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Fraturas diafisárias do fêmur por baixa energia nos pacientes idosos com uso prolongado de alendronato

Fraturas diafisárias do fêmur por baixa energia nos pacientes idosos com uso prolongado de alendronato

Autores:

José Ricardo Negreiros Vicente,
Daniel Seguel Rebolledo,
Marcos Camargo Leonhardt,
Mauricio Bernstein

ARTIGO ORIGINAL

Einstein (São Paulo)

versão impressa ISSN 1679-4508versão On-line ISSN 2317-6385

Einstein (São Paulo) vol.9 no.1 São Paulo jan./mar. 2011

http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082011ai1406

Fraturas no fêmur proximal ocorrem em mulheres e homens idosos devido a trauma de baixa energia em ossos osteoporóticos. Recomenda-se o tratamento da osteoporose, especialmente com bifosfonatos, para tais fraturas sejam evitadas(1).

O alendronato foi o primeiro fármaco aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA), em 1995, para tratar osteoporose(2). Essa droga atua no metabolismo ósseo, ao inibir os osteoclastos, induzir sua apoptose(3), elevar a densidade mineral óssea e reduzir a incidência de fraturas osteoporóticas(4).

Nos últimos anos, alguns autores descreveram uma fratura pouco comum na diáfise femoral em mulheres idosas em uso prolongado de bifosfonatos para tratamento de osteoporose. Essas fraturas foram associadas a trauma de baixa energia ou a casos sem evidência de evento traumático(5,6).

A estrutura femoral submetida a estresse fisiológico apresenta microdanos na microestrutura óssea. A inibição dos osteoclastos pode levar à supressão grave do turnover ósseo e ao acúmulo de microdanos(79). Esses processos podem deixar o osso quebradiço e causar fraturas femorais raras e inesperadas.

Um aumento recente na incidência dessas fraturas em pacientes em tratamento com alendronato levou alguns autores a realizar uma revisão retrospectiva desses casos. Uma configuração característica, sugestiva de uma fratura de estresse por insuficiência, foi identificada na radiografia simples, e consiste em um espessamento cortical na região subtrocantérica lateral, uma fratura transversa ou oblíqua curta, e um spike cortical medial (Figura 1).

Figura 1 Fratura por estresse no córtex lateral. 

Um estudo retrospectivo avaliou 19 pacientes com esse padrão de fratura entre 70 indivíduos com fraturas diafisárias de baixa energia, e apresentou especificidade de 98% em usuários de alendronato(6). Portanto, após cinco anos, o tratamento com alendronato deve ser interrompido por um período, de modo a evitar a supressão grave de turnover ósseo e fraturas de estresse subsequentes(7).

REFERÊNCIAS

1. Dinçel E, Sepici-Dinçel A, Sepici V, Özsoy H, Sepici B. Hip fracture risk and different gene polymorphisms in the Turkish population. Clinics. 2008;63(5): 645-50.
2. FDA- approved Drugs. USA Food and Drug Administration 1995 (date last accessed 1st February 2007).
3. Fleisch H, Reszka A, Rodan G, Rogers M. Bisphosphonates: mechanisms of action. In: Bilezikian JP. Principles of bone biology. 2nd ed. San Diego: Academic Press; 2002. Vol. 1. p. 1361-85.
4. Wells GA, Cranney A, Peterson J, Boucher M, Shea B, Robinson V, Coyle D et al. Alendronate for the primary and secondary prevention of osteoporotic fracture in postmenopausal women. Cochrane Database Syst Rev. 2008;(1):CD001155
5. Lenart BA, Lorich DG, Lane JM. Atypical fractures of the femoral diaphysis in postmenopausal women taking alendronate. N Engl J Med. 2008;358(12)1304-6.
6. Neviaser AS, Lane JM, Lenart BA, Edobor-Osula F, Lorich DG. Low-energy femoral shaft fractures associated with alendronate use. J Orthop Trauma. 2008;22(5):346-50.
7. Yamaguchi T, Sugimoto T. [New development in bisphosphonate treatment. When and how long should patients take bisphosphonates for osteoporosis?]. Clin Calcium. 2009;19(1):38-43. [Japanese].
8. Goh SK, Yang KY, Koh JSB, Wong MK, Chua DT, Howe TS. Subtrochanteric insufficiency fractures in patients on alendronate therapy: A CAUTION. J Bone Joint Surg Br. 2007;89(3):349-53.
9. Visekruna M, Wilson D, McKiernan FE. Severely suppressed bone turn over and atypical skeletal fragility. J Clin Endocrinol Metab. 2008;93(8):2948-52.