versão impressa ISSN 1413-8123versão On-line ISSN 1678-4561
Ciênc. saúde coletiva vol.21 no.8 Rio de Janeiro ago. 2016
http://dx.doi.org/10.1590/1413-8123201521803862016
Os estudos sobre a carreira docente desenvolveram-se a partir dos anos 1970, o que tem contribuído para a melhor compreensão do destino profissional dos professores. A dimensão pessoal dos docentes, entretanto, tem recebido pouca atenção no contexto universitário.
Para Zabalza1são aspectos essenciais da dimensão pessoal dos docentes universitários, a satisfação pessoal e profissional e a carreira de professor. Para esse autor, o modo como o professor é, sente ou vive as expectativas com que desenvolve seu trabalho, geralmente são fatores não considerados que possam afetar a qualidade de ensino.
Os estudos sobre satisfação profissional do professor são ainda escassos no Brasil, em especial com os da área da saúde. Professores satisfeitos são menos passíveis de mudar de posição no trabalho e a satisfação tem sido relacionada com a permanência na profissão2.
Existem mudanças de atitudes e estado emocional com o decorrer do tempo de docência que podem interferir com o desempenho profissional, visto que os fatores de satisfação e insatisfação refletem o investimento que se faz na carreira1. Trabalhadores satisfeitos são mais comprometidos com a profissão e tendem a desenvolver suas atividades com mais empenho3. Por outro lado, os insatisfeitos podem não produzir como o esperado e ainda estar sempre buscando uma maneira de trocar de emprego ou de local de trabalho.
A satisfação profissional dos professores tem sido considerada como um sentimento e uma forma de estar positivo [...] perante a profissão, originados por fatores contextuais e/ou exteriorizados pela dedicação, defesa e mesmo felicidade face à mesma4. As manifestações contrárias caracterizam a insatisfação.
A satisfação refere-se a um estado geral e emocional positivos. Dentre as teorias que explicam o grau de satisfação dos professores como trabalho que executam, a teoria de Herzberg5 afirmaque a satisfação pessoal é causada tanto por fatores internos, como a realização pessoal e o reconhecimento profissional, quanto por fatores de higiene ou de contexto, como as condições de trabalho, remuneração, segurança, estabilidade e as relações interpessoais estabelecidas no ambiente de trabalho. A satisfação desenvolve-se em resposta a estímulos sociais e condições reais de trabalho e pode ser entendida como um suprimento de uma necessidade, uma realização de expectativas3,6,7.
A satisfação profissional reflete-se na eficácia do trabalho desempenhado, promove o bem-estar psicológico e permite um melhor desempenho das atividades docentes2.
A satisfação com a carreira docente pode estar relacionada a fatores intrínsecos (sentimentos, emoções, experiências) e extrínsecos (condições de trabalho, reconhecimento, oportunidades)4. A promoção da satisfação pessoal do professor por meio da diminuição dos fatores geradores de insatisfação pode representar uma maior dedicação às funções docentes, bem como uma menor rotatividade, garantindo às instituições uma melhor visibilidade na sociedade8,9.
Entender os determinantes da satisfação do corpo docente é fundamental para que as universidades alcancem a excelência em todos os seus propósitos. Instituições que entendem e valorizam essa questão possuem melhores condições de proporcionar um ambiente de trabalho agradável, atraindo e retendo profissionais de maior qualidade10.
Esta investigação foi realizada com professores de um curso de Nutrição de uma instituição federal de ensino superior da cidade de Goiânia - Goiás - Brasil, com o objetivo de identificar os fatores que geram satisfação e insatisfação com a docência e os sentimentos visualizados para o final da carreira.
No presente estudo fez-se uso da pesquisa social exploratória de abordagem qualitativa11para compreender o processo e os aspectos relevantes sobre a satisfação de professores de nutrição.
A pesquisa social é um método de cunho científico no qual se adquirem conhecimentos novos no campo da realidade social12. Pode apresentar diferentes subclassificações de acordo com a finalidade de cada objeto de pesquisa, sendo dividida em exploratória, descritiva e explicativa. Na presente pesquisa merece destaque a exploratória, que tem como objetivo esclarecer, desenvolver conceitos ou dialetizar ideias relativas ao objeto de estudo12.
Foram considerados como critérios de inclusão na pesquisa: ser professor efetivo na instituição, não estar licenciado e nem em afastamento para pós-graduação. Foram excluídos da amostra os profissionais que se recusaram a participar do estudo e aqueles que, por algum motivo, encontravam-se afastados do trabalho devido a férias ou licenças médicas, prêmio, entre outras.
Todos os professores que se enquadravam nos critérios de inclusão foram convidados a participar da investigação, por meio de correio eletrônico. Os dados foram coletados em um encontro com cada professor, com duração média de 40 minutos, momento no qual foi entregue e preenchido o questionário com questões de interesse da investigação e após, realizada a entrevista semiestruturada. À medida que as entrevistas foram sendo realizadas, foi sendo construída uma tabela de saturação de dados, critério utilizado para estabelecer ou fechar o tamanho da amostra em estudo, interrompendo a captação de novos componentes13.
Foram usados dois instrumentos de coleta de dados: um questionário com questões abertas e fechadas e uma entrevista semiestruturada, realizada sem conhecimento prévio do roteiro por parte dos entrevistados. A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas em pesquisas, considerada uma forma de interação social, pois permite a obtenção de informações sobre o que os sujeitos sabem, creem, sentem, desejam, fazem, e como explicam ou respondem às situações que enfrentam11,12.
Os dados coletados no questionário possibilitaram a identificação dos docentes em relação aos dados pessoais, formação pedagógica, qualificação acadêmica, produção científica, dentre outros aspectos.
Com a entrevista buscou-se respostas às questões que interessavam ser investigadas, como: o nível de satisfação com a carreira docente, a opção pela mesma profissão se pudesse escolher novamente, os fatores que o mantém na docência, a vivência de momentos de desgaste e/ou desânimo com o ensino e os sentimentos visualizados ao final da carreira.
A elaboração do roteiro de entrevista semiestruturada buscou atender aos objetivos do estudo em um contexto flexível, de forma a permitir a inclusão de novas questões, caso fossem pertinentes, e a subjetividade dos sujeitos dando sentido às suas vivências e experiências11.
Ao dar voz aos professores, pretendeu-se também complementar a compreensão e a interpretação de dados obtidos através dos questionários. Quando se opta pela abordagem qualitativa de pesquisa, “somente a entrevista de questões abertas, ou seja, marcada por uma relação apenas proposta de tópicos, sem delimitar respostas pré-estabelecidas, é compatível com a própria definição de pesquisa qualitativa”14.
Uma grande quantidade de dados foi obtida através da fala dos professores. Minayo15ressalta que o material obtido com esse instrumento “tende a ser maior e com um grau de profundidade incomparável em relação ao questionário, porque a aproximação qualitativa permite atingir regiões inacessíveis à simples pergunta e resposta”.
Os dados obtidos na entrevista foram áudio-gravados e posteriormente transcritos na íntegra e de forma literal. O material, então, foi submetido à análise temática de conteúdo16, que torna possível conhecer significados, estruturas relevantes e modelos de comportamento por meio do encontrado no discurso11.
O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal do Hospital das Clínicas da universidade em que foi realizada a pesquisa. A coleta de dados somente foi iniciada após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos docentes.
Como um estudo qualitativo, com amostra não randomizada e não representativa, os resultados não podem ser generalizados e esta constitui uma limitação deste estudo.
Participaram do estudo 11 professores, sendo a maioria (10) do sexo feminino, com idade entre 29 e 59 anos. O tempo de docência variou entre um e 40 anos, sendo que 27,3% (3/11) tinha entre um e 10 anos de carreira docente e 72,7% (8/11) mais de 10 anos, todos em regime de dedicação exclusiva. Dos entrevistados, 81,8% (9/11) tinham doutorado e 18,2% (2/11) mestrado.
Quando questionados sobre a satisfação com a docência, a maioria (72,7%) dos entrevistados afirmou estar satisfeita, enquanto 18,2% estavam insatisfeitos e um participante mostrou-se indiferente, conforme pode ser verificado nas falas:
Eu estou 100% satisfeita, gosto demais do que faço, gosto muito de dar aula. (P5)
No momento, o nível de satisfação é muito baixo, posso me considerar insatisfeita.(P10)
Não sei se estou satisfeita ou insatisfeita, acho que nem uma coisa nem outra.(P7)
Dentre os motivos de satisfação dos professores, destaca-se o fato de gostar da profissão, perceber a docência como uma satisfação pessoal e realização de uma vocação, fatores relatados por 72,7% dos entrevistados:
Aquela satisfação própria como profissional que seguiu uma vocação, aí é total. É uma satisfação pessoal.(P9)
A possibilidade de fazer pesquisa dentro da universidade associada a trabalhos de extensão com a comunidade foi relatado como motivo de satisfação por 45,4% dos professores:
A vivência universitária é muito interessante, já me envolvi com projetos financiados, não financiados, convênios, treinamento, todos envolvendo alunos.(P6)
Estar envolvida com pesquisa e extensão é um motivo de satisfação. (P3)
Outro motivo de satisfação relatado também por 45,4% dos docentes foi o reconhecimento por parte dos estudantes e da sociedade:
O papel social que a gente tem. Se você fala que é professora, as portas se abrem. Você consegue falar coisas em espaços que ninguém mais consegue. (P5)
A minha maior satisfação é quando eu vejo os meus alunos prestando atenção na sala da aula, me elogiando para um outro professor. (P1)
Outro fator citado foi a gratificação em contribuir com a formação de profissionais. O desenvolvimento dos alunos com a possibilidade de formar nutricionistas qualificados também foi apontado como fator de satisfação pelos docentes:
É muito gratificante a gente ver as pesquisas dando certo, dando frutos, os alunos se formando, fazendo mestrado, doutorado e poder dizer: eu contribuí para essa formação. (P1)
A autonomia e a flexibilidade foram apontadas como motivos de satisfação:
Eu reconheço que o grande mérito daqui é a autonomia. Eu faço aqui o que eu gosto, e o que eu não gosto eu simplesmente digo não. (P10)
Outro motivo de satisfação relatado foi a possibilidade de aprendizado, de poder estudar e aprender mais:
É uma satisfação muito instigante, você sempre está aprendendo e tem sempre algo a aprender.(P9)
Na análise dos fatores causadores de insatisfação, destacou-se o excesso de trabalho aliado às atividades extras (administrativas, burocráticas, assistência etc.), relatado pela maioria (81,8%) dos docentes participantes:
Tudo é o professor que tem que fazer. Não tem muito apoio dentro da universidade.(P5)
Teve dias que eu saí daqui chorando, de tanto trabalho que tinha sido depositado em mim. (P1)
A dificuldade de relacionamento com os colegas de trabalho e com os gestores foi relatada por 54,5% dos professores como um motivo de insatisfação:
Dentro da faculdade a gente tem alguns guetos de docentes, grupos bem isolados, cada um faz o seu, cada um no seu quadrado. E eu acho que isso é ruim. (P2)
Quando você também não tem um apoio da própria administração, da direção ou da coordenação para suas disciplinas, também desanima muito. (P3)
O desinteresse, associado à falta de respeito dos estudantes,foram apontadoscomo fatores geradores de insatisfação, visto que o professor precisa dedicar tempo e estudo para o preparo das aulas e, muitas vezes, não recebe o retorno esperado:
Os desgastes na sala de aula, os alunos são cada vez menos preparados, cada vez querendo estudar menos e cada vez só querendo questionar e ter as coisas prontas. (P10)
Já sofri, por exemplo, de aluno ser mal educado e eu precisar por ele no lugar. (P11)
Outro motivo gerador de insatisfação é a desvalorização da docência descrita por 45,4% dos entrevistados. Esta falta de reconhecimento advém dos diretores, da coordenação e até mesmo do governo, como pode ser verificado nas falas:
Aqui no Brasil, dadas as condições de funcionamento, salário, reconhecimento, de tudo isso, é muito complicado. (P7)
A gente faz um monte de atividades extras sem o devido reconhecimento mesmo.Agente faz porque gosta, para dar oportunidade para os alunos. (P4)
Os fatores pedagógicos, manifestos nas condições insatisfatórias de trabalhoexistentes, ou seja, na falta de infraestrutura da universidade de um modo geral,revelaram-se os principais obstáculos à atuação docente e são referidas como as principais causas de insatisfação:
Uma vez sentei com os alunos ali na entrada do Hospital das Clínicas para dar uma aula porque não tinha outro lugar. (P10)
As salas de aulas com muitos alunos também foi revelada como motivo de insatisfação para 36,4% (4/11) dos docentes:
A turma era muito grande, muito pulverizada.(P2)
Quando questionados sobre a possibilidade de poder escolher novamente a docência como profissão, 72,7% afirmaram que a escolheriam outra vez, enquanto somente 18,2% não o fariam.
Uma professora analisou as dificuldades enfrentadas na carreira e concluiu que faria tudo novamente se pudesse voltar ao início da carreira:Eu escolheria sim. (P8)
Os professores foram questionados sobre os sentimentos com os quais se visualizavam chegando ao fim da carreira. A ideia de que continuariam ensinando ou pesquisando, independente da aposentadoria, foi assinalada por 45,4% dos professores de Nutrição:
Me vejo ainda em sala de aula, envolvida mais com pesquisa, que é algo que eu quero fortalecer dentro da minha atuação. (P3)
O cansaço também foi citado pelos docentes:
Eu vou estar muito cansada porque é uma profissão que exige muito da gente. (P8)
Os sentimentos de realização, satisfação e felicidade foram mencionados por 36,4% dos docentes, quando se imaginaram chegando ao final da carreira:
Eu me vejo satisfeita com aquela sensação de dever cumprido, que acho que é o mais importante.(P1)
Eu acho que vou estar feliz. (P5)
Esta investigação mostra que a satisfação dos docentes de nutrição está relacionada com a docência propriamente dita e que a insatisfação relaciona-se com as condições de trabalho no ensino superior, semelhante ao encontrado em estudo realizado com docentes que atuam como preceptores de estudantes da área da saúde17.
Alves4 classifica os determinantes de satisfação/insatisfação em econômico, institucional, pedagógico, relacional e social. São fontes de satisfação/insatisfação dos professores, no fator econômico, os salários; no nível institucional, a pressão que o caráter centralizador-conservador exerce na instituição; no âmbito pedagógico, as condições de trabalho, os êxitos eos fracassos dos alunos; no fator relacional, o relacionamento com os alunos e com os pares; no fator social, o statussocial conferido à profissão.
O alto índice de satisfação com a profissão entre os docentes está de acordo com o encontrado por outros autores8-10,18,revelando que esta atividade é motivo de prazer para os professores.
Os aspectos mais valorizados nesta investigação vinculam-se àsquestões pessoais nas quaisestão incluídas a realização pessoal, como trabalho interessante que permite autonomia e flexibilidade, trabalho que permite novos conhecimentos, trabalho valorizado, trabalho que promove o desenvolvimentos dos estudantes.
A escolha da profissão como uma vocação também foi encontrada por Costa10, que afirma que os fatores que conduzem à motivação e à satisfação relacionam-se a características intrínsecas tais como autorrealização, reconhecimento e crescimento. As oportunidades de pesquisa também foram referidas como um fator de satisfação, resultado corroborado por Cox et al.19.
A possibilidade de atuar em diferentes áreas está relacionada ao bem-estar dos docentes20, o que evidencia a importância da valorização do professor e do incentivo às suas atividades. Este fato revela a variedade de saberes e competências que envolvem a docência21.
Peters et al.22 observaram que o aprendizado do aluno foi apontado como principal motivo de satisfação em seu trabalho. Apesar de no presente estudo este não ter sido o fator principal, percebe-se que o desenvolvimento discente também influencia na satisfação dos professores.
Dentre os motivos de insatisfação o que mais se destacou foi o excesso de trabalho, o que concorda com os resultados encontrados por Marqueze e Moreno8. Assinala-se uma sobrecarga de atividades de trabalho e que a docência em sala de aula é apenas uma parte das tarefas a serem desenvolvidas pelo professor, havendo uma cobrança para o incrementoda produção científica por meio de pesquisas e publicações em periódicos especializados15. Somam-se a estas, a realização de atividades de assistência e extensão, que exigem preparo e planejamento árduos e longos9,23.
O cenário em que se desenvolve o ensino, segundo os participantes deste estudo, sobrecarrega o professor, diminuindo o interesse e a dedicação às atividades próprias da docência e provoca insatisfação profissional, além do questionamento sobre suacompetência. Acrescenta-se também o número elevado de alunos em sala de aula, advindos da democratização do ensino superior no Brasil e o aumento do acesso à universidade e as atividades extraclasse, consideradas como carga horária informal de trabalho.
Segundo Alves et al.2, parece ser consenso o reconhecimento do mal-estar manifestado pelos professores, causado pelo aumento de exigências e pressões exercidas sobre as atividades a serem desempenhadas.
A satisfação das necessidades individuais é um fator determinante nas percepções e atitudes dos professores, incluindo o próprio exercício profissional. Em outras palavras, os docentes trabalham com o objetivo de satisfazer tanto as necessidades pessoais quanto as profissionais, as quais “refletem valores e podem diferir de uma pessoa para outra”1.
Bunton et al.9 encontraram como fatores que provocam a insatisfação, de modo semelhante a este estudo, o estilo de coordenação/gestão e a falta de organização, ressaltando a influência dos relacionamentos com colegas e gestores sobre a satisfação dos profissionais, independente da área de atuação.
A insatisfação relacionada à integração e aos relacionamentos está ligada à própria formulação dos currículos da área da saúde das universidades, os quais, em sua maioria, tendem a fragmentar o ensino em ciclos básico e profissional, promovendo desarticulação e isolamento dos professores e atividades24. O desenvolvimento das capacidades dos docentes deve envolver dimensões individuais e coletivas com abordagens formais e informais que permitam o aprendizado com os colegas, como uma alternativa para melhorar a integração e a própria capacitação do educador25.
A dificuldade relacionada ao perfil dos estudantes tem sido motivo de pesquisas que buscam uma forma de reter a atenção do aluno tornando-o um ser ativo no processo de ensino-aprendizagem26. É preciso envolvê-lo no processo por meio de metodologias inovadoras de ensino, pelas quais pode desenvolver a capacidade crítica e a reflexão. Essas inovações educacionais tendem a minimizar os problemas e a melhorar a satisfação tanto do professor quanto do estudante com o processo educativo27,28.
Com relação à possibilidade de escolher novamente a profissão, os resultados encontrados neste estudo também foram relacionados por Bunton et al.9 e Costa10, que encontraram que a maioria dos docentes escolheriam novamente a mesma carreira. Isto revela que, apesar das dificuldades, a docência é uma atividade significativa para os profissionais de saúde.
A satisfação no trabalho aumenta com as intervenções destinadas a provocar mudanças não tanto nos aspectos organizativos, que apenas diminuiriam a insatisfação, mas também nos modos de relação sujeito-trabalho. Isso significa que a satisfação aumenta quando as relações que os docentes têm com o trabalho sãoaperfeiçoadas, como em situações nas quais se possibilita o aumento de autonomia na tomada de decisões, o domínio de novas habilidades, a expectativa de crescimento pessoal no planoprofissional e o maior reconhecimento do trabalho executado.
Em sua maioria, os docentes estão satisfeitos com a atividade realizada e os principais motivos de satisfação estão relacionados a fatores pessoais. A insatisfação, por sua vez, está relacionada principalmente ao papel da instituição no desenvolvimento da atividade docente.
O balanço global é frequentemente acompanhado de referências positivas e negativas sobre a profissão. As condições adversas da docência são enunciadas tanto por professores que fazem umaavaliação geral positiva como pelos que a fazem de forma negativa. A atitude global dependerá, consequentemente, da prevalência de aspectos considerados positivos ou negativos, o que, aliás, ajusta-se ao conceito de bipolaridade satisfação/insatisfação.
Assim, o balanço positivo da profissão revela que os professores valorizam essencialmente os motivos intrínsecos de satisfação, relegando, ao segundo plano, ascondições extrínsecas percebidas como desfavoráveis no exercício da profissão.
Não é suficiente diminuir os fatores causadores de insatisfação, pois é necessário estimular a satisfação para que o docente esteja confortável em sua atuação e possa vivenciar no início, no meio e no final de sua carreira, sentimentos agradáveis e prazerosos.
São necessárias outras pesquisas para aprofundar o conhecimento sobre os fatores de satisfação e insatisfação com a carreira docente de professores do ensino superior da área da saúde, pois o crescimento da satisfação deles viabiliza a otimização institucional das universidades e o aprimoramento da qualidade dos processos formativos que nelas ocorre.