versão On-line ISSN 2317-1782
CoDAS vol.30 no.3 São Paulo 2018 Epub 18-Jun-2018
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20182017159
O aprendizado da escrita ortograficamente correta geralmente é avaliado por meio de tarefas de ditado de palavras ou da análise da escrita espontânea de palavras, frases ou textos. Levantamento de estudos sobre a avaliação da escrita, publicados entre 1996 e 2005 mostrou que, de 32 artigos analisados, 28,1% apresentavam evidências de validade do material aplicado e 59,4% das pesquisas foram realizadas por meio de ditados, em sua maioria de palavras isoladas(1). A avaliação evidencia as hipóteses que a criança levanta sobre a escrita, assim como os erros que comete. Entretanto, alguns tipos de erro não aparecem no ditado de itens isolados.
Além da informação ortográfica, que é aprendida desde o início da escola fundamental, há outras igualmente relevantes a serem consideradas, sobretudo no começo do aprendizado(2-4). Ao longo deste, o escolar percebe que as palavras são representadas graficamente por letras, delimitadas por espaços em branco, e que podem ser combinadas com outras, formando sintagmas(5). Este é o primeiro passo para representar a fala encadeada. Para isso, também, precisa saber analisar e neutralizar certas informações, por vezes conflitantes: no Português, e em outros idiomas, as sílabas têm durações variáveis que se ajustam em intervalos relativamente constantes; a saliência dessa informação é a sílaba tônica, que tem volume sonoro ou duração maior do que as sílabas átonas, caracterizando um ritmo acentual e não silábico(6,7).
Então, na fala encadeada, as sílabas são pronunciadas em grupos tonais, que não correspondem necessariamente a uma palavra(8-11), e que podem não coincidir com os espaços gráficos que marcam as fronteiras das palavras. Quando esses grupos tonais são formados por duas ou mais palavras, ocorre o fenômeno da coarticulação. Na escrita, tal fenômeno é conhecido como juntura intervocabular(12).
Assim como podem determinar o aparecimento de junturas, as representações e processamentos fonológicos de grupos tonais(13) baseados em percepções auditivas(14,15) podem levar, também, a segmentações indevidas na palavra escrita. Ambas são consideradas imprecisões que devem, juntamente com outros tipos de erros ortográficos, desaparecer ao longo da escolarização. Evidentemente, a escrita de frases ou texto, espontânea ou sob ditado demandará outras habilidades que não somente a ortográfica - vieses, semânticos, morfossintáticos e de memória devem influenciar essa produção (3,16-19). Além disso, não se pode perder de vista que erros diminuem ao longo da escolarização. Esta diminuição é mais observada entre o 3º e o 4º ano, período que corresponde à passagem da escrita alfabética para o início da escrita ortográfica(3,20).
A escrita sob ditado de palavras isoladas não permite a análise de juntura e segmentações que possam ocorrer. A idealização e análise de uma lista de sintagmas nominais para avaliar a escrita de escolares dos anos iniciais do Ensino Fundamental mostrou-se interessante, na medida em que propicia, além da avaliação ortográfica do erro no nível da palavra, a análise da escrita de grupos tonais. Sintagmas nominais são unidades de significado maiores que a palavra e menores que a oração (11). Por serem pouco extensos exigem o mínimo da memória de trabalho, apresentam estrutura morfossintática simples e são de fácil compreensão, características estas que contribuem para que o ditado possa ser aplicado em diferentes anos escolares.
Algumas provas ou testes de avaliação da escrita ortográfica apresentam evidências de validação do constructo. Entretanto, faz-se necessário coletar medidas psicométricas diretas sobre os escores de testes, na forma de estudos de validação, fidedignidade e análise dos itens, o que não é frequentemente encontrado em estudos brasileiros(21,22).
Para garantir a qualidade dos itens de avaliação da escrita, neste estudo, utilizou-se a Teoria de Resposta ao Item (TRI) de modo a identificar os melhores itens de teste no ditado de sintagmas, de acordo com os valores de discriminação e dificuldade mostrados na análise da escrita de escolares do Ensino Fundamental I. A hipótese de que a análise do ditado mostrará que os sintagmas constituem um bom procedimento de avaliação da escrita e mostrará a diferença de desempenho entre os anos escolares, orientou este estudo. O objetivo de apresentar as etapas de elaboração de uma lista de sintagmas para avaliação da escrita de crianças brasileiras matriculadas do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental e verificar a adequação desse instrumento aos anos escolares escolhidos deve confirmar essa hipótese. A lista de sintagmas também pretende ser um instrumento clínico de simples aplicação, capaz de identificar características do desenvolvimento da escrita ao longo dos primeiros anos escolares e permitir a reprodutibilidade da avaliação ortográfica de forma mais estruturada e fidedigna.
Participaram 275 estudantes (150 meninas – 54,54%) de 6 anos e 8 meses a 11 anos de idade, regularmente matriculados do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental (E.F.) de oito escolas do município de São Paulo, selecionados de forma randomizada, respeitando a proporção de 85% de escolares da rede pública (4 municipais e 3 estaduais) e 15% da rede particular de ensino (1escola). Após a seleção e contato com as 8 escolas, e assinatura do Termo de Anuência das respectivas diretorias, foi solicitado às professoras que indicassem as crianças elegíveis para o estudo (ou seja, aquelas que não apresentassem queixas ou indicadores de dificuldades escolares, distúrbios comportamentais, neurológicos e/ou sensoriais). As crianças não foram selecionadas pelas notas escolares, mas por desempenho em tarefa de leitura. A partir da indicação dos professores, as crianças foram triadas em prova de leitura oral que possibilitou o cálculo do valor de taxa de leitura de texto, com o objetivo de garantir algum nível de reconhecimento automático de palavras e de pressuposto conhecimento da escrita ortográfica, considerado o ano escolar. Com esse procedimento, excluíram-se da amostra aquelas que apresentaram valores de taxa (velocidade) de leitura abaixo de: 2º ano = 47 palavras por minuto (p.p.m.); 3º ano = 66 p.p.m.; 4º ano = 71 p.p.m.; 5º ano = 91 p.p.m(23). A amostra ficou assim distribuída: 66 do 2º ano (média de idade=7a e 9m); 76 do 3º ano (média de idade=8a e 10m); 59 do 4º ano (média de idade=9a e 9m) e 74 (média de idade=10a e 6m) do 5º ano.
Com foco nas representações gráficas de todos os fonemas e tipos de sílabas da língua portuguesa, uma banca constituída por fonoaudióloga e linguista criou uma lista de 34 sintagmas nominais, formados por sequências de três a sete palavras selecionadas de bancos de palavras(24,25). Em estudo piloto realizado com 80 escolares do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental (20 de cada ano escolar, 10 de cada rede de ensino), a lista foi ditada para: avaliação das instruções; cálculo do tempo despendido na prova; o número de crianças por aplicação. A partir do ditado, procedeu-se à análise estatística do corpus coletado por meio da Teoria de Resposta ao Item (TRI). Essa análise resultou na exclusão de 9 sintagmas que mostraram valores muito baixos de poder de discriminação ou de grau de dificuldade para a amostra(26).
A lista de 25 sintagmas nominais resultante foi ditada aos 275 participantes da pesquisa ao longo do 2º trimestre letivo. Conforme os resultados do Piloto, os participantes foram reunidos em grupos de no máximo 10 crianças por ano escolar para a aplicação. O ditado foi realizado em duas etapas para as crianças de 2º e 3º anos e em uma única vez para as de 4º e 5º anos. Cada participante recebeu um lápis grafite e uma folha pautada (com local para registrarem seus nomes, a data, o nome da escola e o ano que cursavam). No momento do ditado, receberam a instrução:
Vou falar uma frase pequena e vocês a escreverão na folha. Se for preciso, falarei mais uma vez. Se vocês errarem, façam um traço em cima da palavra e a escrevam novamente do lado. Vocês não poderão apagar.
Os erros foram identificados e computados. Considerou-se acerto (1 ponto) e erro (zero ponto) por palavra. Quando houve mais de um erro em uma mesma palavra, todos foram considerados.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (número 1768/11) e teve início após a assinatura dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e do Assentimento da Criança.
Cada item da lista foi analisado. Para a análise estatística, foi novamente aplicada a Teoria de Resposta ao Item -TRI(26) a fim de verificar a capacidade de discriminação do item (muito alta => 1,69;alta = 1,69 a 1,34;média = 1,33 a 0,65; baixa = 0,64 a 0,35; muito baixa = 0,34 a 0,01) e o grau de dificuldade de cada um (extremamente difícil = >3,0; muito difícil = +3,0 a +2,1 ; difícil = +2,0 a +1,01;moderado = 1,0 a -1,0; fácil = -1,01 a -2,0; muito fácil = -2,01 a -3,0; extremamente fácil = <-3,0). Sintagmas nominais que apresentaram respostas extremas, isto é, ≥95% ou ≤5% de discriminação ou de dificuldade foram eliminados.
Para avaliar se a discriminação e a dificuldade eram invariantes ao longo dos anos escolares, conduziu-se a Análise Confirmatória multigrupo (Teste de Invariância) considerando-se os itens comuns a todos os anos escolares, realizada por meio do cálculo da RMSEA - média da raiz quadrada por erro de aproximação (>0,06); do CFI - índice de comparação de ajuste (>0,95); e do TLI Índice Tucker-Lewis (<0,90).
Para testar a invariância para a variável ano escolar, constituíram-se o Grupo 1, pelo agrupamento do 2º e 3º anos, e o Grupo 2, pela reunião do 4º e 5º anos, uma vez que a amostra de cada ano não foi suficiente para análises em separado. Todas as análises estatísticas foram realizadas pelo programa MPlus 7.11
Os resultados foram obtidos a partir da coleta do ditado de sintagmas aplicado na amostra randomizada de 275 escolares do E.F.
Por meio do procedimento de exclusão de itens, 8 sintagmas nominais que apresentaram respostas extremas foram retirados, resultando em 17 sintagmas ( Tabela 1 ).
Tabela 1 Graus de discriminação e dificuldade da lista de sintagmas, para a amostra de crianças de 2º a 5º ano do EF
Discrim | SE Discrim | Dificuld | SE Dificul | |
---|---|---|---|---|
A festa do dia das mães | 0,540 | 0,125 | -2,068 | 0,434 |
O ladrão de trens | 0,423 | 0,097 | -0,749 | 0,249 |
Essa roda da carroça de bois | 0,659 | 0,112 | -0,220 | 0,141 |
A mesa de vidro transparente | 0,676 | 0,125 | -0,880 | 0,183 |
O caldo de cana gelado | 0,671 | 0,121 | -0,942 | 0,189 |
Uma chuteira de futebol vermelha | 0,658 | 0,135 | -1,531 | 0,280 |
A gangorra quebrada | 0,784 | 0,126 | -0,489 | 0,135 |
O canto do sabiá do campo | 0,676 | 0,129 | 1,365 | 0,246 |
Meus óculos com dois graus | 0,675 | 0,139 | 0,975 | 0,203 |
Qualquer bicicleta preta | 0,984 | 0,177 | -0,921 | 0,147 |
O perfume natural do jardim florido | 1,013 | 0,203 | -1,201 | 0,176 |
As portas iguais da cozinha | 0,879 | 0,144 | -0,876 | 0,151 |
O esquilo apressado | 0,791 | 0,125 | -0,090 | 0,123 |
A receita da empada | 0,845 | 0,138 | -0,173 | 0,120 |
Brigas entre certas cabras | 0,991 | 0,158 | 0,106 | 0,109 |
Iscas de filé na tigela do inglês | 0,753 | 0,121 | 0,649 | 0,151 |
Raposas com sono e quietas | 0,760 | 0,122 | 0,530 | 0,142 |
Legenda: Discrim - grau de discriminação; SE Discrim – erro standard de discriminação; Dificuld - grau de dificuldade; SE Dificuld – erro standard de dificuldade
Destes 17 sintagmas, 15 (88,23%) mostraram grau médio de discriminação e 2 (11,6%), baixo grau de discriminação. À análise do grau de dificuldade, 1 (5,8%) mostrou grau de dificuldade difícil, 13 (76,47%) mostraram grau de dificuldade moderado, 2 (11,6%) mostraram grau de dificuldade fácil; 1 (5,8%) mostrou grau de dificuldade muito fácil.
A distribuição dos sintagmas segundo os graus de discriminação restringiu-se à média e baixa discriminação e o grau de dificuldade variou entre difícil, moderado, fácil e muito fácil ( Tabela 2 ).
Tabela 2 Medidas resumo das porcentagens dos 17 sintagmas nominais distribuídas por graus de discriminação e dificuldade
N | % | ||
---|---|---|---|
Discriminação | Muito Alto | - | - |
Alto | - | - | |
Médio | 15 | 88,23 | |
Baixo | 2 | 11,76 | |
Muito Baixo | - | - | |
Dificuldade | Muito Difícil | - | - |
Difícil | 1 | 5,88 | |
Moderado | 13 | 76,47 | |
Fácil | 2 | 11,06 | |
Muito Fácil | 1 | 5,88 | |
Extremamente Fácil | - | - |
À análise das invariâncias configural e escalar da lista de sintagmas, o índice de Tucker- Lewis e o CFI mostraram bons índices de ajuste do modelo para a amostra. Grupos 1 e 2 podem ser comparados entre si, pois o modelo se mostrou estável ( Tabela 3 ).
Tabela 3 Análise das invariâncias configural e escalar de sintagmas nominais segundo o ano escolar
Modelo | Número de parâmetro | Quiquadrado | Grau de Liberdade | p - valor | RMSEA | CFI | TLI | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Grupos 1 e 2 |
Configural | 68 | 253,744 | 238 | 0,2307 | 0,022 | 0,983 | 0,981 |
Escalar | 53 | 269,708 | 253 | 0,2247 | 0,022 | 0,982 | 0,981 | |
Esc. vsconfig | 16,801 | 15 | 0,3309 |
Legenda: Esc. vsconfig - Escalar versus configural; RMSEA - média da raiz quadrada por erro de aproximação (>0,06); CFI - índice de comparação de ajuste (>0,95); TLI Índice Tucker-Lewis (>0,90); Grupo 1- 2º e 3º anos; Grupo 2-: 4º e 5º anos
A Figura 1 mostra no eixo das abscissas as habilidades que estão mais próximas de +3 (são habilidades mais difíceis) e as mais próximas de -3 (mais fáceis). Os níveis mais altos de informação indicam a medida mais precisa do constructo. Compararam-se os dois grupos determinados por escolaridade. Desta forma, construíram-se as TIC – Curvas de Informação Total. Podem-se ressaltar dois pontos em ambos os gráficos: 1) o pico de informação foi alcançado por crianças com habilidades moderadas (em torno do zero no eixo das abscissas); 2) a quantidade de informação é quase duas vezes maior para as crianças do Grupo 2 (4º e 5º anos) em comparação com as crianças do Grupo 1 (2º e 3º anos).
A avaliação da escrita é procedimento fundamental para conhecer as condições e ritmo do aprendizado. Este estudo buscou elaborar um instrumento que pudesse avaliar de forma invariável a escrita de crianças do Ensino Fundamental I, que fosse de fácil aplicação clínica ou educacional e possibilitasse a reprodutibilidade do procedimento em pesquisas.
A escrita de sintagmas permite observar se o escolar percebe as fronteiras entre as palavras (9-11). É certo que outras habilidades como desenvolvimento vocabular e consciência morfossintática importam nesse processo(4). Entretanto, considera-se que questões mais básicas como processamento fonológico e auditivo subjazem às junturas e segmentações indevidas e devem ser identificadas(13,15). O aparecimento de junturas ou segmentações indevidas pode indicar, portanto, a presença de déficits de habilidades primárias para o aprendizado da escrita e da leitura(27).
A análise dos itens da lista de sintagmas nominais determinou a exclusão de alguns deles que mostravam valores extremos de graus de discriminação e de dificuldade. Assim, dos 17 sintagmas restantes, cujas palavras mantiveram a representação grafêmica de todos os fonemas da língua portuguesa e da maioria dos tipos de sílabas, a maioria mostrou médio grau de discriminação e, apenas 2, baixo grau de discriminação. Quanto à dificuldade, a maioria mostrou grau de dificuldade moderado, e os demais se distribuíram em: 1 com grau difícil, 2 fáceis e 1 muito fácil ( Tabelas 1 e 2 ).
As sílabas VV e VVC foram eliminadas com a retirada dos sintagmas analisados pela TRI. Entretanto, essas estruturas silábicas compuseram sílabas mais complexas e puderam, assim, de alguma forma, ser avaliadas (por exemplo, nas palavras chuteira e bois, respectivamente).
É preciso ressaltar que instrumentos de avaliação de desempenhos devem apresentar, como característica importante, força ou robustez para discriminar, ou diferenciar respostas do avaliado(26). Tanto mais robusto, quanto mais equilibrada a análise do poder de discriminação e de dificuldade dos itens que compõem o instrumento. Os resultados da análise corroboraram essa ideia, na medida em que mostrou o predomínio de sintagmas com características de média discriminação e moderado grau de dificuldade ( Tabelas 1 e 2 ).
A lista de sintagmas mostrou-se adequada à avaliação da escrita da amostra total, o que foi confirmado pela análise das invariâncias configural e escalar ( Tabela 3 ), cujos TLI e CFI mostraram bons índices de ajuste do modelo para a amostra (X2 (15)=16,801(p=03309)(21). Embora se esperasse que a lista estivesse avaliando as mesmas habilidades subjacentes à escrita de cada um dos anos escolares avaliados, foi necessário agrupar os anos iniciais (2º e 3º) e os finais (4º e 5º). Além do procedimento estatístico (e do tamanho amostral), provavelmente, os agrupamentos foram determinados por semelhanças de nível de aprendizado entre 2º e 3º ano e entre 4º e 5º ano. De fato, espera-se que a fase alfabética do aprendizado da escrita seja concluída até o final do 3º ano e dê lugar ao aprendizado e domínio da escrita ortográfica ao final do 5º(28).
Para avaliar a quantidade de informação subjacente ao constructo que pode ser explicada por seus respectivos itens como um todo dividido em vários níveis, foi elaborada uma Curva de Informação Total em que os níveis mais altos de informação indicam a medida mais precisa do constructo. Essa Curva reforça o padrão encontrado na TRI. O pico de informações da curva ficou em torno de zero para as crianças de médio desempenho e a quantidade de informações obtidas é quase o dobro para as crianças mais velhas, do Grupo 2. Estas já estão na fase final da alfabetização e, portanto, não se espera mais a imprecisão da escrita de um corpus elaborado com palavras de alta frequência na escrita espontânea ou sob ditado(25,29).
Algumas hipóteses poderiam explicar os resultados e as variações encontrados na aplicação do ditado, como características ligadas a habilidades de memória de curto prazo, às informações fonológicas e de desenvolvimento metalinguístico, que certamente contribuiriam para a distinção entre aprendizes eficientes daqueles que apresentam dificuldades de escrita.
Obteve-se, ao final das análises dos itens, uma lista de17 sintagmas nominais com valores de discriminação média e de dificuldade moderada, considerada a amostra randomizada de escolares de 2o. a 5o. ano do EF. A análise da escrita de sintagmas nominais mostrou o ajuste e a adequação do modelo proposto e indicou que o instrumento pode avaliar, de forma invariável, agrupamentos de ano escolar - 2º e 3º, 4º e 5º -, sobretudo quando se pensa que os sintagmas podem promover junções e separações, de forma a propiciar a investigação, inclusive, dessa característica da escrita.