versão impressa ISSN 1413-8123
Ciênc. saúde coletiva vol.19 no.8 Rio de Janeiro ago. 2014
http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014198.07642013
This article seeks to verify the self-rated impact of voice and hearing changes of active elderly individuals in their daily lives, and the influence of this self-rating on quality of life. A cross-sectional study was conducted with 72 elderly individuals of an Open University for Senior Citizens in the state of São Paulo. The questionnaires applied were HHIE-S; VHI and WHOQoL-Old. The Pearson correlation coefficient was used adopting a p-level significance value of < 0.05. The impact of hearing difficulties on daily life was perceived by 45.8%, and moderate or severe voice handicap by 9.7% of the elderly individuals. The self-rating of hearing impact on daily life was correlated with the voice handicap index. Quality of life was negatively affected by the increase in self-rating of hearing and voice difficulties in daily life. The sample profile is typical of successful aging with the acceptance of aging changes and consequently less impact on daily lives than expected. The findings suggest that there is an impact of voice and hearing handicap on quality of life, although it has revealed high indices, bolstering the characteristic of adaptation of the sample to aging. The results justify the need for improving actions of self-care and empowerment for the elderly.
Key words: Daily activities; Hearing; Aging; Elderly; Quality of life; Voice
Em face do envelhecimento mundial, também vivenciado no Brasil1, defendem-se ações que viabilizem o Envelhecimento Ativo da população, fundamentado no princípio de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança2.
A manutenção da capacidade funcional é um aspecto essencial para o envelhecimento ativo3,4, sendo que as possibilidades de comunicação, seja a partir da compreensão das mensagens orais e escritas, ou pela possibilidade de expressar-se, são extremamente relevantes para a interação social, ação necessária à conservação da independência e autonomia.
Modificações no padrão e nas habilidades de comunicação ocorrem fisiologicamente no decorrer do envelhecimento5. Algumas delas podem afetar a qualidade de vida do idoso quando passam a interferir no seu convívio social4,6. Entre essas mudanças, a diminuição da audição, denominada presbiacusia, pode acarretar dificuldade em conversas em ambientes ruidosos ou com velocidade de fala aumentada7. As modificações na voz, constituintes da presbifonia, por sua vez, sejam decorrentes das mudanças no aparelho fonador ou por alterações no automonitoramento auditivo6,8, podem ter grande influência em aspectos psicossociais do indivíduo idoso, ao interferir em seu funcionamento social9.
A percepção destes aspectos e sua influência na qualidade de vida, bem como a análise de sua presença em idosos ativos, são importantes para que ações mais efetivas de prevenção sejam planejadas para a promoção e manutenção do autocuidado, bem como para o diagnóstico e a intervenção precoces10.
Assim, o objetivo deste estudo é verificar a autopercepção do idoso ativo com relação ao impacto de mudanças vocais e auditivas senescentes em sua vida diária, e a influência desta autopercepção na sua qualidade de vida.
Trata-se de um estudo transversal, cuja amostra foi composta por idosos alfabetizados, frequentadores de uma Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) paulistana, participantes de um curso de idiomas (inglês ou espanhol) e/ou de um curso denominado "curricular", no qual são discutidos assuntos referentes à saúde, cultura e sociedade na velhice.
A UATI conta com cerca de 150 alunos por ano, com 50 anos ou mais, provenientes da Grande São Paulo, que procuram espontaneamente os cursos, seja por indicação, contato telefônico ou internet.
Todos os idosos, com 60 anos ou mais, participantes desses cursos eram elegíveis para o estudo, e foram recrutados por meio de visitas de uma das pesquisadoras à UATI nos dias letivos, entre outubro de 2010 e março de 2011. Foram critérios de exclusão a presença, nos idosos, de comprometimentos motores, visuais ou cognitivos, autodeclarados ou identificados pela pesquisadora durante a entrevista, que não permitissem que estes lessem e preenchessem os questionários, bem como a sua não autorização para participação no estudo. Para a avaliação do impacto da audição e da voz nas atividades diárias utilizaram-se o Hearing Handicap Inventory for the Elderly - Screening (HHIE-S)11 e o Índice de Desvantagem Vocal (IDV)12, e para a avaliação da percepção da qualidade de vida utilizou-se o Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde para Idosos (World Health Organization Quality of Life - OLD - WHOQoL-OLD)13.
Além disso, características da população estudada como idade, sexo, estado civil, escolaridade, número de filhos, coabitação, atividades físicas e sociais das quais participava à época da coleta de dados, doenças, o curso de que participava na UATI foram verificados a partir de questionário com questões fechadas.
O HHIE-S é um questionário formado por 10 perguntas fechadas sobre as restrições de participação decorrentes de problemas auditivos, com respostas graduadas em "sim" (quatro pontos), "não" (nenhum ponto) e "às vezes" (dois pontos). Escores até 8 pontos indicam não haver percepção do handicap auditivo; de 10 a 24 pontos, uma percepção leve a moderada, e acima de 24, uma percepção significativa11. As perguntas estão divididas em dois domínios, social e emocional, com cinco perguntas cada um.
O IDV é composto por 30 itens referentes às restrições causadas por alterações vocais na vida diária; as respostas são graduadas de 0 a 4, sendo 0 quando o indivíduo nunca compartilha da dificuldade descrita e 4 quando sempre12. Assim, os sujeitos foram classificados conforme o impacto na vida diária em desvantagem leve (até 40 pontos), desvantagem moderada (de 41 a 60 pontos) e desvantagem severa (acima de 60 pontos)14. O questionário também divide os fatores de restrição em emocionais, funcionais e orgânicos, com 10 itens cada um, dispostos em ordem aleatória.
Para mensuração da qualidade de vida, utilizou-se o WHOQoL-OLD, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) especificamente para idosos15, que consiste em 24 itens, pontuados de 1 a 5, atribuídos a seis facetas: funcionamento sensorial; autonomia; atividades passadas, presentes e futuras; participação social; morte e morrer; e intimidade. O escore total varia de zero a 120 pontos, sendo que, quanto maior a pontuação, melhor a qualidade de vida.
Considerando a percepção da desvantagem auditiva a mais prevalente entre as questões estudadas, e assumindo a proporção de 25% de sujeitos com esse desfecho16-18, um erro de 10% e um intervalo de confiança de 95%, o tamanho da amostra prevista foi de 72 pessoas, que correspondeu ao total de sujeitos dessa pesquisa.
Foi realizada análise de correlação entre os escores do IDV, HHIE-S e WHOQoL-OLD, e variáveis sociodemográficas, culturais e de saúde, por meio da Correlação de Spearman, considerando um nível de significância de 5%.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e ao final foi proporcionada para todos os sujeitos que desejaram uma explicação sobre os escores obtidos nos testes, e para aqueles que apresentaram durante este estudo alguma queixa de dificuldade de audição ou de voz, lhes foram facilitadas as instruções sobre como serem atendidos na triagem dos serviços de otorrinolaringologia ou do ambulatório de voz da instituição.
As características sociodemográficas, culturais e de saúde dos idosos estão apresentadas na Tabela 1. Os sujeitos praticavam atividades físicas em média 4 ± 2 dias por semana. Vinte e sete pessoas (37,5%) referiram apenas uma doença, 10 (13,9%) relataram duas doenças e 25 (34,7%) afirmaram ter três ou mais doenças. As mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica (n = 35; 48,6%) e hipercolesterolemia (n = 28; 38,9%).
Variáveis | Mulheres (n = 65) | Homens (n = 7) | TOTAL (n = 72) | |
---|---|---|---|---|
Média (desvio padrão) | ||||
Idade (anos) | 68,5 (±6,2) | 68,3 (±6,9) | 68,5 (± 6,2) | |
Escolaridade (anos) | 11,9 (±3,5) | 14,1 (±1,7) | 12,1 (±3,4) | |
Estado civil | N (%) | |||
Solteiro | 10 | (15,4) | 0 (0,0) | 10 (13,9) |
Casado | 18 | (27,7) | 5 (71,4) | 23 (31,9) |
Viúvo | 26 | (40,0) | 0 (0,0) | 26 (36,1) |
Divorciado | 11 | (16,9) | 2 (28,6) | 13 (18,1) |
Coabitação | ||||
Sozinho | 26 | (40,0) | 1 (14,3) | 27 (37,5) |
Cônjuge (com ou sem filhos) | 19 | (29,2) | 6 (85,7) | 25 (34,7) |
Só Filhos | 15 | (23,1) | 0 (0,0) | 15 (20,9) |
Outros | 5 (7,7) | 0 (0,0) | 5 (6,9) | |
Prática regular de atividade física | ||||
Não | 27 | (41,5) | 2 (28,6) | 29 (40,3) |
Sim | 38 | (58,5) | 5 (71,4) | 43 (59,7) |
Presença de doenças | ||||
Não | 9 | (13,9) | 1 (14,3) | 10 (13,9) |
Sim | 56 | (86,1) | 6 (85,7) | 62 (86,1) |
A Tabela 2 contém os valores de handicap auditivo, desvantagem vocal e qualidade de vida, obtidos.
Variável | Percentil 25 | Mediana | Percentil 75 |
---|---|---|---|
HHIE-S | 2,0 | 8,0 | 16,0 |
IDV | 3,0 | 8,5 | 20,0 |
WHOQoL-OLD | 86,0 | 94,5 | 102,0 |
Legenda: HHIE-S (Hearing Handicap Inventory for Elderly - Screening); IDV (Índice de Desvantagem Vocal); WHOQoL-OLD (Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde, para Idosos)
Nenhum dos sujeitos incluídos na pesquisa era usuário de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Trinta e três sujeitos (45,8%) perceberam a influência da audição na vida diária (HHIE-S > 8), e sete indivíduos (9,7%) apresentaram desvantagem vocal moderada ou severa (IDV > 40). A verificação de correlação entre a autopercepção do impacto das modificações da voz e da audição na vida diária e a qualidade de vida pode ser observada na Tabela 3.
Par de Variáveis | Coeficiente de | Significância |
---|---|---|
Correlação (r) | (p) | |
HHIE-S x IDV | + 0,445 | < 0,001* |
WHOQoL-OLD x HHIE-S | - 0,341 | 0,003* |
WHOQoL-OLD x IDV | - 0,297 | 0,011* |
*: p estatisticamente significante, pela Análise de Correlação de Spearman. Legenda: HHIE-S (Hearing Handicap Inventory for Elderly - Screening); IDV (Índice de Desvantagem Vocal); WHOQoL-OLD (Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde, para Idosos)
O escore de qualidade de vida se relacionou à prática de exercícios físicos (p = 0,011) e ao número de doenças crônicas (p < 0,001). As demais variáveis sociodemográficas e culturais não apresentaram correlação com a autopercepção do impacto de modificações vocais e auditivas no cotidiano, nem com a qualidade de vida.
A maior parte da amostra foi constituída de idosas jovens (60-69 anos), com alta escolaridade, viúvas ou casadas, característica comum a outros estudos realizados em Universidades da Terceira Idade19-21. Além disso, a maior parte dos idosos referiu apresentar pelo menos uma doença crônica, prevalência semelhante à média da população brasileira1. Ao contrário de outras pesquisas19,21, a maior parte dos idosos estudados realiza alguma atividade física, possivelmente pela grande presença, nesta amostra, de sujeitos de cultura japonesa, com costume de prática diária e coletiva de exercícios físicos.
A proporção de idosos que percebem influência de alterações auditivas no cotidiano é bastante variada na literatura, com ocorrência entre 11 e 39%16-18. Embora nossos dados tenham indicado uma maior proporção de sujeitos com esta percepção, o escore médio no teste reflete uma desvantagem leve, o que implica uma restrição da participação pouco significativa e, portanto, com pouca influência percebida nas atividades diárias. Por estar relacionada a fatores culturais e emocionais, a presbiacusia pode ser supervalorizada ou negada pelo idoso16; assim, há pessoas com deficiência mínima, mas dificuldades significantes, bem como pessoas com perda significante, sem impacto importante em seu cotidiano.
Apesar de sabida a influência do uso de aparelho de amplificação sonora individual na qualidade de vida dos idosos22, esta pesquisa não o adotou como critério de inclusão ou exclusão, visto que o objetivo se relacionava à análise da funcionalidade comunicativa e sua relação com a qualidade de vida, mantendo-se, portanto, as características de voz e audição habituais dos participantes. Ainda assim, nos dados analisados, nenhum dos sujeitos era usuário de AASI, de maneira que este dado não foi incluído nas conclusões obtidas.
Os dados revelam ainda que a desvantagem auditiva percebida no domínio social foi mais importante do que a percebida no domínio emocional, apesar da relação, já comprovada em na literatura, entre a perda auditiva e as dificuldades emocionais6,23. Esse achado está em consonância com o de um estudo brasileiro, no qual também os aspectos sociais foram mais afetados do que os emocionais16.
Os achados do presente trabalho sugerem que a restrição da participação resultante das dificuldades auditivas influenciou na qualidade de vida dos idosos, dado que encontra consonância com estudos anteriores que versaram sobre o tema, ainda que com metodologia diversa24,25. Segundo alguns autores, os questionários de autoavaliação do impacto da audição nas atividades diárias, como o HHIE-S, têm uma relação mais forte com o nível de qualidade de vida que avaliação audiométrica26, uma vez que avaliam o estresse emocional e social do sujeito em suas relações com familiares e amigos.
Com menor proporção que para a audição, o número de idosos que percebeu a influência das mudanças vocais no cotidiano foi similar ao relatado na literatura27,28, sendo destacados os fatores orgânico-funcionais como mais relevantes nessa percepção, comparados aos aspectos emocionais, possivelmente porque a presbifonia é fisiologicamente decorrente de modificações anatômicas29, sendo este o domínio com mais impacto no cotidiano dos sujeitos.
Para os idosos que perceberam a influência de modificações vocais no cotidiano, verificou-se impacto na qualidade de vida, conforme já observado em outros estudos30-32.
Analisa-se, porém, que essa autopercepção pode apresentar índices menores do que a real presença de distúrbio vocal, quando verificado em avaliação específica28,33, possivelmente porque a importância dada à qualidade vocal na velhice é menor em comparação à importância da voz para o desempenho da atividade profissional, ou ainda por esta mudança não ser tão perceptível ao idoso como outras mudanças físicas senescentes30. Esse contraste reforça a necessidade de se avaliar não apenas a existência de alterações, mas se há restrição de participação dela resultante, visto que este aspecto também se correlaciona com a qualidade de vida.
A coocorrência de alterações de voz e audição já havia sido observada em estudo anterior6, no qual indivíduos com percepção da restrição de participação ocasionada por alterações auditivas, avaliada por meio do teste HHIE-S, apresentaram maior predisposição à presença de distúrbio vocal, possivelmente por precisarem aumentar a intensidade da fala para se escutarem. Ainda segundo os autores, pacientes com ambas as dificuldades tendem a sofrer de ansiedade e isolamento social, ocasionando maiores índices em escalas de depressão, com consequente interferência na sua qualidade de vida6.
A amostra tem características condizentes com o perfil típico de pessoas que vivenciam uma velhice bem-sucedida, conceito que traduz a aceitação das mudanças naturais da velhice, adaptação à presença das doenças comuns nessa fase da vida, adoção de hábitos saudáveis, e participação social34. Isso pode justificar que o impacto percebido das mudanças auditivas e vocais no seu cotidiano seja menor em comparação ao que se esperaria caso essas modificações não fossem decorrentes do envelhecimento, ou caso não fossem bem adaptados a elas. Também pode explicar que o impacto emocional seja menor do que o social, no caso da audição, e orgânico-funcional, no caso da voz, afinal, embora eles demonstrem perceber mudanças no cotidiano decorrentes da comunicação senescente, estão bem adaptados a elas a ponto de os aspectos emocionais não serem tão afetados quanto os demais. Apesar da correlação entre o impacto percebido e a qualidade de vida, verifica-se que essa apresentou índices elevados, reforçando a característica de adaptação da amostra à senescência.
Considerando-se a possível interferência de outros fatores na qualidade de vida além dos que foram principal alvo deste estudo, também se analisou o impacto de todos os demais dados sociodemográficos, culturais e de saúde geral que, por sua vez, também poderiam influenciar a voz e a audição. A correlação entre prática de atividades físicas e qualidade de vida aqui identificada, já foi verificada anteriormente35. Apesar de evidências científicas da relação entre sedentarismo de distúrbio vocal36, o presente estudo não demonstrou associação entre desvantagem vocal e a prática de atividades físicas.
Embora a presente pesquisa não tenha encontrado evidências de relação entre o número de doenças crônicas e o impacto da audição no cotidiano, sua presença é apontada, na literatura, como um fator de risco para queixas auditivas em idosos7, incluindo-se a hipertensão e a diabetes mellitus37. A relação dessas doenças com a qualidade de vida geral dos idosos, que foi verificada na amostra estudada, está de acordo com estudos revisados38,39, segundo os quais quanto maior o número de comorbidades, piores foram os escores de qualidade de vida e índices de felicidade.
O estudo apresenta, como limitações, o fato de não ter registrado se os sujeitos apresentavam queixas de voz e de audição, nem tampouco ter identificado, por meio de avaliação profissional específica, a presença dessas alterações, uma vez que o enfoque foi dado à funcionalidade, pela análise do impacto funcional de possíveis queixas de audição e/ou voz na vida dos sujeitos participantes do estudo.
Os resultados reforçam a importância de se avaliar, tanto clinicamente quanto no planejamento de políticas públicas, o impacto percebido pelo próprio idoso, considerando a influência dessa percepção na qualidade de vida7,12, para que o planejamento das ações seja baseado na real demanda do sujeito e da sociedade. Além disso, demonstram a necessidade de promoção de ações de autocuidado e empoderamento para os idosos40,41, já que se observa que, mesmo em idosos considerados ativos, há um impacto das modificações comunicativas nas atividades diárias, principalmente no que se refere às questões auditivas.
Aponta-se para a necessidade de mais estudos que explorem as mudanças senescentes na comunicação sob diferentes prismas, comparando os grupos de idosos com experiências e rotinas diversas; bem como as demandas destes sujeitos em relação a sua comunicação e sua percepção sobre a repercussão (ou não) das modificações desta ao longo do ciclo vital.