versão impressa ISSN 1809-2950versão On-line ISSN 2316-9117
Fisioter. Pesqui. vol.26 no.1 São Paulo jan./mar. 2019
http://dx.doi.org/10.1590/1809-2950/18000226012019
El objetivo de este estudio fue evaluar el desempeño isocinético de la musculatura flexora y extensora de la rodilla de jugadores de fútbol sub-13 después de la práctica de 18 semanas del protocolo FIFA 11+. Participaron 14 jugadores de fútbol del sexo masculino con edad media de 12,58±0,66 años. La evaluación de la fuerza se realizó a través del dinamómetro isocinético (Biodex System Pro 4 ™), a velocidades de 60°/s, 180°/s y 300°/s, pre y post-intervención. El protocolo FIFA 11+ fue aplicado antes del inicio de cada entrenamiento regular, dos veces por semana, durante 18 semanas, con una duración aproximada de 25 minutos. En el análisis previo a la intervención se encontró una diferencia entre el miembro dominante y el no dominante superior al 10% en el pico de torque de flexores y extensores a 60°/s y 180°/s, respectivamente. En el análisis post-intervención no se encontraron tales asimetrías. Se observó un aumento de la relación agonista / antagonista en el lado dominante en la velocidad de 60°/s, post-intervención, aproximándose al valor ideal propuesto por la literatura (del 60%). Se observó un aumento del rendimiento isocinético de los atletas después de la intervención. En este sentido, se concluye que la aplicación de 18 semanas del protocolo FIFA 11+ promovió una mejora del desempeño isocinético de las musculaturas extensoras y flexoras de rodilla, además de disminuir las asimetrías musculares entre los miembros en jóvenes atletas de fútbol.
Palabras clave: Fuerza Muscular; Rodilla; Fútbol; Atletas
O futsal, por ser um esporte com muito contato físico e gestos esportivos característicos, apresenta altos índices de lesões osteomusculares. As lesões nesta modalidade esportiva ocorrem predominantemente na extremidade inferior do corpo, sendo o joelho e o tornozelo as partes mais acometidas1), (2.
Fatores de risco associados ao desenvolvimento de lesões em esportes podem estar diretamente relacionados a parâmetros que analisam o desempenho muscular, como a capacidade dos músculos em produzir torque, trabalho, potência e resistência. Entre os instrumentos que avaliam tais dados está o dinamômetro isocinético, muito utilizado em pesquisas científicas por fornecer dados precisos e validados 3.
Considerando os parâmetros supracitados, valores fixos da relação de força muscular entre a musculatura agonista e antagonista do joelho diferente de 60%4 e diferenças superiores a 10% nas relações bilaterais podem representar fatores determinantes para lesões na articulação do joelho5. Com base nesses aspectos, a avaliação da performance funcional dos músculos do joelho no futsal se torna fundamental, tanto para guiar programas de reabilitação quanto de prevenção de lesões4.
A iniciação no futsal tem ocorrido cada vez mais cedo, especialmente para os meninos, e, assim, tem sido dada maior atenção a programas de prevenção de lesão em idades mais precoces, tendo em vista que esses atletas ainda estão em fase de desenvolvimento e de maturação dos sistemas osteomusculares e dos sistemas neurais6), (7. Dessa forma, há estudos evidenciando que a implementação de treinos de condicionamento neuromuscular e físico diminuem a frequência e a gravidade de lesões em atletas de 13 a 19 anos6), (8.
Nesse aspecto, foi criado o protocolo de prevenção de lesões Fifa 11+9, que consiste em um programa de aquecimento com exercícios de estabilização central, equilíbrio, estabilização dinâmica e fortalecimento excêntrico de isquiotibiais9, mostrando-se efetivo para reduzir lesões de membros inferiores em jogadores de futebol10), (11.
Resultados desse protocolo foram observados em atletas de futebol com idade superior a 13 anos, como atestado em uma revisão sistemática12 na qual o protocolo Fifa 11+ reduziu o risco de lesões em 30%. O mesmo resultado positivo foi observado em outra revisão13, com diminuição da taxa de incidência de lesões em meninas na faixa etária de 13 a 17 anos. Assim, estudos que reportam os efeitos deste programa em atletas sub-13 do sexo masculino são limitados. Além do fator idade, cabe destacar que, apesar das semelhanças existentes entre o futsal e futebol, ainda há uma lacuna de pesquisas referentes à utilização do Fifa 11+ em jovens atletas de futsal14.
Neste sentido, este estudo tem como objetivo avaliar o desempenho isocinético da musculatura flexora e extensora do joelho de jogadores de futsal sub-13, após a prática de 18 semanas do programa Fifa 11+.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Pampa, sob protocolo nº 1.685.733, no qual os responsáveis legais pelos atletas assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e os participantes assinaram o termo de assentimento. Os critérios de inclusão foram: jogadores do sexo masculino, com idades entre 11 e 13 anos, integrantes da Associação Esportiva Uruguaianense, do município de Uruguaiana (RS), Brasil, em treinamento regular há pelo menos três meses, e que não apresentassem histórico de lesão em membros inferiores nos últimos seis meses. Os critérios de exclusão foram: atletas em afastamento do time por qualquer motivo de saúde ou em fase de reabilitação, e que não apresentassem frequência mínima de 75% durante o estudo.
A amostra inicial foi composta por 17 jogadores de futsal sub-13 que estavam em competição no ano de 2017 pelo campeonato estadual do Rio Grande do Sul. Cabe ressaltar que todos os integrantes do time passaram anteriormente por uma avaliação médica geral e que nenhum deles realizava qualquer tratamento medicamentoso durante o período de intervenção. O treinamento dos atletas foi realizado três vezes por semana, com duração de duas horas, incluindo uma fase de aquecimento, treinamento técnico e tático através dos principais elementos da modalidade (condução, passe, recepção, drible, chute, finta, cabeceio, marcação e controle), seguido de um tempo de jogo propriamente dito.
A fim de caracterizar a amostra, avaliou-se a idade, o tempo de treinamento, a dominância dos membros inferiores (determinada através do relato do atleta, considerando o lado dominante aquele em que o atleta realiza o chute) e dados antropométricos (massa e estatura). Após as avaliações, foram excluídos três atletas por não atingirem 75% de frequência no protocolo proposto, restando assim 14 jogadores. Os dados antropométricos estão presentes na Tabela 1.
Tabela 1 Caracterização da amostra
Variável | Média e DP± |
---|---|
N | 14 |
Idade (anos) | 12,58±0,66 |
Massa (kg) | 44,92±7,08 |
Estatura (m) | 1,55±0,08 |
Dados descritivos, média e desvio-padrão (DP±).
O protocolo utilizado neste estudo teve como base o trabalho de Ferreira et al. 15, que avaliaram o desempenho isocinético dos músculos do joelho em uma amostra de jogadores de futsal.
Após a escolha do protocolo, os atletas realizaram um aquecimento prévio de cinco minutos antes da avaliação, em bicicleta ergométrica sem carga, orientados a manter uma frequência cardíaca constante de 60 bpm, sendo que o tempo de descanso entre o aquecimento e o início dos testes de força muscular foi de 90 segundos.
Os participantes realizaram cinco repetições máximas de flexão e extensão do joelho, na velocidade de 60°/s; dez repetições em 180°/s; e 15 repetições em 300°/s, bilateralmente, com intervalo de 60 segundos entre as séries, no modo concêntrico. A escolha do primeiro membro a ser testado foi feita de forma aleatória, e foi ministrado um intervalo de 60 segundos entre o membro dominante (MD) e não dominante (MND). Os procedimentos adotados durante o exame estavam de acordo com os critérios de Ferreira et al. 15.
A força muscular foi avaliada, pré e pós-intervenção, com o dinamômetro isocinético Biodex System Pro 4™ (Biodex Medical Systems, Inc., Nova York, EUA). A avaliação isocinética é um instrumento fidedigno para avaliar a força muscular, sendo os parâmetros mais utilizados o pico de torque (PT), a potência (POT), o trabalho total (TT), o índice de fadiga (IF) e a relação agonista/antagonista (RAA), capazes de mostrar o desempenho funcional do atleta16), (17. Em relação aos valores ideais, assimetrias superiores a 10% no pico de torque entre os membros são consideradas de risco elevado para lesões5. O valor de normalidade referente à RAA é de 60% nas velocidades baixas (60°/s-180°/s) e de 80% nas velocidades mais altas (300°/s) 5. Recomenda-se que a variável IF se mantenha abaixo de 50%, tanto para flexores quanto para extensores do joelho18.
O protocolo Fifa 11+ foi aplicado antes do início de cada treino regular dos atletas, com frequência de duas vezes por semana19 e duração aproximada de 25 minutos, totalizando 18 semanas. Cabe destacar que o protocolo foi realizado apenas antes dos treinamentos, e não antes dos jogos do campeonato. Período de intervenção semelhante foi realizado por Soligard et al. 10, em estudo no qual acompanharam os atletas durante todo um campeonato e identificaram que o risco de lesões graves (razão de taxa de 0,68, intervalo de confiança de 95% de 0,48 para 0,98), lesões por uso excessivo (0,47, 0,26 para 0,85) e lesões em geral (0,55, 0,36 para 0,83) foi reduzido no grupo de atletas que participou do programa preventivo.
O programa foi composto por três partes, conforme Soligard et al. 10, sendo a parte um formada por exercícios de corrida em velocidade reduzida, combinados com contatos com o parceiro; a parte dois, composta por três níveis de dificuldade e com exercícios de prancha, prancha lateral, agachamentos, saltos e equilíbrio; e a parte três, composta por exercícios de corrida com velocidade moderada a elevada, combinada com movimentos específicos do futebol. A cada quatro semanas, houve progressão dos exercícios relacionados à etapa dois, conforme proposto por Soligard et al. 10.
Foi utilizado o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0, com análise descritiva, através de média e desvio-padrão. Após o teste de normalidade dos dados (através do Teste de Shapiro-Wilk), indicou-se uma distribuição paramétrica. Desta forma, as diferenças entre as testagens (pré e pós-testes) foram avaliadas pelo teste t de Student pareado. Para todas as análises foi considerado um nível de significância menor que 0,05.
A Tabela 2 demonstra o desempenho isocinético de joelho dos 14 atletas na velocidade de 60°/s. Houve aumento na maioria das variáveis pós-intervenção, com exceção do PT dos extensores do MD e da RAA do MND. Foi encontrada assimetria superior a 10% entre os membros no PT de flexores pré-intervenção.
Tabela 2 Desempenho isocinético da articulação de joelho a 60°/s pré e pós-intervenção
PRÉ | PÓS | P | PRÉ | PÓS | P | |
---|---|---|---|---|---|---|
Dominante | Dominante | Não dominante | Não dominante | |||
PT extensores | 103,53±21,68 | 110,13±26,91 | 0,11 | 101,23±20,33 | 115,59±26,07 | 0,003* |
PT flexores | 56,43±11,87 | 63,54±13,68 | 0,001* | 50,39± 11,90 | 60,72±16,88 | 0,003* |
TT extensores | 466,60±96,01 | 527,68±98,36 | 0,003* | 425,33±88,50 | 543,76±145,27 | <0,001* |
TT flexores | 267,10±57,29 | 316,80±78,98 | 0,007* | 232,40±75,63 | 296,35±97,02 | 0,006* |
POT extensores | 66,82±13,32 | 76,82±16,24 | 0,000* | 64,86±13,55 | 80,06±19,49 | <0,001* |
POT flexores | 38,75±7,39 | 46,79±10,98 | 0,003* | 34,94±10,47 | 43,87±13,15 | 0,003* |
RAA | 54,51±4,29 | 57,98±4,38 | 0,037* | 49,96±8,40 | 52,30±6,62 | 0,338 |
PT: pico de torque (Nm), TT: trabalho total (J), POT: potência (watts), RAA: relação agonista/antagonista (%) entre flexores e extensores. Dados expressos em média e desvio-padrão (DP±), * indica diferença significativa (p<0,05).
As variáveis isocinéticas dos atletas na velocidade de 180°/s estão presentes na Tabela 3. Houve aumento significativo na maioria das variáveis pós-intervenção, com exceção do PT de extensores do MND e da RAA de ambos os membros. Foi encontrada assimetria superior a 10% entre os membros no PT de extensores pré-intervenção.
Tabela 3 Desempenho isocinético da articulação de joelho a 180°/s pré e pós-intervenção
PRE | PÓS | P | PRÉ | PÓS | P | |
---|---|---|---|---|---|---|
Dominante | Dominante | Não dominante | Não dominante | |||
PT extensores | 77,98±17,20 | 86,26 ±17,22 | 0,001* | 92,40±33,64 | 91,13±19,02 | 0,901 |
PT flexores | 50,66±11,24 | 57,96±13,22 | 0,002* | 46,13±9,27 | 54,88±12,80 | 0,006* |
TT extensores | 797,33±182,0 | 911,70±180,2 | 0,003* | 830,36±192,26 | 964±199,37 | 0,003* |
TT flexores | 515,95±119,8 | 592,99±126,78 | <0,001* | 473,76±155,64 | 551,58±135,07 | 0,028* |
POT extensores | 130,06±29,42 | 148,88±28,62 | 0,002* | 132,23±30,09 | 155,54±34,41 | 0,016* |
POT flexores | 81,72±18,56 | 94,01±19,29 | < 0,001* | 473,76±155,64 | 551,58±135,07 | 0,035* |
RAA | 65,27±7,09 | 67,00±7,16 | 0,406 | 55,79±6,79 | 60,17±6,73 | 0,106 |
PT: pico de torque (Nm), TT: trabalho total (J), POT: potência (watts), RAA: relação agonista/antagonista (%) entre flexores e extensores. Dados expressos em média e desvio-padrão (DP±), * indica diferença significativa (p<0,05).
Com relação ao desempenho isocinético na velocidade de 300°/s (Tabela 4), não houve diferença das variáveis de PT de flexores do MD, da RAA de ambos os membros, e do IF de extensores e flexores do joelho de ambos os membros, pós-intervenção. Nas demais variáveis, todas apresentaram aumento após a intervenção.
Tabela 4 Desempenho isocinético da articulação de joelho a 300°/s pré e pós-intervenção
PRÉ | PÓS | P | PRÉ | PÓS | P | |
---|---|---|---|---|---|---|
Dominante | Dominante | Não dominante | Não dominante | |||
PT extensores | 64,15±11,98 | 68,54±14,08 | 0,017* | 67,63±11,95 | 74,17±15,80 | 0,007* |
PT flexores | 48,25±9,49 | 54,38±9,96 | 0,056 | 46,70 ±12,64 | 56,11±11,68 | 0,043* |
TT extensores | 894,16±227,2 | 1050,15 ±15 | 0,003* | 929,39±222,42 | 1131,43±251,40 | 0,003* |
TT flexores | 584,72±174,2 | 716,14±154,14 | 0,005* | 536,26±178,68 | 680,54±168,09 | 0,003* |
POT extensores | 139,31±34,82 | 162,25±34,60 | 0,002* | 141,80±32,73 | 173,23±39,90 | 0,002* |
POT flexores | 85,51±24,92 | 103,95±22,91 | 0,002* | 74,90±24,32 | 98,29±24,14 | 0,001* |
RAA | 75,95±14,09 | 80,19±10,94 | 0,394 | 69,78±17,39 | 76,44±10,85 | 0,200 |
IF ext | 28,85±9,94 | 34,45±6,51 | 0,150 | 26,95±11,82 | 32,50±6,91 | 0,119 |
IF flex | 32,01±10,88 | 37,47±9,21 | 0,258 | 35,06±10,99 | 31,23±8,39 | 0,412 |
PT: pico de torque (Nm), TT: trabalho total (J), POT: potência (watts), RAA: relação agonista/antagonista (%) entre flexores e extensores, IF ext: índice de fadiga de extensores (%), IF flex: índice de fadiga de flexores (%). Dados expressos em média e desvio-padrão (DP±), * indica diferença significativa (p<0,05).
O estudo demonstrou contribuições importantes do protocolo de prevenção de lesões Fifa 11+ sobre variáveis isocinéticas da articulação do joelho em atletas de futsal, uma vez que houve redução das assimetrias bilaterais (nas velocidades de 60°/s e 180°/s) bem como da assimetria unilateral (na velocidade de 60°/s) pós-intervenção. Cabe destacar que esses dados são escassos na literatura, pois a grande maioria dos achados envolvem jovens adultos.
A realização de trabalhos preventivos com categorias mais jovens é fundamental, conforme sugerem alguns estudos20), (21. Read et al. 20, ao analisarem possíveis assimetrias em 347 atletas de futebol juvenil conforme estágio de maturação, encontraram que diferenças entre membros no desempenho funcional de atletas jovens parecem ser estabelecidas na primeira infância. Assim, sugerem que intervenções preventivas devam começar em jovens atletas, com idades anteriores ao pico de velocidade de crescimento, e ser mantidas durante a infância e a adolescência, para garantir que a assimetria não aumente. De forma complementar, Atkins et al. 21 identificaram que os desequilíbrios musculares bilaterais se tornam relevantes no início da adolescência e que, ao final desse estágio, essas diferenças parecem se reduzir. Os autores reiteram a possibilidade de haver um “gatilho” durante o estágio inicial da adolescência, quando os desequilíbrios bilaterais se tornam marcantes, contudo as razões para tal assimetria tornar-se pronunciada durante a adolescência permanecem incertas. Dessa forma, um treinamento específico, voltado para amenizar os desequilíbrios musculares de membros inferiores em jogadores jovens, contribui para a redução de risco de lesões nessas categorias21.
Em conformidade com nossos resultados, alguns estudos demonstraram que o protocolo Fifa 11+ tem efeitos benéficos sobre o desempenho muscular do atleta. Brito et al. 22, após 10 semanas da aplicação do protocolo Fifa 11+ em 20 atletas de futebol do sexo masculino (22,3±4,2 anos), também encontraram um aumento significativo no PT de extensores do MND, dos flexores de ambos os membros, e na RAA no MND, a 60°/s. Na velocidade de 180°/s, houve aumento no PT de extensores do MD e de flexores do MND, corroborando com os achados deste estudo.
Reis et al. 23 verificaram que a prática de 12 semanas do Fifa 11+ em 36 jogadores de futsal (17,3±0,7 anos) foi eficaz para aumentar o PT de extensores de joelho no MND e de flexores de joelho no MD a 60°/s, além da melhora na RAA do MD a 60°/s. Na velocidade alta, não houve alteração em nenhuma das variáveis avaliadas, enquanto que em nosso estudo ocorreu aumento no PT dos extensores do MD e no PT de flexores em ambos os membros.
O aumento do PT de flexores de joelho nas três velocidades testadas (60°/s, 180°/s e 300°/s), e o aumento do PT de extensores de joelho na velocidade de 300°/s após a prática do Fifa 11+ também foi encontrado nos trabalhos de Daneshjoo et al. 24) (em 36 jogadores de futebol masculino, 18,9±1,4 anos), e de Ghareeb et al. 25 (em 17 atletas jovens de futebol masculino, (16,53 anos). Assim como em nosso estudo, Daneshjoo et al. 26) também encontraram melhoras significativas sobre a RAA em jogadores de futebol masculino (de 17 a 20 anos) após a prática do Fifa 11+.
Cabe ressaltar que os resultados encontrados neste estudo, associados a um melhor equilíbrio muscular unilateral, bem como ao aumento do PT dos músculos flexores de joelho, podem estar associados às características do próprio protocolo aplicado, que incluiu exercícios nórdicos, enfatizando o treinamento específico dessa musculatura. Esses ganhos são importantes no contexto preventivo, conforme sugerem van der Horst et al. 27 em estudo no qual observaram que a incidência de lesões nos músculos posteriores da coxa foi significativamente menor no grupo que praticou os exercícios nórdicos quando comparado ao grupo-controle, em atletas amadores de futebol masculino.
A presente proposta acompanhou uma equipe de atletas de futsal sub-13 durante uma temporada, perfazendo um período de 18 semanas de aplicação do programa preventivo. De forma semelhante, Soligard et al.10 também acompanharam atletas jovens de futebol do sexo feminino (15,4±0,7 anos) durante uma liga, e identificaram uma redução no risco de lesões graves, lesões por uso excessivo e lesões em geral. Contudo, percebe-se nos estudos que o tempo de aplicabilidade do Fifa 11+ é muito variável e que esse fator não parece estar muito claro na literatura, devendo ser melhor investigado.
A variável IF mostrou-se dentro dos parâmetros esperados18, e tais valores são importantes, pois em um jogo de futsal os grupos musculares mais utilizados são o quadríceps e os isquiotibiais, e na situação de fadiga muscular há uma redução da força e da potência muscular, fator que interfere na performance do atleta no decorrer da partida e aumenta o risco de desenvolvimento de lesões28.
A avaliação do desempenho isocinético torna-se importante para identificar os déficits musculares que são associados a risco de lesões, e para monitorar os efeitos de um programa de treino, auxiliando assim na prevenção de lesões16), (29, conforme realizado neste estudo. Assim, a simetria muscular entre os membros e a relação entre os flexores e extensores do joelho são fatores cruciais para o cuidado do atleta de futsal, devido à função dessa musculatura nessa prática esportiva30.
Neste estudo, foi encontrada assimetria superior a 10% no PT de flexores a 60°/s e no PT de extensores a 180°/s, pré-intervenção, caracterizando um fator de risco para lesões5. Já na análise pós-intervenção, não foram encontradas tais assimetrias, sugerindo que o protocolo influenciou na redução das assimetrias de força entre membros. Sobre os dados referentes à RAA, houve aumento dessa variável no MD (60°/s), aproximando-se do valor ideal18, pós-intervenção. Apesar dessa variável não sofrer modificações nas demais velocidades analisadas, bem como no MND (60°/s), os valores tornaram-se mais próximos dos valores de normalidade18 após a intervenção.
Sugere-se que a redução das assimetrias musculares unilaterais e bilaterais encontradas neste estudo possa também contribuir para diminuir o risco, para os atletas, em desenvolver lesões. Corroborando isso, a revisão sistemática com meta-análise proposta por Al Attar et al. 31 identificaram que as equipes envolvidas no programa de aquecimento Fifa 11+ reduziram as taxas de lesões entre 20% e 50% em longo prazo em comparação com as equipes que não participam dos programas preventivos.
Como limitações do estudo, podemos citar a não familiarização dos atletas com o teste isocinético, a não avaliação maturacional, e a falta de um cálculo amostral e de um grupo-controle para permitir resultados mais conclusivos.
A aplicação por 18 semanas do protocolo Fifa 11+ promoveu uma melhora no desempenho isocinético as musculaturas extensoras e flexoras de joelho, diminuindo as assimetrias unilaterais e bilaterais em jovens atletas de futsal e, portanto, reduzindo o risco de desenvolvimento de lesões.
Como contribuições, o estudo demonstrou efeitos positivos de um programa de prevenção de lesão sobre o desempenho muscular de atletas de futsal masculino sub-13, uma vez que trabalhos preventivos direcionados à essa categoria são limitados. Com base nisso, sugere-se a realização de mais estudos envolvendo os efeitos do programa Fifa 11+ em diferentes categorias de base no futsal.