versão impressa ISSN 2595-0118versão On-line ISSN 2595-3192
BrJP vol.2 no.2 São Paulo abr./jun. 2019 Epub 19-Jun-2019
http://dx.doi.org/10.5935/2595-0118.20190036
Caro editor,
Lemos com grande interesse o trabalho "Efeito analgésico imediato da corrente interferencial de 2KHz na dor lombar crônica: ensaio clínico randomizado"1. A neuromodulação baseia-se no conceito de que a estimulação elétrica indutora de parestesia pode ser analgésica. Sua base histórica emana da teoria do controle do portão da dor de Melzack e Wall, proposta em 19652. A neuromodulação nos deu acesso aos sistemas de modulação da dor e ajudou a amadurecer a compreensão da fisiopatologia da dor3. No entanto, a compreensão atual da dor ainda é rudimentar e a evidência de que a neuromodulação funciona é modesta. Uma revisão atual conduzida pela Cochrane concluiu que "ainda somos incapazes de concluir com confiança que, em pessoas com dor crônica, a eletroterapia transcutânea é prejudicial ou benéfica para o controle da dor, incapacidade, qualidade de vida relacionada à saúde, uso de fármacos para alívio da dor ou impressão global de mudança"4. Porém, os resultados apresentados por este estudo nos deixaram convencidos de que a corrente interferencial tem o seu papel no manuseio da dor lombar crônica; não pelo seu efeito analgésico duradouro, mas pelo seu efeito analgésico imediato que se mostrou satisfatório na preparação do paciente para receber a cinesioterapia, essa sim com níveis de evidência mais robustos evidenciados no controle da dor lombar crônica5. Ou seja, a eletroterapia não é a salvação, muito menos a base do manuseio não cirúrgico da dor lombar, porém ela pode ter seu papel como ponte de acesso a terapias mais robustas, aliviando a dor imediata, possibilitando assim, o início das outras terapias. Encorajamos os autores a continuarem os trabalhos investigando o comportamento da dor em outras frequências e talvez a elaborarem um protocolo do uso adjuvante da corrente interferencial no tratamento da dor lombar crônica.