versão On-line ISSN 1678-4464
Cad. Saúde Pública vol.33 no.1 Rio de Janeiro 2017 Epub 23-Jan-2017
http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00212016
Em 2016, recebemos mais de 2.200 artigos. Esse volume reitera a importância de CSP como veículo de disseminação científica na área de Saúde Coletiva, e nos estimula como Editoras a renovar nosso compromisso de publicar artigos que explorem perguntas de pesquisas socialmente relevantes de forma criativa e diversificada 1.
Nesse ano aprofundamos nossa política de trazer para as páginas de CSP as análises de temas conjunturais. Na seção Perspectivas publicamos 14 textos abordando temas atuais, de problemas ambientais 2), (3), (4), (5 às questões de gênero 6), (7. Também organizamos três Espaços Temáticos sobre temas de grande impacto para a sociedade e a comunidade científica: (i) Tercerização e Saúde, (ii) Zika e Gravidez e (iii) Austeridade Fiscal, Direitos e Saúde. Vale notar que enquanto no tema Zika e Gravidez se ressalta a necessidade de garantir amplo acesso das mulheres à contracepção segura e à assistência aos bebês afetados, as análises sobre o regime fiscal apontam que haverá substancial redução da despesa em saúde nos próximos anos. A reativação da seção Entrevista não poderia ter recomeço melhor com o professor Ezra S. Susser recebendo nossa Editora-chefe Marilia Sá Carvalho na Columbia University (Estados Unidos) para uma profícua troca de ideias sobre causalidade e outros tópicos atuais em Epidemiologia 8.
Mas 2016 foi ano difícil. Aderimos à luta pela manutenção da democracia e de direitos sociais abrindo as páginas de CSP para análises e reflexões sobre o atual momento político no Brasil 9. Nosso compromisso é com a verdade e com a ciência. Enfrentaremos a era da "pós-verdade" 10 com a seriedade necessária. Mas com a coragem também para entrar na polêmica, fazendo todo o esforço possível 11. Não é tarefa fácil, frente a armas como acusações infundadas e exposição visando calar as vozes defensoras da uma sociedade mais igualitária 12, ou processos judiciais financiados com vastos recursos visando o desgaste e a intimidação de cientistas 13, já em pleno uso nos Estados Unidos, e que começam a acontecer também por aqui 14. É o chamado lawfare - o uso indevido de instrumentos jurídicos para perseguir e coagir, e desacreditar instituições e pesquisadores sérios.
Todo ano escolhemos um tema para as fotos que ilustraram cada fascículo. Em 2016 escolhemos o tema Encontros, impactadas que estávamos pelo drama da xenofobia revivida no mundo. Para 2017 escolhemos o tema Arte de Rua. Aberta para todos os que por lá passam. Militante, polêmica, ousada, corajosa, livre. Na rua. Assim pretendemos que 2017 seja para todos os que se preocupam em os destinos da ciência, da saúde coletiva, da sociedade.
Aos artistas da rua, nossa homenagem.
Dias melhores virão.