versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561
Ciênc. saúde coletiva vol.23 no.11 Rio de Janeiro nov. 2018
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182311.28682015
The aim of the study was to verify the prevalence of stress and associated factors in technical-administrative employees of a federal university of the south of Brazil. The sample was comprised of 371 civil servants. Sociodemographic, behavioral and occupational variables were collected. The occupational stress was measured by the Job Stress Scale (JSS). Data analysis was performed using descriptive and inferential statistics, through bivariate and multivariate analysis. Most subjects were female (57.4%) and the average age and education of the sample were, respectively, 45.1 years and 18 years of study. The workplace infrastructure was classified as inadequate by 42% of subjects. Of the civil servants, 22.7% were classified as being in high stress positions and 28% in passive work routines. In the adjusted analysis, occupational stress was associated with a lower level of education, poor workplace infrastructure and less social support. Individuals with adequate structure had odds of 2.79 and 2.30, respectively, of being in low stress and passive job positions. These aspects should be the focus of interventions by university managers to reduce the level of stress and risk of illness.
Key words: Occupational stress; Motor activity; Occupational health; Professional Burnout; Lifestyle
A saúde do trabalhador está em destaque no meio científico e é foco de pesquisas e debates internacionais. Um dos principais fatores relacionados ao trabalho que comprometem a saúde é o estresse laboral. Os impactos negativos causados pelo estresse afetam profissionais de diferentes áreas1 e provocam preocupação entre os gestores devido ao crescente número de afastamentos por motivos de saúde2. Porém, situações envolvendo estresse estão presentes diariamente no ambiente de trabalho e são difíceis de serem evitadas.
O estresse faz parte da vida de todas as pessoas, porém, em níveis mais elevados pode provocar uma série de doenças e morbidades, nas quais estão a depressão, a ansiedade3,4, a exaustão emocional3 e as doenças cardíacas5. Dados do governo britânico (Health and Safety Executive) revelam que a prevalência de estresse entre os anos de 2011 e 2012 chegou a 40% do total de doenças relatadas por trabalhadores no país6. No Brasil, as investigações científicas voltaram-se para as associações entre o estresse e a falta de ânimo7, os transtornos mentais comuns8,9 e a hipertensão10.
Segundo Karasek11, o estresse laboral e o risco de adoecimento estão relacionados a dois aspectos: demandas e controle sobre o trabalho. Este trata da possibilidade do trabalhador utilizar seu intelecto e autoridade para a tomada de decisões sobre como realizar suas atividades. Já as demandas são pressões de natureza psicológica, que podem ser quantitativas, tais como tempo e velocidade na realização de tarefas, ou qualitativas, como os conflitos entre demandas contraditórias12.
As combinações dos níveis alto e baixo das dimensões de demanda e controle podem determinar o nível de estresse dos indivíduos. A alta exigência, que ocorre quando se tem alta demanda psicológica e baixo controle sobre o trabalho, gera maiores riscos à saúde, proporcionando fadiga, depressão e ansiedade13. O trabalho passivo pode acarretar perdas de habilidade e desinteresse por ter como característica o baixo controle sobre as funções laborais. O trabalho ativo, formado pela junção da alta demanda com o alto controle, é menos insalubre, à medida que os trabalhadores podem planejar suas ações de acordo com as suas capacidades12. A baixa exigência é apresentada como a situação laboral ideal, pois comporta as baixas demandas com alto controle.
As atividades exercidas no trabalho por técnico-administrativo de universidades são em sua maioria atividades burocráticas, que demandam grandes responsabilidades e exigem alto nível de concentração. Tais atividades podem ocasionar tensões entre os funcionários, se os mesmos não se sentirem capazes, ou não obtiverem meios para realizá-las. Estudos apontam que o estresse laboral atinge grande parte dos servidores públicos, devido as altas responsabilidades embutidas nas decisões sobre processos administrativos, grande quantidade de atendimento ao público e, ainda, está relacionado com fatores físicos, sociais e emocionais14,15. No entanto, os servidores da região sul do Brasil ainda são pouco estudados em relação as causas do estresse e, assim, os dados do presente estudo contribuirão para o avanço do conhecimento da saúde do trabalhador.
O campo da saúde necessita de maiores investigações sobre aspectos laborais causadores de morbidades, por isso, objetivou-se investigar a prevalência de estresse e sua relação com variáveis sociodemográficas, comportamentais e de características de trabalho em técnico-administrativos de uma universidade pública do sul do Brasil.
Trata-se de um estudo observacional de caráter transversal em uma amostra dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), nos anos de 2014/2015. A mesma universidade está situada, em seus campus principais, nos municípios de Pelotas e Capão do Leão, ambos distantes a, aproximadamente, 250 quilômetros ao sul de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. A UFPel contava até a data de 22/05/2014 com um efetivo de 1356 servidores técnico-administrativos.
Foi realizado um cálculo de tamanho amostral para estimar a prevalência de estresse e outro para estudo de associação entre ele e as variáveis independentes em estudo. Estimando-se uma prevalência de 54,0% de ativos no lazer, um erro absoluto de 5,0% e um nível de significância de 95%, estimou-se, dentre todos os cálculos, que a maior amostra necessária seria de 382 indivíduos. A este valor foram acrescidos (20%) 77 sujeitos referentes a perdas e recusas, totalizando 459 entrevistas.
Quanto aos aspectos logísticos, inicialmente foi solicitada a autorização do estudo a vice-reitora da universidade e realizada uma pactuação com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da UFPel para delinear a melhor forma de acesso aos servidores. A partir daí, buscou-se a lista de todos os funcionários técnico-administrativos da universidade e das unidades de trabalho na qual estavam alocados.
O processo de amostragem foi realizado em múltiplos estágios. Primeiramente, todas unidades acadêmicas e administrativas foram agrupadas por áreas afins, sendo elas: reitoria e unidades administrativas, ciências exatas, humanas e biológicas. As áreas, então, foram ordenadas, de maior a menor, segundo o número de técnico-administrativos. Conhecido o número de pessoas a serem amostradas, foi estabelecido um pulo sistemático de três indivíduos, a começar por um indivíduo sorteado da maior área de agrupamento, até atingir-se o número estimado. Todos indivíduos sorteados para a amostra foram procurados em suas unidades de trabalho e informados dos objetivos, riscos e contribuições do estudo e, então, convidados a participar, mediante à apresentação e solicitação da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para posterior preenchimento do questionário. Com os indivíduos não encontrados na primeira tentativa, foram realizadas, pelo menos, outras três tentativas de contato no local de trabalho, e, se ainda não fossem encontrados, buscou-se o contato telefônico ou via e-mail, junto ao setor de Gestão de Pessoas ou colegas de trabalho. É importante ressaltar que o espaçamento de tempo entre as tentativas foi adaptado de acordo com o motivo do desencontro. Foram excluídos os servidores que estavam afastados para a realização de cursos de capacitação (especialização, mestrado, doutorado) fora da cidade ou algum outro tipo de afastamento.
Foi realizado um estudo piloto em julho de 2014, com dez técnico-administrativos da reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense, para testar o entendimento das questões, monitorar o tempo de aplicação, servir como treinamento para o pesquisador e aperfeiçoar o instrumento para sua versão final.
A coleta de dados ocorreu no período de julho de 2014 a janeiro de 2015, por entrevistadores previamente treinados. O instrumento utilizado foi um questionário de aplicação autopreenchido, contendo informações sociodemográficas (idade, sexo, cor da pele, situação conjugal, escolaridade, peso e altura para o cálculo do Índice de Massa Corporal - IMC), comportamentais (nível de atividade física, horas de sono, uso de medicamentos, tabagismo e alcoolismo), de trabalho (horas trabalhadas na semana, acidentes de trabalho, tempo de serviço e conhecimento sobre a função) e de estresse laboral , segundo o Modelo Demanda-Controle (MDC).
Para a mensuração do nível de atividade física foi utilizado o International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) versão longa, validado no Brasil por Matsudo et al.16. O mesmo foi mensurado nos domínios do lazer e deslocamento do IPAQ longo. Esses dois domínios são os mais relevantes para os níveis populacionais e para orientar políticas de saúde pública17. Foi avaliado o tempo total semanal despendido em atividades físicas de lazer e deslocamento para classificar os indivíduos como ativos, e o ponto de corte foi de 150 minutos de atividade física semanal18.
A variável nutricional foi definida através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) obtido pela divisão do peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros). Para o cálculo, utilizou-se peso e altura auto-referidos e pontos de corte que classificaram os indivíduos nas seguintes categorias: baixo peso (< 18,5), eutrófico (18,5 a 24,9), sobrepeso (25 a 29,9) e obesidade (≥ 30)19.
O desfecho em estudo, estresse no trabalho, foi mensurado utilizando-se a versão reduzida da Job Stress Scale (JSS), de Töres Theorell (1988), traduzida e validada no Brasil por Alves et al.12 e Hökerberg et al.20. O instrumento contém cinco questões para avaliar a demanda psicológica no trabalho, seis para avaliar o controle sobre o trabalho e outras seis para avaliar o suporte social. Cada questão contém uma escala Likert (1 - 4), que vai de “nunca/nunca” a “frequentemente”, com a qual se pode gerar um escore final11,12. O escore varia de 5-20 para a demanda psicológica e de 6-24 para controle e suporte social.
A definição dos quadrantes de demanda-controle foi feita de acordo com a análise das dimensões psicológicas e controle sobre o trabalho. As somas dos escores foram classificadas como “baixo” ou “alto” a partir da mediana12. A baixa demanda psicológica (≤ 12 pontos), ou alta demanda (≥ 13 pontos), foi definida a partir da mediana de 12 (± 3). O baixo controle (≤ 17 pontos), ou alto controle (≥ 18 pontos), foi definido a partir da mediana de 17 (± 2,6). E o apoio social baixo (≤ 21 pontos), ou alto (≥ 22 pontos), foi definido a partir da mediana de 21 (± 2,6).
Baseado nas dimensões demanda e controle (baixo e alto) do MDC, os quadrantes de demanda-controle foram categorizados em “alta exigência” (alta demanda psicológica e baixo controle); “trabalho ativo” (alta demanda psicológica e alto controle); “trabalho passivo” (baixa demanda psicológica e baixo controle) e “baixa exigência” (baixa demanda psicológica e alto controle)11,12. Ainda, foi verificada a estrutura adequada de trabalho, mensurada de forma dicotômica (adequada / inadequada).
Para estruturação do banco de dados foi utilizado programa EpiData 3.1, no qual foi realizado o processo de dupla digitação e, posteriormente, verificação de possíveis inconsistências entre os bancos. A análise de dados consistiu-se em três etapas. Primeiramente, foi realizada a análise descritiva dos dados (cálculo de médias e desvio-padrão para as variáveis contínuas e cálculo de proporções e IC para as variáveis categóricas). Em um segundo momento, foi conduzido a análise de associação bivariada entre as variáveis independentes e o desfecho estudado utilizando-se o teste de Qui-quadrado de Pearson, sendo a associação estatística aferida para valor p < 0,05. Por último, para avaliar a associação do desfecho nominal em quatro categorias (MDC) com as variáveis independentes conjuntamente, foi utilizada a regressão logística multinomial com o auxílio do programa estatístico STATA 13.0. Esse tipo de análise permitiu estimar, na forma de Odds Ratio (OR), a associação de cada variável independente com a ocorrência de MDC, sendo utilizada a “alta exigência” como categoria de referência. Os OR para MDC puderam ser estimados simultaneamente, evitando-se o uso de múltiplos testes estatísticos e produzindo estimativas proporcionais entre si, comparáveis diretamente e com categoria de referência comum. A entrada das variáveis na análise respeitou a hierarquia de determinação do desfecho.
O modelo proposto para a hierarquia citada foi constituído de três níveis: o primeiro, onde estavam inseridas as variáveis demográficas (sexo, idade e cor da pele), o segundo em que estão as variáveis socioeconômicas (situação conjugal e escolaridade), e o terceiro que abrange as variáveis comportamentais (prática de atividade física, tabagismo, problemas relacionados ao uso de álcool, horas de sono, uso de medicamentos), emocional (estado emocional e depressão), estrutura de trabalho (estrutura adequada) e a variável nutricional (IMC) e, por último, as variáveis de estresse (baixa demanda, trabalho ativo, trabalho passivo e alta demanda).
Os efeitos das variáveis do primeiro nível foram controlados entre si; as do segundo nível foram controlados entre elas e para as do primeiro nível; as do terceiro nível foram controladas entre elas e para as dos dois níveis anteriores. Entraram no modelo hierarquizado de análise todas as variáveis que apresentaram, na análise bivariada, valor p ≤ 0,2. As variáveis que, na análise multivariada, também apresentaram valor p ≤ 0,2 permaneceram no modelo sempre que preenchiam os critérios para prováveis fatores de confusão. Para seleção das variáveis que permaneceram no modelo de regressão logística multinomial foi utilizado o processo de seleção para trás, ficando no modelo final todas variáveis que apresentaram valor p < 0,05.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Escola Superior de Educação Física da UFPel. O estudo também está de acordo com a Resolução n° 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, cumprindo todos os deveres éticos que cabem à comunidade científica, e assegurando os direitos aos sujeitos da pesquisa.
Do total de servidores sorteados, 371 consentiram em participar do estudo e responderam o questionário. Foi considerado perda o total de 15,5% e ainda, 3,7% se recusaram a participar. As perdas e recusas foram coerentes com a distribuição de sexo e idade dos amostrados. A maioria dos entrevistados era do sexo feminino (57,4%), com média de idade de 45,1 anos (DP = 11,7), casado ou com união estável (66,0%) e de cor da pele branca (83,6%). A média de escolaridade foi de 18 anos de estudo (DP = 6,2), sendo que quase 50,0% dos entrevistados possuía 18 anos ou mais de estudo. Em relação às variáveis comportamentais e nutricional (IMC), 61,1% dos entrevistados eram ativos fisicamente, 27,6% relataram já ter fumado, 13,5% eram fumantes e 63,8% dos entrevistados estavam nas categorias referentes a sobrepeso/obesidade (Tabela 1). A média de horas de sono registrada foi de 6,9 horas (DP = 1,8) de segunda a quinta e de 8,1 horas (DP = 2,6) de sexta a domingo.
Tabela 1 Descrição da amostra segundo variáveis sociodemográficas e comportamentais dos técnico-administrativos da UFPel, 2014.
Variáveis | N | % |
---|---|---|
Sexo | ||
Masculino | 158 | 42,6 |
Feminino | 213 | 57,4 |
Idade | ||
20/29 | 42 | 11,3 |
30/39 | 88 | 23,7 |
40/49 | 85 | 22,9 |
50/59 | 115 | 31 |
60 ou mais | 41 | 11,1 |
Situação Conjugal | ||
Casado / união estável | 245 | 66 |
Solteiro | 76 | 20,5 |
Separado | 39 | 10,5 |
Viúvo | 11 | 3 |
Cor da Pele | ||
Branca | 310 | 83,6 |
Negra | 31 | 8,4 |
Parda/Mulata | 26 | 7 |
Outra | 4 | 1 |
Escolaridade | ||
0/12 anos | 52 | 15,3 |
13/17 anos | 119 | 34,9 |
18 ou mais anos | 170 | 49,8 |
IMC | ||
Baixo peso | 4 | 1,1 |
Eutrófico | 127 | 35,1 |
Sobrepeso | 150 | 41,4 |
Obesidade | 81 | 22,4 |
Fumo | ||
Nunca fumou | 218 | 58,9 |
Fumante | 50 | 13,5 |
Ex-fumante | 102 | 27,6 |
Atividade Física Total † | ||
Insuficientemente ativos | 119 | 38,9 |
Ativos | 187 | 61,1 |
† Ponto de corte de 150 minutos semanais.
Em relação às características laborais, os servidores estavam alocados, predominantemente, nas unidades biológicas (35,0%) seguido dos trabalhadores da reitoria (24,1%). A média declarada da carga horária de trabalho semanal foi de 35,5 horas (DP = 12,6) e o tempo médio de serviço como servidor da UFPel foi de 14,4 anos (DP = 11,4). Com referência ao relato sobre a estrutura de trabalho, 42,0% dos indivíduos consideraram a mesma como inadequada.
A respeito dos cargos, 16,6% (n = 71) dos entrevistados eram assistentes em administração, 10,2% (n = 37) auxiliares de enfermagem, 6,1% (n = 22) médicos, 4,7% (n = 17) enfermeiros e 4,7% (n = 17) técnicos de laboratório. Ainda, foram indicados outros 96 cargos que correspondem ao restante (57,7%) dos entrevistados.
A classificação dos técnico-administrativos segundo os quadrantes do MDC foi: 22,7% apresentarem alta exigência, 22,4% trabalho ativo, 28% trabalho passivo e 26,9% baixa exigência.
Dos 306 indivíduos que responderam todas as questões sobre atividade física, 187 (61,1%) atingiram a recomendação de pelo menos 150 minutos de atividade física semanal nos domínios do lazer e deslocamento. Quando analisado apenas o domínio do lazer, 317 sujeitos responderam o questionário e, destes, 43,2% eram fisicamente ativos.
No que se refere às variáveis sociodemográficas e aos quadrantes do MDC, a única variável que demonstrou estar associada com os grupos de demanda-controle foi a escolaridade (Tabela 2). Para esta variável, os testes indicaram que 58,7% dos indivíduos com até 12 anos de estudo possuem um trabalho passivo, ou seja, baixa demanda e baixo controle sobre o trabalho.
Tabela 2 Associação entre variáveis sociodemográficas e os quadrantes demanda-controle da JSS, dos servidores técnico-administrativos da UFPel, 2014.
Variáveis Sociodemográficas | Quadrantes demanda-controle | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| |||||||||
Baixa Exigência | Trabalho Passivo | Trabalho Ativo | Alta Exigência | p* | |||||
| |||||||||
n | % | n | % | n | % | n | % | ||
Sexo (353) | 0,659 | ||||||||
Masculino | 38 | 24,8 | 48 | 31,4 | 33 | 21,6 | 34 | 22,2 | |
Feminino | 57 | 28,5 | 51 | 25,5 | 46 | 23 | 46 | 23 | |
Idade (353) | 0,131 | ||||||||
20/29 | 18 | 43,9 | 11 | 26,8 | 5 | 12,2 | 7 | 17,1 | |
30/39 | 23 | 26,4 | 20 | 23 | 21 | 24,1 | 23 | 26,4 | |
40/49 | 19 | 23,7 | 21 | 25,9 | 25 | 30,9 | 16 | 19,8 | |
50/59 | 27 | 24,6 | 32 | 29,1 | 22 | 20 | 29 | 26,4 | |
60 ou mais | 8 | 23,5 | 15 | 44,1 | 6 | 17,7 | 5 | 14,7 | |
Escolaridade (324) | <0,001 | ||||||||
0/12 anos | 6 | 13,0 | 27 | 58,7 | 4 | 8,7 | 9 | 19,6 | |
13/17 anos | 32 | 29,1 | 31 | 28,2 | 15 | 13,6 | 32 | 29,1 | |
18 ou mais anos | 51 | 30,4 | 34 | 20,2 | 55 | 32,7 | 28 | 16,7 | |
Cor da Pele (353) | 0,117 | ||||||||
Brancos | 87 | 29,4 | 80 | 27,0 | 65 | 22 | 64 | 21,6 | |
Outra | 8 | 14,0 | 19 | 33,3 | 14 | 24,6 | 16 | 28,1 | |
Situação Conjugal (353) | 0,829 | ||||||||
Casado / com companheiro | 64 | 27,4 | 62 | 26,5 | 53 | 22,7 | 55 | 23,5 | |
Solteiro / sem companheiro | 31 | 26,1 | 37 | 31,1 | 26 | 21,9 | 25 | 21,0 | |
IMC (346) | |||||||||
Baixo peso | 1 | 25 | 1 | 25 | 2 | 50 | - | - | 0,785 |
Eutrófico | 34 | 28,1 | 30 | 24,8 | 31 | 25,6 | 26 | 21,5 | |
Sobrepeso | 39 | 26,7 | 47 | 32,2 | 29 | 19,9 | 31 | 21,2 | |
Obesidade | 19 | 25,3 | 20 | 26,7 | 16 | 21,3 | 20 | 26,7 |
*Teste Qui-quadrado de Pearson.
Quando foram testados os hábitos comportamentais como horas de sono, uso de medicação para estresse e ansiedade, fumo, prática de atividade física e problemas relacionados ao álcool, nenhuma das variáveis esteve associada com os quadrantes do MDC nos técnicos-administrativos da UFPel (Tabela 3).
Tabela 3 Associação entre variáveis comportamentais e os quadrantes demanda-controle da JSS, dos servidores técnico-administrativos da UFPel, 2014.
Variáveis Comportamentais | Quadrantes demanda-controle | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| |||||||||
Baixa Exigência | Trabalho Passivo | Trabalho Ativo | Alta Exigência | p* | |||||
| |||||||||
n | % | N | % | n | % | n | % | ||
Problemas relacionados ao álcool (326) | 0,457 | ||||||||
Não | 90 | 28,9 | 86 | 27,7 | 66 | 21,2 | 69 | 22,2 | |
Sim | 4 | 26,7 | 6 | 40 | 4 | 26,7 | 1 | 6,7 | |
Atividade física total† (292) | 0,097 | ||||||||
Insuficientemente ativos | 24 | 21,4 | 34 | 30,4 | 24 | 21,4 | 30 | 26,8 | |
Suficientemente ativos | 58 | 32,2 | 54 | 30 | 38 | 21,1 | 30 | 16,7 | |
Atividade física de lazer† (302) | 0,052 | ||||||||
Insuficientemente ativos | 44 | 25,7 | 53 | 31 | 31 | 18,1 | 43 | 25,2 | |
Ativos | 41 | 31,3 | 36 | 27,5 | 35 | 26,7 | 19 | 14,5 | |
Horas de sono semanais (350) | 0,176 | ||||||||
Até 6h | 35 | 25,7 | 32 | 23,5 | 38 | 27,9 | 31 | 22,8 | |
7h ou mais | 60 | 28 | 66 | 30,8 | 40 | 18,7 | 48 | 22,4 | |
Horas de sono no final de semana (368) | 0,261 | ||||||||
Até 6h | 16 | 23,2 | 15 | 21,7 | 17 | 24,6 | 21 | 30,4 | |
7h ou mais | 78 | 27,8 | 83 | 29,5 | 61 | 21,7 | 59 | 21 | |
Fumo (352) | 0,544 | ||||||||
Nunca fumou | 59 | 28,4 | 52 | 25 | 49 | 23,6 | 48 | 23,1 | |
Fumante ou ex | 36 | 25 | 46 | 31,9 | 30 | 20,8 | 32 | 22,2 | |
Uso de medicação (351) | 0,542 | ||||||||
Não | 81 | 27,6 | 83 | 28,2 | 68 | 23,1 | 62 | 21,1 | |
Sim | 14 | 24,7 | 15 | 26,3 | 11 | 19,3 | 17 | 29,8 |
* Teste Qui-quadrado de Pearson. Ponto de corte de 150 minutos semanais.
As características laborais segundo os quadrantes do modelo MDC mostraram diferenças significativas entre os grupos avaliados para as variáveis de horas semanais trabalhadas (p = 0,002), estrutura de trabalho adequada (p < 0,001) e apoio social (p = 0,002), conforme mostra a Tabela 4. A maior parte dos indivíduos que trabalhavam 36 ou mais horas por semana apresentou um trabalho ativo (alta demanda e alto controle). Quando a estrutura de trabalho foi referida como adequada, a maioria dos indivíduos teve escores relativos à baixa exigência segundo o MDC. O quadrante baixa exigência também esteve associado à maioria dos sujeitos (35,2%) que relataram alto apoio social.
Tabela 4 Associação entre variáveis relacionadas ao trabalho e os quadrantes demanda-controle da JSS, dos servidores técnico-administrativos da UFPel, 2014.
Variáveis Relacionadas ao Trabalho | Quadrantes demanda-controle | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| |||||||||
Baixa Exigência | Trabalho Passivo | Trabalho Ativo | Alta Exigência | p* | |||||
| |||||||||
n | % | n | % | n | % | n | % | ||
Horas semanais trabalhadas (350) | 0,002 | ||||||||
≤ 35h | 53 | 29,9 | 58 | 32,8 | 25 | 14,1 | 41 | 23,2 | |
≥ 36h | 41 | 23,7 | 41 | 23,7 | 53 | 30,9 | 38 | 22 | |
Conhecimento sobre a função (349) | 0,368 | ||||||||
Parcial | 3 | 18,8 | 5 | 31,3 | 2 | 12,5 | 6 | 37,5 | |
Total | 92 | 27,6 | 94 | 28,2 | 77 | 23,1 | 70 | 21 | |
Acidente de trabalho (352) | 0,166 | ||||||||
Não | 76 | 25,8 | 89 | 30,2 | 65 | 22 | 65 | 22 | |
Sim | 19 | 33,3 | 9 | 15,8 | 14 | 24,6 | 15 | 26,3 | |
Estrutura de trabalho adequada (351) | <0,001 | ||||||||
Não | 29 | 19,2 | 35 | 23,2 | 42 | 27,8 | 45 | 29,8 | |
Sim | 66 | 33 | 63 | 31,5 | 37 | 18,5 | 34 | 17 | |
Tempo como servidor da UFPel (353) | 0,313 | ||||||||
≤15 anos | 54 | 28,3 | 46 | 24,1 | 47 | 24,6 | 44 | 23,0 | |
≥ 16 anos | 41 | 25,3 | 53 | 32,7 | 32 | 19,8 | 36 | 22,2 | |
Apoio Social (348) | 0,002 | ||||||||
Baixo | 38 | 20,4 | 48 | 25,8 | 48 | 25,8 | 52 | 28 | |
Alto | 57 | 35,2 | 49 | 30,3 | 29 | 17,9 | 27 | 16,7 |
* Teste Qui-quadrado de Pearson.
Tabela 5 Análise logística multinomial para verificação da associação dos quadrantes demanda-controle da JSS, com variáveis independentes, dos servidores técnico-administrativos da UFPel, 2014.
Variáveis Relacionadas | Quadrantes demanda-controle | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| |||||||||
Baixa Exigência | Trabalho Passivo | Trabalho Ativo | |||||||
| |||||||||
OR | (IC95%) | p | OR | (IC95%) | p | OR | (IC95%) | p | |
Escolaridade | 0,03* | 0,09 | <0,001* | ||||||
0/12 anos | 1,00 | 1,00 | 1,00 | ||||||
13/17 anos | 1,50 | (0,48 – 4,71) | 0,32 | (0,13 – 0,80) | 1,05 | (0,28 – 3,99) | |||
18 ou mais anos | 2,73 | (0,88 – 8,48) | 0,40 | (0,16 – 1,00) | 4,42 | (1,25 - 15,65) | |||
Horas semanais trabalhadas | 0,21 | 0,16 | 0,16 | ||||||
≤ 35h | 1,00 | 1,00 | 1,00 | ||||||
≥ 36h | 0,65 | (0,33 – 1,27) | 0,61 | (0,31 – 1,20) | 1,67 | (0,82 - 3,40) | |||
Estrutura de trabalho adequada | 0,004† | 0,01† | 0,49 | ||||||
Não | 1,00 | 1,00 | 1,00 | ||||||
Sim | 2,79 | (1,40 – 5,59) | 2,30 | (1,17 – 4,53) | 1,29 | (0,63 – 2,62) | |||
Apoio Social | 0,005† | 0,09 | 0,49 | ||||||
Baixo | 1,00 | 1,00 | 1,00 | ||||||
Alto | 2,74 | (1,36 – 5,52) | 1,82 | (0,91 – 3,63) | 1,29 | (0,62 – 2,66) |
*p de tendência linear. †p de heterogeneidade.
Na análise multinomial, à medida que aumentou o nível educacional dos avaliados, maior foi o quadro de baixa exigência (p = 0,03) e trabalho ativo (p < 0,001). Com relação à estrutura adequada de trabalho, aqueles que afirmaram ter estrutura adequada tiveram odds de 2,8 e 2,3, respectivamente, para baixa exigência e trabalho passivo, quando comparados ao grupo de referência. Também, indivíduos com alto apoio social, apresentaram maior chance de baixa exigência.
Em relação aos dados demográficos, podemos observar homogeneidade com outros estudos com populações de servidores2,8,21 nas variáveis como sexo, idade, cor da pele, escolaridade e situação conjugal. Entretanto, esses estudos não avaliaram o estado nutricional que, no presente trabalho, destacou-se pela elevada proporção (63,4%) de indivíduos com sobrepeso/obesidade. A média das capitais brasileiras é de 52,5% de adultos com excesso de peso22. Em Pelotas, foi conduzido um estudo, no ano de 2010, indicando que 62,4% dos sujeitos estavam nas categorias de sobrepeso e obesidade do cálculo do IMC23. O mesmo estudo apontou que alguns fatores podem contribuir para o aumento da obesidade como variáveis socioeconômicas, sociopolíticas, escolaridade23. Outros fatores relacionados ao sobrepeso e obesidade devem ser observados, como as longas jornadas de trabalho exercidas de maneira sentada, caracterizando comportamento sedentário24. Esse tipo de atividade é característica da função laboral da maioria dos técnicos-administrativos da UFPel.
Através do IPAQ, encontramos que 61,1% dos indivíduos eram fisicamente ativos. Outros estudos conduzidos no Brasil e que também utilizaram o IPAQ com população de servidores de universidades públicas, mostraram que, na Universidade Estadual da Bahia, 50,6% dos sujeitos eram ativos fisicamente25 e na Universidade Estadual do Piauí, 53,6% dos funcionários dos setores administrativos eram moderadamente ativos e 13,9% eram muito ativos24. Porém, não foi possível realizar maiores comparações devido a estes estudos utilizarem a versão curta do IPAQ, a qual não mensura os níveis de atividade física nos mesmos moldes da versão longa.
A formação dos quadrantes do MDC indicada de forma quantitativa por um ponto de corte à partir da mediana da demanda psicológica e do controle sobre o trabalho, mostrou valores aproximados em todas as categorias, mas com maiores percentuais na categoria de trabalho passivo. Os achados corroboram com alguns estudos nacionais, com populações de enfermeiros13 e técnico-administrativos10, com prevalências de 35,6% e 28,3% de trabalho passivo, respectivamente. Porém outros estudos mostraram prevalências superiores em outros quadrantes de baixa exigência (30,2%)21 e trabalho ativo (43,2%)2. O que caracteriza o quadrante trabalho passivo é a baixa demanda e o baixo controle sobre o trabalho, que faz com que os indivíduos se tornem mais suscetíveis a desenvolver estresse laboral e a apresentar perda de habilidade e desinteresse12.
As variáveis que estiveram associadas significativamente com os quadrantes do MDC foram a escolaridade, carga horária semanal, estrutura de trabalho e apoio social. Em relação a escolaridade, a análise mostrou que os indivíduos que possuem menor grau escolar apresentam baixo controle sobre o trabalho. Outros estudos9,26 mostraram que os profissionais de enfermagem com menor grau de instrução, principalmente os não graduados, estiveram associados ao trabalho passivo e alto desgaste. De acordo com Mark e Smith27, o estresse no trabalho está negativamente associado às habilidades para desempenhar tarefas. Porém, não se descarta o viés de que cargos de maior escolarização exigem maior controle sobre o trabalho.
Há escassez na literatura de estudos de associação entre estresse e atividade física. Alguns mostram evidências de menores índices de estresse nos indivíduos que praticam atividades físicas28-30. Mas esse fato não é consenso. Por exemplo, estudo de revisão da World Health Organization30 incluía pesquisas que não encontraram associação entre essas duas variáveis. Mais recentemente, um estudo conduzido no Brasil por Greco et al.21 testou a associação do MDC com a prática de atividade física e não encontrou resultados estatisticamente significativos. Nos servidores técnicos-administrativos da UFPel, os níveis de estresse laboral, segundo o MDC, também não foram significativamente associados à atividade física. Em uma segunda análise, testou-se apenas o domínio das atividades físicas de lazer com o MDC, porém, sem associação. Cabe ressaltar que em todas as pesquisas apresentadas houve variação de instrumentos para avaliar estresse e atividade física e isso pode ter ocasionado divergência entre os resultados.
A carga de trabalho elevada está fortemente associada com o estresse ocupacional4,27. As associações da carga horária com os quadrantes do MDC mostram maior frequência (32,8%) de indivíduos com carga horária inferior à 36 horas semanais, que se enquadravam como trabalho passivo e com carga horária superior, enquadrados como trabalho ativo (30,9%). O trabalho passivo é nocivo à saúde do trabalhador por não ter o controle adequado sobre o trabalho. No entanto, quando o trabalho ocorre de forma ativa, ainda que as demandas sejam excessivas, elas são menos danosas, porque, segundo Alves et al.12, o trabalhador possui meios para lidar com as dificuldades.
Para minimizar os danos à saúde, gerados pelas intensas e longas jornadas de trabalho, a Organização Internacional do Trabalho apontou medidas práticas de enfoque preventivo, tais como: ajustar a carga horária total, prevenir exigências excessivas por trabalhador, planejar prazos exequíveis, definir claramente as responsabilidades e evitar a subutilização das capacidades dos funcionários1. Concomitantemente, o período de lazer também pode ser primordial na promoção da saúde e redução do estresse ocupacional, desde que englobe atividades de socialização, prática regular de atividade física e alimentação saudável. Tais atividades promovem o bem-estar psicológico e biológico dos indivíduos31.
Também em relação à carga de trabalho, foi conduzido um estudo na Suécia, o qual mostrou que os homens foram mais propensos a ter baixo nível de atividade física de lazer se expostos a horas extras de trabalho e aos quadrantes de trabalho passivo e alta exigência32. Contudo, não encontramos associação significativa da carga de trabalho com a prática de atividade física.
Quando a estrutura de trabalho foi referida como adequada, maioria dos indivíduos tiveram escores relativos à baixa exigência. Os achados do presente estudo, são semelhantes aos descritos na literatura internacional, que também mencionam a estrutura de trabalho associada negativamente com a percepção de estresse33,34. Lautizi et al.33 concluíram que a estrutura influencia diretamente na satisfação com o trabalho, ou seja, é correto afirmar que a estrutura adequada é fundamental para desenvolver um bom trabalho, sem ter que adaptar ou deixar de realizar atividades, o que pode indicar maior controle sobre o trabalho.
As associações do apoio social com os quadrantes do MDC indicam que, quando os servidores podem contar com o apoio dos colegas e chefes, existe boa relação entre eles, as demandas psicológicas percebidas são baixas e o controle sobre o trabalho é alto (baixa exigência). No entanto, quando o ambiente é menos favorável e harmonioso, indicando baixo apoio social, as demandas psicológicas são elevadas e, se têm pouco controle sobre as situações laborais, configuram a alta exigência. A alta exigência é considerada a pior situação de estresse no trabalho, podendo gerar agravos à saúde9,12. Na cidade de Porto Alegre – RS, os sujeitos classificados nos quadrantes alta exigência/trabalho passivo, perceberam menor apoio social dos colegas e da chefia, comparados aos do grupo baixa exigência/trabalho ativo2. Outro estudo mostrou que os trabalhadores da equipe de enfermagem que interagiam menos com os colegas, característica de baixo apoio social, apresentaram maiores chances de ter alta exigência13.
Na regressão multinomial, as variáveis que permaneceram associadas foram: escolaridade, estrutura de trabalho e apoio social. A escolaridade que apresentou forte associação com o trabalho ativo, indicando que esses servidores são competentes em suas tarefas e possuem alto controle sobre o trabalho. Talvez por isso, sejam delegadas maiores demandas à parte desses indivíduos. Ter boa estrutura de trabalho e alto apoio social dos colegas são fatores fundamentais na minimização do estresse laboral, uma vez que os sujeitos que classificaram esses itens como bons, estavam menos estressados, de acordo com a escala de estresse.
Algumas limitações do estudo devem ser relatadas. O número de perdas e recusas é algo que deve ser levado em consideração, visto que o mesmo pode, ter influenciado negativamente no encontro de possíveis associações, bem como na prevalência do desfecho. Provavelmente, indivíduos mais estressados foram aqueles que se recusaram a responder o questionário. Além disso, o estudo pode ter sido afetado por viés do trabalhador sadio, típico em estudos com trabalhadores que verificam desfechos em saúde. Outra limitação é referente à variável de estresse do Modelo Demanda-Controle que, por ser politômica, pode dificultar a compreensão dos resultados. Entretanto, o instrumento é o mais adequado para avaliar estresse laboral, via questionário, sendo utilizado em estudos de diferentes países, facilitando a comparação dos achados.
Boa parte dos servidores da UFPel está em condição de estresse laboral, indicado pelo quadrante de alta exigência. O estresse no trabalho mostrou-se associado à menor escolaridade, pior estrutura de trabalho e menor apoio social. Existem poucos estudos que apresentam associação entre estresse e escolaridade. Maior atenção à estrutura de trabalho e apoio social aos servidores deve ser foco de intervenção por parte dos gestores da universidade, no sentido de reduzir o nível de estresse e risco de adoecimento entre esses trabalhadores.
Este é um dos poucos estudos a utilizar a Job Stress Scale em funcionários públicos no Rio Grande do Sul. Traçar o perfil de saúde dos servidores a partir de informações do ambiente de trabalho é importante para que sejam elaboradas estratégias de melhoria de condições laborais e políticas que beneficiem a saúde do servidor público.