratório que ele tinha construído para poder realizar alguma pesquisa. Jane decidiu escrever um livro que pudesse ser útil a mulheres que não tinham a oportunidade de aprender que ela tivera.

Interrompido pelo nascimento dos seus dois filhos, o livro foi terminado em 1805. Publicado em dois volumes de bolso por Longman and Co. de Londres (Marcet, 1806), mil exemplares foram colocados à venda três meses depois.

Uma longa nota que aparece nos cadernos autobiográficos de Alexandre Marcet, datada de 7 de dezembro de 1805, é consagrada à conceção das Conversations on chemistry, ideia que nasceu em 1801 (Dreifuss, Sigrits, 2012, p.22). É possível encontrar nas suas cartas7 um resumo de um curso de química mineral que Alexander terá usado para ensinar os seus estudantes de medicina no Hospital de Guy, em Londres, o qual terá servido de inspiração para o Conversations on chemistry. Segundo Dreifuss e Sigrits (2012, p.25), ambos os elementos do casal contribuíram para o livro: Alexander terá sido o responsável por uma parte do texto científico e pela revisão final, mas toda a ideia de construção do livro na forma de diálogo terá sido de Jane. Também as gravuras foram, na sua maioria, desenhadas por Jane, a partir de montagens reais.

No prefácio do livro, Jane explica as razões que a levaram a escrever o livro e divide uma parte da autoria com um “amigo”:

Ao aventurar-se a apresentar ao público, e mais particularmente ao sexo feminino, uma introdução à química, a autora, ela própria uma mulher, reconhece que uma explicação pode ser necessária; e pensa ser necessário pedir desculpa pelo presente empreendimento, pois o seu conhecimento da matéria é ainda recente, e porque não é digna do título de química. ... Mas tendo em frequentes ocasiões conversado com um amigo sobre química, e repetido uma variedade de experiências, ela tornou-se mais familiarizada com os princípios dessa ciência, e começou a sentir-se bastante interessada em segui-la (Marcet, 1806, prefácio).8

Embora se identifique desde o início como mulher, o nome da autora apenas foi revelado na 12ª edição (Marcet, 1832), praticamente uma década após a morte do marido.

A razão de o livro ser escrito em forma de diálogo é explicada por Jane logo no prefácio, considerando que será o método para cativar os leitores mais jovens.9

A utilização do diálogo entre um adulto e uma criança como forma de introduzir os conceitos teóricos, tornando-os acessíveis aos mais jovens, tinha já dignas representantes no século XVIII (Watts, 2007, p.85). Anna Barbauld (1743-1825), poetisa inglesa, ensaísta, crítica literária, editora e autora de livros infantis, foi uma das primeiras escritoras profissionais. Os seus pensamentos forneceram um modelo para a pedagogia por mais de um século e inspiraram muitas futuras escritoras (Watts, 2007, p.86-87). No seu livro Lessons for children (Lições para crianças), publicado em 1778 e 1779, Barbauld usou um estilo de diálogo em que mãe e filho discutem sobre o mundo natural. Também Priscilla Wakefield (1751-1832), escritora de livros de história natural para raparigas, utiliza a correspondência entre duas adolescentes, em que uma delas foi ensinada pela sua governante, no seu livro de 1796 Introduction to botany (Introdução à botânica) (Watts, 2007, p.90, 91; Peters, 2017, p.73-77).

Jane Marcet juntou-se a um pequeno grupo de mulheres escritoras que, por volta de 1800, deram um contributo importante para aquilo que chamamos de compreensão pública da ciência (Watts, 2007, p.96; Bahar, 2001, p.34-41; Barnett, Sabattini, 2004, p.69).

Estima-se que foram vendidos mais de 160 mil exemplares, principalmente nos EUA (Lindee, 1991, p.9-11). O livro foi traduzido e adaptado para diversos idiomas. Qual terá sido a razão desse sucesso?

Jane optou por dividir a sua obra em dois volumes, um dedicado aos “corpos simples” e outro aos “corpos compostos”, e as “conversas” sucedem-se por meio do diálogo informal entre duas jovens, Emily, de 13 anos, e a sua irmã Caroline, de 10 anos, com a sua preceptora, Mrs. B. (Imagem 3).

Imagem 3 : Frontispício da edição suíça de 1809 (Marcet 1809; edição francesa). 

Marcet não fez nenhuma descoberta, limitou-se a escrever sobre a química, usando um método que lhe parecia pedagogicamente eficaz. Mas como o conteúdo do seu livro seguia as lições de Davy, que por sua vez se inspirou no sistema de Lavoisier, terá sido uma das obras que mais contribuiu para a disseminação do novo sistema químico de Lavoisier, devido ao número de exemplares vendidos. No seu primeiro volume, sobre os corpos elementares, Marcet (1817, v.1, p.12) incluía o calórico, a luz e a eletricidade como elementos imponderáveis. Por outro lado, não refere a teoria atômica desenvolvida por John Dalton (1776-1844) em 1804, possivelmente porque o próprio Davy resistiu a essa teoria durante toda a sua vida.10

Jane Marcet procurou que cada uma das edições fosse atualizada,11 a última edição publicada em Londres antes da sua morte, em 1853, continha atualizações. Como a própria Marcet (1853, p.III) refere: na décima edição introduziu o funcionamento da máquina a vapor, na 11ª edição o cloro substituiu o ácido muriático oxigenado; na 12ª edição a teoria eletroquímica foi grandemente ampliada e alterada, a 13ª e a 14ª edições foram revistas, e nesta última a autora dedicou uma especial atenção ao desenvolvimento da química agrícola, tendo adicionado mais um capítulo (ou conversa, como refere).

Segundo Knight (2000, p.8) o livro não faz quaisquer concessões aos supostos interesses femininos da autora. Embora haja referência aos vestidos de musselina das meninas (Marcet procura ilustrar as lições com exemplos do dia a dia); mas a química de cozinha ou do tingimento de tecidos não é de todo proeminente. As jovens são levadas a conhecer a química como em qualquer outro livro mais formal, embora com o reconhecimento de que a química “profissional”, como atividade econômica, não seria para elas.

Lindee (1991, p.9-19) comparou o livro de Marcet com outros livros de química elementar existentes nos EUA no período de 1806 a 1853, e advoga que, ao contrário dos outros manuais que tinham como principal objetivo educar as jovens para maior eficiência doméstica ou para obtenção de gratificação religiosa, ele promovia o interesse das mulheres pela ciência só por si.

Um dos fatores que terá levado ao êxito do seu livro é a descrição das demonstrações laboratoriais, que eram feitas de um modo realista, para captar o interesse do leitor. Os leitores eram convidados a participar na prática laboratorial, a apreciar as mudanças de cor, a exclamar com prazer ou desgosto em qualquer pequena explosão ou libertação de um cheiro forte, e a se tornar capazes de aprender como manipular ácidos e soprar o vidro. Inclusive fazia avisos de segurança laboratorial (Marcet, 1817, v.I, p.228, 326; Rossotti, 2006, p.XIX).

Por exemplo, para explicar a afinidade do oxigênio com o manganês, Mrs. B. responde à jovem Emily:

Aceito a sua objeção, Emily; e a única resposta que posso dar é que as afinidades mútuas dos metais pelo oxigênio, e do oxigênio pela electricidade, variam a diferentes temperaturas; um certo grau de calor irá portanto levar um metal a combinar-se com oxigênio, enquanto, pelo contrário, o primeiro será forçado a separar-se do último, se a temperatura for ainda mais aumentada. Coloquei algum óxido de manganês numa retorta, que é uma vasilha de barro com uma abertura encurvada, tal como vês aqui (Estampa VII, figura 2) [ver Imagem 4]. A retorta que contém o manganês não a podes ver, visto que a coloquei dentro desta fornalha, na qual está agora em brasa. Porém, de modo a que possas ver a saída do gás, o qual é por si próprio invisível, liguei a abertura da retorta a este tubo curvo, a extremidade do qual se encontra mergulhada nesta vasilha de água (Estampa VII, Figura 3). [Ver Imagem 4] – Vês as bolhas de ar subirem pela água? (Marcet, 1817, p.200-201).

Imagem 4 : Estampa sobre várias reações com o oxigénio (Marcet, 1817, v.1, prancha VII). 

A explicação passou a ser acompanhada de um desenho que ilustrava as palavras da autora a partir da quinta edição (Marcet, 1817). Os seus desenhos e esquemas eram também delineados para gente jovem. É o caso da última estampa, na qual, para ilustrar o mecanismo da respiração (Imagem 5), é usado o rosto de uma criança. Essas imagens estavam perfeitamente enquadradas na época vitoriana12 e, segundo Greenberg (2007, p.490-494), poderão ter servido de inspiração para livros como o de Lucy Meyer (1887), Real fairy folks or Fairy land of chemistry (O verdadeiro povo das fadas ou O país das fadas da química), em que pequenas fadas representam os elementos químicos e a sua interação representa as reações químicas. O livro é construído sob a forma de diálogo entre o tio (professor de química) e os seus sobrinhos gêmeos.

Imagem 5 : Estampa sobre germinação e respiração ( Marcet, 1817, v.1, prancha XV). 

Jane Marcet é também conhecida como a mulher que inspirou Michael Faraday (Rossotti, jun. 2007). Em 1858, Faraday responde a uma carta de Arthur-Auguste De La Rive (biógrafo de Marcet, a pedido de seus filhos), explicando a enorme importância que os livros de Marcet tiveram na sua aprendizagem da química durante o período em que, jovem, encadernava livros (James, 2008, carta 3518, p.451).

Edições, traduções e adaptações do Conversations on chemistry

O sucesso do livro de Marcet é visível a partir das muitas traduções e adaptações existentes. Susan Lindee (1991, p.9-11) encontrou 35 edições americanas entre 1806 e 1850, incluindo, a partir de 1831, as 12 edições adaptadas de Thomas B. Jones, com o título de New conversations on chemistry, e avança com o número de 160 mil cópias vendidas apenas nos EUA. O livro foi usado a partir de 1818 em seminários frequentados por raparigas, mas, segundo Crellin (1979, p.459-460), existem também evidências de que o livro foi usado por rapazes que frequentavam cursos de medicina.

Embora o artigo de Lindee (1991) seja muito completo relativamente às edições americanas, as referências a edições europeias são incompletas, sendo referidas apenas, além das edições inglesas, duas francesas e uma alemã. Por outro lado, Jacques (1986) 13 indica que Conversations on chemistry teve 16 edições publicadas na Inglaterra, além de 14 edições norte-americanas e duas traduções para o francês, uma destinada ao público francês e outra ao suíço.

Assim, considerou-se que seria útil realizar um levantamento mais alargado das edições e adaptações (incluindo edições plagiadas) do livro de Jane Marcet. Além das edições americanas, referidas na sua maioria por Lindee (1991), foi possível encontrar traduções e adaptações publicadas em Inglaterra, Itália, França, Bélgica, Suíça, Espanha, Índia, Alemanha e Portugal (ver Quadro 1), num total de 63 edições até 1850 e duas posteriores.14

Quadro 1 : Edições e adaptações (incluindo edições plagiadas) do livro de Jane Marcet Conversations on chemistry 

Local de publicação Data Idioma Título Coautor/tradutor Notas
Londres 1806, 1807, 1809, 1813, 1817, 1819, 1822, 1824, 1825, 1832, 1837, 1841, 1846,1853 Inglês Original
1819 Inglês Original Joseph Wilson Lowry Sexta edição revista, corrigida e aumentada por Joseph Wilson Lowry
1822 Inglês Original John Read Oitava edição revista, corrigida e aumentada por John Read
Genebra 1809 Francês Conversations sur la chimie, dans lesquelles les éléments de cette science sont exposés d’une manière simple, et éclaircis par des expériences Louis Manoël de Végobre
Filadélfia 1809, 1831 Inglês Original James Humphreys
1813, 1816, 1818 Inglês Original Thomas Cooper
1824 Inglês Original William H. Keating, Jesper Harding, Thomas Desilver
Filadélfia 1818, 1824, 1831 a 1834, 1836, 1838, 1839, 1841, 1842, 1844, 1845, 1846, 1848, 1849, 1850, 1852, 1856 Inglês New conversations on chemistry: adapted to the present state of that science: where in its elements are clearly and familiarly explained... on the foundation of Mrs. Marcet’s “Conversations on chemistry” Thomas P. Jones
New Haven 1809, 1813 Inglês Original Increase Cooke & Co.
1814 Inglês Original Sidney’s Press
Greenfield 1818 Inglês … From the 4th and latest English edition, revised, corrected, and considerably enlarged. To which are added notes and observations: by an American gentleman John Lee Comstock
1820 Inglês … Additions by an American gentleman Margaret Bryan; John Lee Comstock; Ralph Rawdon Como Marcet não se identificou até 1832, foi atribuída autoria a Sarah Mary Fitton, autora de Conversations on botany (1817) e a Margaret Bryan autora de A compendious system of astronomy (1797) dado que uma personagem é a Sra. Bryan ou simplesmente, Sra. B. Segundo Gonzalez, Muñoz-Castro (2015, p.1.375), esse nome terá sido uma homenagem de Marcet a Margaret Bryan
Hartford 1822, 1826, 1828 a 1831, 1833, 1835, 1836, 1839, 1841, 1850 Inglês Original John Lee Comstock, John Lauris Blake
Baltimore 1824 Inglês Original J.E. Coale. 10th American ed. “Anonymous”. Comments by William H. Keating
Paris 1825, 1826, 1827 Francês La chimie enseignée en 26 leçons: contenant le développement des théories de cette science, mises à la portée des gens du monde, et à chaque leçon des expériences chimiques et des applications aux arts Anselme Payen
1826 Francês Entretiens sur la chimie: d’après les méthodes de Mme. Thénard et Davy; ornées de 15 planches, gravées par Ambroise Tardieu Ambroise Tardieu
1825 Espanhol La quimica demonstrada en 26 lecciones: que contienen la exposicion de las teorías de esta ciencia puestas al alcance de todos, y en cada leccion los ensayos químicos y las aplicaciones a las artes correspondientes José Luis Casaseca Segundo Bello (2015, p, p.59), José Luis Casaseca (1800-1869) deslocou-se a Paris em 1825, onde havia sido discípulo de Louis Jacques Thènard (1777-1857) e de Louis-Nicolas Vauquelin (1763-1829). Durante a sua estada traduziu vários livros de química publicados nesse ano
Bruxelas 1825 Francês La chimie enseignée en 26 leçons: contenant le développement des théories de cette science, mises a la portée des gens du monde, et a chaque leçon des expériences chimiques et des applications aux arts Anselme Payen
Milão 1825 Italiano La chimica insegnata in ventisei lezioni Anselme Payen, Angelo Buscati, Ottavio Ferrario
Turim 1825 Italiano La chimica insegnata in ventisei lezioni, ossia, elementi di chimica generale: applicata alle arti, all’agricoltura, alla medicina, e dalla farmacia, contenenti le principali teorie di tale scienza, in un cogli analoghi esperimenti, brevemente, e chiaramente esposte, ed adattate all’intendimento di qual sivoglia persona Anselme Payen, Giovanni L. Cantu
Barcelona 1830 Espanhol La química enseñada en veinte y seis lecciones: contiene la manifestacion de las teorías de esta ciencia puestas al conocimiento de todos; y en cada leccion esperiencias físicas con su aplicacion á las artes John Lee Comstock, Anselme Payen
Lisboa 1834 Português A química ensinada em 26 lições, contendo o desenvolvimento, e teorias desta ciência postas ao alcance de toda a gente, ...por M. Payen; vertida em português, acrescentada de muitas notas ... por António Lobo de Barbosa Ferreira Teixeira Girão Anselme Payen, Teixeira Girão
Berlim 1839 Alemão Unterhaltungen über die Chemie, in welchen die Anfangsgründe dieser nützlichen Wissenschaft allgemein verständlich erläutert werden Friedlieb F. Runge
Bombaim 1851 Gujarati Original Meherwanji Hormusji Mehta

Fonte: elaborado pelos autores.

Nos EUA os direitos de autor para estrangeiros só vingaram a partir de 1890, esse terá sido também um dos motivos que tornou o livro de Marcet tão popular para escolas americanas de raparigas. A obra foi muito disputada, principalmente por dois grandes editores, John Lee Comstock, de Hartford, com 12 edições, e Thomas P. Jones,15 de Filadélfia, com 19 edições.

Pela análise de uma das edições do New conversations on chemistry adaptada por Thomas P. Jones (1832) 16 é possível verificar que esse “coautor” optou por manter o estilo, que muito admira, de Marcet, mas considera que muitas das digressões feitas no livro original, embora muito interessantes para uma leitura individual ou mesmo em família, não se adequam à sala de aula. Jones (1832) acrescentou novos capítulos, e as imagens passam a ilustrar as páginas respectivas em vez de estarem separadas por estampas. Como o autor refere no prefácio, embora tenha optado por manter muitos diálogos, outros são novos e outros sofreram grandes modificações de modo a servirem o propósito de manual de ensino.

Por outro lado, John Lee Comstock17 (1818) optou por manter o título Conversas sobre química, mas acrescenta revisto, corrigido e consideravelmente aumentado. Ao qual foram adicionadas notas e observações: por um cavalheiro americano.18 Segundo Lindee (1991, p.18) Comstock acrescenta entre 156 e 173 notas nas várias edições, corrigindo a autora original, mas apesar disso opta por ser editor do livro durante mais de quarenta anos.19

Na Europa o texto foi traduzido em francês e em alemão,20 mantendo o nome original (ver Quadro 1). Também foi possível identificar uma edição de 1851, de Bombaim, traduzida para o gujarati.

Surgiram, porém, outras obras, inicialmente em francês, que alteraram o título e a forma do livro, as quais são consideradas por Joseph-Marie Quérad, já em 1833 (Quérard, 1833, p.508), como contrafações do livro de Marcet. É o caso de Entrevistas sobre química: de acordo com os métodos da Sra. Thénard e Davy; decorado com 15 pranchas, gravado por Ambroise Tardieu,21 publicado em Paris em 1826 (Imagem 6), e da edição de Anselme Payen (1825), já referida, a qual, não sendo explicitamente considerada uma contrafação, é referida por Quérard (1833, p.508) como tendo introduzido modificações na forma.

Imagem 6 : Capa de Entretiens sur la chimie ( Tardieu, 1826). 

Não existindo, à data de publicação do livro de Marcet, o reconhecimento pleno dos direitos autorais entre as nações da Europa,22 os autores viam-se confrontados com edições, que eram muito mais do que simples traduções. Os livros eram muitas vezes adaptados ou plagiados, não se identificando a obra original. No caso do livro Entretiens sur la chimie (Tardieu, 1826), é seguido o livro de Marcet, mantendo quase sem alteração uma grande parte dos diálogos, mas as personagens foram rebatizadas: Mrs. B. é Mrs. Beaumont, Emile é transformada em Gustave; apenas Caroline se manteve como personagem. Mais do que uma adaptação, essa edição é claramente uma contrafação, na linguagem da época (Quérard, 1833, p.508), ou um plágio, na designação atual.

Quérard (1833, p.508) não indica como contrafação o livro publicado em 1825 em Paris e em Bruxelas por Anselme Payen La chimie enseignée en 26 leçons: contenant le développement des théories de cette science, mises a la portée des gens du monde, et a chaque leçon des expériences chimiques et des applications aux arts23 (A química ensinada em 26 lições: contendo o desenvolvimento das teorias desta ciência, colocadas ao alcance das pessoas do mundo, e em cada lição experiências químicas e aplicações às artes), mas assinala que é uma modificação do livro de Marcet.

Cientista e industrial multifacetado, Anselme Payen (1795-1871) muito contribuiu para ambos os campos, tendo desenvolvido um processo de síntese do bórax a partir do ácido bórico e do carbonato de sódio, entre vários outros processos. Foi professor de química, mas dedicou grande parte da sua vida ao estudo fisiológico das plantas, tendo tido uma contribuição importante na compreensão do papel do nitrogênio no desenvolvimento das plantas e na descoberta, em 1833, da primeira enzima, diástase, responsável pela decomposição do amido (Wisniak, 2005, p.568-569). Em 1825, ao ser nomeado professor na Société Philotechnique, escreveu um tratado de química com Alphonse Chevalier24 (Payen, Chevalier, 1825) e adaptou o livro de Marcet.

Foi convidado em 1829 para lecionar química na École Centrale des Arts et Manufactures, como substituto de Jean-Baptiste André Dumas (1800-1884), e em 1836 foi nomeado professor da mesma escola, responsável pelo curso de química industrial. Para esse curso escreveu Précis de chimie industrielle (Compêndio de química industrial), que foi publicado pela primeira vez em 1849 e teve mais cinco edições entre 1851 e 1877 (Payen, 1849).

Enquanto o livro de Marcet (1822) está organizado em 26 conversas, em dois volumes, o primeiro, “On simple bodies” (Corpos simples), apresenta 424 páginas, e o segundo, “On compound bodies” (Corpos compostos), apresenta 402 páginas, a edição consultada de Payen (1825)La chimie enseignée en 26 leçons está organizada apenas em um volume com 442 páginas, mantendo a estrutura de 26 lições tal como o livro de Marcet. Payen utiliza 12 das 15 estampas do livro de Marcet, apenas com uma diferença na figura que representa a produção do hidrogénio (Payen, 1825, prancha VII, figura 3), visto que este refere a produção do hidrogénio a partir da reação do zinco com um ácido e Marcet refere a utilização de carvão vegetal incandescente que, reagindo com vapor de água, produz hidrogénio (Marcet, 1822, prancha XI, figura 3) (ver Imagem 7).

Imagem 7 : Montagens para a produção do hidrogénio: à esquerda, a partir da reação do carvão vegetal com vapor de água (Marcet, 1822, prancha XI, figura 3); à direita, a partir da reação do zinco com o ácido sulfúrico (Payen, 1825, prancha 7, figura 3). 

Nessa obra Payen abandona o diálogo entre a preceptora e as alunas, omitindo, por isso, as questões das jovens aprendizes, tornando o texto muito mais curto. Grande parte do texto do primeiro volume de Marcet aparece na tradução de Payen, ao qual este autor acrescenta informação quer no corpo do texto, quer em notas. Desenvolve, por exemplo, o conceito de fosforescência, referindo autores não mencionados por Marcet, nomeadamente Dessaignes (1810), Dufay (1730) e Beccaria (1753). Não seguindo Marcet, Payen apresenta a teoria atómica de Dalton (Payen, 1825, p.201-203), e grande parte do segundo volume também não é seguido por este autor. Os capítulos foram alterados, e o autor optou por apresentar uma química mais aplicada. Destaca-se que a tradução/adaptação de Payen tinha como objetivo ser um manual didático. Finalmente, há que referir que Payen nunca identifica que o autor da edição inglesa é uma mulher.

Como podemos verificar no Quadro 1, o livro La chimie enseignée en 26 leçons foi também traduzido e adaptado para espanhol em 1825 (Paris) e em 1830 (Barcelona), para italiano em 1825 (simultaneamente em Milão e em Turim)25 e para português em 1834 (Lisboa).

A química ensinada em 26 lições, de Teixeira Girão

Em Portugal, o livro de Anselme Payen foi traduzido e adaptado por António Teixeira Girão, visconde de Vilarinho de São Romão, em 1834, com o título A química ensinada em 26 lições: contendo o desenvolvimento, e teorias desta ciência, postas ao alcance de toda a gente e a cada lição correspondem experiências químicas e aplicações às artes...26 (Imagem 8).

Imagem 8 : Capa de A química ensinada em 26 lições (Girão, 1834). 

Não foi possível determinar quantos exemplares dessa obra foram impressos, e o texto é omisso sobre privilégios e outros dados para além de ser “cedida a benefício da Casa Pia”. Encontrámos sete exemplares: dois provenientes do extinto Museu da Ciência e da Técnica, quatro na Biblioteca Nacional portuguesa, um na Biblioteca Histórica do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (Universidade de Lisboa), e outro na Biblioteca César da Silva da Casa Pia de Lisboa. Em nenhum dos casos encontramos indicações de quais as suas proveniências e utilizações. No entanto, o exemplar da biblioteca da Casa Pia tem notas manuscritas que apontam para várias partes do livro que versam sobre a têmpera do ferro, a produção de ácido sulfúrico, produção de vermelhão e de fertilizantes, detecção de falsificações de azeite, produção de vinho, queijo e chá. Essas notas apontam, na sua maioria, para as notas feitas pelo tradutor português, e não para o texto de Payen, e parecem relacionar-se com as aulas de química da Escola de Agricultura da Casa Pia, como veremos adiante.

Quem foi António Lobo de Barbosa Ferreira Teixeira Girão (1785-1863), visconde de Vilarinho de São Romão? Girão nasceu no concelho de Sabrosa em 1785 e foi o oitavo senhor e o primeiro visconde de Vilarinho de São Romão. Segundo Girão27 (1870, p.10), sendo o visconde o filho primogênito, estava destinado, segundo o código da época, a suceder na administração a seu pai, não devendo por isso seguir estudos universitários. Apesar disso, o seu pai procurou dar-lhe a instrução que considerava essencial. Aos 13 anos o jovem António foi enviado para junto de um mestre que lhe ensinou gramática, latim, filosofia e retórica. E, em 1804, foi enviado para Lisboa, para a companhia de um tio, onde continuou a estudar, aprendendo francês, italiano e inglês e iniciando-se nas ciências físicas e naturais.

Como agricultor, o jovem António Girão procurou sempre inovar, essencialmente no que diz respeito à viticultura, tendo publicado em 1822 o Tratado teórico e prático da agricultura das vinhas (Girão, 1822). Homem de engenho, inventou uma máquina para ser usada na fabricação dos vinhos, para a extração do mosto, que ofereceu à Academia das Ciências de Lisboa e lhe valeu ser admitido como sócio da ilustre corporação. Sugeriu também a supressão do condensador e do balanceiro nas máquinas a vapor de Watt, o que resultaria numa apreciável economia de combustível (Girão, 1843). Foi também inventor de outras máquinas e de um fogão de sala e escreveu um número apreciável de artigos de divulgação e promoção da ciência e técnica em Portugal em várias publicações da época, em particular na Revista Universal Lisbonense.

Conhecido e perseguido como liberal, teve de se esconder em Lisboa a partir de 1828, tendo estado durante cinco anos e dois meses numas águas-furtadas (Silveira, 1985, p.XIX-XX).28 Durante esse tempo teve uma grande atividade intelectual, escrevendo as seguintes obras, publicadas de 1833 a 1835: Histórias de meninos, para quem não for criança, escritas por um homiziado que, sofreu o martírio de estar escondido cinco anos e dois meses (1834), Memória sobre os pesos e medidas de Portugal (1833), a Memória histórica e analítica sobre a Companhia dos Vinhos (1833), Memórias sobre a economia do combustível (1834), A química ensinada em 26 lições (1834), Economia rural e doméstica, ou ensaio sobre os gados lanígero e cornígero (2 volumes, 1835) e em 1857 ainda apresentou à Academia, que a fez imprimir, como já antes do seu Manual prático da cultura das batatas e do seu uso na economia doméstica (1845), uma Memória sabre a epioenomia, ou moléstia geral das vinhas.

Em 1833, após a saída dos miguelistas de Lisboa, Teixeira Girão foi nomeado prefeito de Trás-os-Montes e, em seguida, transferido para a Estremadura, administrador da Casa Pia,29 que fez transferir de São Lázaro (Desterro) para Belém, inspetor das Águas Livres e administrador da Fábrica de Loiças do Rato. E, em 1835, por decreto régio, foi feito visconde de Vilarinho de São Romão.

Como administrador da Fábrica de Loiças do Rato, Teixeira Girão, num ofício transcrito por Sequeira (1933, p.144-145),30 dirigido ao ministro do Reino, Cândido José Xavier, diz que:

entende que a Fábrica se conserve, devendo criar-se um laboratório para análise dos barros dos arredores, das areias da Coina, do quartzo de Sintra, do espato fusível da Serra da Estrela, das argilas de Leiria e de Loures, do manganês de Coimbra, da pederneira do Cabo de S. Vicente para fabricar escamas de cobre, das cinzas para a pintura e esmalte etc. ... É, igualmente preciso estabelecer uma aula de química para os operários da Fábrica e rapazes da Casa Pia. Há no Rato uma boa sala que pode servir, assim como há um bom local para laboratório. ... está em Lisboa um bom químico francês, que tem o laboratório junto do Jardim de Roberto Ynnes e se chama Mr. Lavitte. Fala português e exerce a medicina.

Ainda segundo Sequeira (1933, p.145), “Teixeira Girão acaba o ofício por se documentar perante a Direção, como tradutor da Química de Payen” e “oferece o livro a Sua Majestade Imperial para uso dos alunos da aula da Casa Pia, solicitando a impressão do manuscrito e a litografia das estampas”. O visconde só se mantém no cargo de administrador da Fábrica das Louças até final de 1833, altura em que regressa a Trás-os-Montes, sendo o livro impresso com data de 1834.

À tradução de Payen, Girão adiciona informação das obras de Thomas Thompson (1820), que é referido como “Tomson”, Eugène Desmarest (1826), Jean-Charles Herpin (1824), que aparece, talvez devido à gralha, como “I-Ch Herpin”, e Luís Mouzinho de Albuquerque (1824), entre outros.

Analisando a tradução de Teixeira Girão, verifica-se que é uma versão alargada da de Payen, com 516 páginas. Girão (1834, p.26-32) preocupa-se em adicionar informação sobre energia e medição da temperatura, apresentando muitas notas sobre conceitos ou experiências laboratoriais relacionadas com transferência de energia sob a forma de calor. Apresenta ainda uma tabela com pontos de fusão (p.58, nota 22) para várias substâncias com valores extraídos de Thompson (1820), uma “escala de calor” – temperaturas associadas a fenômenos – (Girão, 1834, p.59, nota 22), escala de condutibilidades elétricas (p.72, nota 27) extraídas de Desmarest (1826), entre outras.

Na sexta lição “Sobre o oxigênio, o azoto e o ar atmosférico”, Teixeira Girão entendeu acrescentar um aditamento de seis páginas, por considerar que a obra de Payen está incompleta, sobre os perigos das braseiras e a respiração do homem e de outros animais, que indica ser “baseada em Desmarest e outros químicos”. Apresenta também uma extensa nota sobre balões de hidrogénio, apresentando uma estampa adicional sobre o assunto (a 13ª do livro) (Imagem 9). Também acrescentou um aditamento sobre gás usado na iluminação (Girão, 1834, p.130-137).

Imagem 9 : Funcionamento de um balão de hidrogénio (Girão, 1834, estampa 13). 

A tradução de Girão está repleta de notas aplicadas e práticas. Pelas outras obras publicadas (Girão, 1822, 1843), já referidas, percebe-se que tentava aplicar a ciência ao seu trabalho no dia a dia, quer como agricultor, quer como possível industrial, procurando modernizar e tornar mais eficientes os processos, nomeadamente por meio do aproveitamento energético, trabalhando na eficácia quer dos combustíveis, quer dos fornos usados.

Teixeira Girão (1834) preocupava-se também em valorizar os recursos portugueses. Por exemplo, nas páginas 153 e 154, no capítulo sobre o carbono, apresenta, na nota 44, uma tabela sobre a percentagem de carvão que é possível obter de cada madeira existente em Portugal. Também descreve o método de produção do Sal de Saturno (o acetato de chumbo 2+), de modo a que em Portugal se pudessem aproveitar as minas de chumbo existentes. Refere o autor:

Seria bem mais interessante para nós: 1º que se explorassem as muitas minas de chumbo que temos; 2º que se fizessem fábricas em que se preparasse o Sal de Saturno pelos métodos modernos ... Como não está na minha mão outra coisa senão explicar o processo químico desta fabricação eu vou fazê-lo em proveito de quem se quiser utilizar, acrescentando que este método é moderníssimo e que poucas obras de Química o trazem, eu me sirvo dos trabalhos de Desmarest (Girão, 1834, p.175-176).

Girão acrescentou ainda um novo capítulo e mais três estampas, pois considera que, embora as existentes sejam suficientes para a matéria tratada, não conseguem dar uma ideia clara do que é um laboratório químico. O autor opta por incluir as estampas e a explicação que estão no segundo volume da obra Récréations chimiques (Recreações químicas), de Jean-Charles Herpin de 1824 (Imagem 10).

Imagem 10 : Material de laboratório (Girão, 1834, estampa 15). 

Também considera que o “seu” livro de química deve ser “aplicado às artes e à economia doméstica”, discorrendo, por isso, sobre a química aplicada à produção de sabão e sabonetes, aos métodos para conservar fruta todo o ano, ao método para reconhecer o arsênio, à produção de tintas, ao método para reconhecimento da falsificação do vinho com sal de chumbo entre muitos outros processos (Girão, 1834, p.411-510).

Para além das propostas de um grande número de melhorias nas artes e indústrias portuguesas, ao longo das notas e aditamentos, Teixeira Girão vai sugerindo artes e negócios ao “alcance de todos” e, por isso, também dos menos favorecidos. Formas práticas de trocar a mendicidade por negócios simples são referidas várias vezes (Girão, 1834, p.257, nota 68; p.372, nota 77; p.411), revelando a preocupação social do autor.

Ainda com base na obra de J.-C. Herpin (1824) e usando também a obra de Mouzinho de Albuquerque (1824) apresenta uma tabela (traduzida para português) com a nova nomenclatura química, apresentando, tal como no livro de Vicente Seabra (1801) 31 os nomes antigos e os recentes.

Segue, na maior parte das vezes, a designação francesa, tal como Albuquerque, por exemplo: “iode, azote, chlore, oxigeneo”, ao contrário da nomenclatura de Seabra. Por outro lado, sendo um livro publicado 33 anos após a Nomenclatura, de Vicente Seabra, permite analisar a evolução da nomenclatura química em Portugal.

Já vimos que Quérard (1833, p.508) refere contrafações das obras de Marcet. O próprio livro de Herpin (1824), usado por Girão, tem uma advertência sobre as sanções previstas no código penal francês para a contrafação e apropriação de textos de outros autores. Embora a tradução e a adaptação pudessem, nessa altura, não ser consideradas como apropriações indevidas, é notória a preocupação de Teixeira Girão em atribuir a autoria dos textos que adapta e usa, assim como em fazer as correções necessárias, no seu entender, a esses textos. É de notar a sua preocupação com a fidelidade e legibilidade da tradução, sendo que, para isso, é por vezes necessário “exprimir o sentido do texto por outras frases e mesmo acrescentar algumas palavras” (Girão, 1834, p.31, nota 11). Assim, afigura-se que Teixeira Girão não sabia que o autor inglês traduzido era uma mulher.

É de notar que a condição da mulher nunca é referida na obra, sendo que a única mulher mencionada é a “Senhora Blanchard” que morreu, assim como “Pilastre de Rosier, Roman e Mosment”, “devido ao zelo nas experiências aerostáticas” (Girão, 1834, p.121). No entanto, muitas das artes e processos propostos estavam, à época, na esfera das atividades femininas. Para além disso, nem a menção de “ao alcance de todos” nem qualquer outra afirmação excluem as mulheres do conhecimento químico e do seu uso para o progresso do país.

O livro de Girão foi publicado apenas um ano depois de os alunos da Casa Pia serem transferidos do Convento do Desterro, onde se encontravam, desde que haviam sido despojados nas instalações iniciais no Castelo – durante as invasões francesas –, para as novas instalações nos Jerónimos.32 As preocupações iniciais dos administradores da Casa Pia de Lisboa após as primeiras décadas da mudança para os Jerónimos era a de conseguir instalar todos os alunos (órfãos – cerca de seiscentos rapazes e quatrocentas raparigas) e curar as muitas enfermidades (Silva, 1896, p.90-93).33

Após visita de dom Pedro IV, em abril de 1834, à Casa Pia, foi estabelecida por decreto de 1835 a organização das aulas desse estabelecimento. Os alunos deveriam ter em primeiro lugar instrução primária pelo método Lencastre e doutrina cristã, e as aulas seguintes seriam de latim, inglês, francês, grego, filosofia, pintura e música. O decreto, apesar de bem-intencionado, era irrealista, pois não existiam recursos para tantas crianças aprenderem. Foi feita uma tentativa para uma escola primária de ensino mútuo,34 que não vingou, segundo Manique da Silva (2008, p.77-100). Foi necessário vencer as primeiras dificuldades e só em 1838 é que a Casa Pia começou a cumprir o estabelecido para as aulas no decreto de 1835. No entanto, apenas em 1860 teve início uma reforma de ensino que estabeleceu uma sexta cadeira (na qual o ensino da química teria lugar), complementar à instrução primária, e em 1881 foi reformulado o programa introduzindo-se o ensino das ciências naturais (Silva, 1896, p.164).

O provedor Carlos Maria de Almeida estabeleceu, em 1885,35 uma nova reforma de ensino, na qual é estabelecido o programa para as aulas da sexta cadeira, destacando-se aqui o programa da disciplina de “noções elementares de química”, programa que seria dado no segundo ano da sexta cadeira, num tempo semanal equivalente a noventa minutos. O programa seguia a ordem habitual para uma iniciação em química (substâncias elementares, substâncias compostas etc.), sempre com muitas aplicações práticas (Almeida, 1879-1892, p.79-80).

Esse programa não apresentava qualquer referência a aulas práticas de química, mas uma portaria de 188936 estabelece o regulamento para um Museu Escolar da Casa Pia, decretando que deverá funcionar, como anexo ao museu, um laboratório de física e de química, que serviria para as demonstrações da escola elementar e para as aulas práticas da Escola de Agricultura da Casa Pia.

Para além do livro de Girão, apenas foi possível encontrar, na Biblioteca da Casa Pia, outros dois manuais de química37 em português, anteriores a 1895: Elementos de química: segunda parte, de Pina Vidal e de Moraes de Almeida, de 1888, e o Curso elementar de física e química, de Luís Mouzinho de Albuquerque, de 1824, ambos sem anotações manuscritas.

Por comparação das notas manuscritas encontradas no livro de Teixeira Girão e o programa de “noções elementares de química”, julgamos que existem evidências de que o manual de Girão possa ter sido usado na preparação de aulas ou no estudo dessa disciplina, mas também para o apoio às aulas da Escola de Agricultura da Casa Pia de Lisboa.

Considerações finais

O livro Conversations on chemistry é um bom exemplo de como a participação das mulheres na ciência mudou no início do século XIX. É de realçar que, embora o livro de Marcet tenha sido escrito com o objetivo de divulgar a ciência para jovens raparigas, contribuindo para a sua educação que, no início do século XIX, era feita essencialmente em casa, terá tido como consequência aumentar o interesse das mulheres pela química e o seu progressivo envolvimento nela, levando à necessidade da criação de instituições de ensino científico destinadas a raparigas (André, 2012, p.63; Watts, 2007, p.97). Também o sucesso desse livro levou a que muitos professores o usassem como livro didático, tendo alguns optado por fazer uma adaptação própria do livro, tornando-o, em muito casos, mais objetivo e denso, mas nem sempre pedagogicamente mais eficaz (González, 2014, p.243; González, Muñoz-Castro, 2015, p.243-244; Watts, 2007, p.95-98). A tradução/adaptação de Anselme Payen destinava-se possivelmente a estudantes mais velhos que necessitavam de conhecimentos sobre química industrial. A omissão, por Payen, de que o autor da obra que adaptou era uma mulher poderá não ter sido acidental, já que essa informação se encontra na edição original. No entanto, as alterações introduzidas, as quais, embora afastando a edição do conceito estrito de contrafação da época, não a ilibam de ser considerada uma modificação abusiva (Quérard, 1833, p.508), assim como o objetivo do autor – obter um manual de ensino – a atribuição dessa intenção explícita, na ausência de mais informações, não é possível. De fato, Payen tinha como objetivo produzir um livro de texto para o ensino da química, ao contrário de Jane Marcet, que procurava fazer a divulgação dessa ciência.

Em Portugal, o livro de Payen foi traduzido e adaptado por António Teixeira Girão, visconde de Vilarinho de São Romão, em 1834, com o título A química ensinada em 26 lições. De forma diversa a Payen, dadas as condições em que foi realizada a tradução portuguesa de Girão, assim como a preocupação com o rigor e com as citações que transparece na obra, julgamos que Girão não teria conhecimento do gênero da autora do livro original.

O livro de Girão foi escrito com o propósito de servir de manual de ensino e de contribuir para o desenvolvimento do país por meio da divulgação de processos e artes químicas. A sua publicação teve também o objetivo de apoiar a criação de um laboratório de química para os alunos da Casa Pia, objetivo esse que não foi concretizado pelo menos durante mais de cinquenta anos.

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