Compartilhar

Efeitos Cardíacos da Trimetazidina em Ratos Diabéticos

Efeitos Cardíacos da Trimetazidina em Ratos Diabéticos

Autores:

Alfredo J. Mansur

ARTIGO ORIGINAL

Arquivos Brasileiros de Cardiologia

versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170

Arq. Bras. Cardiol. vol.112 no.2 São Paulo fev. 2019

https://doi.org/10.5935/abc.20190012

O diabetes mellitus pode estar associado a uma forma específica de cardiomiopatia independente de outras comorbidades. A hipertrofia ventricular esquerda é a principal alteração patológica descrita na cardiomiopatia de pacientes com diabetes mellitus. Diferentes mecanismos podem agir na patogênese da hipertrofia: desarranjos metabólicos, inflamação e, entre outros fatores, estresse oxidativo.1 O estresse oxidativo pode levar a danos celulares pela oxidação de DNA, proteínas e lipídios induzida por radicais livres.2

Espécies reativas de oxigênio podem levar a consequências nos cardiomiócitos, incluindo hipertrofia, apoptose e fibrose; a esse respeito, pode estar faltando um mecanismo de desintoxicação celular para atenuar a gravidade do dano induzido por algumas espécies reativas de oxigênio.3 Portanto, valeria a pena investigar intervenções que poderiam ser protetoras, incluindo terapia medicamentosa.

A trimetazidina (dicloridrato de 1- [2,3,4-trimetoxibenzil] piperazina)4 é um dos fármacos que pode ser utilizado em combinação com outros para o tratamento de pacientes com angina.5 É um derivado da piperazina,6 caracterizado como um modulador metabólico5 que reduz a oxidação de ácidos graxos de cadeia longa (3-Cetoacil CoA Tiolase).4

Nesta edição,7 um estudo experimental de diabetes induzido por aloxana em ratos Sprague-Dawley testou a hipótese de que a administração de trimetazidina pode prevenir as alterações patológicas induzidas no coração dos animais estudados, incluindo o intervalo QT, peso cardíaco em relação ao peso corporal, índices de contratilidade miocárdica e atividades de enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase).

Os autores constataram que a administração de trimetazidina reduziu as modificações nas variáveis estudadas induzidas por diabetes nos ratos. Assim, achados experimentais suplementares foram adicionados ao conhecimento atual sobre a interação entre diabetes, cardiomiopatia e terapia medicamentosa em animais experimentais, ratos neste estudo específico. Em caso de progresso no acúmulo de conhecimento em conjunto com outros estudos, as evidências podem evoluir para fazer jus a estudos clínicos.

REFERÊNCIAS

1 Borghetti G, von Lewinski D, Eaton DM, Sourij H, Houser SR, Wallner M. Diabetic Cardiomyopathy: Current and Future Therapies. Beyond Glycemic Control. Front Physiol. 2018 Oct 30;9:1514.
2 Madamanchi NR, Runge MS. Redox signaling in cardiovascular health and disease. Free Radic Biol Med. 2013 Aug;61:473-501.
3 Dadson K, Hauck L, Billia F. Molecular mechanisms in cardiomyopathy. Clin Sci (Lond). 2017;131(13):1375-92.
4 Lewandowski ED. Metabolic mechanisms associated with antianginal therapy. Circ Res. 2000;86(5):487-9.
5 Balla C, Pavasini R, Ferrari R. Treatment of Angina: Where Are We? Cardiology. 2018;140(1):52-67.
6 Shaquiquzzaman M, Verma G, Marella A, Akhter M, Akhtar W, Khan MF, et al. Piperazine scaffold: A remarkable tool in generation of diverse pharmacological agents. Eur J Med Chem. 2015 Sep 18;102:487-529.
7 Ramezani-Aliakbari F, Badavi M, Dianat M, Mard SA, Ahangarpour A. The effects of Trimetazidine on QT-interval prolongation and cardiac hypertrophy in diabetic rats. Arq Bras Cardiol. 2019; 112(2):173-178.