versão impressa ISSN 1806-3713versão On-line ISSN 1806-3756
J. bras. pneumol. vol.41 no.4 São Paulo jul./ago. 2015
http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132015000000061
Uma paciente de 74 anos de idade, submetida à fixação de coluna com vertebroplastia (injeção de cimento de polimetilmetacrilato) devido a fraturas osteoporóticas há três anos, apresentava história de dispneia aos esforços há um mês. Sua pressão sanguínea era de 164/90 mmHg. Seu eletrocardiograma era normal, e a gasometria arterial não indicou hipoxemia. Os níveis de peptídeo natriurético cerebral e de troponina I eram normais (65,5 pg/ml e < 0,01 ng/ml, respectivamente). A ultrassonografia com Doppler das extremidades inferiores não indicou trombose venosa profunda, e a ecocardiografia indicou disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (grau 1) sem anormalidades no lado direito. A TC de tórax mostrou cimento de polimetilmetacrilato embolizado no sistema ázigos e nas artérias pulmonares (Figuras 1 e 2, respectivamente). Foi iniciada a anticoagulação.
Figura 1 TC axial. As setas brancas indicam o polimetilmetacrilato embolizado no sistema ázigos e nas artérias pulmonares.
Figura 2 TC reconstruída com projeção de intensidade máxima tridimensional no plano oblíquo sagital (em A) e no plano coronal (em B). As setas brancas indicam material de alta atenuação, correspondente ao polimetilmetacrilato no plexo venoso paravertebral, estendendo-se dentro da veia hemiázigos e embolizado na direção dos vasos pulmonares.
Embora a embolia pulmonar por cimento ósseo (EPCO) seja uma complicação já conhecida da vertebroplastia, sua incidência exata permanece controversa, variando entre 2,1%, em um estudo retrospectivo,1 e 24,0%, em um estudo prospectivo. 2Segundo o primeiro estudo,1 todos os pacientes com EPCO permaneceram assintomáticos no primeiro ano de seguimento; o segundo estudo relatou que a maioria dos êmbolos eram pequenos e periféricos.2 Entretanto, sintomas podem se desenvolver, e já foram descritos eventos fatais.2
Em uma revisão sistemática, Krueger et al.3 não identificaram uma estratégia de manejo ideal, mas concluíram que os pacientes com EPCO e embolias periféricas sintomáticas deveriam receber anticoagulação plena por seis meses.