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Excesso de peso em adolescentes e estado nutricional dos pais: uma revisão sistemática

Excesso de peso em adolescentes e estado nutricional dos pais: uma revisão sistemática

Autores:

Niedja Maria da Silva Lima,
Vanessa Sá Leal,
Juliana Souza Oliveira,
Maria Izabel Siqueira de Andrade,
Fernanda Cristina de Lima Pinto Tavares,
Rísia Cristina Egito de Menezes,
Catarine Santos da Silva,
Pedro Israel Cabral de Lira

ARTIGO ORIGINAL

Ciência & Saúde Coletiva

versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561

Ciênc. saúde coletiva vol.22 no.2 Rio de Janeiro fev. 2017

http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017222.17522015

Introdução

A adolescência é um estágio do ciclo de vida caracterizado por intensas mudanças biopsicossociais. A obesidade em adolescentes é um grande problema de saúde pública, o qual vem crescendo nos últimos anos1.

As mudanças comportamentais ocorridas durante as últimas décadas tais como a diminuição do nível de atividade física e o aumento do consumo de alimentos ricos em calorias, impulsionaram o processo da transição epidemiológica, caracterizado por diminuição da prevalência de doenças infecciosas e aumento das crônicas não transmissíveis, dentre elas a obesidade, a qual apresenta proporções pandêmicas atualmente2.

Estudo de análise sistemática a nível global mostrou que a prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes nos países em desenvolvimento é de 12,9% em meninos e 13,4% em meninas3. Ademais, nos países desenvolvidos, esses valores são ainda maiores, onde 23,8% dos meninos e 22,6% das meninas apresentam sobrepeso ou obesidade3. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 mostraram que a prevalência de excesso de peso em adolescentes foi de 21,7% e 19,4% no sexo masculino e feminino, respectivamente, valores preocupantes devido aos grandes problemas associados ao excesso de adiposidade4.

O desenvolvimento precoce da obesidade, na infância ou adolescência, é um forte preditor da persistência dessa enfermidade na vida adulta e fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças crônicas não transmissíveis como doenças cardiovasculares, dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e alguns tipos de neoplasias5.

Existem vários fatores associados ao desenvolvimento do excesso de peso na adolescência, dentre eles: fatores perinatais; hábitos alimentares inadequados; inatividade física; tempo de tela; relação com os pares; nível socioeconômico; contexto social em que o mesmo está inserido; escolaridade materna e estado nutricional dos pais6,7.

Estudos vêm mostrando forte associação entre excesso de peso dos pais e adiposidade em adolescentes, o que envolve aspectos genéticos, pois filhos de pais obesos apresentam risco consideravelmente maior para obesidade, e comportamentais, como, por exemplo, os hábitos alimentares inadequados que são passados por gerações7-9. Dessa forma, este estudo pretende verificar a associação entre o excesso de peso em adolescentes e o estado nutricional dos pais e identificar possíveis fatores determinantes.

Métodos

Estudo de revisão sistemática da literatura baseado no seguinte questionamento, utilizando-se a estratégia PECO10: “Qual a associação do excesso de peso em adolescentes e o estado nutricional dos pais, quando comparados a filhos de indivíduos eutróficos?”. A revisão foi baseada na diretriz Preferred Reporting Items for Systematic Reviews (PRISMA)11.

O levantamento bibliográfico foi realizado durante o período de novembro de 2014 a janeiro de 2015, nas seguintes bases de dados: Publisher Medline (Pubmed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para a estratégia de busca foram utilizados os seguintes descritores: “Sobrepeso”, “obesidade”, “fatores de risco”, “adolescente” e “pais”, os quais foram combinados através dos operadores boleanos OR e AND. Para a busca no Pubmed, os descritores foram identificados no Medical Subject Headings (Mesh), disponível na U.S. National Library of Medicine (http://www.nlm.nih.gov/mesh/), e foi utilizada a seguinte expressão de busca: (((“overweight”[MeSH Terms] OR “obesity” [MeSH Terms]) AND “risk factors”[MeSH Terms]) AND “adolescent”[MeSH Terms]) AND “parents”[MeSH Terms]. Para a busca no Lilacs, Scielo e BVS, os descritores foram identificados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), disponível no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (http://decs.bvs.br), e foram utilizadas as seguintes expressões de busca, respectivamente: obesidade [Descritor de assunto] and adolescente [Descritor de assunto] and pais [Descritor de assunto], (sobrepeso) OR (obesidade) AND (fatores de risco) AND (adolescente) AND (pais) e (tw:(sobrepeso)) OR (tw:(obesidade)) AND (tw:(fatores de risco)) AND (tw:(adolescente)) AND (tw:(pais)).

Foram considerados como critérios de inclusão: estudos originais com humanos, apresentando seleção amostral representativa e aleatória, nos quais o estado nutricional dos adolescentes foi avaliado através das curvas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)12 ou pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC)13 ou International Obesity Task Force (IOTF)14 e o estado nutricional dos pais foi mensurado através do Índice de Massa Corporal (IMC)15; com associação entre excesso de peso em adolescentes e sobrepeso/obesidade nos pais, utilizando análise estatística multivariada; escritos em português, inglês ou espanhol e publicados nos últimos dez anos (janeiro de 2004 a dezembro de 2014).

A seleção dos artigos foi realizada por dois pesquisadores independentes, e seguiu três etapas: leitura do título, leitura do resumo e leitura dos artigos completos. Após a leitura dos títulos e resumos, procedeu-se com a leitura dos textos na íntegra, identificando aqueles que atendiam aos critérios de inclusão, de acordo com protocolo pré-estabelecido.

Foi calculado o índice de concordância kappa, o qual foi de 0,85, que indica ótima concordância entre os pesquisadores16. As discordâncias foram resolvidas através de consenso entre os dois leitores. Após a seleção dos artigos realizou-se a extração de dados, de acordo com protocolo pré-definido pelos autores, os quais foram tabulados no Microsoft Office Excel 2007.

Os artigos foram avaliados quanto à sua qualidade através do check-list da iniciativa STROBE, traduzido por Malta et al.17, o qual contém 22 itens relativos aos pontos essenciais que devem ser descritos em estudos observacionais. Cada item foi pontuado de 0 a 1 ponto, o artigo que atingiu 50% da pontuação (11 pontos) foi considerado com boa qualidade.

Resultados

Inicialmente foram encontrados 366 artigos, sendo 154 no Pubmed, 08 no Lilacs, 02 no Scielo e 202 na BVS. Dos artigos encontrados na BVS, verificou-se que apenas 10 não estavam indexados nas outras bases de dados pesquisadas, assim, de imediato foram excluídos 192 artigos desta base. Foram avaliados os títulos e os resumos, dos quais foram excluídos 137 artigos por não atenderem aos critérios previamente estabelecidos. Após a leitura completa dos 37 artigos restantes, 07 estudos atenderam aos critérios de elegibilidade e foram selecionados por ambos os pesquisadores (Figura 1).

Fonte: Moher et al.20.

Figura 1 Fluxograma do processo de identificação e seleção dos artigos incluídos na revisão sistemática sobre associação entre excesso de peso em adolescentes e adiposidade dos pais, no período de 2004 a 2014. 

O Quadro 1 apresenta as principais características dos 07 estudos selecionados para esta revisão, os quais estão dispostos por ordem decrescente do escore obtido através da análise de qualidade metodológica. A mediana da pontuação obtida, utilizando o protocolo de STROBE, foi de 17, com pontuação máxima e mínima de 19,38,18 e 15 pontos19, respectivamente (Quadro 1).

Quadro 1 Características e escore de qualidade dos estudos sobre associação do excesso de peso em adolescentes e adiposidade nos pais selecionados para a revisão sistemática. 

Referência Local, ano Delineamento População (n) Características da população Escore
Bernardo e Vasconcelos8 Florianópolis, SC, Brasil, 2012 Transversal 2.826 Faixa etária = 7 a 14 anos. 48% M; 52% F. 19,3
Veltsista et al.18 Grécia, 2010 Coorte prospectivo 7.219 2.826 Idade = 7 anos 51,8% M; 48,1% F. Idade = 18 anos. 45,4% M; 54,6% F. 19,3
Kowaleski-Jones et al.21 Ohio, United States, 2009 Coorte prospectivo 1759 Faixa etária = 16 a 21 anos. 52,2% M; 47,8% F. 17,4
Maddah e Nikooyeh24 Rasht, Irã, 2010 Transversal 2.577 Faixa etária = 12 a 17 anos. 100% F. 17
Liu et al.22 Estados Unidos, 2013 Transversal 9.571 Faixa etária = 6 a 17 anos. 50,6% M; 49,4% F. 15,4
Marins et al.23 Rio de Janeiro, Brasil, 2004 Transversal 914 Faixa etária = 6 a 14 anos. 50,8% M; 49,2% F. 15,1
Birbilis et al.19 Ática; Etólia-Acarnânia; Heraclião; Tessalônica - Grécia, 2013 Transversal 2.294 Faixa etária = 9 a 13 anos. 49,7% M; 50,3% F. 15

M: sexo masculino; F: sexo feminino.

A maioria dos estudos foi conduzida nos Estados Unidos21,22, Grécia18,19 e Brasil8,23 e todos foram publicados no período de 2004 a 20138,18,19,21-24. O tamanho amostral variou de 91423 a 957122 indivíduos e, dos trabalhos selecionados, dois tratam-se de estudos de coorte prospectivos18,21, enquanto os demais são estudos transversais8,19,22-24. Os estudos foram realizados com indivíduos de ambos os sexos em proporções semelhantes, com exceção de uma das pesquisas, a qual foi conduzida no Irã e avaliou apenas adolescentes do sexo feminino (Quadro 1)25.

O Quadro 2 refere-se aos objetivos dos estudos selecionados e a análise estatística. A regressão logística foi a análise multivariada mais utilizada para realizar a associação entre o estado nutricional de adolescentes e pais e calcular o risco desse evento19,22-24. A variável do tipo “independente” nos estudos foi o sobrepeso e/ou a obesidade dos adolescentes, e as variáveis “dependentes” foram excesso de adiposidade dos pais. No entanto, outras variáveis independentes foram analisadas como: renda familiar, nível de escolaridade dos pais, consumo dietético, práticas de atividade física, sedentarismo, local de residência, entre outras variáveis socioeconômicas e demográficas (Quadro 2).

Quadro 2 Objetivo e análise estatística dos estudos selecionados para a revisão sistemática. 

Referência Objetivo Análise estatística
Bernardo e Vasconcelos8 Associar EN dos pais, variáveis sociodemográficas e dietéticas com sobrepeso/obesidade em escolares. Regressão de Poisson. VD: Sobrepeso/obesidade em escolares; VI: EN dos pais e fatores sociodemográficos e dietéticos; IC de 95%.
Veltsista et al.18 Determinar a prevalência e monitoramento de sobrepeso e obesidade em uma amostra representativa da juventude grega e relacionar com fatores da infância e dos pais Regressão logística multivariada. VD: Sobrepeso/obesidade em adolescentes VI: EN dos pais, local de residência, nível educacional dos pais e práticas de AF. IC de 95%.
Kowaleski-Jones et al.21 Verificar a associação entre três medidas de IMC materno e o sobrepeso em adolescentes. Análise multivariada. VD: Sobrepeso em adolescentes. VI: IMC materno
Maddah e Nikooyeh24 Verificar a prevalência de sobrepeso/obesidade entre escolares do sexo feminino por local de residência, nível socioeconômico e educacional materno em Rasht; e explorar as contribuições de alguns fatores de estilo de vida no contexto familiar. Regressão logística. VD: excesso de peso das adolescentes VI: sobrepeso/obesidade nos pais; PN, fatores socioeconômicos e AF. IC de 95%.
Liu et al.22 Analisar semelhanças entre o IMC e o peso corporal entre pais e filhos Regressão logística binária e multinomial. VD: Obesidade nos adolescentes; VI: obesidade nos pais. Modelo ajustado para fatores sociodemográficos e variáveis socioeconômicas.
Marins et al.23 Investigar a relação entre EN dos pais e sobrepeso em crianças e adolescentes, residentes no Rio de Janeiro, Brasil. Regressão logística. Análise univariada (associar sobrepeso em crianças e adolescentes com variáveis socioeconômicas e demográficas).
Birbilis et al.19 Identificar a associação de sobrepeso e/ou obesidade em escolares com IMC dos pais, fatores perinatais, socioeconômicos e demográficos Regressão multivariada. VD: sobrepeso/obesidade em adolescentes VI: EN dos pais, fatores demográficos e perinatais. OR ajustado, IC de 95%.

OR= odds ratio; IC= Intervalo de confiança; EN: Estado nutricional; VD: Variável dependente; VI: Variável independente; IMC: Índice de massa corporal; AF: Atividade física; PN: Peso ao nascer.

O Quadro 3 mostra: principais resultados e limitações metodológicas dos estudos selecionados. A prevalência de sobrepeso e obesidade variou de acordo com a região geográfica na qual foi desenvolvido o estudo. Nota-se prevalência de sobrepeso mais elevada nos estudos realizados no Brasil8,23 e na Grécia,18,19 enquanto nos Estados Unidos a prevalência de obesidade é maior21,23. A menor prevalência de obesidade foi encontrada através de um coorte prospectivo realizado na Grécia18. Quanto à frequência por sexo, foram verificadas maiores prevalências de excesso de peso em adolescentes do sexo masculino (Quadro 3)8,18,19,21-23.

Quadro 3 Principais resultados e limitações metodológicas dos estudos selecionados para a revisão sistemática. 

Referência Principais resultados Limitações metodológicas
Bernardo e Vasconcelos8 Excesso de peso nos adolescentes: 25,4% M; 18,7% F. OR e IC95% - pai com excesso de peso: 1.53 (1.13, 2.07); OR e IC 95% - mãe com excesso de peso: 1.41 (0.99, 2.01); OR e IC 95% - pai e mãe com excesso de peso: 1.83 (1.27, 2.65). Peso e altura dos pais autorreferidos; Causalidade reversa.
Veltsista et al.18 Adolescentes com 7 anos: Sobrepeso: 16,1% M; 19,2% F. Obesidade: 6,2% M; 5,8% F. Adolescentes com 18 anos: Sobrepeso: 19,1% M; 7,9% F. Obesidade: 3,6% M; 1,0% F. OR e IC95% - pai ou mãe com excesso de peso: 3.34 (1.79, 6,24); OR e IC 95% - pai e mãe com excesso de peso: 5.03 (2.70, 9.38). Na transição da infância para a adolescência a prevalência de excesso de peso aumentou entre os meninos e diminuiu entre as meninas. Peso e altura autorrelatados.
Kowaleski- Jones et al.21 Sobrepeso nos adolescentes: 17% M; 13% F. OR e IC95% - mãe com sobrepeso: 1.16 (1.11, 1.20) Peso e altura autorreferidos.
Maddah e Nikooyeh 24 Sobrepeso nas adolescentes: 18,6%. Obesidade nas adolescentes: 5,9%. OR e IC95% - pai obeso: 2.0 (1.25, 3.36); OR e IC 95% - mãe obesa: 2.1 (1.31, 3.42). Peso e altura dos pais foram autorreferidos.
Liu et al.22 Sobrepeso nos adolescentes: 16,2% M; 14,9% F. Obesidade nos adolescentes: 20,6% M; 14,8% F. OR e IC95% – pai obeso: 2.1 (1.6, 2.8); OR e IC95% – mãe obesa: 1.9 (1.5, 2.4); OR e IC95% – pai e mãe obesos: 3.2 (2.5, 4.2). Peso e altura autorreferidos. Foram excluídos de 22% a 23% das crianças, o que afetou a idade da amostra e pode resultar em viés de seleção.
Marins et al.23 Sobrepeso nos adolescentes: 26,9% M; 20,7% F. Obesidade nos adolescentes: 9,7% M; 6,7% F. OR e IC95% - pai com excesso de peso: 1.0 (0.7, 1.40); OR e IC 95% - mãe com excesso de peso:1.4 (1.04, 1.93). Não relatado
Birbilis et al.19 Sobrepeso nos adolescentes: 31,3% M; 29,7% F. Obesidade nos adolescentes: 13,7% M; 9,5% F. OR e IC95% - pai obeso: 2.25 (1.45, 3.48); OR e IC 95% - mãe obesa: 2.14 (1.28, 3.60). Causalidade reversa. Peso e altura dos pais foram autorrelatados.

OR = odds ratio; IC = Intervalo de confiança; M: sexo masculino; F: sexo feminino.

Fatores perinatais, comportamentais, biológicos e socioeconômicos foram significativamente associados ao maior risco de excesso de peso em adolescentes, são eles: excesso de peso pré-gestacional, tabagismo durante a gestação e rápido ganho de peso durante a infância8; omissão de refeições24, sexo masculino8,18,19,21-23, excesso de peso dos pais8,18,19,21-24, raça negra dos pais21, além da moradia em área de baixa renda24, baixa escolaridade dos pais8,21,23 e menor renda familiar21,22.

Todos os trabalhos mostraram que a presença de sobrepeso ou obesidade no pai ou na mãe aumenta o risco dos adolescentes desenvolverem excesso de adiposidade8,18,19,21-24 e esse risco é ainda maior quando ambos os pais apresentam excesso de peso8,18,22. No estudo de coorte prospectivo realizado na Grécia os adolescentes apresentaram mais de cinco vezes maior risco de serem obesos quando ambos os pais têm obesidade, quando comparados aos filhos de pais eutróficos (Quadro 3)18.

As principais limitações metodológicas citadas foram: utilização de dados antropométricos autorreferidos8,18,19,21,22,24 e a impossibilidade de estabelecer relação de causalidade (Quadro 3)8,19.

Discussão

A obesidade é uma doença crônica de origem multifatorial caracterizada pelo excesso de adiposidade corpórea, ocasionando prejuízos à saúde26. Está relacionada a fatores biológicos, genéticos e ambientais, sendo determinada pelo balanço energético positivo, no qual o indivíduo ingere mais energia do que gasta nos processos orgânicos25. É fator de risco para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), dentre elas as cardiovasculares, as quais se configuram como a principal causa de mortalidade mundial. No Brasil, aproximadamente 30% das mortes são atribuídas às doenças do coração27.

A alta prevalência de excesso de peso encontrada nos estudos realizados com adolescentes brasileiros pode ser relacionada ao processo de transição nutricional, pelo qual a população tem passado. Segundo Gaino et al.28, nos últimos 30 anos houve um aumento significativo do consumo de alimentos industrializados, em que a ingestão desses produtos alimentícios pela população aumentou em 317,6% no que diz respeito aos alimentos preparados; 584,6% para refrigerante sabor guaraná e 966,6% para iogurte, valores preocupantes, pois estão associados ao aumento concomitante da incidência de obesidade na população brasileira.

Nos estudos realizados na Grécia18,19, também foram encontrados valores elevados de excesso de peso, os quais podem ser atribuídos a mudanças nos hábitos alimentares e na prática de atividade física, ocasionados pelas mudanças socioeconômicas ocorridas no país durante as últimas décadas19.

Dentre os artigos selecionados na presente revisão sistemática, a maior prevalência de obesidade foi entre os adolescentes americanos. Liu et al.22 e Kowaleski-Jones et al.21, em estudos com adolescentes dos Estados Unidos observaram que o nível socioeconômico foi uma variável que também apresentou grande associação com o excesso de peso nesses adolescentes, pois aqueles que apresentam menor renda familiar e menor escolaridade materna têm maior prevalência de sobrepeso ou obesidade. Segundo Frederick et al.29, a prevalência de obesidade em americanos na adolescência tem diminuído nos últimos anos entre a faixa da população de maior nível socioeconômico, em contrapartida, a prevalência da obesidade entre adolescentes de menor poder aquisitivo tem aumentado gradativamente, o que pode estar relacionado à pouca atividade física, devido à falta de locais que favoreçam a prática de exercícios físicos na área de moradia e, também, a erros alimentares, pois alimentos saudáveis como frutas e vegetais apresentam custo mais elevado do que fast-food e podem estar indisponíveis para aquisição nas proximidades dos domicílios desses adolescentes.

Nesta revisão, os adolescentes do sexo masculino apresentaram maiores prevalências de excesso de peso, quando comparados aos do sexo feminino. Esse achado corrobora com outros estudos descritos na literatura. Na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada com escolares das capitais brasileiras, encontrou-se, na faixa etária de 11 a 19 anos, maior prevalência de excesso de peso entre os meninos (24%), quando comparados a meninas (22,1%)30. Resultados semelhantes foram encontrados num estudo longitudinal com crianças e adolescentes americanos, no qual a prevalência de obesidade foi de 23,5% entre os meninos e de 17,8% entre as meninas, os quais frequentam a oitava série e apresentam uma média de idade de 14,1 anos31. Um dos aspectos que pode explicar a maior frequência de excesso de peso entre os meninos é o maior monitoramento das meninas, que se encontram na adolescência, com a imagem corporal e, consequentemente, com o peso. Dessa forma, apesar de ambos os sexos estarem submetidos aos mesmos fatores de risco ambientais, os meninos apresentam maior tendência para o sobrepeso e obesidade.

Nos estudos selecionados, fatores perinatais, como excesso de peso gestacional, tabagismo materno e crescimento infantil acelerado aumentaram o risco dos adolescentes apresentarem sobrepeso ou obesidade. Godfrey et al.32, numa revisão da literatura, verificou que filhos de mães obesas, independentemente do peso ao nascer, apresentam maior probabilidade de terem excesso de peso e consequentemente têm maior risco de desenvolverem DCNT. A omissão de refeições relacionou-se com o sobrepeso/obesidade de adolescentes. Terres et al.5, num estudo transversal de base populacional com adolescentes de Pelotas, Rio Grande do Sul, encontrou dados semelhantes, pois os adolescentes que relataram omitir refeições apresentaram 2,54 maior risco de serem obesos. Menor escolaridade dos pais, menores rendimentos e moradia em área de baixa renda foram associados positivamente ao excesso de peso de adolescentes. Essas variáveis estão inter-relacionadas, pois a baixa escolaridade paterna e materna restringe a oportunidade de empregos com melhores remunerações, ocasionando uma menor renda anual das famílias, o que influencia no local de moradia.

Dentre os vários fatores relacionados ao sobrepeso e obesidade em adolescentes nesta revisão sistemática, o estado nutricional dos pais apresenta forte influência7,33. Estudo longitudinal conduzido por Power et al.34 com britânicos nascidos em 1958, mostrou uma transmissão intergeracional da adiposidade. Nessa coorte de nascimento, foi verificada associação entre IMC elevados dos pais e filhos em três gerações.

A grande associação entre excesso de peso dos adolescentes e sobrepeso ou obesidade nos pais, quando comparados a filhos de pais eutróficos, pode ser explicada, ao menos em parte, por aspectos comportamentais. Estudo conduzido por Morton et al.35, mostrou que famílias que têm comportamentos transformacionais apresentaram ingestão alimentar saudável e maiores níveis de atividade física entre adolescentes. O nível de atividade física dos adolescentes parece estar diretamente relacionado com a prática de atividade física pelos pais, como foi verificado por Cheng et al.36 num estudo com adolescentes de 14 a 19 anos no Brasil, indicando que o sedentarismo dos pais pode ser um dos fatores determinantes da situação de excesso de peso intrafamiliar.

As práticas alimentares dos genitores também estão relacionadas com o estado nutricional dos filhos. Alia et al.37, encontraram que o consumo de frutas e vegetais pelos pais está relacionado com o menor peso dos filhos adolescentes, indicando que uma das estratégias para diminuir a prevalência de excesso de peso nos indivíduos dessa faixa etária seria a realização de reeducação alimentar com pais e filhos.

O aspecto genético tem forte impacto na modulação do estado nutricional de pais e filhos, porém necessita-se de maior elucidação dos mecanismos envolvidos. Estudo realizado no Japão encontrou evidências que sugerem uma transmissão paterna da obesidade induzida por dieta rica em gordura, a qual pode ocorrer através da impressão genômica e está relacionada com a expressão dos genes Peg3 e Igf238.

Assim infere-se que a grande associação entre excesso de peso nos adolescentes e o estado nutricional dos pais, encontrada nos estudos selecionados, está relacionada com inúmeros fatores. Dessa forma, a presença de um fator de risco, como, por exemplo, a predisposição genética, pode ser amenizada por um fator de proteção, como hábitos alimentares saudáveis.

Em relação às limitações metodológicas dos artigos selecionados, a maioria dos estudos refere à utilização de peso e altura autorrelatados, porém medidas antropométricas reportadas apresentam elevada concordância com medidas aferidas39. Estudos, como o estudo de Vigilância de Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL)40, vêm utilizando peso e altura autorrelatados, o que permite maior simplicidade de trabalho e economia de recursos. A impossibilidade de estabelecer relação de causalidade foi outra limitação citada, porém, esta é inerente ao desenho de estudo transversal.

Em suma, os estudos demonstram que adolescentes filhos de pais com excesso de peso têm risco elevado de apresentarem sobrepeso ou obesidade, quando comparados a filhos de pais eutróficos. Esse risco é maior quando ambos os pais são obesos. Não está definida na literatura qual a porcentagem de participação dos fatores ambientais e genéticos nesta associação, porém sabe-se que ambos têm seu papel. Os estudos selecionados indicam que vários fatores além do excesso de peso dos pais relacionam-se com o sobrepeso/obesidade dos adolescentes, os principais são: menor renda familiar, menor nível de escolaridade materna e sexo masculino.

Esses achados indicam a necessidade de políticas públicas direcionadas para a prevenção e/ou tratamento do sobrepeso/obesidade na adolescência, que considerem as diferenças biológicas e socioeconômicas e sejam direcionadas, também, aos pais a fim de alcançar maior eficácia. Ademais, são necessários estudos que avaliem isoladamente cada fator de risco para o desenvolvimento do excesso de peso na adolescência, visto que, há uma tendência desta desordem nutricional permanecer na vida adulta.

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