Compartilhar

ESTRATOS

ESTRATOS

Autores:

Paula Carpinetti Aversa

ARTIGO ORIGINAL

Interface - Comunicação, Saúde, Educação

versão impressa ISSN 1414-3283versão On-line ISSN 1807-5762

Interface (Botucatu) vol.19 no.54 Botucatu jul./set. 2015

http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0343

ABSTRACT

This paper presents a diagram that was produced in the dissertation “Vibrations: Art/Education in Practice and Discourse within Mental Health” which was developed within the Arts Graduate Program at Unesp. From the archaeological perspective proposed by Foucault, it was sought to excavate strata or layers of knowledge built around the concepts of madness, subjectivity and art, in order to emphasize the historical transformations that these conceptions have undergone over time, through words and images.

Key words: Archaeological perspective; Foucault; Madness; Subjectivity and art

RESUMEN

Este trabajo presenta un diagrama producido en la disertación “Vibraciones: el Arte/Educación en las prácticas y en los discursos en la salud mental” realizada con el programa de post-grado en Artes de la Unesp. Valiéndose de la perspectiva arqueológica propuesta por Foucault, se buscó excavar en los estratos o capas sobrepuestos de los saberes construidos alrededor de las concepciones de locura, subjetividad y arte, con la finalidad de subrayar las transformaciones históricas su fricas por tales concepciones en el transcurso de los tiempos, por medio de palabras e imágenes.

Palabras-clave: Perspectiva arqueológica; Foucault; Locura; Subjetividad y arte

Introdução

A perspectiva arqueológica1 que pretende “vasculhar os arquivos da humanidade para neles encontrar as origens complicadas e humildes de nossas convicções elevadas”2 (p. 97), compreende que os jogos de força “não têm primeiro motor: a economia não é causa suprema que comandaria todo o resto; nem a sociedade; tudo age sobre tudo, tudo reage contra tudo”2 (p. 98).

Estrato 1

“De um lado, haverá uma nau dos loucos cheia de rostos furiosos que aos poucos mergulha na noite, entre paisagens que falam da estranha alquimia dos saberes, das surdas ameaças da bestialidade e do fim dos tempos. Do outro, haverá uma nau dos loucos que constitui, para os prudentes, a Odisséia exemplar e didática dos defeitos humanos”.3 (p. 27)

Estrato 2

“Não se esperou o século XVII para ‘fechar’ os loucos, mas foi nessa época que se começou a ‘interná-los, misturando-os a toda uma população com a qual se lhes reconhecia algum parentesco. Até a Renascença, a sensibilidade à loucura estava ligada à presença de transcendências imaginárias. A partir da era clássica e pela primeira vez, a loucura é percebida através da condenação ética da ociosidade e numa imanência social garantida pela comunidade de trabalho. Esta comunidade adquire um poder ético de divisão que lhe permite rejeitar, como num outro mundo, todas as formas da inutilidade social. É nesse outro mundo, delimitado pelos poderes sagrados do labor, que a loucura vai adquirir esse estatuto que lhe reconhecemos. Se existe na loucura clássica alguma coisa que fala de outro lugar e de outra coisa, o é porque o louco vem de um outro céu, o do insano, ostentando seus signos. É porque ele atravessa por conta própria as fronteiras da ordem burguesa, alienando-se fora dos limites sacros de sua ética”.3 (p. 73)

Estrato 3

“É entre os muros do internamento que Pinel e a psiquiatria do século XIX encontrarão os loucos: é lá – não nos esqueçamos – que eles os deixarão, não sem antes se vangloriarem por terem-nos ‘libertado’”.3 (p. 48)

Estrato 4

“Um lugar mítico no campo, o castelo de La Borde abriga uma clínica psiquiátrica singular, na qual se trata a loucura de maneira diferente. La Borde tornou-se ao longo do tempo uma utopia realizada [...]. Brecha na tradição do aprisionamento do mundo da loucura, [...], parece reatar com outras modalidades, pré-clínicas, da indistinção de loucos e de homens dotados de razão, da normalidade e da patologia”.4 (p. 44)

REFERÊNCIAS

Foucault M. Arqueologia do saber [1969]. Rio de Janeiro: Forense Universitária; 2009.
Veyne P. Foucault: seu pensamento, sua pessoa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2011.
Foucault M. História da loucura na idade clássica [1961]. São Paulo: Perspectiva; 2004.
Dosse F. Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada. Porto Alegre: Artmed; 2010.