versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.109 no.3 São Paulo set. 2017
https://doi.org/10.5935/abc.20170122
Caro Editor,
Li com grande interesse o artigo intitulado "Depressão Maior e Fatores Relacionados à Síndrome Coronariana Aguda" de Figueiredo et al.,1 recentemente publicado na revista. Os pesquisadores encontraram uma prevalência de 23% de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) que atendem aos critérios diagnósticos para depressão maior (DM). As mulheres foram mais suscetíveis ao desenvolvimento de DM no grupo de amostra de pacientes com SCA, com uma chance três vezes e meia maior do que os homens.1
Quase metade dos pacientes com SCA são afetados pela depressão,2 muitos deles recebem terapia antiplaquetária e também são frequentemente tratados com um inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS). A fluoxetina e a fluvoxamina são potentes inibidores do CYP2C19.3 O clopidogrel é um pró-fármaco que sofre um processo de ativação em duas etapas, o mesmo é mediado por várias enzimas hepáticas do citocromo P450 (CYP). O CYP2C19 está envolvido em ambas etapas de ativação, o que gera a preocupação de que o fármaco que inibe o CYP2C19 possa diminuir a eficácia do clopidogrel.4 Bykov et al.5 relataram que o tratamento com um ISRS inibidor do CYP2C19, como fluoxetina e fluvoxamina ao iniciar o clopidogrel pode estar associado a uma ligeira diminuição na sua eficácia.
Nesse contexto, considerando não só o transtorno concomitante com SCA, mas também o fator complicador devido ao tratamento ISRS inibidor de CYP2C19, o TDM deve ser avaliado meticulosamente.