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Fatores Associados à Mediastinite Pós-Esternotomia. Caso-Controle

Fatores Associados à Mediastinite Pós-Esternotomia. Caso-Controle

Autores:

Débora Cristine Gomes Pinto,
Antônio Fernandino de Castro Bahia Neto,
Flávia Lage Gonçalves,
Isabel Cristina Gomes,
Eduardo Back Sternick,
Alessandra Maciel Almeida,
Nulma Souto Jentzsch

ARTIGO ORIGINAL

International Journal of Cardiovascular Sciences

versão impressa ISSN 2359-4802versão On-line ISSN 2359-5647

Int. J. Cardiovasc. Sci. vol.31 no.2 Rio de Janeiro mar./abr. 2018

http://dx.doi.org/10.5935/2359-4802.20180004

Introdução

A mediastinite é uma infecção grave pós-esternotomia mediana, que acomete os tecidos adjacentes profundos, com evidência clínica e/ou microbiológica do comprometimento do espaço retroesternal, e que pode estar associada à osteomielite do esterno, com ou sem instabilidade.1,2 Apresenta incidência de 0,4 a 5% e elevada mortalidade (14 a 47%).3 Mesmo com o diagnóstico e o tratamento precoces, não tem bom prognóstico, sobretudo se houver sepse e outros agravos à saúde.4

Os fatores de risco associados à mediastinite são pré-cirúrgicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos.5 São considerados fatores pré-cirúrgicos idade avançada, sexo masculino, desnutrição, obesidade, tabagismo, Diabetes Melito (DM) e outras doenças;5,6 também o são a Insuficiência Renal Crônica (IRC) e/ou creatinina sérica > 1,5 mg/dL e a Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) < 40%.7,8

Os fatores de risco cirúrgicos incluem o tipo de cirurgia (eletiva ou urgência), o tempo cirúrgico prolongado, a Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM) utilizando artérias mamárias bilaterais e a inserção de balão intraórtico.9,10 São citadas ainda rotinas como a raspagem dos pelos, e o tempo decorrido entre a tonsura dos pelos e a incisão cirúrgica, além da esterilização dos materiais cirúrgicos e do número de pessoas nas salas de cirurgia.10,11 Outras condições apontadas são a profilaxia com antibióticos, complicações intraoperatórias,5 uso abusivo de eletrocautério e corticoterapia prévia.12,13

Como fatores de risco pós-cirúrgicos, destacam-se os tempos prolongados de internação hospitalar e de permanência nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), sangramento, complicações respiratórias, nefrológicas e gastrintestinais e necessidade de reintervenção cirúrgica, além de traqueostomia e da instabilidade esternal.5,9,12,13

Muitos fatores de risco têm sido associados ao desenvolvimento da mediastinite, mas variam entre instituições, revelando a necessidade de estudos em diferentes centros hospitalares. Faz-se necessária ainda a verificação do diagnóstico bacteriológico, em geral, com presença de Staphylococcus aureus ou Staphylococcus epidermidis, responsáveis por 70 a 80% dos casos.14

O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil dos pacientes submetidos à esternotomia para tratamento de doenças cardíacas e identificar os fatores de risco para o desenvolvimento de mediastinite, além de avaliar o diagnóstico bacteriológico destes casos.

Métodos

Trata-se de um estudo caso-controle, realizado em um hospital de grande porte em Belo Horizonte (MG), com dados de prontuários em papel, de pacientes maiores de 18 anos submetidos à cirurgia cardíaca no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2016. A amostra foi composta por 65 pacientes, sendo 52 controles, pareados por sexo e idade em uma razão 1:4.

O grupo caso foi composto por pacientes com diagnóstico de mediastinite pós-esternotomia confirmado pelo Serviço de Controle e Infecção Hospitalar e pelo cirurgião responsável. No grupo controle, foram incluídos pacientes submetidos à esternotomia no mesmo período, que não desenvolveram mediastinite.

Foi elaborado um formulário de coleta de dados contendo informações sobre as características do paciente (sexo e idade), condições pré-cirúrgicas (data de internação hospitalar e realização da cirurgia) e fatores de risco pré-cirúrgicos (consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo, obesidade, DM, dislipidemia, hipertensão arterial, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC, IRC, insuficiência cardíaca congestiva classe III, acidente vascular encefálico, doença arterial coronariana e cirurgia cardíaca prévia), além do valor da FEVE. A condição transcirúrgica avaliada foi o tempo de Circulação Extracorpórea (CEC). Em relação ao período pós-cirúrgico, foram avaliados: data de admissão e das altas hospitalar e da UTI; febre (> 38,3°C); creatinina pós-cirúrgica e óbito. Nos casos, foram avaliados também os medicamentos utilizados em caráter profilático e o diagnóstico bacteriológico.

Análise estatística

As variáveis qualitativas foram descritas como contagens e porcentuais, e as quantitativas foram descritas por meio de média ± desvio padrão ou mediana ± distância interquartílica, conforme normalidade dos dados, testada pelo teste de Shapiro-Wilk. Para comparação de médias, foram adotados os testes t de Student e Wilcoxon Mann-Whitney para amostras independentes, quando adequados. A associação entre variáveis categóricas foi avaliada via teste exato de Fisher. Foi adotado nível de significância de 5%.

O efeito conjunto das variáveis sobre os grupos foi avaliado pelo modelo de regressão logística. As variáveis com p < 0,20 na análise bivariada foram incluídas no modelo múltiplo e, para seleção de variáveis, foi adotada a estratégia backward. O modelo final incluiu as variáveis com p < 0,05 e a variável idade, mantida por opção dos pesquisadores. Os resultados são apresentados como Razão de Chances (RC) e seus respectivos intervalos de 95% de confiança. A qualidade do ajuste foi avaliada pelo teste de Hosmer-Lemeshow. As análises foram realizadas no software livre R versão 3.1.3.

Resultados

A amostra foi composta de 65 pacientes. Houve predominância do sexo masculino (63,1%) com idade média de 58,8 anos (± 10,3). O tipo de cirurgia mais comum foi a de CRVM (78,5%), seguida por troca valvar (27,4%). A mediana do número de fatores de risco pré-cirúrgicos foi 4 (± 2). Os antibióticos mais utilizados em caráter profilático foram cefuroxima (67,7%) e vancomicina (67,7%). Com relação à cefuroxima, a utilização foi menor nos pacientes que tiveram diagnóstico de mediastinite (Tabela 1). Com relação ao DM, 45,2% dos casos eram diabéticos e 33,3% insulino-dependentes, mas não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.

Tabela 1 Caracterização dos pacientes do estudo 

Variáveis Total (n = 65) Controles (n = 52) Casos (n = 13) Valor de p
Sexo, n (%) 0,526*
Feminino 24 (36,9) 18 (34,6) 6 (46,2)
Masculino 41 (63,1) 34 (65,4) 7 (53,8)
Idade, anos 58,8 ± 10,3 58,1 ± 10,4 61,6 ± 9,8 0,265
Obesidade, n (%) 13 (20) 11 (21,2) 2 (15,4) 1,000*
Número de fatores de risco pré-cirúrgicos 4 ± 2 3 ± 3 4 ± 1 0,056
Uso de antibióticos profiláticos, n (%)
Cefuroxima 44 (67,7) 39 (75) 5 (38,5) 0,019*
Vancomicina 44 (67,7) 36 (69,2) 8 (61,5) 0,742*
Cefazolina 15 (23,1) 9 (17,3) 6 (46,2) 0,059*
Cateterismo prévio§ 61 (93,8) 49 (94,2) 12 (92,3) 1,000*
FEVE, % 60 ± 19,3 60 ± 16 54 ± 29 0,300
Tipo de cirurgia, n (%)
CRVM 51 (78,5) 40 (76,9) 11 (84,6) 0,717*
Troca valvar§ 17 (27,4) 12 (24,5) 5 (38,5) 0,319*
Mitral 7 (11,3) 4 (8,2) 3 (23,1) 0,153*
Aórtica 6 (9,7) 4 (8,2) 2 (15,4) 0,597*
Dupla troca 4 (6,5) 4 (8,2) - 0,571*
Retroca valvar§ 3 (4,8) 3 (6) - 1,000*
Mitral 2 (3,2) 2 (4) - 1,000*
Dupla troca 1(1,6) 1 (2) - 1,000*
CRVM + troca valvar 6 (9,7) 3 (6,1) 3 (23,1) 0,100*
Tempo de internação pós-cirúrgica, dias 13 ± 15 12 ± 4,8 40 ± 21 < 0,001
Tempo de circulação extracorpórea§, minutos 80 ± 40,3 77,5 ± 43,5 82 ± 18,3 0,770
Creatinina pós-cirúrgica, mg/dL 0,86 ± 0,36 0,80 ± 0,32 1,13 ± 2,12 0,004
Óbito, n (%) 6 (9,2) 3 (5,8) 3 (23,1) 0,089*

Testes referentes aos valores de p:

*teste exato de Fisher;

t de Student para amostras independentes; e

Wilcoxon Mann-Whitney;

§a variável apresenta missings. FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; CRVM: cirurgia de revascularização miocárdica.

O cateterismo cardíaco prévio foi realizado em 93,8% dos pacientes. Observou-se FEVE mediana de 60 (± 19,3%) e tempo mediano de CEC de 80 ± 40,3 minutos. O tempo mediano de internação pós-cirúrgica foi 13 dias (± 15), e este tempo foi maior nos pacientes com diagnóstico de mediastinite. O nível mediano de creatinina observado após a cirurgia foi 0,86 mg/dL (± 0,36), tendo sido significativamente maior no grupo mediastinite. A evolução a óbito ocorreu em 9,2% dos pacientes e em 23,1% dos que apresentaram mediastinite pós-esternotomia.

Não foram observadas diferenças em relação ao sexo e à idade, o que confirma a eficácia do pareamento. Observou-se maior número mediano de fatores de risco pré-cirúrgicos entre os que tiveram diagnóstico de mediastinite, além de maior proporção de pacientes que realizaram CRVM.

O microrganismo mais encontrado no diagnóstico bacteriológico dos pacientes com mediastinite foi o S. aureus (30,7%) e houve elevada ocorrência de bactérias Gram-negativas (46,2%) (Tabela 2).

Tabela 2 Microrganismos encontrados no diagnóstico bacteriológico dos pacientes com mediastinite 

Microrganismo n = 13 n (%)
Gram-positivos 6 (46,2)
Staphylococcus aureus 4 (30,7)
Staphylococcus coagulase negativo 1 (7,7)
Staphylococcus coagulase negativo, Streptococcus agalactiae* 1 (7,7)
Gram-negativos 6 (46,2)
Enterobacter sp 1 (7,7)
Acinetobacter baumannii 1 (7,7)
Stenotrophomonas maltophilia 1 (7,7)
Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa* 1 (7,7)
Klebsiella pneumoniae 1 (7,7)
Escherichia coli, Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae* 1 (7,7)
Sem informação 1 (7,7)

*Pacientes com mais de um microrganismo.

No modelo logístico, observaram-se, como fatores associados à mediastinite: maior tempo de internação pós-cirúrgica, ocorrência de febre pós-cirúrgica e maior número de fatores de risco pré-cirúrgicos. Cada aumento de 1 dia de internação pós-cirúrgica aumentou em 3,2% a chance de desenvolver mediastinite e, a cada acréscimo de um fator de risco pré-cirúrgico, aumentou esta chance em 57,3%. A ocorrência de febre após a cirurgia aumentou em mais de dez vezes a chance de desenvolver mediastinite (Tabela 3).

Tabela 3 Variáveis associadas à ocorrência de mediastinite 

Variáveis RC (n = 65) IC95% RC (n = 52) Valor de p*
Intercepto 0,008 (4,3e-5-0582) 0,042
Idade 0,997 (0,918-1,086) 0,952
Tempo de internação pós-cirúrgica, dias 1,032 (1,008-1,067) 0,019
Febre
Não - - -
Sim 10,316 (2,124-61,738) 0,005
Número de fatores de risco 1,573 (0,978-2,640) 0,065

Os valores de p referem-se aos testes de significância dos coeficientes da regressão. Teste Hosmer-Lemeshow: p = 0,620 (não rejeição da adequação do modelo). RC = razão de chances; IC95%: intervalo de confiança de 95%.

Discussão

Este trabalho foi motivado por um estudo de caso-controle realizado na mesma instituição de janeiro de 2005 a janeiro de 2007, com 54 pacientes, com idade média de 59,7 anos, submetidos à esternotomia (18 com mediastinite). A maioria dos pacientes era do sexo masculino (72,2% para toda a amostra e 66,7% entre os que desenvolveram mediastinite) e 86% foram submetidos à CRVM. A mortalidade foi de 22,2% na amostra e de 33,3% entre os que apresentaram mediastinite.15 Já os resultados do presente estudo foram semelhantes aos do trabalho anterior com relação à idade, à predominância do sexo masculino e do tipo de cirurgia (CRVM), com maiores proporções entre os que desenvolveram mediastinite. Com relação ao óbito, a mortalidade foi inferior à observada anteriormente, inclusive entre os pacientes que apresentaram mediastinite, mas estes valores ainda continuam elevados, como observado na literatura (14 a 47%).3 O tempo mediano de internação pós-cirúrgica foi maior nos pacientes com diagnóstico de mediastinite, em ambos os estudos, revelando maior gravidade dos casos e impacto nos custos hospitalares. Faz-se necessária a investigação dos fatores responsáveis pelo surgimento desta complicação, visando à prevenção e ao controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, a fim de melhorar a qualidade da assistência e a segurança do paciente, e reduzir custos.

Com relação ao perfil dos pacientes, incidência de mediastinite e mortalidade, Souza et al.,4 avaliaram pacientes submetidos à intervenções cirúrgicas entre 1991 e 2000 e verificaram idade média de 51,9 anos, maioria submetida à CRVM (também entre os que desenvolveram mediastinite) e predomínio de pacientes do sexo feminino. A incidência de mediastinite pós-esternotomia foi de 1,6% e a taxa de mortalidade 21,6%. Sá et al., 1 avaliaram pacientes submetidos à CRVM entre 2007 e 2010, com idade média de 62,14 anos e predominância do sexo masculino. A incidência da mediastinite foi 5,6% e a taxa de mortalidade, 32,1%. Já Magalhães et al.,3 avaliaram pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, de 2007 a 2009; a idade média foi 60 anos e a maioria era do sexo masculino. A CRVM foi realizada em 76,2% dos pacientes que desenvolveram a mediastinite; apenas 2,3% dos pacientes desenvolveram mediastinite pós-esternotomia e 33% foram a óbito.

Resultados semelhantes foram observados em estudos realizados no Brasil: Guaragna et al., 8 avaliaram pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, de 1997 a 2000. A maioria era do sexo masculino (também no grupo mediastinite; 71,1%). A incidência de mediastinite foi 2,9% e a taxa de mortalidade, 15,8%. Ainda, estudo realizado de 1996 a 2007 em pacientes submetidos à CRVM apresentou incidência de mediastinite de 3,3% e taxa de mortalidade de 6%.6 Outro estudo realizado em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, de 2007 a 2009, teve 68,5% da amostra submetida à CRVM e 31,5% à troca valvar. A idade média foi de 59,9 anos e a maioria foi do sexo masculino. A incidência da mediastinite pós-esternotomia foi de 1,3%, e a mortalidade foi de 42,8%.16

Estudo realizado no Reino Unido avaliou pacientes submetidos à CRVM, de 1999 a 2009. A idade média foi 67 anos e 77,3% eram do sexo masculino. A incidência dos pacientes que desenvolveram mediastinite pós-esternotomia foi de 0,59%. A mortalidade foi maior nos pacientes que tiveram mediastinite.17

Com relação ao perfil dos pacientes descritos nestes estudos,1,3,4,6,8,15-17a maioria era do sexo masculino, a idade média girou em torno de 52 a 67 anos, e a CRVM foi a cirurgia mais realizada. Resultados semelhantes foram observados em ambos os estudos realizados na instituição aqui citados, ou seja, este estudo e em Coelho et al., 15 com relação ao sexo, à idade média e ao tipo de cirurgia.

O paciente do sexo masculino tem maior propensão ao desenvolvimento de mediastinite, sendo inclusive considerado um fator de risco independente para seu desenvolvimento.18,19 Um dos mecanismos prováveis se relaciona com os aspectos anatômicos do homem (folículos pilosos na região da esternotomia), favorecendo o crescimento e a infecção bacteriana. Guaragna et al.,8 verificaram tal relação: a maioria dos pacientes que desenvolveu mediastinite era do sexo masculino. No presente estudo, não foi possível avaliar esta relação, pois o sexo foi utilizado para pareamento dos controles.

Com relação ao tipo de cirurgia, a correlação entre CRVM e o desenvolvimento de mediastinite é bem documentada na literatura. Foram mencionados mais de 80% dos casos da infecção como complicação associada à cirurgia.3 Estudos de Souza et al., 4 Sá et al.,1 e Magalhães et al.,3 verificaram esta relação, assim como observado neste estudo em que a CRVM, além de ter sido a cirurgia mais realizada, apresentou maior proporção de pacientes com mediastinite, apesar da não apresentar diferença estatística.

A incidência de mediastinite nos estudos avaliados, como descrito na diretriz da American College of Cardiology/American Heart Associtaion (ACC/AHA),11 encontra-se entre 0,4 e 4,0%. Neste estudo, não foi possível avaliar a incidência de mediastinite, devido ao delineamento utilizado. No entanto, nos estudos de coorte, a menor incidência de mediastinite foi observada no estudo de Ariyaratnam et al.,17 realizado no Reino Unido. Estudos conduzidos no Brasil apresentaram incidência variando de 1,3 a 3,3%,3,4,6,8,16 com exceção de Sá et al.,1 que apresentaram incidência de 5,6%. Os autores justificam a elevada incidência por terem considerado todos os tipos de cirurgias cardíacas, inclusive CRVM, segundo eles associada à maior risco de mediastinite. Outros estudos,1,3,4 também verificaram associação entre CRVM e risco aumentado de mediastinite, mas demonstraram incidência dentro do limite apontado pela diretriz da ACC/AHA.11 Com relação à mortalidade, altos índices têm sido descritos na literatura, com dados variando entre 14 e 47%.3 Em estudos brasileiros de pacientes que realizaram cirurgias cardíacas, observaram-se taxas de mortalidade de 15,8 a 42,8%.1,3,4,6,8,15 Foram observadas, em estudo internacional, taxas mais baixas de mortalidade (9,1%),17 porém mais elevadas nos pacientes que desenvolveram mediastinite,17 tal como neste estudo. Esta variação sugere que tanto a incidência da mediastinite quanto a mortalidade possam estar relacionadas com a instituição avaliada, podendo ser influenciadas pela rotina da instituição, pelo uso de antimicrobianos profiláticos ou pela padronização de técnicas assépticas.

Com relação aos fatores de risco pré-operatórios, neste estudo, não foram observadas diferenças significativas quando os fatores foram avaliados isoladamente, assim como no estudo anterior realizado nesta mesma instituição.15 Porém, no modelo de regressão logística, maior chance de desenvolver mediastinite foi atribuída ao maior número de fatores de risco pré-operatórios. Cada acréscimo de fator de risco aumentou a chance de ter mediastinite em 57,3%.

Revisão da literatura buscou identificar os fatores de risco relacionados à ocorrência de mediastinite pós-esternotomia em pacientes adultos submetidos à CRVM. Os principais fatores de risco identificados foram idade acima de 65 anos, DM, obesidade, DPOC e reintervenção cirúrgica.20

Tiveron et al.,16 verificaram os fatores de risco pré-operatórios em pacientes (maioria submetida à CRVM) e ocorrência de mediastinite, e identificaram balão intra-aórtico, hemodiálise e intervenção vascular extracardíaca. Já Oliveira e Paula,21 encontraram DM, tempo de internação superior a 7 dias no pré-operatório, tabagismo e obesidade. Guaragna et al.,8 por sua vez, avaliaram pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, e os fatores de risco pré-operatórios foram: obesidade, DM, DPOC, cirurgia cardíaca prévia, tabagismo e sexo - sendo fatores de risco independentes (obesidade , DPOC e DM), mesmo quando analisados por sexo e idade.

Estudo realizado em pacientes submetidos à CRVM apresentaram fatores de risco pré-operatórios independentes relacionados à mediastinite, como DM, obesidade e tabagismo,1 Em estudo realizado no Reino Unido,17 foram listados os seguintes fatores: idade, índice de massa corporal, DM e DPOC.

Muitos fatores de risco têm sido associados ao desenvolvimento de mediastinite pós-cirurgia cardíaca. No entanto, tem-se percebido não haver consenso definido sobre os mais importantes associados à mediastinite, e nem se cada fator pode ser considerado um preditor independente de risco no pós-operatório. De maneira geral, os estudos apenas descrevem os principais fatores de risco associados à doença em diferentes serviços de saúde.22

Estudos realizados em diferentes serviços de saúde1,8,17,21 apresentaram resultados semelhantes aos observados na revisão de literatura,20 que apontou idade, DM, obesidade, reintervenção cirúrgica e DPOC como os principais fatores de risco relacionados à ocorrência de mediastinite em pacientes adultos submetidos à CRVM. A DPOC foi identificada como fator de risco relacionado à mediastinite em Ariyaratnam et al., 19 e Guaragna et al.,8 que ressaltam que pacientes com DPOC são mais suscetíveis à infecção da ferida operatória, devido à hipoxemia tecidual e à necessidade de corticoterapia no pré e/ou pós-operatório, facilitando o aparecimento de infecções.

Outro fator de risco relacionado à mediastinite diz respeito à obesidade, embora apresente resultados controversos em cirurgias cardíacas.23 Pacientes obesos podem apresentar pior evolução quando submetidos a cirurgias de grande porte. A obesidade pode prejudicar a cicatrização da ferida operatória, devido ao rompimento das suturas cirúrgicas, facilitando a invasão bacteriana do sítio cirúrgico.23-25 Isto se deve à propagação de altas forças mecânicas de tração lateral nas bordas da pele da incisão, quando na posição supina, bem como à dobradura da pele do terço distal da incisão cirúrgica na região inframamária (área de ampla colonização de microrganismos), quando na posição sentada.26 Sendo a obesidade um fator de risco modificável, é importante que medidas para redução de peso sejam adotadas no pré-operatório. Além disto, deve-se considerar que a obesidade pode dificultar o ajuste de doses de antibiótico à massa corporal, levando, consequentemente, à baixa concentração tecidual do antibiótico.27,28 Neste estudo, não foi observada a relação entre obesidade e mediastinite (p = 1,000).

Dois estudos,1,8 demonstraram obesidade e DM associadas à ocorrência de mediastinite pós-esternotomia. Estudo multicêntrico, denominado Parisian Mediastinitis Study Group,29 também verificou tal associação, além de verificar que a obesidade foi o único fator de risco independente para mediastinite. No que tange à DM, Ledur et al.,30 afirmam que níveis elevados de glicose têm sido associados com aumento do processo inflamatório, levando ao aumento significativo de infecção e de disfunção de órgãos.30 Tabagismo, principalmente associado à DPOC, tem sido também considerado um dos fatores de risco associado à mediastinite.6 Alguns autores1 verificaram o tabagismo como fator de risco independente para o desenvolvimento de mediastinite.

Considerando as variáveis trans e pós-cirúrgicas, também foi demonstrado não haver consenso sobre os fatores de risco associados à mediastinite. O aumento no tempo de internação pós-cirúrgica e a ocorrência de febre após a cirurgia foram mais comuns em pacientes com mediastinite. O nível médio de creatinina também foi considerado fator de risco independente e maior nos pacientes com diagnóstico de mediastinite. Outros fatores de risco transoperatórios e pós-cirúrgicas, como uso de artérias torácicas internas pediculadas e CRVM com CEC, também já foram mencionados na literatura,1 além de ponte mamária quando associada à obesidade.8 No entanto, neste estudo, não foi observada diferença entre os grupos com relação ao tempo de CEC (p = 0,770).

O período transoperatório de cirurgia cardíaca é crítico, devido à sua complexidade e aos procedimentos a ela inerentes, como CEC e tempo intraoperatório prolongado. Vários fatores influenciam no surgimento de infecção na ferida operatória, como procedimentos invasivos e defesa primária insuficiente provocada pelo trauma cirúrgico e pela CEC, que, por sua vez, acarreta alterações fisiológicas no sistema imunológico, especialmente pelo uso da hipotermia e hemodiluição, predispondo ao aparecimento de infecções.31 Profissionais da saúde devem estar atentos e preparados para intervir em situações de desequilíbrio no volume de líquidos, troca de gases prejudicada, alterações da proteção por conta da inibição do sistema de coagulação com a heparinização sistêmica e sequestro de leucócitos da circulação.32

Quanto ao diagnóstico bacteriológico, neste estudo, em pacientes com mediastinite, a mais prevalente entre as bactérias Gram-positivas foi S. aureus (30,7%). Foi também observada elevada ocorrência de bactérias Gram-positivas (46,2%). Estudos realizados no Brasil indicam S. aureus como agente causal predominante na mediastinite. Estudos internacionais têm demonstrado uma predominância de S. epidermidis e uma variedade de bactérias Gram-positivas em 40% dos casos.33

Infecções por fungos são pouco frequentes.34S. aureus e S. epidermidis são responsáveis por 70 a 80% dos casos.35 A presença de S. aureus faz com que as infecções apresentem um curso clínico rápido e características mais agressivas; assim, sua eliminação e os cuidados requeridos pela equipe cirúrgica durante o período pré-operatório são de suma importância. Em Gib et al.,36 que realizaram um estudo em pacientes com mediastinite pós-operatória, S. aureus também foi o microrganismo mais prevalente (58,1%) dos casos. O mesmo foi observado por Sá et al., 5 que avaliaram os prontuários de pacientes submetidos à cirurgia cardiovascular de 2007 a 2009. A cultura do exsudato foi positiva em 84% dos casos de mediastinite, sendo S. aureus o patógeno mais observado (28,8%).

Também Souza et al.,4 que avaliaram prontuários de pacientes submetidos à cirurgias cardíacas entre 1991 e 2000, verificaram S. aureus como o microrganismo mais frequentemente isolado na ferida operatória (46,0%), seguido por Pseudomonas aeruginosa (21,6%) e S. epidermidis (8,1%). Os casos com isolamento de S. epidermidis desenvolveram mediastinite crônica.

Charbonneau et al.,37 realizaram estudo em pacientes com mediastinite pós-cirurgia cardíaca internados em UTI, de 2000 a 2008, em dois hospitais na França, e verificaram que 309 pacientes desenvolveram mediastinite pós-esternotomia, sendo 29,4% com bactérias Gram-positivas. A presença de bactérias Gram-positivas foi associada a falhas de drenagem, infecção secundária, necessidade de ventilação mecânica prolongada e/ou uso de vasopressores.

Várias são as possibilidades de portas de entrada para agentes patogênicos nos pacientes submetidos à cirurgia torácica ou cardíaca, como comprometimento da irrigação do esterno com utilização de artérias torácicas internas durante a revascularização do miocárdio, utilização de próteses em contato com a corrente sanguínea, debilidade orgânica e, em alguns casos, precária condição hemodinâmica nos pós-operatório dos pacientes, ocasionando baixa debilidade no sistema imunológico, principalmente nos pacientes diabéticos, idosos e/ou com grave disfunção do miocárdio.10,38

Assim, medidas preventivas39 são fundamentais para evitar a colonização do paciente por microrganismos, como reduzir ao máximo o tempo de internação hospitalar, principalmente antes da cirurgia, evitando a colonização por microrganismos selecionados do ambiente hospitalar; realizar assepsia rigorosa do paciente; utilizar o mínimo possível o eletrocautério na diérese; manipular cuidadosamente os tecidos; evitar ao máximo o trauma cirúrgico do esterno; fazer hemostasia rigorosa; orientar periodicamente a equipe e avaliar os equipamentos utilizados no centro cirúrgico ou na UTI; além de manipular adequadamente os drenos, os cateteres e os curativos operatórios.

Este estudo teve como limitações o curto período de avaliação de uma infecção com baixa prevalência, o que resultou no registro de poucos casos. A utilização de dados de prontuários em papel pode apresentar fragilidades como missings e imprecisão de informações. Além disto, o estudo foi realizado com dados de um único hospital, não sendo uma amostra representativa do Estado de Minas Gerais.

Conclusão

Muitos fatores de risco têm sido associados com o desenvolvimento de mediastinite pós-cirurgia cardíaca. No entanto, tem-se percebido não haver consenso definido sobre os mais importantes associados à mediastinite e também se cada fator pode ser considerado um preditor independente de risco para mediastinite no pós-operatório.

Neste estudo observou-se predominância do sexo masculino, idade média de 58,8 anos e cirurgia de revascularização do miocárdio como o tipo cirúrgico mais comum , estando de acordo com os achados da literatura. As características dos pacientes que tiveram diagnóstico de mediastinite foram maior proporção de homens, maior realização de cirurgia de revascularização do miocárdio e maior ocorrência de óbito. Com relação aos fatores de risco, foram observados: maior número médio de fatores de risco pré-cirúrgicos, maior tempo de internação e maior ocorrência de febre pós-cirurgia. O microrganismo mais frequentemente observado em pacientes com mediastinite foi Staphylococcus aureus, e a presença de bactérias Gram-positivas foi elevada.

Os resultados apontam a necessidade de investigação dos fatores responsáveis pelo surgimento desta complicação, visando à prevenção e ao controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, para melhorar a qualidade da assistência e a segurança do paciente. Esforços devem ser concentrados para o controle dos fatores de risco antes do procedimento, além do aprimoramento de medidas que possam diminuir ou eliminar o surgimento da complicação, com vistas à prevenção e ao controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Para tanto, é necessário treinamento das equipes de saúde para o controle dos fatores de risco associados à mediastinite, além do reforço das medidas preventivas, para evitar a colonização do paciente por microrganismos.

REFERÊNCIAS

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