versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.112 no.2 São Paulo fev. 2019
https://doi.org/10.5935/abc.20190012
O diabetes mellitus pode estar associado a uma forma específica de cardiomiopatia independente de outras comorbidades. A hipertrofia ventricular esquerda é a principal alteração patológica descrita na cardiomiopatia de pacientes com diabetes mellitus. Diferentes mecanismos podem agir na patogênese da hipertrofia: desarranjos metabólicos, inflamação e, entre outros fatores, estresse oxidativo.1 O estresse oxidativo pode levar a danos celulares pela oxidação de DNA, proteínas e lipídios induzida por radicais livres.2
Espécies reativas de oxigênio podem levar a consequências nos cardiomiócitos, incluindo hipertrofia, apoptose e fibrose; a esse respeito, pode estar faltando um mecanismo de desintoxicação celular para atenuar a gravidade do dano induzido por algumas espécies reativas de oxigênio.3 Portanto, valeria a pena investigar intervenções que poderiam ser protetoras, incluindo terapia medicamentosa.
A trimetazidina (dicloridrato de 1- [2,3,4-trimetoxibenzil] piperazina)4 é um dos fármacos que pode ser utilizado em combinação com outros para o tratamento de pacientes com angina.5 É um derivado da piperazina,6 caracterizado como um modulador metabólico5 que reduz a oxidação de ácidos graxos de cadeia longa (3-Cetoacil CoA Tiolase).4
Nesta edição,7 um estudo experimental de diabetes induzido por aloxana em ratos Sprague-Dawley testou a hipótese de que a administração de trimetazidina pode prevenir as alterações patológicas induzidas no coração dos animais estudados, incluindo o intervalo QT, peso cardíaco em relação ao peso corporal, índices de contratilidade miocárdica e atividades de enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase).
Os autores constataram que a administração de trimetazidina reduziu as modificações nas variáveis estudadas induzidas por diabetes nos ratos. Assim, achados experimentais suplementares foram adicionados ao conhecimento atual sobre a interação entre diabetes, cardiomiopatia e terapia medicamentosa em animais experimentais, ratos neste estudo específico. Em caso de progresso no acúmulo de conhecimento em conjunto com outros estudos, as evidências podem evoluir para fazer jus a estudos clínicos.