versão impressa ISSN 0066-782Xversão On-line ISSN 1678-4170
Arq. Bras. Cardiol. vol.104 no.5 São Paulo maio 2015
https://doi.org/10.5935/abc.20150054
O estudo de Nascimento e cols.1 apresenta informações sobre os efeitos do treinamento físico e a Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) em indivíduos com cardiopatia chagásica. As alterações na VFC não foram encontradas após intervenção com exercícios físicos, porém o grupo intervenção apresentou melhora da capacidade funcional ao final de 12 semanas do estudo.
Alterações no sistema nervoso autônomo são observadas na cardiopatia chagásica e, embora o treinamento físico possa melhorar a VFC em outras formas de insuficiência cardíaca, evidências sugerem que na cardiopatia chagásica não2, corroborando achados de Nascimento e cols.1. No entanto, além de serem relativamente escassos os estudos sobre o tema, o que limita maiores conclusões, questões relativas à prescrição do treinamento no presente estudo necessitam ser melhor esclarecidas. Apesar de o protocolo ter sido estabelecido por meio de publicação prévia de ensaio clínico randomizado sobre o tema3, a falta de descrição sobre o uso de fármacos pelos pacientes do estudo, como betabloqueadores, que impactam no cronotropismo, reduzindo a frequência cardíaca, poderia ter alterado os resultados do estudo. Assim, fórmulas que estimam a intensidade do treinamento, como a usada no citado estudo, passam a ser limitadas na presença de fármacos com interação cronotrópica.
Além disso, a não utilização de exame ergoespirométrico na prescrição do exercício pode ter comprometido o estabelecimento real da intensidade do treinamento. Nesse contexto, é sabido que intensidades diferentes geram adaptações diferentes no sistema, que, por sua vez, podem ter influenciado diferentes adaptações autonômicas após o periodo de intervenção.
Esses fatores poderiam ter influenciado a intervenção no ensaio clínico de Nascimento e cols.1 e impactado no desfecho aferido. Dessa forma, novos estudos são necessários para melhor investigar tais questões, com maior controle das variáveis, visando conhecer as adaptações autonômicas, em melhor padronização da prescrição/acompanhamento do treinamento físico em grupo de indivíduos com cardiopatia chagásica, a fim de ter, quem sabe, dados alvissareiros.