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Evidências científicas para subsidiar o debate

Evidências científicas para subsidiar o debate

Autores:

Rosa Maria Soares Madeira Domingues,
Marilia Sá Carvalho,
Cláudia Medina Coeli,
Luciana Dias de Lima

ARTIGO ORIGINAL

Cadernos de Saúde Pública

versão impressa ISSN 0102-311Xversão On-line ISSN 1678-4464

Cad. Saúde Pública vol.36 supl.1 Rio de Janeiro 2020 Epub 06-Abr-2020

http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00014120

Este Suplemento de CSP representa um desdobramento do evento realizado pelo Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (Ceensp/ENSP/Fiocruz), em parceria com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz), em abril de 2018, abordando o tema Aborto e Saúde Pública: Pesquisa, Atenção e Gestão1. A interrupção voluntária da gestação também foi objeto de audiência pública no Supremo Tribunal Federal em agosto de 2018 2.

Com caráter interdisciplinar, o Suplemento reúne pesquisadores nacionais e internacionais que são lideranças na temática da Saúde da Mulher, e busca a atualização científica e a apresentação de resultados para subsidiar o debate baseado em evidências.

Neste Suplemento, Ilana Löwy, pesquisadora do INSERM - Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale, França - discute o difícil tema da interrupção da gestação na presença de malformação do feto.

Trazendo o contexto internacional, o fascículo apresenta a experiência de sete países (El Salvador, Colômbia, Uruguai, Argentina, Brasil, Portugal e Irlanda) com marcos regulatórios diversos em relação à interrupção voluntária da gestação.

Duas revisões sistemáticas, uma sobre o aborto inseguro e outra sobre o aborto legal, reúnem a produção científica nacional no período 2008-2018, com estudos de abordagem quantitativa.

Três artigos trazem questões metodológicas: as dificuldades na realização de estudos quantitativos sobre a temática do aborto em contextos de ilegalidade, uma proposta de instrumento para avaliação da qualidade da atenção ao aborto na perspectiva das usuárias, e a utilização de um modelo hierárquico bayseano para estimar o número de abortos.

Em 10 estudos, com metodologias quantitativa e qualitativa, são abordados variados aspectos da interrupção da gestação, desde os limites e potencialidades dos sistemas de informação nacionais para analisar a situação epidemiológica do aborto no país aos discursos sobre o aborto na epidemia de Zika em dois jornais de circulação nacional, da perspectiva masculina face à gravidez indesejada à avaliação das práticas e significados da cena da ultrassonografia em maternidades públicas, entre outros.

Por fim, o suplemento encerra com a entrevista de Margareth Arilha, pesquisadora do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (NEPO) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e membro do núcleo de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP).

Esperamos com este Suplemento, que inclui aspectos e abordagens tão diversos do tema aborto, contribuir para o debate científico, apresentando dados atualizados, suprindo lacunas preexistentes e indicando áreas que necessitam de investigações futuras.

REFERÊNCIAS

1. Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Aborto, saúde pública e saúde da mulher em pauta no Ceensp. (acessado em 21/Jan/2020).
2. Supremo Tribunal Federal. Audiência Pública "Interrupção voluntária da gravidez". ADPF 442. Relatora Ministra Rosa Weber. (acessado em 21/Jan/2020).