versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.112 no.5 São Paulo maio 2019 Epub 06-Jun-2019
https://doi.org/10.5935/abc.20190085
Obesidade é uma doença caracterizada por complexo distúrbio metabólico e associada a diversas complicações, como doenças cardiovasculares, diabetes, disfunção renal, disfunção hepática e câncer, resultando em prejuízo da qualidade de vida.1
A patogênese da obesidade tem origem multifatorial, entre os fatores destaca-se o estresse oxidativo (EO). Estudos em cultura celular e com animais relatam como o EO pode contriuir para o desenvolvimento da obesidade, causando aumento da proliferação de pré-adipócitos, diferenciação de adipócitos e tamanho dos adipócitos maduros, que resulta em maior produção de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alpha (TNF-α).2,3
O modelo de obesidade induzida por dieta hiperlipídica em animais tem como objetivo mimetizar as características observadas no humano, tais como o desenvolvimento de anormalidades cardiovasculares.4,5 O estudo de Effting et al.,6 utilizou animais com obesidade induzida por dieta hiperlipídica e verificou os efeitos do treinamento resistido sobre parâmetros de EO e inflamatório.
Atualmente, dentre as recomendações para o tratamento da obesidade, destaca-se o exercício físico regular, resultando em diversos benefícios, como: melhora da composição corporal, capacidade física, resistência à insulina, função endotelial, hipertensão arterial, defesa antioxidante e qualidade de vida.7,8
Os resultados apresentados pelos autores do artigo "Exercício Resistido Modula Parâmetros de Estresse Oxidativo e Conteúdo de TNF-α no Coração de Camundongos com Obesidade Induzida por Dieta", demonstraram importante efeito cardioprotetor do treinamento resistido, que resultou em diminuição dos níveis de peroxidação lipídica e espécies reativas de oxigênio, modulação da atividade de enzimas antioxidantes e diminuição da concentração do TNF-α no miocárdio de camundongos obesos.6 Da mesma forma, Alves et al.,9 observaram que oito semanas de exercício resistido melhora o perfil inflamatório no coração de ratos com infarto do miocárdio.
Os efeitos do exercício resistido sobre o EO têm sido investigados principalmente no músculo esquelético.10-12 Estudos que avaliaram efeitos do exercício resistido sobre o status redox do músculo cardíaco são escassos na literatura. Portanto, Effting et al.,6 apresentaram dados relevantes sobre o exercício resistido como abordagem terapêutica da obesidade, sendo aliado no combate às alterações metabólicas e manutenção da qualidade de vida.