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Enfisema subcutâneo facial de início tardio após fratura do seio frontal

Enfisema subcutâneo facial de início tardio após fratura do seio frontal

Autores:

Andreia Filipa Miranda Mota,
Virgínia Machado,
Sofia Peças,
Alexandra Emílio,
Eduarda Marisa Vicente

ARTIGO ORIGINAL

Einstein (São Paulo)

versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385

Einstein (São Paulo) vol.14 no.2 São Paulo abr./jun. 2016 Epub 08-Mar-2016

http://dx.doi.org/10.1590/S1679-45082016AI3532

Figura 1 (A) Plano parassagital direito, (B) plano supraorbital transverso e (C) plano frontal transverso 

Criança de 5 anos de idade, sexo masculino, com antecedentes de fratura do seio frontal há 2 anos, tratada de maneira conservadora e, atualmente, sem seguimento por cirurgia. Apresentou-se à admissão com quadro febril agudo, edema marcado da pálpebra e região supraciliar direitas, acompanhados de movimento ocular doloroso homolateral. O exame físico não revelou outras alterações, excluindo-se o comprometimento neurológico. Os exames laboratoriais mostraram aumento dos marcadores de inflamação. Para estadiar a extensão da inflamação e excluir as complicações intracraniais, realizou-se tomografia computadorizada do crânio e órbitas, que revelou edema frontal e periorbitário à direita, estendendo-se à área pós-septal, sem envolvimento do nervo ótico. Foram também observados enfisema subcutâneo ao redor de ruptura, na continuidade da parede anterior do seio frontal, e um processo de pansinusite aguda, com níveis hidroaéreos nos seios maxilares, etmoidais, esfenoidais e frontais; não foi notada formação de abcesso. Admitiu-se o diagnóstico de celulite orbitária e enfisema subcutâneo facial devido à pansinusite. O enfisema subcutâneo facial é habitualmente relatado como uma complicação aguda da fratura óssea.(1-4) No entanto, neste caso, apresentou-se como uma complicação tardia, provavelmente desencadeada pelo processo agudo de sinusopatia frontal, o que constitui complicação rara.

O enfisema subcutâneo é apenas uma das complicações associadas com o trauma de crânio em pediatria, que também inclui convulsões, hemorragia epidural, subdural ou intracraniana, trombose dos seios venosos e veias cerebrais, lesão de nervos cranianos, fístulas do líquido cefalorraquidiano e pneumoencéfalo.(1,2,5-7) A maioria dessas complicações ocorre principalmente na fase aguda. Todavia, o pneumoencéfalo e as convulsões também podem ser complicações tardias. É importante que os médicos reconheçam tanto as complicações tardias como as agudas do trauma de crânio, de modo a assegurar uma intervenção imediata e adequada, garantindo os melhores resultados terapêuticos.(1-8)

REFERÊNCIAS

1. Brasileiro BF, Cortez AL, Asprino L, Passeri LA, de Moraes M, Mazzonetto R, et al. Traumatic subcutaneous emphysema of the face associated with paranasal sinus fractures: a prospective study. J Oral Maxillofac Surg. 2005; 63(8):1080-7.
2. Ellis E 3rd, el-Attar A, Moos KF. An analysis of 2,067 cases of zygomatico-orbital fracture. J Oral Maxillofac Surg. 1985;43(6):417-28.
3. Roccia F, Griffa A, Nasi A, Baragiotta N. Severe subcutaneous emphysema and pneumomediastinum associated with minor maxillofacial trauma. J Craniofac Surg. 2003;14(6):880-3.
4. Zakaria R, Khwaja H. Subcutaneous emphysema in a case of infective sinusitis: a case report. J Med Case Rep. 2010;4:235.
5. Choi YY, Hyun DK, Park HC, Park CO. Pneumocephalus in the absence of craniofacial skull base fracture. J Trauma. 2009;66(2):E24-7.
6. Traumatic brain injury and coma. In: Kliegman RM, Marcdante KJ, Jenson HB, Behrman RE. Nelson essentials of pediatrics. 5th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders; 2006. p.853-65.
7. Zachariades N, Mezitis M. Emphysema and similar situations in and around the maxillo-facial region. Rev Stomatol Chir Maxillofac. 1988;89(6):375-9.
8. Von Arx DP, Gilhooly M. An unusual presentation of orbital floor fracture. Br J Oral Surg. 1983;21(2):117-9.